Venda das chamadas "canetas emagrecedoras" no Espírito Santo agora está sujeita à retenção de receita médica. A medida, que visa controlar o uso desses medicamentos e proteger a saúde dos consumidores, segue uma determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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NotíciasTranscrição
00:00O novo medicamento usado para emagrecer está chegando ao Brasil e também, claro, ao Espírito Santo.
00:07São conhecidos como as canetas emagrecedoras.
00:10Você com certeza já ouviu falar, né?
00:12Mas é importante ficar atento aos cuidados no uso desse medicamento.
00:16Vamos ver na reportagem.
00:19Indicado para diabetes tipo 2, o medicamento ganhou fama pelos efeitos expressivos na perda de peso
00:25e se tornou um novo desejo de quem busca emagrecer rápido.
00:28Especialistas alertam que o uso sem orientação médica ou a compra ilegal podem trazer sérios riscos à saúde.
00:36Elas têm efeitos colaterais que podem acontecer.
00:39Então, por exemplo, pode ocorrer pancreatite, hipoglicemia.
00:42Então tem que ter a supervisão médica mais importante.
00:44Aprovado pela Anvisa em 2023, o medicamento chega ao mercado com um preço que pode custar 3 mil reais por mês.
00:52Nas farmácias, a expectativa é que o produto movimente o mercado.
00:56Já tem muitos anos que a gente está nesse processo.
00:59Então a expectativa é que as pessoas consigam esse tratamento,
01:02se beneficiem do uso desse medicamento de uma forma bem ampla.
01:07Mesmo sabendo da exigência da receita médica para a compra das canetas,
01:11na internet a gente encontra diversos anúncios de pessoas vendendo medicamento de forma clandestina.
01:17Essas medicações têm que ser mantidas sob refrigeração.
01:22E a gente tem visto apreensões até de seringas e canetas presas ao corpo de pessoas que viajaram 10 horas.
01:31Pois é, vamos falar sobre esse assunto ao vivo aqui.
01:34Deixa eu sentar na nossa mesa de café.
01:36A gente está recebendo aqui no estúdio do Tribuna amanhã a médica endocrinologista,
01:42a doutora Luzaneri Cruz.
01:44Bom dia, doutora. Seja bem-vinda.
01:46Obrigada. Obrigada pelo convite.
01:48Esse assunto é extremamente relevante e super atual.
01:51Com certeza.
01:52A gente já viu aí que são as canetas emagrecedoras.
01:58Acho que a maioria das pessoas já conhece o Ozempic, que ficou muito popularmente conhecido.
02:03Agora o mandiário é uma novidade.
02:04Tem gente que acha que mandiário é até chá, nome de chá, nome de planta.
02:09O que seria o mandiário para a gente entender, doutora?
02:11Então, o bonjário é um análogo.
02:14O que é um análogo?
02:15É uma substância muito parecida com o nosso próprio hormônio.
02:19A gente produz um hormônio enquanto a gente come, que é o GLP-1.
02:25Na verdade, produz vários hormônios.
02:27E esses hormônios são produzidos ali no nível do intestino, vão lá no sistema nervoso,
02:32lá numa parte responsável pelo apetite, pela sensação de fome, e causam uma saciedade.
02:38Então, esses hormônios também diminuem a resistência insulínica.
02:42Então, em primeiro lugar, eles foram estudados para o controle do diabetes.
02:46Só que esses hormônios, eles duram, os nossos próprios, os nossos naturais, duram pouquíssimos minutos.
02:52Já a indústria estabilizou a molécula e fez com que ela durasse durante sete dias.
02:58Mas, enquanto o ozenpique, a semaglutida, é o análogo de um hormônio, o monjário é o análogo de dois hormônios.
03:07Então, com isso, a potência é muito maior.
03:10Mas não é só a saciedade que eles provocam, não.
03:12Ele diminui o esvaziamento gástrico, então com isso a gente fica mais saciado.
03:17Ele diminui a resistência insulínica, o depósito de gordura na linha da cintura.
03:21E tem algumas ações que a gente nem esperava.
03:26Então, por exemplo, são usados na fibrose, são anti-inflamatórios potentes.
