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Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Gestora, explicou como o tarifaço de Trump impactou a economia dos EUA e contribuiu para a desvalorização do dólar nas negociações internacionais.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://tinyurl.com/guerra-tarifaria-trump

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Transcrição
00:00E o tarifaço, gente, continua fazendo barulho pelo mundo e também, então, impactando negativamente essas tarifas, a economia dos Estados Unidos e também o dólar.
00:10A moeda está se desvalorizando, perdendo espaço em negociações comerciais.
00:15Vamos entender melhor por que isso está acontecendo com a Marcela Kawauchi, que é a economista-chefe da Lifetime Gestura de Recursos.
00:22Seja muito bem-vinda, Marcela. Bom dia pra você.
00:25Bom, vamos lembrar que há alguns meses, antes mesmo do Trump assumir, ele estava ameaçando os países que compõem o BRICS, falando, olha, se vocês não usarem o dólar como moeda, a gente vai taxar os países que compõem o bloco em mais de 100%.
00:41É um receio que ele tem desde sempre agora, que ele já assumiu e tem 100 dias no cargo.
00:46Fica claro que as mudanças que ele está promovendo na economia estão desvalorizando a moeda dele.
00:51O dólar tem perdido força, principalmente por conta das incertezas relacionadas à economia americana.
00:59Ninguém sabe qual vai ser a extensão dessa ruptura no mercado internacional, qual vai ser a extensão das alíquotas, como que vai ser a negociação, que outros tipos de barreira o Donald Trump vai colocar sobre a importação de produtos.
01:13Isso faz com que o mundo inteiro olhe para os Estados Unidos, que sempre foi o porto seguro dos investimentos, e fique ali receoso.
01:22Será que eu vou investir numa empresa lá nos Estados Unidos?
01:25Eu não sei se essa empresa vai continuar com a cadeia produtiva mundial que ela tinha até o final de 2024.
01:33Como é que o consumidor americano vai se portar em relação a esse forte aumento de tarifas, que também gera inflação.
01:39Enfim, todas essas incertezas fazem com que o mundo diminua a demanda por dólar.
01:46O dólar ainda é a moeda principal das transações internacionais.
01:51Ele não perde o protagonismo de uma hora para outra, mas certamente ele está mais fraco em relação ao que a gente via lá em 2024.
02:00Tem uma questão importante, que o dólar está mais fraco, principalmente em relação a moedas de países avançados.
02:09Principalmente aqui eu estou falando de zona do euro e do Japão.
02:13Porque esses outros países acabam aí se tornando polos, né?
02:19Se tornando aí, atraindo os investimentos do mundo que saem dos Estados Unidos e pensam,
02:27bom, para que outro país que eu posso ir?
02:29E aí eu quero destacar a questão da Europa, porque ontem a gente teve o PIB dos Estados Unidos,
02:34que veio mais fraco do que o esperado.
02:37Mas, por outro lado, o PIB da zona do euro veio um pouquinho mais forte do que estava sendo esperado.
02:42A Europa tem ali queda nas taxas de juros, porque a inflação está mais controlada,
02:47o que acaba impulsionando a economia.
02:49E também tem um pacote ali que foi anunciado pelo governo alemão,
02:52que também dá impulso para aquela região.
02:54Tudo isso faz com que o dólar perca força frente ao mundo todo.
02:59Isso acaba também explicando o que a gente viu agora há pouco,
03:02que é essa alta de juros nos títulos americanos.
03:05Os Estados Unidos, inclusive, estão tendo que pagar mais
03:08para os investidores colocarem dinheiro nos títulos do governo federal.
03:13E aí, Marcela, você estava falando sobre a desvalorização do dólar,
03:17principalmente em relação ao euro, em relação a moedas asiáticas.
03:20O dólar se desvalorizou cerca de 5,5% em relação ao euro e 5% também em relação ao iene japonês, por exemplo.
03:28Vou passar a palavra para a Mari, a nossa comentarista.
03:31Marcela, obrigada por estar aqui com a gente hoje também.
03:34Pegando essa questão da desvalorização e tentando fazer uma ponte dela com o grande eixo aí de batalha,
03:41talvez pelo menos explícita, do presidente Donald Trump,
03:43que é a tal da inversão da balança comercial.
03:45Ele parece que foca muito no olhar sobre a saúde de uma economia em relação ao déficit ou não dessa balança com o exterior.
03:54A desvalorização tende a favorecer as exportações americanas e deixar mais caras importações.
04:00Você acha que nesse sentido a desvalorização do dólar pode ser incluída na visão aí no modelo de Trump
04:06como fator positivo, exatamente por ser essa ferramenta aí de inversão desse saldo negativo da balança?
