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Pequim acusou os EUA de usarem tarifas como armas e convocou uma reunião informal no Conselho de Segurança da ONU. Pedro Steenhagen, diretor de desenvolvimento da Observa China, explicou como essa iniciativa reforça a narrativa chinesa e desafia a política de Donald Trump.

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Transcrição
00:00E está marcada para amanhã uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas
00:04a pedido do governo chinês para discutir a política tarifária de Donald Trump.
00:10Pequim acusa os Estados Unidos de intimidação e de usar tarifas como armas.
00:16Para analisar esse assunto com a gente, a gente conversa agora com o Pedro Steinhagen,
00:22ele que é diretor de desenvolvimento no Observa China e doutorando em política internacional na Fudan barra China.
00:30Pedro, primeiramente bom dia, muito obrigada por participar com a gente ao vivo aqui do Agora.
00:35A minha primeira pergunta é a seguinte, esse momento, essa medida ocorre no momento que a Pequim,
00:40que Pequim adota uma medida um pouco mais dura, eu e Mari a gente estava comentando mais cedo de manhã,
00:46em relação aos Estados Unidos. O que pode sair dessa reunião na sua análise?
00:55Perfeito, primeiramente bom dia para vocês aí, é um prazer estar aqui.
00:59Já à noite. Bom, o que a China faz na realidade para chamar essa reunião informal é botar a questão das tarifas no plano mais geopolítico.
01:12Então, a ideia é sair de uma discussão meramente comercial.
01:16A China já há alguns dias mencionou que já não faz mais sentido, inclusive, fazer esse debate do ponto de vista de números.
01:25A partir do momento que passa de uma determinada barreira, já não faz tanta diferença do ponto de vista prático.
01:30E falou que não ia, então, mais engajar nessa guerra comercial a partir dos números.
01:36Então, esse é um novo movimento que a China faz justamente para tentar lidar com a questão das tarifas.
01:43Leva esse ponto para o Conselho de Segurança da ONU, envia uma carta para os 193 países-membros,
01:50numa expectativa de levar essa discussão para um novo patamar,
01:54ou se não para um novo patamar, na realidade, não é necessariamente uma escalada das tensões,
02:01mas é certamente um movimento de mudar o ambiente das discussões,
02:08saindo meramente do cenário comercial para também o cenário geopolítico.
02:11O que a gente pode esperar um pouco dessa conversa aqui,
02:14a gente já viu algumas reações anteriores dos Estados Unidos e de outros países
02:20no âmbito do Conselho de Segurança da ONU,
02:23a gente não tem chegado a acordos, nem mesmo em face de conflitos,
02:31enfim, de questões mais prementes no cenário internacional.
02:34Então, se espera, claro, que os Estados Unidos, que tem poder de voto no Conselho de Segurança,
02:40que é um dos membros principais, certamente não vai deixar passar nenhuma moção
02:45ou alguma coisa nesse sentido por parte da China,
02:48mas essa atitude da China, ela reforça principalmente o caráter narrativo da guerra comercial,
02:55ou seja, é a China tentando denunciar essa guerra comercial promovida pelos Estados Unidos,
03:02principalmente uma narrativa que cola muito, principalmente com o sul global, eu diria.
03:06Agora, Pedro, obrigada pela tua participação e acho que concordo exatamente com essa ideia
03:12de conectar aí a política, quando vai para o Conselho de Segurança da ONU dizer
03:16olha, isso aqui é mais do que só uma questão tarifária que vai afetar a minha economia,
03:21tem um efeito mais amplo geopolítico, mas é também uma aposta no multilateralismo
03:26e num ambiente que, como você mesmo disse também, cada vez tem mais dificuldade,
03:30eu vinha tendo dificuldade de conseguir chegar em acordos e se posicionar mesmo dessa maneira multilateral.
03:37De alguma maneira, tem aí meio que no campo da política um debate entre bilateralismo e multilateralismo,
03:44quer dizer, quando que é cada um por si e quando que existe possibilidade de cooperação.
03:49A reunião, sendo o que pode acontecer, quais são os pontos extremos aí, de alguma maneira,
03:54que poderiam fragilizar ainda mais a cooperação.
