A Anvisa tornou obrigatória a retenção de receitas para a compra de canetas emagrecedoras. O medicamento, que promete a perda de até 17% da massa corporal em um ano, tem sido procurado por quem busca emagrecimento rápido. Rafael Câmara, conselheiro do Conselho Federal de Medicina, traz detalhes sobre o tema.
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NotíciasTranscrição
00:00A Anvisa torna obrigatória a retenção de receita para compra de canetas emagrecedoras.
00:06O medicamento promete a perda de até 17% da massa corporal em um ano
00:11e tem sido procurado por quem quer emagrecer rápido.
00:15A gente vai conversar agora com o Rafael Câmara, do Conselheiro Federal, do Conselho Federal de Medicina, é isso?
00:22O uso indiscriminado do medicamento, é sobre isso que a gente vai falar.
00:27Rafael, bom dia pra você.
00:28Bom dia, sim. Sou Conselheiro Federal de Medicina e fui o relator do parecer
00:33que embasou a posição do CFM, que foi entregue à Anvisa.
00:36E a Anvisa levou isso muito em conta na hora de tomar essa decisão na semana passada.
00:41Aliás, nessa semana que está encerrando aqui agora.
00:43A gente vai falar sobre isso.
00:45Rafael, qual que foi a principal razão na sua avaliação que levou a Anvisa
00:49a decidir que a venda de Ozempic, a partir de agora, vai exigir a retenção da receita?
00:55Na verdade, o que acontece é que diversos efeitos colaterais, isso já vem há algum tempo,
01:01vem sendo mostrado na própria reunião deliberativa da Anvisa, mostrou que você tem muito mais efeitos colaterais,
01:08inclusive efeitos colaterais graves, como pancreatite, que não estavam sendo mostrados pela indústria.
01:14Importante dizer que os ensaios clínicos que levam a autorização desses produtos,
01:20eles são todos patrocinados pelas indústrias que fabricam esses medicamentos.
01:25E eu não estou questionando, inclusive, a qualidade desses estudos.
01:28Muito bem feito.
01:28Só que quando você joga para a população, e principalmente a população passa a usar de forma off-label,
01:34ou seja, aquela forma não prescrita em bula, isso a gente chama fase 4 dos ensaios clínicos,
01:40você começa a mostrar muitos efeitos colaterais que não estavam sendo mostrados nos estudos.
01:45Então, a Anvisa, e olha que é uma minoria da minoria,
01:48porque eu mesmo conheço várias pessoas que utilizam esses medicamentos,
01:52têm efeitos colaterais de moderados a graves,
01:54e não avisam seus médicos, e a Anvisa sequer fica sabendo.
01:57A Anvisa fica sabendo de uma minoria desses efeitos colaterais.
02:00E mesmo com essa minoria, chegaram muitos e muitos relatos de efeitos colaterais graves na Anvisa,
02:07e por causa disso, a Anvisa tomou a decisão de reter a receita.
02:11Quando se reter a receita, o que é que acontece?
02:13Só vai conseguir aquele medicamento quem tem uma prescrição médica,
02:17ou seja, você só vai conseguir usar se você tiver uma real indicação.
02:21Porque hoje até pessoas magras estão utilizando esses medicamentos,
02:25porque na cabeça delas, elas estão acima do peso,
02:27então isso leva a uma tendência de você ter cada vez mais problemas graves,
02:32inclusive não notificados.
02:34É porque originalmente ela foi criada para o combate da diabetes, né?
02:38E aí que houve essa alteração para que as pessoas utilizem para emagrecimento.
02:43Mas quais são as consequências graves que o senhor cita?
02:46Eu gostaria que fosse mais explícito em dizer, né?
02:50Eu vi pancreatite, tem outras doenças também que podem ser ocasionadas
02:53nesses efeitos colaterais.
02:55Então, efeitos colaterais a gente costuma dividir em leve, moderado e grave.
03:00Uma porcentagem gigante tem, náuseas, vômitos, diarreia.
