Juliana Kessler, economista e professora do Insper, analisou no Real Time os impactos da escalada tarifária entre potências e alertou para o risco real de recessão global.
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NotíciasTranscrição
00:00O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez agora há pouco uma postagem na plataforma Truth Social, a rede social que é dele.
00:08Vamos ler a publicação?
00:09Este é o mercado de ações de Biden, não de Trump.
00:13Eu só sumi em 20 de janeiro.
00:15As tarifas começarão a valer em breve e as empresas estão começando a se mudar para os Estados Unidos em inúmeros recordes.
00:22Nosso país prosperará.
00:24Mas precisamos nos livrar do excesso de Biden.
00:27Isso levará um tempo, não tem nada a ver com tarifas, apenas que ele nos deixou com números ruins.
00:34Mas quando o boom começar, será como nenhum outro.
00:37Seja paciente, foi o que publicou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na sua rede social, logo após a divulgação do PIB dos Estados Unidos,
00:47que mostrou uma retração que não era vista nos últimos três anos.
00:51Isso, claro, teve reação no mercado acionário, as bolsas estão em queda, Nasdaq caindo mais de 2%
00:57e Trump faz uma espécie de culpar a herança maldita.
01:01Joga a culpa no presidente Joe Biden, ex-presidente que o antecedeu, portanto, na Casa Branca.
01:07Está aí, então, a atualização do PIB dos Estados Unidos, agora com repercussão do presidente Donald Trump.
01:14E a escalada na guerra tarifária já provoca, claro, efeitos na economia real, nós sabemos.
01:19Mas isso se sustenta, será até quando, né?
01:23É sobre isso que eu vou conversar agora com a Juliana Kessler, professora do INSPER e economista.
01:28Oi, professora, muito bom dia para você. Seja bem-vindo aqui ao nosso jornal.
01:34Oi, Eduardo, bom dia. É um prazer estar aqui com vocês.
01:37Hoje nós tivemos alguns dados econômicos que são preocupantes, né?
01:42Teve ali o chamado PMI industrial da China, que caiu de 50,5 pontos, melhor dizendo, em março,
01:50para 49 em abril. As leituras abaixo de 50 indicam contração da atividade.
01:56Esse resultado foi até pior do que esperava o mercado, né?
01:59Saiu há pouco, como nós sabemos, o PIB americano, também um número bastante amargo.
02:04Os efeitos da guerra tarifária, embora ainda estejam aparecendo pouco nesses indicadores,
02:10eles podem ser piores do que o imaginado?
02:13Quer dizer, esse aperitivo que a gente está tendo nesses primeiros indicadores,
02:17significam que, esses aperitivos significam que a situação vai ser pior no segundo trimestre?
02:24Eduardo, existe uma possibilidade, sim, de um agravamento e de uma piora das condições, né?
02:30Acho que a gente tem que lembrar que, dentro dessa história,
02:34o que nós conhecemos são alguns efeitos muito concentrados,
02:40inclusive específicos, da instituição das tarifas,
02:44que o governo americano, também com o presidente Donald Trump,
02:47no seu primeiro mandato, impuseram sobre a China ali naquele momento.
02:53Importante a gente pensar que, se ali naquele momento já existiram efeitos negativos,
02:59que foram consideráveis, agora os efeitos ficam, claro, um tanto mais agravados, primeiro.
03:05Porque as tarifas estão sendo colocadas num âmbito muito maior.
03:11Segundo ponto é que, além disso, nós temos uma economia mundial
03:14num ritmo bem diferente daquele à época, né?
03:18Nós estamos aí com uma economia com taxas de juros elevadas, né?
03:23Em vários países, como reflexo aí do aumento da inflação pós-pandemia.
03:30A gente tem taxas de inflação mais resistentes, mais resilientes.
03:35Então, isso tudo, claro, coloca um contexto e um cenário
03:39diferentes daqueles que nós vivenciamos em 2018.
03:43Se lá já foi complicado, imagina agora que nós temos um tarifaço, né?
03:49Um pacote muito mais amplo numa economia mundial que parece um tanto mais frágil.
03:54Então, sim, nós podemos ter agravamentos desse cenário.
03:58Em específico até, porque, embora isso acaba sendo, de alguma maneira,
04:04um exercício de tentar prever o futuro,
04:07a gente ainda não sabe se o Trump realmente vai fazer tudo que ele diz que vai fazer.
04:12A gente tem aí parte das tarifas nesse período aí de espera de 90 dias
04:19para que esses estabelecimentos sejam feitos de fato,
04:22para que negociações aconteçam ou não.