03:30Tem estudos já sendo conduzidos na estetose hepática, que é a gordura do fígado,
03:34que atualmente é a principal causa de cirrose no mundo.
03:37E também até sendo conduzidos em casos de Alzheimer.
03:40Só para a gente ver o quanto que essa ação dessas drogas são importantes.
03:45Nossa, a gente não faz ideia da abrangência.
03:48Agora, quando a gente escuta falar de mandiaro, muita gente fala que vai se assemelhar,
03:55os efeitos para a perda de peso podem chegar perto ao efeito de uma bariátrica.
04:00Eu mesma já tinha ouvido falar disso e duvidei no início.
04:03Falei, ah, gente, não. Será que é tão potente assim?
04:05E aí, doutora?
04:06Sim, na verdade a potência é muito grande.
04:09A gente está bem empolgado.
04:11Mas enquanto a bariátrica a gente tem, dependendo da técnica,
04:14a perda de até 60% do peso inicial, no monjaro chega a 20%, 25%.
04:23Nenhuma outra droga emagrecedora até os dias de hoje mostrou uma potência tão importante.
04:28Então, na verdade, é que mais se aproxima a cirurgia bariátrica.
04:32Nenhuma outra estratégia emagrecedora é parecida com essa.
04:36A pessoa que está assistindo a gente, que tem interesse, a vontade de perder peso
04:42ou algum outro benefício com a utilização, fala, uau, eu quero.
04:46Mas é para qualquer pessoa?
04:49Então, a gente tem um movimento tão grande, eu falo que está parecendo um show de banda de rock famosa.
04:55Fila de espera para comprar.
04:56A gente está com fila de espera, pré-estreia.
04:59Mas, na verdade, a gente tem um problema de saúde.
05:03Isso é muito importante falar, muito importante, que é a obesidade.
05:06A gente prevê que em 2023, 50% da população mundial será obesa.
05:12Talvez isso chegue antes no Brasil.
05:14E é assustador até em crianças menores de 5 anos, que aí é pior ainda porque a gente nem tem medicação.
05:18Pouquíssimas medicações podem ser usadas nessa faixa etária nenhuma.
05:21Para menores de 12 anos, maiores de 12 anos, pouquíssimas.
05:24Então, na verdade, a gente tem um público que precisa ser tratado.
05:30E a gente tem um público que pode usar uma outra estratégia e que também quer o mesmo tratamento.
05:36Então, talvez a gente vai ter que separar muito bem, né?
05:39Porque realmente é uma estratégia potente, que tem custo.
05:44Apesar de que no Brasil a gente viu que o custo ficou melhor, mais acessível que nos Estados Unidos, por exemplo,
05:49que é mil dólares.
05:51Uau!
05:51É, muito caro lá, né?
05:53Então, a Anvisa teve uma quebra de braço aí, né?
05:56Com a indústria para colocar um preço mais acessível.
05:59Mas ainda assim, a medicação é injetável.
06:01Quer dizer, tem uma via, que é uma via complicada.
06:04Tem que fazer...
06:05São injeções.
06:06É picadinha, né?
06:06Uma vez por semana.
06:08Tem um custo disso.
06:10E tem efeitos colaterais.
06:11E tem indicações e contraindicações.
06:14Então, a gente precisa que cada uma seja estudada.
06:17Ainda bem que agora a gente está com a estratégia de ter uma receita, né?
06:20Você vai ter que estar vinculada a uma receita para você comprar.
06:23Isso que eu ia te perguntar agora.
06:24Dá para chegar na farmácia e dar um ozenpique aí, ou me dar um manjaro aí, por exemplo?
06:28Dava.
06:29Dava.
06:30Era livre.
06:31Agora não é mais.
06:33Agora precisa estar atrelada a uma consulta médica.
06:35O que é muito importante.
06:37Porque vamos dar um exemplo simples.
06:39Às vezes trata-se de uma compulsão alimentar.
06:43E existe uma outra medicação para isso e não exatamente o manjaro.
06:46Ou então a pessoa tem uma síndrome metabólica.
06:49Tem que entrar com uma outra medicação associada ao manjaro para ter o melhor efeito.
06:55Às vezes a dose inicial é uma dose diferente para cada pessoa.
