O fotógrafo Ruy Teixeira explica o ofício usando a língua portuguesa: dominar a gramática e expressar uma boa ideia.
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CriatividadeTranscrição
00:00No meu modo de ver, o que é importante que eu
00:28tento fotografar em arquitetura e design é uma forma de preservar memórias.
00:36Nós vivemos um período que tudo está numa transformação muito grande, que as coisas
00:44são construídas e destruídas numa velocidade impressionante, principalmente numa cidade
00:51como São Paulo. E, para mim, a foto de arquitetura é uma foto que tem a função de registrar
01:01o momento, registrar ideias, registrar modos de vida que fazem parte de um passado, no caso
01:13um brasileiro muito importante nesse setor e ajudam a pensar no futuro de alguma forma.
01:25Minha formação é em jornalismo. Começo como repórter fotográfico nos anos 70. Num determinado
01:37momento a moda começou a me interessar, comecei a fotografar moda e fui morar em Milão, para
01:45uma experiência de dois anos, onde eu fiquei 25 anos. E depois de uns 15 anos eu vi a moda
01:58como design, como desenho, e isso foi me aproximando cada vez mais ao desenho dos espaços, das locações.
02:11Aí o meu interesse para arquitetura e design foi sempre aumentando e é onde eu me vejo plenamente hoje.
02:21Quando o Artil me pediu aonde que eu queria ir num espaço arquitetônico de São Paulo, escolhi o Sesc Pompeia,
02:38projeto da Lina Bobardi, aberto em 1986 ao público. E por que eu escolho esse lugar? Porque esse lugar, para mim,
02:49é tudo que eu procuro na minha fotografia, no seu conceito, que é o conceito onde a estética é menos importante
03:02do que o significado. Em outras palavras, o conceito que ela busca num lugar público e que se transformou num marco
03:12marco da arquitetura paulistana é de buscar a integração do público com uma cidade, do cidadão com o espaço urbano.
03:25Eu me lembro, em 1986, quando tinham os shows, quando tinham vários espetáculos aqui dentro, a efervescência que foi a abertura desse lugar.
03:38E que até hoje tem essa efervescência, tem essa energia histórica e de inclusão do cidadão na cidade.
03:51Eu acho que, para uma foto ter um valor na foto de arquitetura, logicamente, a gramática você tem que conhecer.
04:08Você tem que conhecer luz, você tem que conhecer o instrumento que você está trabalhando, mas tudo isso, para mim, é gramática.
04:18Então, você não consegue escrever uma poesia ou uma prosa sem conhecer a gramática.
04:25Para mim, tirar foto é quase como contar uma história e seria quase contar uma poesia.
04:35Então, você precisa de frases, de palavras que compõem aquela ideia.
04:40Para mim, uma boa foto de arquitetura é compor uma boa ideia.
04:45No que se refere a analógico e digital, eu sei que tem vários fotógrafos que eu admiro, inclusive, por terem optado pelo analógico, por uma certa forma de fotografar.
05:02No meu caso, a fotografia é informação. Então, o instrumento não tem importância.
05:13A única coisa que eu não consigo, talvez por um defeito meu de vivência, é fotografar no celular. Eu não consigo.
05:22Mas trabalho com máquinas diferentes. Passei o digital logo no começo dele.
05:29É uma forma de agilizar o meu trabalho e de reunir essas histórias.
05:35A minha maior referência na fotografia, que, de certa forma, me abriu os olhos para o que eu faço, é Geraldo de Barros, que usava muito o conceito de gestalt, que é um conceito modernista.
05:57Aliás, toda uma escola de fotógrafos modernistas da época, muito forte, que deram um outro caminho para fotografia em todos os sentidos.
06:09Mas o conceito de gestalt diz que uma boa imagem não é a soma dos objetos que compõem aquela imagem.
06:19Mas é uma nova imagem criada a partir da junção dos objetos, que não é mais a soma. Ela tem um outro significado.
06:31Eu fui buscar a síntese do meu trabalho de arquitetura e algumas peças de design importantes, que eu não vejo muita diferença entre arquitetura e design.
06:48E eu vou, nessa síntese, quase fragmentar a arquitetura e o design para comunicar aquelas fotos que me encontram e eu encontro elas.
07:01Então, aqui temos Casa Donski Artigas, Casa Chu, Casa Zauzupin, a Casa Chu e aqui a Casa da Tomiotaki.
07:17Então, nessas cinco fotos que mistura esse modernismo brutalista a uma coisa mais reta de Artigas, as curvas da Schuming, a um modernismo meio misturando Dinamarca e a Casa da Tomiotaki, que eu acho uma obra-prima.
07:46Então, salve para o argentino.
07:48E aí
07:50E aí
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07:53E aí
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07:59E aí
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