03:57Você acha que pode ser, entre aspas, um tiro no pé também da China,
04:01essa aposta nos ambientes que acabam não tendo, como você me disse,
04:04que vai ser muito difícil sair uma moção e tal.
04:07Então, pode fragilizar também a ideia de que, olha, realmente cooperar em ambiente multilateral não tem jeito?
04:13Como você vê esse sinal que a China acaba provocando?
04:17Sim. Na realidade, como se trata de uma questão muito mais de narrativa do que...
04:24Eu não acho que a China, quando enviou essa carta e quando sugeriu essa reunião informal,
04:31tanto que ela reforça que é uma reunião informal,
04:34não vejo nenhuma expectativa da China de sair necessariamente com uma resolução,
04:38ou até mesmo com uma solução pronta dali.
04:42Não há essa expectativa.
04:44Na realidade, essa é uma questão narrativa.
04:46Então, não vejo, nem por parte da China, nem com essa iniciativa chinesa,
04:51na visão dos outros países, uma perda da capacidade do multilateralismo necessariamente.
04:57Acho que fica bastante claro que é uma tentativa de criação de narrativa.
05:01É uma tentativa de também, já que a guerra nos números não está escalando
05:09e não necessariamente vai resultar em uma solução, pode ser uma busca de solução por outras formas.
05:18Então, seria um pouco isso, esclarecer com os outros países que a China é a favor da paz,
05:24é a favor do multilateralismo.
05:26A China, esse é um ponto fundamental de reforçar aqui,
05:29porque o sistema internacional como a gente conhece hoje, do pós-guerra,
05:33inclusive com a própria criação da ONU e o seu desenvolvimento,
05:37ele é um sistema que foi promovido, desenvolvido e muito influenciado pelos Estados Unidos
05:43e também pelas potências europeias, obviamente.
05:45A China, ao longo do tempo, passa a se beneficiar também desse sistema internacional
05:51e os Estados Unidos, em algum momento, percebem, principalmente na visão do Donald Trump,
05:56que esse sistema está beneficiando demais a China.
06:00E a China, então, embora seja, sem dúvida, um país revisionista,
06:03ou seja, visa justamente a criar algumas instituições
06:08que possam complementar o sistema internacional existente,
06:11a China também se beneficia muito desse sistema e sabe disso.
06:15Então, ela também começa a se tornar uma líder na governança global
06:19e ela reforça, estou falando isso tudo por quê?
06:20Porque ela reforça em todos os documentos que promove,
06:25desde as suas iniciativas de política externa até, por exemplo,
06:30esse envio de documento, ela reforça o papel da ONU enquanto instituição global,
06:35enquanto instituição para se achar consenso.
06:38A gente olha isso em todas as iniciativas de política externa da China.
06:41Então, o que a China está fazendo, na realidade, é um grande aviso aos Estados Unidos
06:48e aos países em desenvolvimento?
06:50Olha, os Estados Unidos não estão seguindo regras comerciais que eles mesmos criaram.
06:55Nós somos um parceiro confiável e nós estamos buscando a instituição internacional devida
06:59para buscar o diálogo com os demais países,
07:03e não só com o Conselho de Segurança, inclusive.
07:06Então, na realidade, essa é a mensagem que a China quer passar.
07:08Você mesmo disse na resposta anterior que não haverá uma resolução,
07:14até por ser uma reunião informal.
07:16Mas, de fato, a gente pode considerar isso como um gesto importante,
07:20até como uma forma, eu diria, de constranger Donald Trump.
07:25E, de repente, acho difícil, né?
07:26Acho que todos os economistas também falam que não é fácil ele mudar de ideia,
07:31porque se tivesse que mudar de ideia, já teria mudado.
07:33Mas acho que como forma de constrangimento e de mostrar que a China está realmente disposta
07:37a ficar cada vez mais aliada a outros países,
07:40isso, com certeza, para isso vai ser importante.
07:44Sim, sem dúvida.
07:45Sem dúvida nenhuma, concordo totalmente com você.
