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Paulo Velasco, professor da UERJ, analisou as estratégias de Donald Trump na guerra comercial. Em novo movimento, o Reino Unido entra no alvo das tarifas dos EUA. A China segue como protagonista e o Brasil tenta aproveitar o cenário com Pequim.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://tinyurl.com/guerra-tarifaria-trump

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Transcrição
00:00Os capítulos da guerra comercial se tornaram sinônimo da administração Trump, pelo menos por enquanto.
00:07Hoje o tarifaço ganhou um novo personagem, o Reino Unido.
00:12Mas isto não significa que a China não continua como protagonista da disputa.
00:17Para entendermos melhor o cenário, eu converso agora com Paulo Velasco,
00:22doutor em ciência política e professor de política internacional da UERJ,
00:27que é a Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
00:29Velasco, mais uma vez, muito obrigado por participar aqui da nossa programação.
00:33São muitos elementos e convenhamos que a gente está lidando aí com um personagem importante,
00:39que é o Donald Trump, que sabe usar o discurso ao seu favor.
00:43Foram 180 países tarifados há 45 dias.
00:48Agora ele reuniu a equipe dele, ou parte da equipe de negociadores, para dizer
00:52conquistamos aí a primeira vitória, entre aspas, que é essa negociação com o Reino Unido,
00:58que não mais faz parte da União Europeia.
01:01A União Europeia já fala de novo em retaliação.
01:04E está marcado para depois de amanhã, essa negociação com a China,
01:09que o Trump já dizia que estava acontecendo, o Pequim desmentiu.
01:13Vamos limpar um pouco o discurso, eu peço a tua ajuda para isso.
01:17Nós estamos num momento que é de mais vitória, de fato, para o Donald Trump,
01:21ou é mais discurso de vitória do Donald Trump?
01:25Boa noite, obrigado mais uma vez por participar aqui da nossa programação.
01:29Muito boa noite, Marcelo, é um prazer sempre falar com você.
01:32Pois é, é muito uma retórica do Trump, né?
01:34Na verdade, se a gente analisa o que de fato os Estados Unidos escolheram de forma concreta
01:39desde o início desse impulso protecionista do Trump,
01:42e aí, claro, aquela lista de países afetados pelo tarifácio foi talvez o momento ápice
01:48de todo esse cenário, mas o protecionismo já vinha de antes,
01:52já do início do seu primeiro mês de governo, já havia ali elevação de tarifas,
01:57e nesse tempo todo, já há mais de 100 dias do governo do Trump,
02:00as conquistas são muito tímidas para os Estados Unidos.
02:02A ideia dos Estados Unidos seria justamente pressionar dessa maneira
02:05os seus parceiros comerciais muda-fora,
02:07e eles acabariam, por óbvio, cedendo e fazendo concessões ao Washington,
02:11com medo de perderem essa parceria comercial tão significativa,
02:15lembrando, claro, que os Estados Unidos ainda são a melhor economia do mundo.
02:18Mas não saiu tão bem quanto planejado, e pelo contrário,
02:22começaram a acontecer impactos importantes para a economia dos Estados Unidos,
02:26dentro do país, criaram uma celeuma grande,
02:29uma preocupação enorme entre investidores,
02:32houve repercussões muito negativas no mercado financeiro,
02:35os Estados Unidos tiveram que começar a elevar os juros pagos
02:38pelos títulos da dívida do país,
02:40o que demonstra uma redução da confiança no próprio dólar.
02:44Além disso, o primeiro trimestre revelou o encolhimento do PIB norte-americano
02:48da ordem de 0,3% do PIB.
02:50Então, é um conjunto de variáveis que revelava, de fato,
02:53uma turbulência dentro do país, em termos econômicos,
02:56e isso em pouco tempo poderia chegar, por óbvio, também,
02:59ao próprio cidadão norte-americano,
03:01boa parte do qual apoiou a eleição do Trump,
03:04ele venceu com uma margem confortável, como a gente sabe,
03:07o Marcelo, as eleições do ano passado,
03:09e esse eleitorado não quer ver uma elevação dos preços no país,
03:12algo que poderia, naturalmente, acontecer,
03:14e já vinha acontecendo nas últimas semanas,
03:16em função dessas tarifas tão elevadas,
03:18que encarecem a entrada de peças, de componentes,
03:21e até de produtos finais,
03:22e tudo acaba chegando mais caro ao consumidor final.
