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Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, avaliou os impactos das tarifas de Trump na economia global e os efeitos diretos no Brasil. Ele destacou o recuo do PIB dos EUA, a queda do S&P 500 e a redução inédita da Selic após 16 semanas.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://tinyurl.com/guerra-tarifaria-trump

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Transcrição
00:00Eu vou conversar agora com o Silvio Campos Neto, ele é sócio-economista sênior da Tendências Consultoria.
00:06Silvio, boa noite para você, obrigada por ter aceitado o nosso convite.
00:09Bom, Silvio, mais um mês começando com aquele vai e vem das tarifas de Donald Trump no radar da economia global.
00:16Agora a gente falou até de cinema, né?
00:17Qual é o seu balanço até esse momento e as suas expectativas sobre essa política tarifária de Donald Trump nos Estados Unidos?
00:25Bem, antes de mais nada, boa noite a todos, prazer falar com vocês.
00:31De fato, o que observamos no mês de abril é bastante caótico do ponto de vista do contexto econômico global, dos efeitos sobre os mercados,
00:41ainda que a economia real, como vocês comentaram há pouco, não tenha dado sinais muito claros dos impactos e até natural que isso aconteça.
00:49É necessário um tempo até que essas medidas efetivamente se materializem na economia, mas esses efeitos virão.
00:59E o que temos visto desde o tarifácio ali no início de abril é exatamente uma volatilidade muito grande,
01:05com essas mudanças a cada momento das sinalizações partindo do presidente Trump e de outros membros do governo.
01:12É claro que o que se imagina é que diante desses impactos que virão fatalmente, seja do ponto de vista de pressões de custos,
01:21seja também em termos de efeitos sobre a própria atividade econômica, né?
01:25O que se espera é um crescimento bem mais baixo da economia dos Estados Unidos neste ano e no próximo.
01:31E até da pressão que as grandes empresas farão, porque elas pagarão boa parte desse custo,
01:36os consumidores norte-americanos pagarão parte desse custo.
01:39O que se espera é que o governo norte-americano tenha uma certa moderação na aplicação efetiva dessas medidas.
01:46Agora, vindo de Trump, claro que a imprevisibilidade é muito grande, né?
01:50E diante disso, claro que é um quadro de muita incerteza.
01:54E como foi também mencionado há pouco, isso é inimigo do investimento, né?
01:58Os investimentos acabam entrando num modo de espera.
02:02Os mercados financeiros também precificam esse cenário mais adverso.
02:06E isso acaba, de certa forma, afetando a todos, né?
02:09Inclusive, aqui no Brasil, nossos ativos também sentindo toda essa instabilidade.
02:14É, a gente viu o PIB dos Estados Unidos caindo 0,3% no primeiro trimestre,
02:20mas também não vimos nada muito além disso.
02:23Na sua opinião, pelo que você está trazendo, os efeitos das tarifas ficarão mais visíveis daqui para frente?
02:29É isso?
02:30Certamente ficarão mais visíveis.
02:33Tem alguns indicadores antecedentes que também apontam nessa direção.
02:37Por exemplo, os índices de confiança do consumidor estão nos menores patamares em vários anos, né?
02:43Já desde ali dos picos da pandemia.
02:46Também, quando olhamos o comportamento das bolsas,
02:49claro que com toda a volatilidade que observamos ao longo de abril,
02:53mas também é um sinal de que há, sim, uma avaliação de maior cautela.
03:00Isso vai se traduzindo, cedo ou tarde, nas decisões dos agentes econômicos.
03:04Sejam os investidores ficando mais cautelosos, mas também as empresas, né?
03:09Porque há uma dúvida muito grande em relação à adoção efetiva das alíquotas,
03:15quanto disso efetivamente vai perdurar após as negociações que serão feitas.
03:20Então, nesse contexto de ampla incerteza, a melhor coisa a se fazer é aguardar
03:26e o resultado disso é que a economia passará por um processo de um certo travamento, né?
03:31E aí, fatalmente, nos próximos trimestres, devemos, sim, observar um desempenho do PIB
03:36similar, talvez não tão ruim quanto do primeiro TRI,
03:40que foi afetado por questões mais atípicas,
03:42mas, eventualmente, com um ritmo de crescimento muito baixo,
03:45até próximo de zero, gerando aí um ano mais desafiador para a economia como um todo.
03:51Silvio, vou passar para as perguntas dos nossos analistas.