06:59A estratégia de aumento das doses, porque a nossa proposta é que você comece com uma dose pequena
07:04e vai aumentando a dose de manjaro e para cada um é diferente.
07:09Até mesmo o dia da semana ser usado.
07:12Porque às vezes a pessoa a gente pede, vamos começar com você na quinta.
07:15Ah não, para você vamos começar numa segunda.
07:18Dependendo da rotina dessa pessoa.
07:20Então a gente vai precisar individualizar.
07:22Essa decisão não pode ser tomada sozinha.
07:25Perfeito.
07:25Você falou de alguns efeitos colaterais.
07:28O que a senhora poderia apontar de principal efeito?
07:30Claro que vai variar de paciente para paciente, mas que o manjaro poderia trazer.
07:35Então, como o manjaro é análogo de dois hormônios e o GIP dá menos efeito colateral do GLP-1,
07:42então a gente realmente tem menos efeitos colaterais como os do manjaro.
07:45Mas o que a gente sabe, e eu tenho que dizer para vocês,
07:48que a gente está há oito anos usando a semaglutida, o Ozempic.
07:52Então a gente tem uma experiência muito grande.
07:54E a gente tem pouco tempo usando o manjaro.
07:57Então a nossa experiência ainda vai crescer.
08:00Mas o que a gente vê, e eu tenho poucos casos de pacientes usando,
08:03os que eu tenho usando ou foram para fora e compraram e trouxeram.
08:08Eu conheço gente que já está usando o manjaro.
08:10Refrigerado, refrigerado.
08:11Não no corpo.
08:13Ou então são pessoas que realmente moram fora e aí a gente faz teleconsulta.
08:17Então o efeito colateral é menor, mas ainda assim é.
08:20O principal é gastrointestinal.
08:23Então a gente tem muita náusea, que a gente tem estratégia para corrigir.
08:26Tem muita alteração do ritmo intestinal.
08:29Alguns apresentam diarreia, alguns com constipação.
08:31É muito interessante, cada um é de um jeito.
08:34Mas lembrem-se que foi usado primeiramente e na bula do manjaro é só para isso, para diabetes.
08:43Então sempre há o risco de hipoglicemia.
08:46Precisa ser acompanhado.
08:48Já a semaglutida, nós temos a medicação para o diabetes, que foi inicialmente,
08:53mas também temos a indicação para a obesidade.
08:55No manjaro, o estudo está praticamente completado.
08:58Também vai entrar a indicação em bula para a obesidade.
09:01Mas no momento, a indicação em bula do manjaro é somente para a diabetes.
09:05Enfim, chegaram algumas perguntas aqui.
09:08Jaqueline Soares, de Riviera da Barra.
09:11Obrigada, Jaque, pela participação.
09:12Doutora, ela quer saber o seguinte.
09:14A partir de qual idade pode fazer o uso da caneta emagrecedora?
09:18Ela não especificou qual caneta.
09:20Ela falou o seguinte, a filha dela tem 15 anos, tem sobrepeso e pediu para ela o medicamento.
09:27A semaglutida, a gente tem estudo, né?
09:29A semaglutida é de 12 e tem um estudo sendo conduzido para bebês, para menores de 12 anos.
09:35Então a gente vai ter novidade por aí.
09:37Porque realmente nós estamos diante de um cenário assustador.
09:42300% de obesidade é entre crianças.
09:45E nós estamos falando de bebês mesmo, não é 15 anos, não.
09:47A gente está falando de uso de açúcares e líquidos adoçados antes dos seis meses.
09:54Nós estamos falando de colocar a Coca-Cola na mamadeira do bebê.
09:56Ah, Jesus.
09:57Dar biscoito, maisena para coçar a gengivinha.
10:02Então assim, a gente vai precisar não só da medicação, mas de uma estratégia realmente de orientação pública, né?
10:09Políticas públicas para essa doença.
10:12Perfeito. Tem algum grupo de risco, doutora, que seria indicado não usar o manjaro?
10:19Então, a gente não tem grupo de risco.
10:21A medicação é extremamente segura.
10:22Eu tenho que dizer para vocês que a partir de 2008, todas as medicações que são lançadas precisam ter estudos de segurança.
10:32Então, todas as medicações novas têm muita segurança, especialmente cardiovascular.
