Em tempos de crescimento do consumo digital, os sebos de livros resistem como detentores de acervos que preservam a história cultural, musical, literária e a arte de cada região. Em Belém, cumprindo um papel fundamental na democratização do acesso à leitura, esses espaços possuem obras que vão desde as raras até as mais comuns, e misturam o passado e o presente da região Amazônica. E como inovação, para proporcionar uma experiência diferenciada aos leitores, os espaços também contam com cafés especiais, lojas autorais, espaços ecológicos, apresentações musicais e muitas outras atrações aos amantes de livros. Ruan Souza dos Santos é proprietário do ‘Seboso’, que possui um acervo constantemente renovado e os próprios frequentadores ajudam a manter o ciclo vivo, doando ou trocando livros.
REPORTAGEM: Maiza Santos
IMAGENS: Cristino Martins
REPORTAGEM: Maiza Santos
IMAGENS: Cristino Martins
Categoria
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CriatividadeTranscrição
00:00O CEPA surgiu em 2021, ali no período da pandemia, foi o momento que as pessoas estavam dentro de casa,
00:08não podia sair a questão da pandemia, e sempre fui um leitor, desde cedo, a minha avó é professora aposentária,
00:15então desde cedo tive contato com a leitura, e no período da pandemia isso se tornou mais forte,
00:21foi um hábito ainda mais forte, era uma forma de eu manter bem, saudável,
00:26só que começou a haver comologias dentro de casa, que enfim, não tinha como trocar, não tinha como sair de casa,
00:33então tive a ideia de criar um cedo, e mandar virtualmente as pessoas, através do correio,
00:39claro que tinha todo um cuidado de fazer envios, e isso possibilitou ter contato com pessoas de outros estados,
00:46faça envio para outros estados, Rio de Janeiro, Bahia, além, claro, da circulação aqui em Belém.
00:52Quando eu pensei no nome para o cedo, o que poderia combinar com o cedo?
00:57E aí a primeira coisa que eu pensei foi, normalmente quando as pessoas pensam em cedo,
01:01elas pensam em um lugar sujo, em livros velhos, em livros desgastados,
01:07que talvez não valha a pena estar comprando um livro tão velho, né?
01:11E aí eu pensei, foi, não, o cedo também é um espaço, você consegue encontrar livros bem conservados,
01:18livros que têm uma história por trás, livros com dedicatórias muito bonitas, inclusive, né?
01:22Tipo, de outras pessoas, então eu pensei em um cedo, uma forma de ressignificar essa ideia que as pessoas têm no cedo.
01:30Falei, então, do que é sujo, né? Do que é melado, enfim, avariado.
01:36Eu pensei no cedo. No cedo as pessoas vão olhar e pensar, hum, dá uma coisa suja, uma coisa imunda.
01:42E aí vão ver que não, a gente tem todo o cuidado, né?
01:45Pra entregar um livro de qualidade, um livro no preço acessível, né?
01:48E muitas vezes um livro com uma dedicatória, né?
01:51Nem eu, às vezes, via dedicatória, as pessoas recebem o livro e falam,
01:56Eu sei que tem uma dedicatória, né?
01:58Manda foto, tudo de mim, né?
02:00O cedo, ele é uma possibilidade de acesso à leitura,
02:04principalmente por conta dos preços atrativos, né?
02:07Então, hoje, se a pessoa tiver interesse em começar a ler, por exemplo,
02:13o cedo eu acho que é um caminho que possibilita, né?
02:16Democratiza esse caminho pra essa pessoa.
02:19E, pra além disso, eu acho que ajuda a formar pessoas, né?
02:25Cidadãos que, enfim, têm acesso à informação, né?
02:28E, assim, eu já tive casos, por exemplo, de pessoas que queriam muito um livro, né?
02:33E, tipo, eu via que a pessoa queria um livro.
02:35E aí não tinha dinheiro.
02:37Aí eu falei, não, você pode levar, tá tranquilo.
02:39E as pessoas ficam assim, ah, você é isso aqui, né?
02:41Pra mim, o mais importante é que as pessoas estão procurando livro,
02:45estão procurando a leitura, né?
02:47Terem acesso à leitura.
02:48Então, isso, pra mim, acho que é o mais importante, possibilitar o acesso à leitura.
02:51Eu avalio que tá tendo uma procura boa, né?
02:54Inclusive, assim, eu acho que é um receio de muitos livreiros,
02:58justamente essa questão do digital, né?
03:00O acesso fácil ao digital.
03:01Mas, o que a gente tá observando é que isso não tá acontecendo.
03:05As pessoas continuam procurando outro livro físico.
03:07Inclusive, elas, às vezes, falam,
03:09falam, ah, amigo, tu tem tal livro?
03:12Eu até tenho ele aqui, só que eu tenho mesmo só no digital,
03:15que ele é mesmo livro físico.
03:17Eu, inclusive, já li o livro.
03:18Mas, aí, a gente percebe que as pessoas ainda têm esse apego pelo livro físico, né?
03:22Do contato com o livro, do contato com o conselho, né?
03:26De tocar ali, de avaliar o que tem, procurar alguma coisa de repente que, enfim,
03:30tá procurando há algum tempo já, né?
03:32Então, acho que o digital, ele não tem anulado esse contato com o livro.
03:36Qualquer pessoa pode vir, a casa é aberta, né?
03:40Ela funciona de terça a domingo.
03:42Então, nos horários de funcionamento da casa,
03:44a pessoa pode estar acessando aqui o acervo.
03:47E a gente recebe doação, a gente também faz compra, né?
03:50Às vezes, as pessoas querem desapegar de uma quantidade grande,
03:53a gente também compra.
03:54Mas, também, tem a questão da troca, que é um atrativo, assim,
03:57que é bastante animativo para as pessoas, né?
04:00Às vezes, elas entram em contato no Instagram e a gente combina, né?
04:03Então, ela olhou alguma coisa no acervo ali no Instagram,
04:05a gente combina a troca e a gente faz a troca.
04:07Eu costumo dizer que a Namá tem um complexo cultural.
04:10Ela surgiu do Escritório de Arquitetura e Paisagismo,
04:13da Ana Carpeitosa, que é a proprietária aqui do espaço.
04:15E aí, a partir disso, criou-se o café, criou-se o restaurante.
04:20E aí, a gente tem exposições artísticas, sempre muda na casa,
04:24sempre a gente vê com esse fluxo.
04:26Música também, diariamente, com musical vivo.
04:29E as pessoas, é um espaço, assim, muito familiar, né?
04:32É um espaço que vem desde a criançada.
04:34A gente tem programação infantil, também, aos domingos,
04:37contação de história.
04:38A gente explora esse lado lúdico, né?
04:40E chama a família para ir para o almoço, para o café da tarde.
04:44Temos o sebo na casa.
04:46A gente também trabalha com a parte sustentável, né?
04:49A gente tem o brechó na casa, que é residente também,
04:52além do sebo do Juan.
04:53A gente tem um...
04:55Além do nosso escritório de arquitetura e paisagismo, que a casa atende, né?
04:58A casa é essa grande vitrine, né?
05:00Com muito verde, muita arte, por conta da visão do nosso escritório.
05:04E também tem uma empresa de áudio e vídeo, que reside na casa.
05:08Então, é muito, muito diversificado o espaço.
05:11A pessoa vem para tomar um café, uma leitura,
05:14admirar algum projeto artístico, uma musiquinha regional.
05:18É bem diverso, bem bonito.
05:20Música
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