O pesquisador Samuel Pessoa, do FGV Ibre, analisou o impacto da manutenção das tarifas de Trump sobre a China. Segundo ele, a medida aumenta a incerteza global, pressiona a inflação nos EUA e pode desacelerar a economia.
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NotíciasTranscrição
00:00E além dos anúncios das taxas de juros do Brasil e dos Estados Unidos, outra declaração que movimentou o noticiário econômico
00:07foi dada pelo presidente Donald Trump, afirmando que não pretende recuar quanto a tarifação de 145% sobre produtos chineses.
00:19Para a gente entender o impacto desse cenário, conversamos agora com Samuel Pessoa, que é pesquisador do IBREFGV,
00:28que significa o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas.
00:32Pessoa, obrigado mais uma vez por nos atender aqui com tanta presteza, com tanta qualidade.
00:37Eu já vou começar olhando para os Estados Unidos, depois a gente nacionaliza um pouco mais a pauta.
00:42Bom, surpresa para ninguém, manutenção da taxa de juros, as sinalizações ali do Jeremy Powell para
00:49estamos com uma economia ainda sólida, mas vamos ver lá para frente, porque podemos sentir mais o peso dos tarifaços,
00:57quanto a confiança do consumidor, no sentido mais amplo da palavra, não estou dizendo o consumidor que passa a consumir menos
01:05produtos de alto valor agregado, mas aquela confiança em quem quer ampliar os seus negócios nos Estados Unidos
01:14fica abalada por essa sinalização do Federal Reserve, que talvez não baixe os juros como havia programado no final do ano passado,
01:23com esse amarelo piscante do Jeremy Powell.
01:27Precisamos ter cuidado com quem ainda está por vir.
01:31Como é que essa confiança impacta, seja na classe consumidora ou seja no empreendedor?
01:37Pessoa, obrigado mais uma vez, boa noite.
01:40Olha, o problema maior, no meu entender, é a guerra tarifária.
01:44O Trump iniciou uma política econômica de difícil compreensão, é muito violenta e que gera uma enorme incerteza,
01:57ou seja, a incerteza na economia mundial aumentou muito desde o dia 2 de abril, o dia da libertação.
02:05E isso faz com que o investimento caia no mundo, inclusive nos Estados Unidos, que é o país mais afetado.
02:13Ou seja, a gente pode esperar uma redução de demanda nos Estados Unidos e uma desaceleração da economia.
02:19O que sinalizaria que o Banco Central americano poderia estar confortável para se preparar para um ciclo de queda da taxa de juros?
02:28O problema é que o choque tarifário gera um choque inflacionário dentro.
02:35Então, o efeito dessa política econômica é produzir nos Estados Unidos o que a gente chama de destaque inflação,
02:45que é uma desaceleração econômica, um desempenho ruim da economia com inflação forte.
02:52E aí o Banco Central americano tem dúvidas, porque ele tem um duplo mandato.
02:58Ele tem que se preocupar com a taxa de desemprego.
03:01Se o desemprego sobe, a sinalização é que ele vai descer, reduzir juros.
03:07Mas ele tem que se preocupar com a inflação.
03:09Se a inflação ficar mais alta, ele tem que subir juros.
03:12E aí ele está meio que num tilt, ele não sabe o que fazer, ele vai esperar.
03:16A minha avaliação é que se o desemprego começar a aumentar, mesmo com o choque inflacionário,
03:22ele vai priorizar o desemprego e vai reduzir juros.
03:25Mas isso vai ficar para frente.
03:27No momento, ele vai ficar enxergando e vendo para onde que as coisas vão.
03:31Claro.
03:32E, pessoal, quando a gente olha para a economia ainda mais complexa da maior economia do mundo,
03:37é uma engrenagem toda interligada em que você movimenta uma peça, outra reflete.
03:43Onde que eu quero chegar com o empresariado talvez não querendo investir,
03:49aumentando o seu pátio industrial, até porque compra de máquinas, importações ficaram muito mais caras
03:56e se vierem da China são impraticáveis, a gente já tem aí uma premissa para concluirmos
04:02que não vai haver assim uma ampliação da força de trabalho.
04:08O Jeremy Powell repetiu isso várias vezes.
04:11O desemprego ainda está controlado, ainda não há grandes pedidos de seguro-desemprego, ainda.
04:18Mas a gente já prevê que com o custo de importação de máquinas, de insumos e a alta taxa de juros,
04:26talvez o empreendedor não queira ampliar o seu pato de produção neste momento.
04:30Isso já é um cronômetro ligado para a gente esperar essa questão do desemprego?
04:36Eu acho que sim, acho que tem um cronômetro ligado de que os Estados Unidos presenciará uma desaceleração da economia.
04:46Não será um fenômeno tão agudo como foi lá em setembro de 2008, com a quebra do sistema financeiro,
04:54após a quebra do banco Lehman Brothers.
04:57Acho que não vai ser um fenômeno tão brusco como daquela oportunidade,
05:03mas o problema maior é incerteza.
05:09Ninguém sabe como que as coisas estão se comportando.
05:14E aí essa incerteza faz com que o investimento caia.
05:19E com menos investimento, a demanda cai, a economia desacelera,
05:24e uma hora o desemprego sobe.
05:27Então eu acho que essa dinâmica está meio que contratada.
05:33Agora, pessoa, você falou em investimento.
05:36Nós estamos falando do investimento que uma companhia, um empreendedor coloca no seu negócio.