10:38Então, por exemplo, eu não posso controlar o peso ou controlar o diabetes e a pessoa ter, por exemplo, um infarto por causa da medicação.
10:46Então, realmente, as medicações emagrecedoras antigas, não sei se vocês lembram, elas foram retiradas do mercado em 2012.
10:53Elas aumentavam o risco de hipertensão, de infarto, de derrama.
10:57Então, essas medicações foram retiradas do mercado e desde 2008, para entrar no mercado, especialmente no mercado americano,
11:05mas o nosso também, precisa de estudos de segurança cardiovascular.
11:10Então, em geral, a gente não tem nenhuma contraindicação específica, mas a gente tem muitos efeitos colaterais
11:15e tem pessoas que não suportam a medicação.
11:18Isso tem uma individualidade, eu não consigo prever.
11:21Quem dera, se a gente tivesse um marcador, né?
11:24A gente acha que a medicina vai avançar para isso, para essa estratégia de você ter um marcador e dizer
11:29você responde ou você não responde a determinada medicação.
11:33Mas nós não estamos diante dessa tecnologia ainda.
11:36Perfeito.
11:36Mônica Pimentel, Praia dos Recifes, Vila Velha.
11:39Bom dia, Mônica.
11:40Obrigada pela participação.
11:42Ela quer saber qual a diferença da bariátrica e das canetas emagrecedoras.
11:47Então, a bariátrica é uma cirurgia ou restritiva, que tem o sleeve, ou restritiva e desabsortiva,
11:56quando você também move o intestino do lugar.
11:59E a perda de peso é muito importante.
12:02Como qualquer cirurgia, nós temos um pré-operatório que precisa ser muito bem feito.
12:07Então, a pessoa tem todo um acompanhamento psicológico, tem todo, porque a gente tem um perfil.
12:14Ah, eu preciso, eu tenho uma indicação, eu tenho um índice de massa corporal acima de 35.
12:21Para a gente calcular o índice de massa corporal, a gente divide o peso pela altura ao quadrado e tem uma comorbidade.
12:29Então, por exemplo, um diabético com índice de massa corporal de 38.
12:33Tem indicação de bariátrica.
12:34Ou qualquer um que tenha o IMC, o índice de massa corporal acima de 40,
12:40mas que tenha tentado uma estratégia conservadora, tenha tentado emagrecer e não tenha conseguido.
12:45Então, essa pessoa tem indicação de bariátrica.
12:48Nas canetas emagrecedoras, nós não precisamos ter esses IMCs tão elevados.
12:52A gente pode ter um obeso com IMC baixo, obesidade grau 1, obesidade leve,
12:58que tenha tentado emagrecer, que não tenha conseguido e que a gente acha que vá se beneficiar
13:03de toda essa estratégia do uso de medicação, porque lembra que como ela diminui a resistência insulínica,
13:09melhora o diabetes, melhora a hipertensão, melhora os níveis de colesterol.
13:14Então, a gente já pode começar com IMCs mais baixos, com pessoas mais magras.
13:19A gente acha que a bariátrica no futuro vai ficar só para os casos muito graves.
13:25Isso aconteceu com a úlcera péptica, que antigamente a gente operava.
13:29E não estou falando de um passado muito antigo, não.
13:31Estou falando de 20, 25 anos atrás.
13:33E hoje, raramente a gente opera uma úlcera, porque a gente tem medicações.
13:37Então, provavelmente, nós vamos caminhar para isso em relação à obesidade.
13:41Mas a cirurgia bariátrica causa uma série de problemas.
13:45Então, hipovitaminoses, náusea e vômito do mesmo jeito.
13:49Às vezes, perda de massa corporal, de massa muscular, desculpa.
13:54E as canetas são mais conservadoras.
13:57A gente não tem todo esse pós-operatório complicado.
14:02Mas algumas pessoas não vão responder as canetas.
14:07Mesmo na estratégia da bariátrica, a gente tem reganho de peso.
14:10É verdade.
14:11Então, a gente vê reganho de peso mesmo com a bariátrica.
14:14Então, talvez, uma pessoa que já fez bariátrica, que esteja reganhando peso,
14:18entrar com a caneta emagrecedora.
