Estados Unidos e Ucrânia fecharam um acordo histórico sobre terras raras, com impacto direto na economia e no desfecho da guerra com a Rússia. Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, confirmou que o pacto também visa acelerar a reconstrução ucraniana. Veja análise de Mariana Almeida.
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NotíciasTranscrição
00:00Vamos ver um destaque do site da CNBC. Já vai aparecer aí na tela para você acompanhar comigo.
00:05Estados Unidos e Ucrânia assinaram um acordo histórico sobre minerais após meses de negociações tensas.
00:12O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Besant, disse que a parceria econômica deve permitir que os dois países
00:19investam juntos para acelerar a recuperação econômica da Ucrânia e ajudar a facilitar o fim da guerra com a Rússia.
00:26Desde o início de seu segundo mandato, Trump vinha pressionando o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky,
00:32por um acordo de minerais, como uma espécie de compensação pela ajuda toda que os Estados Unidos deram durante a guerra.
00:39Terras raras são ricas em elementos como titânio, urânio, lítio, fundamentais para a fabricação de baterias, eletrônicos,
00:47equipamentos médicos, armas e componentes da indústria aérea e espacial, entre outras aplicações.
00:54Para você ver esse e outros destaques é só acessar cnbc.com.
01:00Já vou chamar a Mari para a gente conversar a respeito disso.
01:02Bom, a gente fala que o Zelensky aceitou o acordo, mas meio que não tinha muita saída, né Mari?
01:08Porque estava uma imposição tão ferrenha do Trump e do governo todo dele que acabou ficando meio sem saída, né?
01:15Tinha que aceitar.
01:15É, isso é uma longa novela, né? Novela americana mesmo, daquelas que a gente não sabe se tem o fim ou não.
01:21Mas esse é um capítulo que, de alguma maneira, é uma vitória, assim, para Donald Trump, pelo menos parcial,
01:26porque o acesso às terras raras era uma condição.
01:28Lembrando que o Zelensky já tinha aceitado essa condição.
01:32Lá atrás, quando a gente teve aquele episódio muito ruim na Casa Branca,
01:36onde o Zelensky e o J.D. Vance, junto com o Trump, tiveram aquela discussão...
01:39Nossa, aquela história sem precedentes na história, discussão horrorosa no salão ali da Casa Branca, né?
01:46Envolvendo os três.
01:47Um decoro ruim, né? Quando a gente pensa aí na alta administração mundial,
01:53tendo esse debate naquele nível público, enfim.
01:56Mas já tinha sido, essa já era a condição, então isso está na mesa,
02:00mas até em função desse mecanismo, dessa forma aí do debate, não tinha sido assinado.
02:07Lembra, as terras raras, como você mesmo falou, Rafa, no começo,
02:10esse acesso a terras raras e acesso a minerais é super estratégico para a etapa que estamos
02:15do ponto de vista do desenvolvimento econômico, que é uma etapa onde acesso a minerais
02:19que podem ser importantíssimos no desenvolvimento energético
02:22é um ponto que pode travar qualquer desenvolvimento e posicionamento estratégico dos países.
02:29Então, isso, acho que Donald Trump nunca pensou em tirar isso da mesa.
02:33A ideia era como fazer esse acesso.
02:34E aí tem essa cara do que ele vem falando mesmo.
02:36Você fala, olha, eu não quero mais que os Estados Unidos sejam aproveitados,
02:41sejam, tenham sua força aproveitada pelos outros.
02:44Eu coloco lá recursos para a guerra, e aí, o que eu ganho em troca?
02:47Então, tem bem essa lógica da negociação.
02:49Agora, falta um pedaço super importante, que é,
02:53isso vem também com a possibilidade de que Donald Trump seja mais enfático
02:56na negociação com a Rússia e caminhe para o fim da guerra.
03:00Acho que isso é algo que está também no horizonte,
03:02uma promessa de Trump de campanha, dizendo que ele ia no dia seguinte já acabar com essa guerra na Ucrânia.
03:08Não acabou.
03:09Então, isso deve, se isso deve vir de volta aí para as tensões de pensar como fazer isso.
03:14E aí tem o outro lado lá, esperando qual vai ser a sua parcela na história, que é a Rússia.
03:19Bom, se de fato esse acordo significa uma maior entrada, mais ênfase e dedicação do presidente Trump
03:26e do governo dos Estados Unidos na resolução do conflito,
03:29a gente deveria entender, uma vez que ele consiga fazer isso com a Rússia,
03:33que pode ter uma pequena baixa aí dos efeitos internacionais e de dúvidas em relação a preço de combustível,
03:40o que era parte também da proposta do Trump.
03:42Então, vai ser um desenvolvimento, um desdobramento importante.
03:45Do outro lado, importante dizer que além do acesso a terras raras,
03:49tem aí no acordo a ideia de apoiar a reconstrução da Ucrânia.
03:53Todo país fortemente afetado pela guerra, como é o caso da Ucrânia,
03:57depois tem que se reerguer.
03:58E esse espaço é um espaço super delicado, porque é difícil você reconstruir.
04:03É difícil, mas tem muita oportunidade.
04:05E aí não tem como não lembrar que os Estados Unidos,
04:07que dizem que foram muito aproveitados, muito explorados ao longo dos anos,
04:11ele aproveitou bastante o pós-guerra para investir em diversos países,
04:15gerar dívidas de países com eles.
04:17Isso tem a ver com o dólar, inclusive, ter virado a moeda internacional,
04:20foi porque ele estava lá em todo o final de guerra,
04:23apoiando com esses fundos e fazendo com que as economias nacionais dependessem do dólar.
04:28Isso foi o que aconteceu lá.
04:30Vamos ver como vai acontecer agora na Ucrânia, nesse momento tão diferente da história,
04:33mas onde os Estados Unidos tentam fechar um outro tipo de acordo,
04:36mas onde ele também está lá com o seu recurso,
04:38e aí tentando só extrair um pouquinho mais.
04:40Será que isso significa desenvolvimento para os Estados Unidos e para a Ucrânia?
04:44Vale observar, porque isso tem tudo a ver com o debate
04:47de para onde vai a cooperação internacional daqui em diante, Rafa.
04:50Muito importante você falar sobre esse dia seguinte ao fim da guerra,
04:54quando ela acabar, porque é aquilo.
04:55Quem vai ficar com aquele território que é tão rico?
04:58Talvez Trump tenha um interesse mais nisso,
05:00nesse dia seguinte, quem vai poder explorar aquela área,
05:03e não propriamente no fim desse conflito que já me vitimou tanta gente, né?