Apesar da polêmica envolvendo as negociações, o presidente do BRB disse que confia que a compra do Banco Master será autorizada pelo Banco Central. Paulo Henrique Costa afirmou que o processo de aquisição está em sua fase final e deve girar em torno de R$ 2 bilhões. José Maria Trindade e Acácio Miranda analisam.
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NotíciasTranscrição
00:00Apesar da grande polêmica em relação ao negócio, o presidente do Banco Público BRB está confiante de que a compra do Banco Master vai ser autorizada pelo Banco Central.
00:11Confira na reportagem de Rodrigo Viga.
00:13Em meio a polêmicas discussões, suspeitas e até investigações em torno da aquisição do Banco Privado Master,
00:20o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, afirmou que esse processo de aquisição está na última etapa na renta final e deve gerar em torno de 2 bilhões de reais.
00:30O BRB surpreendeu o mercado ao anunciar no mês de março o interesse em comprar o Banco Privado Master.
00:37O BRB é um banco público do governo do Distrito Federal que tem um patrimônio líquido de menos de 4 bilhões de reais,
00:44mas decidiu entrar no negócio de 2 bilhões de reais.
00:49Para que essa transação seja feita, precisa do aval do Banco Central.
00:54Só que o Master já estava na mira do BC há algum tempo, por conta de movimentos, posições e decisões tomadas que poderiam colocar em risco o sistema financeiro nacional.
01:05Os donos do Master já teriam sido até chamados pelo Banco Central para uma conversa e receberam uma espécie de ultimato.
01:14Teriam que se enquadrar as regras do sistema bancário, caso contrário, o Master poderia ser liquidado.
01:21Para alguns especialistas e políticos, o BRB está sendo chamado para resolver um problema do setor privado.
01:28O BRB, controlado pelo governo do Distrito Federal, quer 49% das ações ordinárias e comprar 100% das ações preferenciais do Banco Master.
01:37Ficaria, então, com 58% do total do capital do banco.
01:42Paulo Henrique Costa afirmou que o contrato entre BRB e Master exige que os acionistas do Banco Privado injetem 2 bilhões de reais na instituição.
01:55Apesar de toda essa polêmica, Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, está confiante de que o negócio vai ser sacramentado pela autoridade reguladora dos bancos,
02:05o Banco Central, num prazo inferior a 360 dias e afirmou que o BRB está numa campanha de expansão e aquisição de outras empresas para aumentar seu tamanho e a sua carteira.
02:18A gente está fazendo esse movimento e aquisição da terceira tentativa do BRB.
02:23Então, essa prática se incorporou ao nosso dia a dia.
02:26A gente vai continuar atento a bancos que façam sentido.
02:30Na verdade, empresas do mercado financeiro ou fintechs que façam sentido para que a gente possa alcançar os objetivos estratégicos estabelecidos.
02:40Que objetivos são esses?
02:41O BRB se posiciona como um banco completo, um banco moderno, um ágil, que tem uma missão de ser o banco de principal relacionamento com os seus clientes.
02:50Para isso, a gente precisa ter capacidade de produto, de canais, de tecnologia e recursos humanos para que a gente atenda as demandas dos clientes.
03:01O BRB, até bem pouco tempo, era considerado um banco local, regional, mas está em franco processo de expansão.
03:09E hoje, já conta com mais de 9 milhões de clientes.
03:13Do Rio, Rodrigo Viga.
03:16José Maria Trindade, eu chamo os seus comentários para além dessa negociação, justamente porque chama atenção os juros, o rendimento que ele oferece ali, muito além do que o mercado tem oferecido.
03:30Também pode mostrar aí uma, talvez, desconfiança, justamente porque o CDB tem o FGC por trás.
03:38E depois, se houver qualquer prejuízo, quem tem que pagar é o próprio governo, né?
03:42É, se chama um sistema alavancado, quer dizer, se vender todos os ativos, não paga o passivo, ou seja, as dívidas.
03:51Quando a esmola é demais, o santo desconfia, essa é uma frase antiga.
03:56Se o banco está pagando de juros mais do que o mercado, é porque está sendo alavancado, ou seja, está criando um passivo grande, porque sabe que vai criar no futuro.
04:07Então, seria mais ou menos assim, o BRB está tentando salvar um banco alavancado que vai quebrar.
04:15Ou seja, no popular, você compraria um avião em pleno voo que esteja sem combustível?
04:21É uma explicação lógica.
04:23Isso surpreendeu a todos aqui em Brasília.
04:26A política local, a Assembleia Legislativa daqui, né, que é a Câmara Distrital, e aqui a Câmara reúne Câmara de Vereadores e, ao mesmo tempo, a Assembleia Legislativa.
04:37O Distrito Federal tem uma gestão diferenciada, não tem prefeito, só o governador e a Assembleia.
04:43E todos eles assustaram.
04:44Chamaram o presidente do Banco do Brasil, olha que história é essa.
04:47O banco estava sendo vendido por um real.
04:50Essa história de vender por um real, na verdade, é assumir o passivo, que é muito pesado, né?
04:55Então, é simbólico esse um real.
04:58Significa, tá bom, eu aceito ficar com o seu banco, com os seus clientes e assumo o passivo.
05:05E não aceitaram.
05:07Aí o Banco do Brasil vai, o BRB, o Banco Regional de Brasil, vai dar dois milhões.
05:11E deu uma polêmica danada.
05:13Eu não entendi até agora por que o presidente do Banco do Brasil não ecoou.
05:17Não tem ninguém defendendo esse processo.
05:19Não tem ninguém defendendo isso.
05:21E no mais, um banco estadual parece assim, que chute, calça boca de sino, ninguém, nenhum estado tem mais isso.
05:30A não ser, eu acho que o Rio Grande do Sul, São Paulo não tem banco.
05:34Minas Gerais tinha três bancos, fecharam todos.
05:37Os governadores usavam esses bancos como extensão do orçamento, né?
05:41Era pedalado em cima de pedalado.
05:43Então, até na hora de estado não pode ter banco.
05:45Por que um governador precisa de um banco?
05:48Agora vem um banco comprar outro, quebrado, o avião voando sem combustível por dois bilhões de reais?
05:55Não cheira bem.
05:56Não está bem, né?
05:57O Ministério Público já se atentou e está tentando impedir esse desastre.
06:01O Zé toca num ponto essencial.
06:06Mais do que toda essa confusão, é necessário que a gente tenha uma resposta sobre as razões,
06:15sobre os fundamentos, sobre as justificativas que levaram a utilização do dinheiro público
06:23para aquisição de um banco onde existem todas estas suspeitas.
06:30Está alavancado, está prestes a quebrar.
06:35Se quebrar, vai ser o dinheiro público que, através do FGC, do Fundo Garantidor de Crédito,
06:41que vai ressarcir parcela dos credores.
06:45E mesmo assim, o governo do Distrito Federal, olhando para toda essa confusão, resolve pular de cabeça.
06:52Então, há necessidade de nós termos justificativas.
06:57Até lá, a gente vai estar especulando, mas vai estar especulando sobre algo bastante confuso e nebuloso.