14:20A gente vai precisar conhecer o conceito de quê?
14:25E entender esse conceito, que a obesidade é uma doença crônica progressiva.
14:30Como é a hipertensão?
14:32Como é o diabetes?
14:33Se a gente entende que uma pessoa diabética, talvez, muito provavelmente,
14:38vai usar a medicação uma vida inteira,
14:40o hipertenso, a gente já sabe isso, que dificilmente vai ficar sem medicação,
14:45talvez o obeso vá precisar usar a medicação uma vida inteira também.
14:49Perfeito.
14:50Agora, a gente está falando de um medicamento caro, né?
14:53Quanto, em média, assim, mínimo, que a gente pode encontrar o mandiário?
14:55Então, a gente acha que as doses iniciais vão sair entre R$ 1.400 e R$ 1.200.
14:59Para a gente, foi uma surpresa agradável.
15:02Nós achamos que ficaria até mais caro.
15:06Foi realmente uma surpresa que a gente ficou muito, muito feliz,
15:11falando que não acredito que vai ser esse preço, né?
15:14Porque é muito próximo ao que a gente vê no Osempic, na Sema Aglutida.
15:17Então, assim, não é para uma população, infelizmente, não é uma estratégia populacional.
15:23Vai ficar, o preço realmente vai restringir o uso, né?
15:26Com certeza, mas a gente está falando de medicamento, né?
15:29É caro e isso acaba, que pode favorecer a questão da venda irregular, né?
15:36A gente acompanhou na semana passada uma grande operação da Receita Federal,
15:41mais de 8 mil canetas apreendidas aí.
15:44Inacreditável.
15:44Inacreditável. O que a pessoa que está assistindo a gente tem que observar na hora,
15:48por exemplo, de comprar uma caneta como essa,
15:50para saber que ela está comprando ali um medicamento idônimo.
15:53E a gente precisa reforçar também que a patente não foi perdida, né?
15:58Então, a indústria, essa indústria, o Lili, tem a patente.
16:01Então, tem que observar também o que está comprando.
16:04É o produto mesmo da patente Lili?
16:06Porque essa coisa dessa, a corrida para o medicamento e esse valor alto agregado
16:13pode levar a essa coisa do comércio insano, né?
16:18Com pouca ética, que a gente fica tão preocupado.
16:20A gente tem que, tem algum detalhe que a gente pode observar na caixa?
16:24Algum selo que garanta isso?
16:26Sim, tem o selo de qualidade, o símbolo do Lili.
16:30Vamos precisar realmente...
16:32Olha que ponto chegamos, né?
16:34Que situação, né?
16:35Ai, que ponto chegamos em relação à medicação.
16:38Trazer a medicação amarrada no corpo, eu nunca tinha visto antes.
16:41Para mim é uma novidade.
16:42Mas é bom que a gente vai vivendo e vai vendo as coisas.
16:45Exatamente.
16:46Outra pergunta legal que chegou aqui é do Bruno Souza, meu xará, ele é de Chucutuquara, Vitória.
16:52Bem-vindo, Bruno.
16:53Obrigado pela participação.
16:54Ele quer saber por quanto tempo eu posso usar a caneta emagrecedora?
16:59Então, eu espero que eu já tenha respondido essa pergunta.
17:03Talvez, como a hipertensão, por exemplo, vamos dar um exemplo muito simples.
17:08Talvez o hipertenso a gente consiga implementar, dieta, exercício, perder o peso, consiga retirar a medicação.
17:14Então, vai a mesma coisa.
17:17O obeso começa a usar a medicação, implementa mudanças de estilo de vida, consegue um peso bem seguro e nós talvez possamos conseguir retirar.
17:27Mas nós precisamos trabalhar a questão que talvez esse mesmo obeso tenha que usar a medicação de um tempo muito prolongado.
17:34Muito prolongado.
17:35Ricardo Martins, ele é do centro...
17:38Ricardo Montes, ele é do centro de Domingos Martins.
17:41É a galera do interior assistindo a gente também.
17:43Doutora, a partir da primeira aplicação, quando o medicamento começa a apresentar resultados?
17:49Interessante essa pergunta, porque a gente fala de um resultado rápido, mas dá pra gente estimar assim, precisamente?