03:04Por exemplo, tem vários amigos que a gente quando sai,
03:07a pessoa casa 15, meia hora, tem que ir ao banheiro.
03:10Isso é extremamente comum.
03:12Isso geralmente não é notificado.
03:14E aí você tem efeitos colaterais de médio a grave.
03:17O que vem sendo mostrado, inclusive,
03:20teve um momento que se achava até que dava ideiação suicida,
03:23depois outros estudos mostraram que não.
03:25E qual é o grande problema?
03:27Como são drogas relativamente recentes e outras muito recentes,
03:31surgindo, inclusive, nesse ano, você não tem nem como saber.
03:34Porque os efeitos colaterais mais graves, muitas vezes, são muito raros.
03:38Então, eles começam a serem mostrados somente quando está no uso já forte na população.
03:44Então, cada dia vai aparecendo mais coisas.
03:46Inclusive, mortes também.
03:47Você tem casos de mortes relacionados a esses medicamentos,
03:52principalmente em situações que é a própria pessoa que toma.
03:55Porque hoje, o que é a indústria?
03:57Porque a indústria não é muito poderosa.
03:59A gente está falando da maior indústria do planeta.
04:01A principal delas, o PIB comparável à Dinamarca, onde ela está situada.
04:07O que ela alega é que não precisa de receita retida,
04:10porque basta o farmacêutico ou balconista da farmácia exigir mostrar receita.
04:15A gente sabe que isso não acontece.
04:17Qualquer pessoa que compra hoje em Osempic ou qualquer uma dessas medicações
04:21chegando na farmácia ou por internet.
04:23Então, a única forma que a gente tem minimamente de impedir isso,
04:27esse outro indiscriminado, cada um decidindo por si, é retendo a receita.
04:31Foi ideia nossa lá atrás, está isso no nosso parecer, 04-2024,
04:35que eu fui o relator.
04:36E a gente vem insistindo com diversas reuniões com a Anvisa,
04:39outras entidades também, e finalmente nós conseguimos isso.
04:42Então, você tem efeitos desde diarreia, enjoo e vômitos,
04:47que são os mais comuns, mais prevalentes, até mortes,
04:50que você tem também diversas casas de morte nisso.
04:53Nesse meio termo, você tem literalmente dezenas a centenas
04:57de efeitos colaterais descritos, tanto nos estudos originais,
05:02quanto depois nessas notificações de fase 4.
05:05Rafael, eu quero chamar os nossos comentaristas para esse bate-papo também.
05:09Gesualdo I?
05:11Muito bom dia.
05:13Doutor, nós vemos a preocupação do Conselho Federal de Medicina
05:15com o uso desse medicamento, como só o Zepic, também o Igove,
05:19agora o famoso Monjauro, que vem tentando transformar essa cadeia produtiva.
05:25Mas o que eu lhe pergunto é o seguinte, parece que o CFM está muito preocupado
05:28com as receitas que devem ficar presas lá na farmácia.
05:32Mas em relação aos médicos, vou chamá-los assim, sem tom pejorativo, né?
05:36Os médicos de shape, os médicos de estética, eles recomendam o uso desse medicamento
05:41de forma deliberada.
05:43Qual é a relação do CFM com essas indicações e se existem punições já em andamento
05:49para médicos que usam desse recurso sem distinção?
05:53Bom, eu falo isso com muita tranquilidade, porque eu também fui o relator da resolução
05:57de conflito de interesse.
05:58Hoje, qualquer médico que receba dinheiro da indústria, ele é obrigado,
06:03sob pena de sanção, inclusive de cassação, de notificar de qual indústria ele recebe.
06:08Então, a gente está em cima desses conflitos de interesse.
06:11Eu concordo com você que tem alguns médicos, a gente jamais vai falar em maioria,
06:15muito pelo contrário, a maioria é de pessoas extremamente éticas,
06:18mas que prescrevem de forma, às vezes, não ética.
