Fotógrafo oficial dos grandes arquitetos, Leonardo Finotti estudou arquitetura para depois se dedicar a registrar as obras.
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CriatividadeTranscrição
00:00Eu acho que sim, meu trabalho tem uma identidade muito forte, por ele ser muito geométrico,
00:25você olha assim, você entende que tem uma matemática.
00:30Mas a partir do momento que eu fui tomando consciência disso, eu consegui ser mais radical no sentido de levar isso no limite.
00:43A maioria dos fotógrafos de arquitetura, eles se interessam primeiramente por arquitetura.
00:49Então, a fotografia é um veículo de conhecer arquitetura.
00:57Então, eu diria que isso não é uma exceção do meu caso.
01:01Meu interesse por fotografia e arquitetura coincide com a minha entrada no curso de arquitetura da Federal de Uberlândia.
01:07Tinha uma única disciplina de optativa de fotografia e que logo no primeiro semestre eu fui lá de curioso.
01:16Conheci uma figura incrível que era o professor, o Thomas Harrell.
01:22E depois disso, a gente começou a inventar coisas dentro do curso de arquitetura que não existiam, na verdade.
01:28Primeiro, eu fiz o trabalho final no curso de artes plásticas, ou seja, como se eu tivesse me formado nas artes plásticas,
01:37sendo um aluno de arquitetura.
01:39Eu fiz esse trabalho final, essa monografia aqui durou um ano,
01:44que chamava Cromofotografopolis, que pensava essa relação de cor e luz na cidade, no espaço urbano.
01:51E também era uma oportunidade de eu experimentar a fotografia.
02:01Minha carreira sempre foi na contramão, entendeu?
02:03Eu nunca fui assistente de um fotógrafo.
02:07O primeiro trabalho que eu fiz aqui no Brasil foi o Museu Iberê Camargo em obra para o CISA,
02:15que é o principal arquiteto português, entendeu?
02:16Então, assim, o primeiro arquiteto que eu fiz foto, o meu pai é arquiteto lá em Berlândia.
02:23O primeiro trabalho, vamos dizer, de arquitetura que eu fiz foi para o meu pai,
02:25para ele participar de uma Bienal aqui de São Paulo.
02:28E por ele ser um dos principais paisagistas,
02:32eu naturalmente me conectei com vários excelentes arquitetos portugueses, entendeu?
02:39Então, acho que parte do sucesso é você estar no momento certo, na hora certa, sabe?
02:47Só que num momento onde muitos desses arquitetos,
02:52talvez eu fui o primeiro que fiz trabalho para eles, sabe?
02:55O próprio trabalho lá no Iberê Camargo, o canal, o engenheiro que fez o museu,
03:00me apresentou para o Tiago Bernardes e para o Paulo Jacobson.
03:04A partir daí, eu passei a ser o fotógrafo oficial deles.
03:07Aliás, alguém me apresentou para o Isai, para o Kogan.
03:12Tinha uma carência de fotografia e de arquitetura.
03:16E hoje, eu acho que essa geração mais nova,
03:18e talvez antes era mais complicado fotografar.
03:22E se a gente está falando da transição do analógico para o digital.
03:26Então, hoje eu acho que já não tem tanta essa carência,
03:31já tem muitos fotógrafos.
03:33Então, isso é um outro momento, né?
03:37Mas uma coisa, e talvez também seja uma característica do meu trabalho,
03:48é que eu tiro poucas fotos.
03:50Eu gosto de andar e ver, entendeu?
03:52Assim, sair caminhando e...
03:55E aí eu vou construindo o trabalho na minha cabeça.
03:58Então, quando eu paro com o tripé,
04:00parece que eu já sei exatamente onde eu vou fazer a foto.
04:04Às vezes, muitas vezes, eu nem mexo um milímetro para frente nem para trás.
04:09Então, assim, eu sou muito...
