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Otaviano Canuto, economista sênior do Policy Center for the New South, analisou o impacto das tarifas de Trump no comércio mundial. A OMC projeta queda de 1,5% no comércio global em 2025 mas o Brasil pode ganhar mercado agrícola. Indústria e serviços devem enfrentar desafios.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://tinyurl.com/guerra-tarifaria-trump

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Transcrição
00:00Eu converso agora com o Otaviano Canuto, economista, Senior Fellow no Policy Center for the New South.
00:07Boa tarde, Canuto. Tentei caprichar na pronúncia do inglês aqui para fazer jus aí a tua história,
00:12a tua longa história em instituições internacionais, organismos, universidades.
00:17Canuto, boa tarde para você. Obrigado pela gentileza mais uma vez aqui da sua participação ao vivo.
00:21É um prazer estar aqui de volta.
00:23Desculpa.
00:25Não, é um prazer estar aqui de volta.
00:26Ah, muito obrigado. É um prazer para a gente também contar com a sua colaboração aqui
00:31para nos ajudar a entender esse momento maluco que a gente está vivendo.
00:34Canuto, a Organização Mundial do Comércio fez aí as revisões para o comércio internacional.
00:41Para este ano de 2025, a projeção anterior era de um crescimento de 3%.
00:45Isso foi revisto por uma queda de 0,2%.
00:49E se as tarifas que estão pausadas nesse momento por Donald Trump voltarem da forma como foram anunciadas,
00:55a projeção seria ainda pior, seria por uma queda de 1,5% para o comércio internacional.
01:02O que é que significa para o planeta e para o Brasil quedas dessa monta na atividade comercial?
01:09Perfeito.
01:11No meu tempo de vice-presidente do Banco Mundial,
01:14um dos meus departamentos era o departamento de comércio.
01:16E eu interagia muito com a AMC,
01:23o que me dava, inclusive, a obrigação prazerosa de ir à Genebra pelo menos quatro, cinco vezes por ano.
01:29Olha, a consequência do que a Ngozi falou e o próprio relatório da AMC apontou,
01:40é um impacto elevado sobre o comércio,
01:46particularmente o comércio dos países que compõem a América do Norte,
01:50e isso tende a arrastar o crescimento global para baixo.
01:55Por isso que os números apontados são números de revisão muito fortes do crescimento global para 2025.
02:04E, a propósito, hoje, de manhã, em Cristalina de Guieva,
02:11o discurso tradicional é um discurso na semana anterior,
02:17das reuniões de primavera ou reuniões anuais do Fundo Monetário da Comunidade,
02:22e embora ela não tenha ainda trazido números,
02:24porque esses números vão vir no relatório correspondente do Fundo Monetário Internacional na semana que vem,
02:30eles também apontam bem para baixo.
02:31Tudo isso com a suposição de que, afinal, as tarifas recíprocas não venham, não voltam,
02:41porque, por enquanto, elas estão suspensas, continuam vigentes apenas para a China,
02:47mas o impacto será ainda maior caso essas negociações,
02:52que supostamente têm que ocorrer nesses 90 dias,
02:56não tenham êxito em tirar fora essas tarifas recíprocas,
03:05como foi o apelido,
03:07e não tem nada de recíproca, não é?
03:09Mas é, mas o sinal é para baixo,
03:10porque você coíbe as compras e vendas, as exportações,
03:17o fato de que nos próprios Estados Unidos os produtos importados, tarifados,
03:25terão seus preços elevados, isso dá um choque de preço,
03:30mesmo sem contaminar a inflação permanentemente,
03:35mas eles vão induzir a menor demanda por produtos importados,
03:41que não serão substituídos domesticamente,
03:43e isso você tem uma combinação na margem de choque de preços
03:49e de desaceleração do crescimento.
03:53E aí, em tantas circunstâncias, é muito complicado para o Federal Reserve,
03:57para o Banco Central Americano, inclusive, continuar aliviando as taxas de juros.
04:02É um sinal negativo, infelizmente.
04:05Canuto, e a OMC também tratou ali de projeções sobre as exportações da China,
04:11e está calculando que as exportações da China para fora da América do Norte
04:14podem crescer de 4% a 9%.
04:18O que é que esse mundo de produtos chinês,
04:22navegando pelo mundo e entrando no Brasil,
04:24pode provocar de impacto aqui para a nossa produção industrial, por exemplo?
04:28Olha, esse desafio de tentativa de desvio de comércio por parte da China
04:38para outras regiões vai ser um desafio encarado por todo mundo,
04:43encarado por europeus e assim por diante.
04:45A implicação é que nós vamos ter a possibilidade de importar mais barato da China,
04:51porque a China só pode fazer isso caso ofereça produtos manufaturados
04:56com um preço mais baixo.
04:59Isso tem vantagens e desvantagens.
05:03Nos setores em que nós, digamos assim,
05:08já compraríamos produtos chineses, vamos tê-los mais baratos.
05:13Já nos outros que concorrem com os chineses,
05:15aí vai começar uma grita para o estabelecimento de mais proteção.
05:20Nós somos um país, o Brasil é uma economia comercialmente
05:26das mais fechadas do mundo.
05:29Nós temos tarifas e temos barreiras não tarifárias bem acima da média mundial.
05:36Nós somos já uma economia fechada.
05:38Nesse sentido, não faz sentido o Brasil querer se proteger disso,
05:45aumentando tarifa mais ainda.
05:47Agora, ao mesmo tempo, essa mesma guerra comercial vai ser favorável
05:54para um pedaço da economia brasileira.