03:25Então, isso, naturalmente, acaba criando um quadro de preocupação,
03:29mas o Trump, é o Trump, um personagem que a gente conhece já de longa data,
03:33desde o seu primeiro mandato, ali, entre 2016 e 2021,
03:37ele não gosta, evidentemente, de admitir qualquer tipo de derrota,
03:41e ele sempre tenta manipular, de alguma maneira, a narrativa,
03:44para colocar-se como vencedor em alguma disputa,
03:47para dizer que as coisas saíram como ele imaginava,
03:49que os Estados Unidos estão ganhando, estão se fortalecendo,
03:51enquanto, na prática, não é muito isso que a gente tem visto,
03:53tem havido uma relação estremecida dos Estados Unidos com importantes parceiros,
03:58a União Europeia é um parceiro tradicional dos Estados Unidos,
04:02desde sempre, inclusive em termos comerciais,
04:04vemos a União Europeia elevando o tom,
04:06e nesse embate mais direto entre China e Estados Unidos,
04:09a China parece estar revelando uma melhor capacidade de reação,
04:14até porque é um país que estendeu muitos vínculos econômicos e comerciais
04:19ao longo dos últimos anos,
04:20e parece estar em melhores condições, inclusive,
04:22de sobreviver a essa guerra comercial,
04:26e aí, de novo, aquela guerra de narrativas,
04:28o Trump dizendo que a China já vem procurando o país
04:30para tentar mediar um, entender, chegar a um acordo,
04:33quando, na verdade, muito possivelmente,
04:35os Estados Unidos estão buscando a China
04:37para tentar chegar a algum tipo de acordo,
04:39reconhecendo que esticar a corda demais com os chineses,
04:43e a China não se curvou às pessoas americanas,
04:45pode trazer prejuízos, de fato, muito duros,
04:48há uma relação de interdependência forte entre os dois,
04:51mas os Estados Unidos parecem efetivamente sofrer mais
04:54com essa guerra comercial direta entre os dois gigantes econômicos.
04:57Velasco, excelente você ter citado a China,
05:00deixa eu levar essa questão um pouco mais para o macro,
05:03porque numa feliz coincidência desse centésimo dia de Donald Trump,
05:06esse anúncio aí do acordo com o Reino Unido,
05:10o Brasil, o presidente Lula e uma comitiva,
05:13estão, né, esse grupo está em Moscou,
05:17se reunindo com o governo Putin,
05:20o governo na Rússia,
05:21depois vai à China,
05:23claro, reforçar os laços desse país,
05:26que é o nosso maior parceiro comercial.
05:29Nessa situação, a China,
05:31nessa guerra hegemônica pelo domínio do século XXI,
05:35qual que é a vantagem do Brasil,
05:38neste momento,
05:39está na China,
05:41já que a China sinaliza
05:42aumentar as suas parcerias com outros parceiros comerciais
05:46para depender menos dos Estados Unidos?
05:49E aí, Velasco, um desafio.
05:50A gente tem um minutinho e meio de conversa agora.
05:53Esse é o ponto, né,
05:54na verdade a China,
05:55ela ampliou muito os laços comerciais no mundo afora,
05:58e sem dúvida alguma,
05:59ela consegue,
06:00a partir desse embate direto para os Estados Unidos,
06:02seduzir outros players,
06:03ampliarem o comércio com ela própria.
06:05O Brasil é um bom exemplo disso.
06:07Tanto o Brasil quanto os Estados Unidos, Marcelo,
06:09são grandes exportadores de soja para o mercado chinês.
06:11A soja é o nosso principal produto exportado para a China.
06:14Três quartos da soja que o Brasil vende para o mundo
06:16vai para a China.
06:17Deixa eu para a gente ter uma ideia.
06:18E essa guerra comercial com os Estados Unidos
06:21faz com que os Estados Unidos vendam menos soja para a China,
06:23porque houve uma elevação grande de tarifas chinesas
06:25contra os Estados Unidos.
06:26O que o Brasil pode fazer?
06:28E certamente vai costurar esse tipo de acerto.
06:30Ocupar espaço deixado pelos Estados Unidos,
06:32e nós passaremos a exportar ainda mais soja
06:35para o mercado chinês justamente a partir
06:37dessa guerra comercial entre Washington e Beijing.
06:39Isso tende a ampliar as vendas do Brasil para a China,
06:42isso tende a ampliar o nosso superávit comercial com a China.
06:44Então, o Brasil pode colher dividendos.
06:46Em toda e qualquer crise,
06:47sempre vamos reconhecer que há oportunidades
06:49que podem ser garimpadas,
06:50que podem ser buscadas.
06:52E certamente o que o Brasil vai tentar fazer
06:54nessa viagem oficial do presidente à China
06:56é encontrar meios para aproveitar
06:59esse cenário de guerra comercial
07:01entre Estados Unidos e China,
07:01e para ampliarmos os laços com Beijing.
07:03E aí é mais um dado que mostra
07:05como a postura norte-americana
07:07está sendo um tiro no pé para o país.
07:09Ele tende a perder espaço na América Latina,
07:10Estados Unidos tende a perder espaço no Brasil,
07:12nem a perder espaço em outros atores do mundo afora,
07:14porque a China não vai perder a oportunidade
07:16de trazer esses atores para perto de si.
07:18Obrigado, Velasco.
07:20Perdão por nós encurtarmos a conversa.
07:23É que tanta coisa aconteceu no mundo hoje,
07:25Papa Novo, conflito entre Índia e Paquistão,
07:29mas a gente vai ter muitas outras oportunidades
07:31para estender essa conversa envolvendo
07:33Estados Unidos, China, Brasil
07:35e tantos outros parceiros comerciais.
07:37Conversei com Paulo Velasco,
07:39doutor em Ciência Política e professor
07:40de Política Internacional da UERJ.
07:43Obrigado mais uma vez.
07:44Velasco, até a próxima.

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