07:48É uma mensagem muito importante nesse sentido e uma mensagem até potente,
07:52principalmente nesse momento que a gente tem muitos conflitos acontecendo,
07:57em que o sistema internacional é bastante criticado.
08:00muitas vozes pedindo reforma.
08:05Como que essa reforma seria feita, né?
08:07Quando seria feita ainda, claro, é um grande mistério.
08:12Várias reformas na ONU já foram tentadas.
08:14O Brasil, inclusive, tem um interesse muito grande em promover a reforma da ONU,
08:18até porque tem interesse em tentar conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança,
08:23e espera contar com o apoio da própria China, inclusive.
08:26Mas a China, ao enviar essa mensagem, ela reforça um papel que tem tido, né?
08:36Porque na visão chinesa, aqui para os chineses, existe uma dualidade muito grande.
08:41Se a China, né?
08:42Existem duas visões principais de como que a China deve se portar na governança global.
08:46Se ela deve, né?
08:47Já acabou aquela ideia lá de trás da China de que o sistema internacional não era bom para a China, né?
08:52Isso tudo já foi embora.
08:53Como eu mencionei, a China percebe que o sistema internacional é bom para ela,
08:56e que ela pode se beneficiar dele, ainda que haja alguns gaps.
09:00Agora, a grande questão é o seguinte, existe uma dualidade na visão da China para a governança global hoje.
09:06Se a China deve liderar a reforma da governança global,
09:10ou se ela não deve liderar e deve apenas se juntar aos demais países do sul global.
09:15Países do sul global, que eu quero dizer, os países de desenvolvimento, como, por exemplo, o Brasil.
09:19Então, existe um pouco essa dualidade que a gente percebe, inclusive em alguns discursos,
09:23se a gente olha discursos que são voltados para o público interno na China, ele vai ser feito de uma forma.
09:29São discursos que são feitos para o público externo, para o sistema internacional, eles são feitos de outra forma.
09:34Então, a gente percebe essas variações.
09:36Agora, o fato é que a China tem, na prática, aproveitar, ela fez isso no primeiro mandato do Donald Trump,
09:43e volta a fazer isso agora, aproveitando os espaços que os Estados Unidos estão deixando,
09:47aproveitando esse momento de maior isolacionismo dos Estados Unidos,
09:51inclusive diante de parceiros tradicionais, como a própria União Europeia.
09:55A China aproveita esse momento, então, para assumir um papel maior de liderança.
10:01Então, eu diria que é um momento de que, dentre essas duas visões que eu mencionei,
10:06esse papel de liderança ganha mais proeminência justamente porque há esse espaço.
10:11E, mais do que espaço, há até a necessidade para que isso aconteça.
10:16Então, a China tem feito esse movimento nesse sentido, em vários fóruns, por exemplo,
10:21de questão de mudanças climáticas, que os Estados Unidos agora deixam muito na mão,
10:26inclusive em termos de reforma do Conselho de Segurança, enfim, e de debates mais abrangentes.
10:33Então, é muito interessante de ver esse movimento também da parte chinesa,
10:35de tentar aproveitar esse espaço deixado pelos Estados Unidos,
10:39de reforçar como que a China, nesse momento de grande turbulência,
10:43num momento de grandes incertezas que a gestão do Donald Trump traz,
10:47como que a China pode ser esse parceiro confiável, previsível.
10:52Acho que esse é o grande mensagem também que a China quer passar com essa ida,
11:00com essa mensagem à ONU, e que escuta as diferentes vozes no mundo.
11:05Um país que escuta o sul global, um país que escuta os países em desenvolvimento.
11:10Você acaba de assistir, então, a entrevista com o Pedro Stinhagen,
11:14não sei se eu pronunciei corretamente o seu nome, Pedro,
11:16que é diretor de desenvolvimento na Observa China
11:20e doutorando em política internacional na Fudan China.
11:24Muito obrigada pela sua participação.
11:26Como você mesmo disse, você está na China, então, boa noite para você, viu?
11:31Muito obrigado. Foi um prazer. Até a próxima.
11:33Prazer o nosso. Tchau, tchau.
11:34Tchau, tchau.

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