04:25Então, a gente também tem uma grande onda de incertezas.
04:28Mas tudo que está acontecendo agora é o início desse pacote.
04:31Se ele for levado de fato à frente,
04:36nós podemos ter aí um agravamento da situação,
04:38uma piora dessa condição econômica, não só na economia americana,
04:43mas efeitos aí que se esparramam, que transbordam para a economia mundial.
04:50Nessa quarta-feira de agenda carregada do ponto de vista de indicadores econômicos,
04:54nós tivemos, como eu disse, o PIB dos Estados Unidos,
04:57queda de 0,3%, mas a Europa mostrou um crescimento de 0,4% no PIB,
05:03maior, inclusive, que as previsões.
05:05A Europa está mais preparada do que os Estados Unidos
05:09para enfrentar esse novo momento de possível recessão mundial?
05:15Não acho que a Europa esteja mais preparada.
05:18Eu acho que, na verdade, a Europa está fora um pouco desse eixo
05:21onde hoje a guerra comercial realmente se estabelece.
05:26O principal eixo dessa guerra está nessa avenida que se abriu
05:34entre a economia americana e a economia chinesa.
05:36É claro que todo mundo nessa história vai acabar sofrendo.
05:40A gente sabe que o Brasil vai sofrer com essa história,
05:43a Europa, outros tantos países de todos os continentes
05:46vão acabar sentindo um tanto esse efeito.
05:49Nesse momento, o efeito fica muito mais evidente, claro,
05:52para essas economias.
05:53A Europa tem hoje um cenário que, apesar desse crescimento,
05:59a gente está falando primeiro de um crescimento
06:01que é um crescimento relativamente pequeno,
06:03mas significante dentro do contexto.
06:06E aí, se a gente for olhar os últimos anos,
06:09a gente percebe que esse não é um crescimento desprezível.
06:13Mas a Europa também provavelmente pode sofrer bastante com essas tarifas.
06:17Acho que a grande diferença da Europa nesse contexto e nesse momento
06:20é que a Europa consegue, claro, assim como outros tantos países,
06:25buscar conexões com ambos os lados,
06:29tentando de alguma forma reduzir os efeitos negativos desse tarifácio.
06:34A gente já viu países europeus buscando aproximações e conversas,
06:40tanto com o lado americano quanto com o lado chinês.
06:43Então, nesse aspecto, sim, a Europa pode estar mais preparada para enfrentar isso,
06:50porque, claro, ela não vai se furtar de também negociar com o lado chinês
06:55se assim for melhor para ela, se assim ela entender que tem mais resultados.
07:00Agora, nesse momento, a economia europeia também tem suas fragilidades,
07:06passa por as suas inúmeras questões, os conflitos entre Rússia e Ucrânia
07:10continuam acontecendo.
07:12Esse conflito, em específico, traz muito prejuízo à economia europeia
07:16de uma forma agregada.
07:18Então, ela também tem suas fragilidades,
07:20mas, realmente, nesse contexto, ela tem possibilidades maiores de negociação,
07:25assim como outros países.
07:27Se utilizá-las de uma forma estratégica e bem posicionada,
07:32ela pode diminuir, pelo menos, estreitar um pouco os problemas com esse contexto.
07:39Agora, para além da divulgação do PIB,
07:42a divulgação dos balanços de algumas empresas americanas
07:45também traz sinais negativos, sinalizações preocupantes para a economia.
07:50A própria Caterpillar, ao comentar os resultados, falou,
07:53olha, tem um impacto das tarifas aqui no meu balanço,
07:57pode ser que isso piore daqui para frente.
07:59É isso que a empresa, basicamente, disse.
08:01Então, tem um custo para os americanos,
08:03essa política tarifária de Donald Trump.
08:06Na sua avaliação, até onde o presidente americano
08:10vai conseguir sustentar essa política tarifária?
08:14Olha, o custo, Eduardo, realmente é imenso.
08:18Esse custo acontece especialmente porque,
08:21quando a gente pensa em como essas empresas estão posicionadas,
08:26essas empresas, elas têm ativos, elas têm investimentos de longo prazo
08:30e estão se vendo no meio de um furacão, né?
08:34Inúmeras incertezas, um cenário bastante deteriorado, né?
08:39E, inclusive, até para projeção e prospecção de investimentos de médio e longo prazo,
08:44elas estão numa situação realmente muito delicada.
08:47Esse efeito que você comentou, da Caterpillar, em específico,
08:52ele é um efeito que, infelizmente, não está centralizado em poucas empresas.