06:21Para isso, nós temos a forma.
06:22Denúncia, inclusive, quando você retém a receita, fica muito mais fácil de nós agirmos.
06:28Porque aquela receita fica retida na Anvisa e a Anvisa, ou o próprio paciente,
06:32se tiver alguma denúncia sobre aquele médico, a gente já tem a comprovação ali.
06:37A gente pega aquela receita, a Anvisa nos passa e a gente já abre uma sindicata para avaliar.
06:42Do jeito que está hoje, muitas vezes a prescrição é de boca.
06:45Então, vai vir o paciente, mas o doutor tal prescreveu.
06:48Tá, é de boca.
06:49De boca não tem comprovação.
06:51Então, não tenha dúvida que se houver uma prescrição que não siga os preceitos éticos,
06:57os preceitos corretos de uma prescrição, em nos chegando, chegando ao CRM, ao CFM,
07:02certamente será aberto a uma sindicata, se for o caso de um processo ético profissional,
07:06e ao fim de um amplo direito de defesa e contraditório,
07:09aquele médico poderá ou não receber uma punição.
07:12Então, todo o arcabouço ético para avaliar esses casos, nós já temos, inclusive, com essa resolução.
07:19Quem receber dinheiro desses laboratórios não tem problema nenhum.
07:22Pode receber, mas nós teremos que saber.
07:24Inclusive, para levar em conta se aquela prescrição é baseada somente num tirocínio técnico e ético,
07:30ou se também pode estar envolvido aí em algum conflito de interesse por causa daquele laboratório
07:34que dá um dinheiro para aquela pessoa prescrever.
07:38Zagarino?
07:39Levando em consideração que essa caneta já não é de agora, que vem sendo utilizada aqui no Brasil.
07:45Você não acredita que talvez tenha demorado um certo período de tempo?
07:49Para o Conselho tomar uma decisão nesse sentido?
07:52Porque, afinal de contas, a gente sabe que não tem uma fórmula mágica para emagrecimento, né, doutor?
07:57Bom, é primeiro que, na verdade, quem toma essa decisão não somos nós, né?
08:01Não é o Conselho Federal de Medicina, não é o Vida.
08:02O que eu posso dizer é que nós, há mais de um ano, nós estamos pressionando a Vida
08:07com diversas reuniões, todas em ata, cobrando isso.
08:11Aí, também, eu tenho que falar com muita tranquilidade.
08:12Tem a pressão nossa, mas tem a pressão da indústria.
08:15A indústria é muito poderosa, né?
08:16Então, eles mandam pessoas, marcam reuniões, pedem para tirar de pauta.
08:20Se você for olhar todo o andamento disso daí, quantas vezes foi tirada de pauta,
08:25mas eu quero aqui agradecer e fazer um agradecimento especial aos dois diretores efetivos da Vida,
08:31tanto o Daniel quanto o Romsen, que sempre nos ouviram muito e, finalmente,
08:35tomaram essa decisão que nós já há muito tempo.
08:38É importante dizer, o Conselho Federal de Medicina foi pioneiro nessa pressão,
08:43nessa força contra forças positivas da indústria, as maiores do planeta Terra,
08:49para a gente conseguir isso.
08:50Não tenham dúvidas que isso não é fácil conseguir.
08:53Então, eu queria aqui fazer um agradecimento muito especial à Anvisa
08:55por ter tomado essa decisão que, certamente, vai salvar muitas vidas.
08:59Ninguém está falando que esses medicamentos não são bons.
09:02Esses medicamentos são excelentes.
09:03Eles realmente têm um papel fundamental, tanto no diabetes quanto na obesidade.
09:07Mas da forma como está sendo utilizado, de forma indiscriminada,
09:10qualquer pessoa decide quando vai usar e se vai usar,
09:14isso realmente é um risco e ainda é um risco, porque não está vigente ainda,
09:18só 60 dias após a publicação no Diário Oficial, a saúde é pública.