04:12Ele pode ajudar nessa questão da balança comercial, pode sim impulsionar as exportações que acabam ficando mais favoráveis,
04:25mas tem uma questão importante.
04:27Boa parte da balança comercial americana não é só por conta da taxa de câmbio.
04:34Desculpe.
04:35Tem a ver também com o tipo de produto que é feito nos Estados Unidos e no resto do mundo.
04:40Por exemplo, quando uma empresa de celulares decide fazer parte da sua produção na China,
04:46parte sim é por causa do câmbio, mas muito é também por conta de valor da mão de obra,
04:53que acaba sendo mais barata, mão de obra mais especializada.
04:57A gente sabe que a China desenvolveu um sistema educacional também ali focado para essas fábricas,
05:03logística.
05:04Tudo isso entra também nessa conta.
05:07E esse tipo de coisa não muda, o preço relativo dessas coisas não mudou por conta dessa nova política externa americana.
05:17E vale destacar que enquanto o dólar tem a sua mudança rápida, e é uma mudança, é algo muito volátil,
05:24isso pode se reverter, mudar uma planta produtiva da China, do Vietnã, por exemplo, para os Estados Unidos,
05:33é um trabalho muito grande, não é algo trivial.
05:37Então, a balança comercial é sim impactada, mas isso não resolve o déficit americano no setor externo.
05:45E vale destacar também que tem aí uma visão míope da saúde de um país em relação à balança comercial.
05:54Déficits em conta corrente, déficits externos, são ruins quando eles têm uma tendência muito grande de piora,
06:01e quando isso pode gerar uma crise ali na balança de pagamentos, o que não é o caso.
06:06No caso dos Estados Unidos, existe, como você muito bem falou,
06:10uma escolha por produzir fora dos Estados Unidos por conta de eficiência.
06:14E essa eficiência não é feita por meio de barreiras tarifárias, não é assim que se resolve.
06:22Marcela, gostei muito que você trouxe exatamente essa composição mais ampla,
06:26que não é só o preço final, não é só olhar o valor da moeda e multiplicar pelo preço,
06:32mas é o que está por trás das decisões de produção mesmo na questão da balança comercial.
06:36E aí eu estava justamente no meu comentário anterior falando desse evento aí que o presidente Donald Trump fez,
06:42dizendo que teria um momento histórico aí de fortes investimentos nas indústrias.
06:46Mas são investimentos em indústrias selecionadas, são investimentos das grandes que conseguem ter esse espaço de negociação.
06:54Tem uma certa alteração da economia da alocação mais descentralizada para a alocação mediada e negociada por meio da política.
07:02Você já comentou um pouquinho, mas queria que você falasse mais sobre os efeitos mesmo de você fazer essa virada
07:08em relação tanto à eficiência, mas também sobre a capacidade distributiva.
07:13Quer dizer, pequenas empresas fazem como? Médias empresas fazem como?
07:16Tem que ser sentar na mesa para negociar, para poder ter a possibilidade de grandes investimentos,
07:21de ter informação para os investimentos? Como é que você vê esse giro?
07:24Em termos de eficiência econômica, o Estado deve interferir na economia naqueles setores que não geram lucro,
07:36por exemplo, setores de infraestrutura que demoram muito tempo para gerar lucro,
07:41ou no caso de corrigir algum tipo de distorção que muitas vezes é temporária, enfim.
07:48Então, quando a gente fala dos Estados Unidos, o que a gente tem ali como histórico é uma economia com Estado menor,
07:57que interfere sim, porque tem alguns momentos que isso é importante, mas interfere de forma mais tímida.
08:04O novo presidente americano, ele apesar de ter um discurso ali mais para o lado da direita, do lado liberal,
08:11ele tem colocado na economia uma influência do Estado muito maior, inclusive do que era esperado a partir do que ele falou na campanha.
08:22O caso das tarifas é um deles, né?
08:24Colocar barreiras em relação a produtos produzidos em outro país é uma forma de colocar em uma disruptura enorme
08:33e o mercado agora não pode mais escolher de onde compra por conta de eficiência.
08:38Ele vai escolher de onde compra por conta da questão tributária.
08:44O mesmo vale na questão dos investimentos.
08:47Em muitas indústrias é necessário sim um investimento.
08:50Eu vou dar um exemplo.
08:51Indústrias que exigem, por exemplo, uma alocação muito grande de recurso para desenvolvimento,
08:57mas que no longo prazo podem gerar ali uma eficiência para a economia,
09:01por exemplo, indústria de bens de alto valor agregado, de saúde, medicamento,
09:07é importante sim que o governo entre ali para ajudar.