08:58A gente está vendo várias empresas nesse mesmo contexto,
09:01resultados piores para esse primeiro trimestre,
09:04projeções e prospecções piores para o resto do ano.
09:09Qual é o limite desses efeitos, né?
09:13Qual é o limite dessa política olhando para esses efeitos?
09:16A gente gostaria de afirmar,
09:19levando em consideração, claro, toda a questão técnica e teórica
09:23de que o efeito é limitado, né?
09:26Que Donald Trump, uma hora, vai acordar desse devaneio
09:30que essas tarifas, claro, provocam e prejudicam a sua própria economia
09:35e perceber que, na verdade, existe um limite para tentar trazer essa pauta
09:42de reciprocidade, que não é bem reciprocidade, né?
09:46Existem ali inúmeras questões que indicam que, na verdade,
09:50as tarifas não necessariamente estão sendo colocadas de maneira recíproca,
09:55mas esse é um outro papo.
09:57Agora, o fato é que a gente gostaria de acreditar
10:00que, em algum momento, ele vai acordar desse momento em que ele está.
10:05Mas ele tem dado sinais aí de que ele vai persistir com essa política.
10:11A pergunta é, será que isso é um jogo de retórica
10:17para conseguir convencer, assim como o secretário do Tesouro
10:21mencionou, o Benson, como ele falou, olha, será que não é...
10:28A gente vai deixar que a China, por exemplo, volte atrás e repense as tarifas, né?
10:34Será que essa demanda, jogando a conta para os outros países,
10:41ela é uma demanda mais retórica?
10:45Ou será que, de fato, ele vai levar isso ao cabo?
10:47Tenho a impressão de que ele vai ser, em algum momento, claro,
10:52ele vai notar o tamanho do estrago.
10:54Acho que, quando ele notar o tamanho do estrago,
10:57vai ser tarde para voltar atrás e tentar consertar todos os problemas
11:01que foram criados.
11:03Cara, também não dá para dizer que foi exatamente uma surpresa, né, professora?
11:06Porque o próprio Trump falou muito ao longo da campanha sobre tarifas,
11:11disse que era a palavra mais bonita do dicionário,
11:13alguma coisa parecida com isso.
11:14Então, de certa forma, essa agenda dele está referendada pelo voto americano, né?
11:21Perfeito.
11:21Não, era novidade, né?
11:23De fato, você é muito assertivo na sua frase, Eduardo.
11:26Não, ele não enganou ninguém, né?
11:29Acho que esse é um ponto importante, né?
11:31A gente ouviu falar muito aqui do Brasil a expressão estelionato eleitoral, né?
11:36Então, usando essa expressão nesse caso, não houve nenhum tipo de estelionato eleitoral.
11:42Todo mundo sabia o que ele ia fazer, ele foi muito claro com isso, né?
11:46Então, sim, a política, ela foi, ela foi, houve uma concordância na eleição desse tipo de política.
11:55Acho que, na verdade, a grande questão é que ninguém imaginava qual seria a extensão,
11:59qual seria o desenho realmente dessa política e qual seria a consequência.
12:04Sem dúvida, essa política de tarifas, ela é colocada num objetivo claro de que a economia americana acordou e percebeu
12:15que, talvez, nessa corrida pela hegemonia mundial, ela está dando passos mais curtos do que outras economias, especialmente a China.
12:25Acho que a economia americana acordou tarde, né?
12:27Mas isso já estava muito claro e muito nítido em todo o discurso dele durante a campanha.
12:33Então, as empresas não estão sendo pegas de surpresa, né?
12:38E aqui, até fazendo um comentário adicional, a gente já via ali, no final do ano, na própria, um pouquinho antes da eleição e logo após a eleição,
12:48uma grande preocupação com a volta dele ao poder, porque muita empresa conseguiu ler adequadamente o cenário e percebeu que,
12:58realmente, levando essa política à frente, nós teríamos aí desdobramentos que não seriam positivos.
13:05Perfeito. Eu queria agradecer a nossa entrevistada, a professora Juliana, que nos ajudou muito a entender a extensão dos impactos desse tarifácio.
13:13Juliana Kessler, economista e professora do INSPER.
13:16Muito obrigado. Até uma próxima. Com certeza ainda tem um tempo para a gente desdobrar esse impacto do tarifácio,
13:24porque não é papo só para agora, né, professora? Até mais.
13:27Até mais, Eduardo. Um ótimo dia a você e a todos que nos assistem.