04:11Eu tenho muita percepção do espaço,
04:13enquanto eu, onde eu vou fazer a foto.
04:16Tanto a câmera como o drone, é uma fotografia muito pensada.
04:20Em esse livro do Bule Marx que eu fiz com essa editora suíça,
04:26tem dois capítulos fotográficos, né?
04:29No início e outro no fim.
04:30Então, isso marca o início de quando eu comecei a trabalhar com o drone,
04:35que a ideia era muito simples.
04:36A proporção do drone, ela é diferente da câmera.
04:40A proporção do drone era 4 para 3.
04:42E meio 4 para 3 é uma foto.
04:452 para 3, que é o formato da câmera.
04:48Então, você tinha essa brincadeira de ver a obra por cima e a foto no solo
04:52e você ter uma imagem com a câmera também.
04:56Então, você tem essa brincadeira da foto página dupla, página inteira e meia página.
05:01Em 2007, eu achava que a obra do Niemeyer era mal fotografada
05:10simplesmente porque os fotógrafos, eles queriam tirar foto assim para acompanhar a curva.
05:18Então, assim, o meu trabalho é muito frontal.
05:21Então, assim, com a aproximação do centenário,
05:23eu fiz uma loucura que foi querer fotografar a obra do Niemeyer.
05:27E para conflicar, eu morava em Lisboa.
05:31Então, assim, eu vim, sei lá, para o Brasil umas oito vezes no ano.
05:35Não só no Brasil, como fui para a Argélia, França.
05:39E aí, eu acabei sendo convidado para uma série de exposições.
05:43A mais importante naquela época foi na Fundação EDP,
05:45que eu fiz uma exposição que chama
05:46Sem Obras, Sem Fotos, Sem Anos, né?
05:49E aí...
05:50Mas para eu chegar nessas 100 obras, acho que eu fotografei umas 200, né?
05:55Então, assim, aí fizemos uma exposição linda,
05:58que foi a primeira colaboração com a Michelle, que é a minha esposa,
06:02que ela desenhou uma exposição linda.
06:04Então, isso é outro, eu acho que é outro ponto, marco, assim, da minha carreira, né?
06:10Tem os livros mais autorais, né?
06:17E tem publicações que usam minhas fotos, né?
06:20Esse aqui é um livro que eu gosto muito.
06:24Ele tem essa brincadeira aqui de escrever aqui.
06:30Então, ele é um livro que o Oscar vira Niemeyer.
06:32Então, a parte...
06:34Tem uma parte fotográfica e uma parte de texto.
06:38Essa aqui eu gosto muito, porque é da igreja da Pampulha, né?
06:44É bacana como você tem a implantação da igreja e a foto,
06:50ou seja, como criar essa relação aqui com aqui, né?
06:55Essa é legal também, você vê a Bienal, né?
06:59Essa relação do pilar com a árvore, assim.
07:02Tem várias sutilezas, assim, que são bacanas.
07:08A Cecília Charlaque, que é a editora lá da imprensa oficial,
07:17ela me chamou para fazer um livro do Copan.
07:22Em 2015, a residência artística, o Capacete,
07:28estava passando uma dificuldade financeira e nós alugamos o apartamento lá deles três meses
07:37e acabamos morando lá no Copan três meses, assim.
07:41Teve uma experiência morando no Copan que foi legal também
07:43e coincide também com a gente mudar o escritório para o centro.
07:46Igual nós temos um espaço aqui que a gente chama de Lama SP,
07:56que é Latin American Modern Architecture.
07:59Então, assim, é uma coisa que parte do meu trabalho
08:01e junto com a minha companheira Michelle,
08:04a gente está querendo fazer coisas e refletir sobre a cidade, né?
08:09Não só sobre a arquitetura moderna, como os problemas também da cidade, né?
08:15Acho que é inspirador, sim.
08:17Transcrição e Legendas por Quintena Coelho
08:26Transcrição e Legendas por Quintena Coelho