09:23Rafael, fica uma dúvida aí, que eu acredito que é dos nossos telespectadores também,
09:27se a retenção da receita não pode gerar um mercado paralelo desse produto do Zempic.
09:32Como o uso de anabolizantes também?
09:34Aí vai aumentar o uso indiscriminado, a falsificação do produto também.
09:38Isso não pode gerar tudo isso?
09:41Olha, poder pode, mas a gente não pode tomar uma decisão baseada
09:44em que vão ser sempre espertos ou bandidos para tentar burlar.
09:49Cabe aí uma fiscalização.
09:51Em relação à receita, pode haver falsificação de receita?
09:54Pode.
09:54Isso é um crime.
09:56Falsificação também.
09:57Tudo a gente está falando de crimes, mas muito mais difíceis de se obter
10:01do que como ainda está hoje.
10:05Hoje qualquer pessoa chega na farmácia, às vezes tem promoção,
10:08pague duas, leve três, pela internet não precisa de receita,
10:11certamente vai dificultar.
10:13Agora, cabe à polícia, aos órgãos competentes, fazer seu papel,
10:17cada um tem que fazer seu papel, para impedir isso que você está falando.
10:21São casos recentes agora, de contrabando, tentando trazer de fora,
10:25porque aqui no Brasil é muito caro, inclusive esse é um argumento da indústria.
10:28Ah, você pode dificultar o acesso.
10:31Esse argumento não serve.
10:33Caneta de dois, três, quatro mil reais, qualquer pessoa que tenha condições financeiras
10:37de pagar isso, tem condições financeiras de pagar uma consulta médica.
10:42O que a indústria tem que fazer é diminuir o valor dessas receitas,
10:45principalmente para pacientes mais pobres ou para ser disponibilizado pelo SUS,
10:50aí sim esse argumento poderá ser utilizado.
10:52Hoje, esse argumento, que é o único argumento que a indústria tem, é esse,
10:56e dizer que o farmacêutico, o balconista, tem que exigir a receita,
11:00porque hoje é tarde da vermelha, e agora vai ficar que nem antibiótico.
11:04Antibiótico, você precisa levar duas vias,
11:06uma fica na farmácia e a outra a pessoa leva.
11:11Então, esse argumento da indústria é muito fraco.
11:14E vocês acompanham também isso, de, olha, a receita ficou retida.
11:18Quantos médicos estão prescrevendo? Quais são as pessoas que realmente estão ingerindo,
11:24fazendo, na verdade, o uso dessas medicações?
11:28Baseado em lei, na verdade, o CFM não tem acesso, de forma ampla, a isso.
11:33O que acontece muitas vezes é que os órgãos competentes,
11:36eu aviso, por exemplo, quando ela começa a detectar que determinado médico
11:40ou determinada situação começa a ter muita receita,
11:43vou falar especificamente a que tem, ou no caso do antibiótico,
11:46ou nas receitas azuis e amarelas.
11:48Aí a própria Anvisa, ela nos aciona e diz,
11:51ó, a pessoa tal tem um número muito grande aqui de receita.
11:55Aí cabe ao CRM, ao CFM, analisar, investigar,
11:59aquele médico vai ser chamado, vai ter que dar as explicações dele,
12:02que podem ser coerentes ou não.
12:04Se não for, o processo anda.
12:06Mas nós, mais uma vez, é importante dizer,
12:08assim como não somos nós que temos o poder de fazer receita retida,
12:12nós também não temos o poder de ter acesso
12:15a essas receitas entregues, receitas pela farmácia.
12:21Rafael, quero te agradecer pela entrevista.
12:23Nós conversamos com o Rafael Câmara,
12:25do Conselho Federal, do Conselho Federal de Medicina.
12:29É isso?
12:30Rafael, muito obrigada pela participação.
12:31Claro que é o Conselho Federal de Medicina pelo Rio de Janeiro.
12:34Muito obrigado.
12:34Isso aí.
12:35Obrigada pela participação.
12:36Até mais.