09:11Mas quando ele fala de um programa de investimentos mais amplo,
09:15e aí eu quero dizer indústrias que talvez não precisassem de investimento,
09:20mas ainda assim limitados para aquelas indústrias que o governo entende como mais
09:25o que precisam desse dinheiro e deixando de fora pequenas empresas
09:30ou alguns setores que talvez precisem também de ajuda,
09:34a gente tem aí um favorecimento que desbalanceia a economia.
09:39E do ponto de vista de eficiência, isso aí acaba não funcionando.
09:42As empresas ajudadas acabam tendo um impulso econômico maior
09:49e as demais acabam tendo que correr atrás do prejuízo.
09:52A gente já viu isso, inclusive, acontecer no Brasil na década passada,
09:59aquela história dos grandes empresas que foram ajudadas pelo governo
10:04e que depois a gente viu que esse estímulo não era tão necessário
10:08para as grandes empresas, era necessário, sim, para as empresas menores.
10:13Esse desequilíbrio na economia foi ruim no Brasil
10:16e deve ser ruim também nos Estados Unidos
10:18e não vai resolver a questão do déficit comercial.
10:22Marcela, diante dessa turbulência econômica mundial
10:26que a gente está vivendo com tanta incerteza,
10:28um fato é que a moeda americana está se desvalorizando.
10:32E nessa guerra travada, principalmente entre Estados Unidos e China,
10:36com outros atores também, mas esses são os dois principais,
10:39como que a China está se aproveitando e pode se aproveitar
10:42dessa desvalorização da moeda americana?
10:45Nem que os chineses podem se beneficiar?
10:49Bom, no caso da China, a gente tem ali uma moeda que é...
10:54Ela não é tão...
10:56A valorização ou desvalorização da moeda chinesa
10:59tem um pouco ali de intervenção governamental.
11:02A gente sabe que a moeda é um pouco mais controlada por lá.
11:06Então, eles podem fazer ali alguns ajustes
11:09para se beneficiar quando a moeda está desfavorável em relação a eles.
11:15O que a China tem feito, e aí isso vai muito além da questão do câmbio,
11:20é tentar fazer novas parcerias.
11:23Quando China e Estados Unidos se afastam ideologicamente e comercialmente,
11:30um vácuo acaba sendo aberto.
11:32E os Estados Unidos estão se afastando, principalmente da China,
11:36mas também de outros países.
11:37Vale lembrar que no tarifácio teve a tal da tarifa mínima de 10%,
11:42que foi colocada sobre todos os países, inclusive o Brasil,
11:47e a partir daí alguns países foram penalizados um pouco mais.
11:51Então, os Estados Unidos estão se afastando de todos os países.
11:54O que a China tem a oportunidade de fazer
11:56é construir pontes mais sólidas em relação aos países
12:00que estão se afastando dos Estados Unidos.
12:03E aí, até um ponto interessante, isso pode ser bom até para o Brasil.
12:08A gente tem, por exemplo, porque o Brasil exporta muito para os Estados Unidos,
12:13exporta bastante para a China também.
12:16Claro, os Estados Unidos vão continuar sendo um grande parceiro comercial brasileiro,
12:21mas marginalmente menor.
12:23E aí, a China, que, por exemplo, importava muita soja dos Estados Unidos,
12:28pode começar a importar soja para o Brasil.
12:31Produtos que o Brasil comprava dos Estados Unidos,
12:34o Brasil pode começar a comprar diretamente da China.
12:37Então, as pontes entre os países,
12:40à medida que os Estados Unidos se isolam,
12:43podem ser construídas de uma maneira mais sólida,
12:46e aí a China pode, enfim, se fortalecer em relação a isso.
12:50Toda vez que a gente olha essa questão das tarifas e das barreiras
12:53que o Donald Trump tem colocado,
12:56me parece que os Estados Unidos estão fazendo como se fosse um gol contra,
13:00um tiro no pé, porque é o americano,
13:04são os Estados Unidos que vão pagar a maior parte dessa conta
13:08se isolando comercialmente em relação ao resto do mundo.
13:12Pois é, e isso está sendo visto por tanta gente,
13:15mas parece que Donald Trump, na sua estratégia,
13:17não está enxergando isso no futuro.
13:19Vamos ver no que vai dar.
13:21Marcela Kawauchi, ela que é a economista-chefe da Lifetime,
13:24gestora de recursos, muito obrigado, viu,
13:26por ter topado o nosso convite nesse feriadão,
13:30quinta-feira, primeiro de maio.
13:31Bom descanso para você, excelente dia.
13:34Excelente dia, obrigada pelo convite.
13:37Valeu.

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