03:54Alberto, eu vou começar por você.
03:56Alberto, voltando junto comigo, né?
03:58Boa noite para você, Alberto. Seja bem-vindo de volta.
04:01Boa noite, Cris. Boa noite a todos.
04:03Silvio, quando o Trump dá esses 90 dias para diversos países,
04:09a uma taxa de 10% e deixa bem claro que a questão é a China,
04:14as taxas ainda estão altas,
04:16você entende e tem percepção de que o mercado ficou um pouco mais calmo,
04:21menos instável, como estava antes?
04:25É, essa decisão da suspensão das tarifas recíprocas
04:31e alguns sinais, na margem de que eles podem já iniciar as negociações com a China,
04:36vão muito na direção do que eu mencionei há pouco,
04:38ou seja, o custo das medidas é muito grande,
04:41isso vai ficando claro e até o próprio comportamento
04:44que observamos nas bolsas nos primeiras semanas de abril,
04:48acho que foi um sinal muito claro nesse sentido,
04:51o índice S&P 500 chegou a perder momentaneamente os 5 mil pontos,
04:54uma queda ali que foi quase de 20% do pico registrado em fevereiro.
04:58Então, claro que eu diria que esses impactos já iniciais das medidas
05:03forçaram o governo a esse passo atrás.
05:06É claro que ainda há uma preocupação grande,
05:09especialmente em relação a essas negociações com a China,
05:12estamos falando, obviamente, das duas grandes economias mundiais,
05:16então o que se espera é que algum tipo de acordo seja alcançado,
05:20mas que acabe gerando um meio termo.
05:23Obviamente não as tarifas de 145%,
05:26que acho que ninguém imagina que isso seja,
05:27nem o próprio Trump,
05:29que isso seja um nível de equilíbrio,
05:31mas talvez não os 10% da tarifa universal.
05:36Eventualmente, aí ficaremos com alguma tarifa talvez mais elevada,
05:39uns 30%, 40%, eventualmente 50%,
05:42o que é muita coisa ainda, pensando aí do ponto de vista
05:45dessas duas grandes economias e das grandes relações econômicas
05:49que elas possuem.
05:50Isso vai trazer, sim, impactos importantes.
05:52Bom, Silvio, a gente viu,
05:55eu dei os números aqui do Boletim Focus de hoje,
05:57reduzindo pela primeira vez a expectativa para a Selic,
06:01primeira vez que reduz desde janeiro,
06:03para 14,75%.
06:05O que mais contribuiu para essa alteração, na sua opinião,
06:09depois de 16 semanas de estagnação?
06:14Eu diria que existe,
06:16é um sinal na margem,
06:17ao longo das últimas semanas,
06:19de que o quadro inflacionário, pelo menos de curto prazo,
06:23tem se tornado um pouco menos negativo.
06:26Claro que ainda estamos falando de uma inflação
06:28próxima a 5,5% para esse ano,
06:31que é muito acima da meta de 3%.
06:34Mas o fato é,
06:35se até algumas semanas atrás
06:38havia o temor de uma inflação ainda escalando
06:41para perto de 6%,
06:42com um câmbio também muito próximo a 6 reais por dólar,
06:46e isso eventualmente exigindo uma Selic ainda mais alta,
06:49os sinais observados nas últimas semanas,
06:52inclusive a percepção de que o mundo entra
06:54numa fase desinflacionária,
06:57e aí a própria questão do petróleo,
06:58que vocês comentaram há pouco,
07:00é um sinal nessa direção,
07:02isso tem feito com que os analistas
07:04avaliem, reavaliem as suas expectativas
07:07em relação à necessidade de aperto monetário.
07:11Nós esperamos mais uma alta,
07:12sim, de 50 pontos nessa semana,
07:14ainda temos um ajuste final de 25 pontos em junho
07:18para 15%,
07:19mas reconhecendo que a possibilidade
07:22de um encerramento de ciclo,
07:24agora em maio, em 14,75,
07:26ela é real,
07:27diante desses sinais um pouco melhores na margem.
07:31Bom, nessa semana a gente sabe,
07:32tem reunião do Copom,
07:33queria saber qual é a sua expectativa,
07:35tem espaço para alguma surpresa, Silvio?
07:37Eu diria que dessa vez o espaço ainda é muito pequeno,
07:42até por conta de todas as incertezas
07:44que ainda persistem neste momento.