17:55Então, vamos separar entre resultados e efeitos.
17:58Você aplica, por exemplo, numa quinta-feira de tarde, na sexta-feira você já está comendo lindamente, sem todos aqueles gatilhos que a gente tem de comer emocional, diminuir bastante, diminuir o apetite que não está relacionado à deficiência energética.
18:16Porque a gente tem que lembrar que a gente tem fome porque a gente precisa de energia, né? Pra repor a energia.
18:21Então, essa fome tem que continuar.
18:23Como a pessoa tem uma inibição do apetite bem importante, a gente pede pra ela insistir, especialmente na proteína, pra não perder massa muscular.
18:30Mas o efeito mesmo, a perda de peso, primeiro a gente tem que ver o que é sucesso e o que é expectativa.
18:39Isso é importante separar.
18:40Então, a gente fala entre meio e um quilo por semana.
18:44Isso aí já é sucesso.
18:46Olha, você perde meio quilo por semana.
18:48Então, no final de um mês, eu vou perder quatro quilos, tá ótimo.
18:52O paciente tem a expectativa que ele vai perder 15 quilos no primeiro mês.
18:55Então, ele se sente frustrado.
18:56Acontece isso comigo direto no consultório.
18:59Olha, eu não perdi nada.
19:00Eu sempre falo a mesma coisa, eu só acredito na balança.
19:03Vamos lá.
19:04E aí, eu faço uma bioimpedância, até pra gente avaliar se teve perda muscular, que isso é importante, não é que não pode.
19:09Se não, a gente tem que traçar uma outra estratégia.
19:11E eu falo, olha, você perdeu 5 quilos, tá excelente.
19:13Não, pra mim tá muito pouco.
19:15Ah, eu queria mais.
19:16Queria mais.
19:16Então, precisamos separar isso pra gente ver o que é sucesso terapêutico, né?
19:21Todas as medicações eficientes pra perda de peso, a gente fala que tem que perder pelo menos 5% do peso perdido, né?
19:27Do peso inicial.
19:28E você vê que no Monjaro, né, na desepatida, a gente tem aí até 20%.
19:33Então, é muito eficiente, muito eficiente.
19:36Impressionante.
19:37Mas, talvez, cada um tem um ritmo, talvez, vá demorar um pouco mais do que um mês,
19:42que a pessoa quer perder todos os 15 quilos no primeiro mês de uso.
19:45Vamos com calma, né, gente?
19:47Vamos com calma.
19:47Deixa eu só ler a pergunta da Sandra, que nosso tempo tá acabando, mas achei interessante.
19:51Ela é de Viana.
19:52Bom dia, tá, Sandra?
19:53Obrigada pela participação.
19:55Algum outro medicamento ou álcool podem cortar o efeito do Monjaro?
19:59Não sabemos, provavelmente não.
20:02O que a gente fala, o paciente fala pra mim, é uma pergunta diferente da sua.
20:05Eu posso beber, tomando Monjaro?
20:08Ah.
20:08Eu falo assim, um poder, você pode, eu acho que você não vai querer.
20:10Não vai ter vontade.
20:11Não vai ter vontade.
20:13Realmente, o desejo de beber, de ingerir álcool, diminui bastante.
20:18Agora, eu acho interessante pra gente finalizar, doutora, falar que a medicação é, a gente
20:24tá vendo aí tantos benefícios, essa aula que a senhora deu pra gente, é uma chegada
20:29importante no Brasil, no Espírito Santo.
20:31É um marco, com certeza.
20:32Com certeza.
20:33Mas a gente tem que continuar se cuidando, tomando a medicação, exercício físico.
20:40Isso não deve sair da nossa vida nunca, né?
20:42Nenhuma estratégia emagrecedora é isolada, especialmente medicamento, né?
20:48Não tem nada mais poderoso do que fazer exercício físico.
20:52Se o sedentarismo, a ausência de exercício físico tivesse um CID e fosse uma doença,
20:57o Código Internacional de Doenças seria a doença mais acidente do mundo.
21:00Então, assim, a gente precisa mudar, fazer realmente uma mudança, uma metanoia, porque
21:06nós não vamos conseguir pagar essa conta.
21:08Nós não vamos conseguir tratar 50% de uma população obesa, né?