05:57Assim como a nossa agricultura acabou chupando um pedaço,
06:04uma fatia do mercado que era ocupada pelas exportações agrícolas
06:08dos Estados Unidos na China e essa transferência de parceira do mercado chinês
06:17não foi revertida depois.
06:19Estou falando da primeira guerra comercial Trump-China de 2017
06:25até o fim do mandato dele.
06:27Nós temos a chance agora de ter mais uma engolida de mercado americano na China.
06:37Esse tipo de guerra entre os grandes aí,
06:43ela tem derramamento sobre o resto.
06:46E o Brasil vai ter aspectos favoráveis e aspectos desfavoráveis.
06:52As próprias explotações brasileiras de manufaturados para os Estados Unidos
06:57vão ter que se defrontar com tarifas mais altas nos Estados Unidos.
07:02O Canuto, agora essa entrada de produtos chineses em maior quantidade no Brasil,
07:06se por um lado vão trazer possibilidade de preços menores, como você colocou,
07:10por outro, exatamente pelos preços menores,
07:13podem dar dor de cabeça para setores da nossa indústria aqui,
07:15para conseguir concorrer?
07:19Setores que tenham dificuldades de concorrer.
07:22que estejam defasados em termos de produtividade,
07:28em termos de competitividade.
07:31Não devemos cair nessa armadilha de achar
07:36que elevação de tarifa comercial protege.
07:40Certo?
07:44A produção doméstica vai ter que enfrentar a concorrência,
07:49como já tem que fazê-la.
07:52Agora, a gente fala sempre muito em mercadorias, em produtos,
07:57quando se refere à guerra comercial,
07:58mas que tipo de impacto ela pode ter também sobre serviços,
08:02se a gente pensar em logística, em transportes, em seguros, em turismo,
08:07tudo isso acaba sendo afetado também?
08:09Sim, o relatório da OMC, que você mencionou e resumiu,
08:16ele justamente tem um conteúdo especial,
08:20que é pela primeira vez que faz um estudo detalhado e projeções sobre serviços.
08:26Os serviços serão afetados, e não se trata apenas de logística,
08:31mas, na verdade, veja, hoje em dia,
08:36boa parte do valor agregado na manufatura
08:40corresponde a serviços embarcados em manufaturas.
08:44Por isso que é uma coisa errada e antiga e desatualizada
08:49olhar para manufaturas como se fosse uma coisa em si.
08:53A manufatura moderna, ela embute um conteúdo de serviços muito grande.
09:01Eu penso aqui no meu telefone, que é o iPhone.
09:05O valor desse iPhone aqui não é na parte manufatureira,
09:09mas é no conjunto de serviços que estão embutidos nesse aparelho.
09:14Então, serviços, de fato, têm que ser olhados e observados,
09:18e, desafortunadamente, a guerra tarifária alterando o comércio de manufaturas
09:26acaba também afetando o serviço.
09:28E o interessante é que, por exemplo, no caso dos Estados Unidos,
09:33os Estados Unidos têm déficits policiais de bens,
09:39mas são superavitários no serviço.
09:41Mas a malta ali ao lado do Trump só pensa em manufatura.
09:48Parece aquelas caras antiguas do Brasil,
09:52que pararam no tempo como se o valor,
09:56como se a tecnologia fosse toda embutida na parte física manufatureira.
10:02Serviços são fundamentais.
10:04Canuto, o que se espera dentro dessa guerra comercial
10:07é que a própria economia americana seja talvez a mais abatida,
10:11um impacto ali autoaplicado pelo país contra si próprio.
10:18Na sua leitura, porque é a leitura de alguns analistas,
10:20queria saber a sua,
10:22a economia americana já estaria em recessão agora?
10:26Olha, se não recessão tecnicamente definida
10:31como dois trimestres com o número negativo de PIB,
10:37aí é um passo além,
10:41mas definitivamente a economia está em desaceleração.
10:45Acho que é importante lembrar o testemunho dado ontem
10:50pelo presidente do Federal Reserve Bank,
10:53pelo Jim Powell,
10:54quando ele observou que na margem
10:59o quadro para a economia americana piorou,
11:03o quadro inclusive encarado por ele
11:06como o presidente do Banco Central,
11:09como a cabeça do Banco Central americano,
11:12porque você tende a ter choques de preço,
11:14já está tendo choques de preço.
11:17É impressionante,
11:18eu que moro aqui há 21 anos,
11:19como alguns preços já começaram a ser ajustados para cima,
11:24mesmo antes das tarifas estarem em vigor,
11:27e você tem, portanto,
11:29esse choque inicial de preço,
11:31que vai ser maior caso as tarifas
11:34sejam plenamente implementadas,
11:36ao mesmo tempo em que há uma desaceleração
11:40no crescimento econômico,
11:42ou seja, uma combinação de preços mais altos
11:44e desempenho econômico mais fraco.
11:47Isso, evidentemente,
11:51piora na margem
11:52as condições de decisão
11:54pelo Banco Central,
11:55pelo Federal Reserve,
11:56do que fazer com as taxas de juros.
11:58Aliás, isso já está expresso,
12:02inclusive,
12:03em pesquisas que estão mostrando
12:05uma perda de popularidade
12:06do presidente Trump.
12:09O sinal é para baixo.
12:13Está certo.
12:14Otaviano Canuto,
12:15economista,
12:15senior fellow
12:16no Policy Center for the New South.
12:20Estou fazendo força aqui, Canuto.
12:21Obrigado pela sua participação.
12:24Boa Páscoa para você, viu?
12:27Valeu.
12:27Para você também.
12:28Um abraço.
12:29Obrigado.
12:29E aí
12:43E aí
12:43E aí
12:44E aí
12:46E aí
12:49E aí

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