05:42Vamos falar do investidor, esse que procura o mercado de capital ou a renda fixa,
05:48com uma taxa de juros alta nos Estados Unidos, assim como no Brasil,
05:52isso passa a ser um porto seguro para determinados tipos de investidores?
05:57E aí fica a grande pergunta, o ponto de interrogação, para quem investe no Brasil.
06:03Os juros altos nos Estados Unidos podem tirar investidor daqui para ir para lá?
06:08Você acredita nessa tese que a gente vai ter uma fuga de dólares,
06:12pelo menos nos próximos dias, por conta da situação nos Estados Unidos?
06:15Eu acho que não.
06:19Os Estados Unidos não estão sendo muito bem tratados pelo mercado financeiro.
06:25O câmbio até voltou nos últimos dias, vocês anunciaram,
06:29mas se eu pegar do início do mês, o câmbio se desvalorizou.
06:35E o real não está com um comportamento muito ruim.
06:38O real está rodando em torno de 5,6, 5,7, 5,8, já em janeiro tinha atingido 6,3.
06:45Então, se olhar no médio prazo, a moeda brasileira, ela não tem se desvalorizado muito.
06:53Então, compara com a crise do Lehman Brothers.
06:55Quando veio a crise, o real se desvalorizou enormemente.
07:00Teve até aquele episódio daqueles derivativos tóxicos de algumas empresas importantes
07:08que geraram quebradeira por conta da desvalorização muito aguda do real.
07:14Agora não, o real não tem andado muito, ele está andando de lado.
07:19Todo esse episódio e esse movimento que a gente vê desde o dia da libertação,
07:26na Liberation Day, não afetou muito a nossa moeda.
07:29Ou seja, o que eu estou querendo dizer para você é que o dólar está sendo tratado de forma diferente.
07:36Os Estados Unidos, como a política do Trump é muito desastrada, de muito má qualidade,
07:44ela é feita a partir de um diagnóstico errado dos problemas da economia americana.
07:51Os Estados Unidos estão sendo tratados pelos mercados financeiros mais ou menos como um país emergente.
07:57Era, em geral, quando se coloca muita tarifa de importação e a incerteza no mundo aumenta muito,
08:07era para o dólar ter se valorizado muito mais, e ele não se valorizou.
08:13Era para a curva de juros americano ter caído, e ela não caiu, ela subiu.
08:18Então, eu acho que tem um certo descolamento da economia brasileira e outras economias em relação à economia americana,
08:25porque a economia americana é que está sofrendo, porque foram eles que tomaram medidas de difícil compreensão.
08:32Pessoa, ninguém mais guarda dinheiro no colchão, e ainda mais o perfil americano,
08:39que a classe média, aquele que quer ter uma aposentadoria confortável, aplica na Bolsa.
08:45Isso é muito comum há muito mais tempo, é muito mais comum e há muito mais tempo nos Estados Unidos,
08:51em comparação com o que a gente tem um pensamento aqui do poupador brasileiro.
08:56Esse dinheiro, diante de um cenário de incerteza, acho que eu vou tirar aqui da minha carteira de ações,
09:04está indo para onde, e esse movimento acontece aqui no Brasil?
09:08O nosso Ibovespa, a B3, ainda está ali naqueles confortáveis ciclo dos 130 mil pontos.
09:16Um pouquinho mais para cá, um pouquinho mais para lá, não tivemos uma queda bruta,
09:20a não ser que eu esteja fazendo uma avaliação muito errada,
09:22mas nos Estados Unidos o Dow Jones caiu, o SP500 caiu, se a gente pegar a gestão Trump,
09:29em comparação com os primeiros 100 dias, 110 dias dos outros presidentes.
09:34O americano não está tirando esse dinheiro da carteira dele de ações e colocando no travesseiro,
09:40guardando debaixo do colchão.
09:41Está indo para onde? Para a renda fixa?
09:44Eu acho que está indo para a renda fixa, os juros estão mais altos.
09:48E alguma coisa pode estar escorrendo para a Europa,
09:50você tem muitos investidores internacionais que estão saindo dos Estados Unidos,
09:54estão se diversificando.
09:56A gente tem que lembrar que no início da gestão Trump,
10:00houve um certo entusiasmo com a economia americana,
10:05as pessoas achavam que o Trump, com a agenda de corte de custos no Estado,
10:14e uma desregulamentação dos setores produtivos, ia ter muito crescimento.
10:18E, evidentemente, de lá para cá, houve uma frustração muito grande,
10:23e a Bolsa perdeu bastante.
10:26Eu acho que tem muito investidor internacional tirando dinheiro dos Estados Unidos.
10:31E, certamente, a Europa fica um lugar mais importante agora,
10:35inclusive, que a Alemanha vai gastar mais,
10:38tem um esforço de aumentar um pouco o déficit fiscal
10:41para o esforço de rearmamento da Europa,
10:46e com uma sinalização de uma dinâmica da economia europeia um pouco melhor.
10:52Então, tem um certo rebalanceamento entre Estados Unidos e Europa,
10:57que pode ser revertido se a política econômica americana mudar de qualidade,
11:01mas não parece que será o caso no horizonte mais curto.
11:05Queria agradecer a conversa que eu tive com o Samuel Pessoa,
11:09pesquisador do IBRI, ou IBRE,
11:13da Fundação Getúlio Vargas,
11:14que é o Instituto Brasileiro de Economia da FGV.
11:18Pessoa, obrigado mais uma vez.
11:19Ótimo restinho de noite.
11:20Até uma próxima oportunidade.
11:22Tchau.
11:23Tchau.
11:24Tchau.
11:25Tchau.