21:13Nós precisamos de estratégias que não sejam medicamentosas.
21:16Até porque o medicamento não é pra todos.
21:18Primeiro pelo custo, depois pelo efeito colateral.
21:21Nem todo mundo vai conseguir tomar, usar o monjaro.
21:24Mas todo mundo consegue fazer exercício.
21:26Todo mundo consegue comer direito.
21:28E não é uma dieta muito restritiva.
21:29A gente fala de comer saudável, né?
21:31Eu tenho uma fala que eu gosto muito, que os pacientes falam assim,
21:33não, doutora, família italiana, né?
21:35Você sabe como é.
21:36Eu falo, não sei, não sei.
21:38Aí eles, não, você não sabe.
21:39Eu falo, não sei.
21:41Porque na Itália, a Itália é um país magro.
21:43O italiano que migrou pro Brasil, ou migrou pras Américas, na verdade, né?
21:47Porque os americanos, os mexicanos estão com a situação até pior que a nossa.
21:51Então, a gente fala que a obesidade é uma doença americana no sentido de continente.
21:55Agora, o europeu, de uma forma geral, é um povo magro.
21:57Então, não tem nada a ver com a nossa origem italiana.
22:00É cultura nossa aqui do Brasil que a gente precisa mudar.
22:04E existe um apelo comercial pra gente consumir produtos ultraprocessados.
22:08A gente precisa abrir mão disso e voltar a comer saudável.
22:11Estão chegando tantas perguntas.
22:13Eu tô com dó de não fazer.
22:13Dá tempo ainda de eu fazer mais uma pergunta pra doutora?
22:16Mônica, ela quer saber, não colocou o sobrenome.
22:20Ela é de Vila Velha, Nova Itaparica.
22:23Se há alguma expectativa do medicamento ser disponibilizado no SUS?
22:29Sempre há.
22:30Nós sempre temos essa luta.
22:32A gente tem grupos de médicos, comissões.
22:36Nós estamos correndo atrás disso.
22:38Porque realmente a gente precisa que essas autoridades entendam que é muito mais caro tratar o infartado do que disponibilizar a medicação, por mais cara que ela seja.
22:52Mas a gente realmente tem tentado comissões que são bem ativas pra gente ver se consegue.
22:58Já tem a semaglutida.
23:00Já tem não.
23:00O Espírito Santo a gente já consegue por alguns casos.
23:04Mas eu falo que realmente precisa ser mais fácil essa via.
23:07Ainda tem muita coisa de burocracia pra gente conseguir a medicação pra obeso.
23:12Jaqueline Silva, dá tempo de fazer mais uma aqui também.
23:16Ela é de Vitória.
23:18Não colocou o bairro.
23:19Bem-vinda, Jaque.
23:20Bom dia pra você.
23:21Ela falou o seguinte.
23:22Tenho medo de agulha.
23:25Alguém pode aplicar pra mim ou devo aplicar o medicamento sozinha?
23:29Ela colocou assim.
23:30Acho que ela quer saber da forma geral de aplicação, né?
23:33Então, o medo de agulha é um dos nossos travas, né?
23:36Que a gente fala.
23:37A via de aplicação, o custo, o efeito colateral, tudo contribui pra pessoa não acessar.
23:42Se você tiver alguém que aplique pra você, vai ser sensacional.
23:45Não precisa ser você mesma absolutamente.
23:47Até porque é uma vez por semana.
23:49Então, de repente, você pode fazer um encontro semanal com uma amiga, né?
23:52Técnica de enfermagem que você não vê há muito tempo.
23:55Contar algumas histórias e aplicar a medicação.
23:57Perfeito.
23:58A gente conversou com a doutora Luzaneri Cruz, médica endocrinologista.
24:03Que aula, hein?
24:04Sobre o Mandiaro.
24:05Obrigada pelas informações.
24:07Obrigada de novo pelo convite.
24:09A gente realmente precisa fazer esse enfrentamento da obesidade, né?
24:12Entender como uma doença diminuiu o preconceito do paciente e do médico.
24:16Com certeza, doutora.
24:18Até a próxima.
24:19Até a próxima.
24:19Valeu.
24:20Tchau.
24:21Tchau.