07:47O Banco Central já deu um sinal muito claro
07:49na última reunião de que manteria,
07:52voltaria a subir a Selic agora em maio,
07:55porém num ritmo menor,
07:56e a questão de poucos dias,
07:58o presidente Galípolo reiterou este guidance,
08:00de que realmente o que eles colocaram
08:03após a reunião de março segue válido,
08:06então nesse sentido há quase um consenso do mercado
08:09de que teremos uma elevação de 50 pontos pela frente
08:12e a expectativa maior realmente fica
08:15para os sinais que serão emitidos pelo comunicado,
08:18a ser divulgado após a decisão
08:19e também pela ata na semana que vem.
08:23Avalio que diante ainda dessas incertezas
08:25que persistem tanto no exterior e aqui,
08:28mas principalmente lá fora,
08:30o Banco Central deve ser cauteloso
08:32com qualquer sinalização para junho.
08:34Avalio que ele não deve se comprometer
08:36nem com uma nova elevação
08:37e nem mesmo com um término de ciclo agora,
08:41deixando no ar aí, deixando em aberta
08:43a próxima decisão,
08:44na dependência dos indicadores
08:46e dos eventuais fatos novos
08:49que surjam até a reunião de junho.
08:51Vamos passar para a pergunta do Vinícius Torres Freire.
08:54Vinícius, fica à vontade.
08:56Silvio, esse foco tem uma curiosidade.
08:59É claro que se trata de medianas,
09:01então você está combinando previsões de um monte de gente.
09:04Agora, Selic caindo, quer dizer, não subindo além de R$ 14,75.
09:10E inflação em 2026 fechando a R$ 4,5 não faz muito lé com o CRE.
09:16O que está acontecendo?
09:18As pessoas daqui a pouco vão começar a derrubar as previsões de inflação
09:21ou nós acreditamos que o Banco Central vai deixar a taxa de inflação, IPCA,
09:27ficar acima de R$ 4 ou perto do teto na meta em R$ 4,5 a perder de vista.
09:32Como é que combina esse dado de Selic em R$ 14,75
09:36e inflação, IPCA, em R$ 4,5 em 2026?
09:41É, Vinícius, é um ótimo ponto esse.
09:43Realmente fica um sinal que parece mesmo contraditório,
09:47mas eu diria que tem alguns elementos por trás disso.
09:50Acho que, primeiro, o fato de que a Selic indo até R$ 14,75,
09:55ou eventualmente R$ 15,00, é uma taxa realmente
09:58em um patamar bastante contracionista em termos reais.
10:02Então, também não se imagina que seja necessário manter por um longo período
10:06a taxa de juros nesse patamar e daí que vem um ajuste moderado
10:10esperado para o próximo ano.
10:12Mas também é importante destacar que em 2026,
10:15quando o Banco Central eventualmente iniciaria essa redução de juros,
10:20e aí fica a dúvida, se em dezembro desse ano, janeiro do ano que vem,
10:23nós esperamos a primeira queda para janeiro,
10:26o Banco Central já estará mirando mais o ano de 2027
10:30do que propriamente o ano de 2026.
10:32Não que ele irá, obviamente, abrir mão por completo da meta do ano que vem,
10:36mas eu diria que 2026 fica naquele sentido de preservar
10:40o intervalo de tolerância da meta.
10:42Estando a inflação perto dos 4,5%, o Banco Central estaria, entre aspas,
10:49satisfeito, mas mirando 2027, aí sim, buscando uma convergência
10:53para um nível mais próximo a 3%.
10:55É claro que é difícil imaginarmos que mesmo em 2027 a inflação fique perto de 3%,
11:00ela talvez até possa, sim, se aproximar um pouco,
11:03mas o fato é que 2027 é um ano que envolve uma incerteza brutal
11:08porque teremos uma eleição pelo caminho e, claro, um novo governo,
11:12pode ser o mesmo, um outro governo, com suas políticas econômicas
11:17e, principalmente, a necessidade que é amplamente conhecida e falada
11:22de um rearranjo da nossa política fiscal,
11:26o que terá uma grande implicação não só para a inflação,
11:29como também para a taxa de juros.
11:31Silvio, muito obrigada.
11:32Um prazer te ouvir.
11:33Boa semana para você.
11:34Boa noite.
11:35Prazer foi meu.
11:36Boa noite a todos.

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