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Donald Trump completou 100 dias à frente da presidência dos Estados Unidos, e encerrou o primeiro ciclo do segundo mandato. A guerra tarifária, somada a uma série de medidas polêmicas e o maior envolvimento no conflito entre Rússia e Ucrânia, se tornaram as principais marcas. Para analisar a gestão de Trump, a Jovem Pan entrevista o especialista em relações internacionais, Manuel Furriela.



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Transcrição
00:00Os 100 primeiros dias do segundo mandato de Donald Trump foram marcados por uma montanha russa de acontecimentos.
00:07O início de uma guerra tarifária e o maior envolvimento no conflito entre Rússia e Ucrânia
00:12foram algumas das principais ações do republicano.
00:15E para analisar a gestão do presidente americano, a gente recebe aqui hoje no Jornal da Manhã
00:20o especialista em relações internacionais, Manuel Furriella.
00:23Manuel, seja bem-vindo. Bom dia.
00:26Bom dia.
00:27Essa avaliação dos 100 dias do presidente Donald Trump vem diante de uma notícia esta semana do recuo do PIB.
00:35Como essa administração dele tem afetado a economia e também a percepção do americano nesses 100 dias?
00:43Bom, primeiramente é uma gestão que começou com muito mais força, muito mais força política do que a anterior.
00:49Na anterior, Donald Trump era uma grande novidade, não era um quadro clássico de nenhum partido norte-americano,
00:56nem mesmo do próprio no qual saiu o candidato, que é o Partido Republicano.
01:00Nesse caso agora em específico, ele já era um quadro consolidado do Partido Republicano,
01:05uma figura pública, tinha já uma gestão anterior, e começou com muita força, pois saiu vencedor.
01:12Tanto na eleição indireta, que é a que importa, que é a que efetivamente elege o presidente,
01:17quanto na indireta, além de ser o partido ter feito maioria e o judiciário, representado pela Suprema Corte,
01:25ser mais conservador do que no passado.
01:28Ou seja, uma série de fatores favorecendo um alinhamento político.
01:34Então ele começou realmente muito mais forte.
01:36Em relação à economia, são duas grandes mexidas.
01:40Uma em relação à administração pública.
01:44Ele trouxe a Elon Musk para fazer uma grande reforma.
01:47Então nós observamos um desligamento expressivo de servidores públicos federais
01:54e também cortes drásticos em programas, em projetos de custeio, de investimento do governo americano.
02:02Notadamente, as questões que envolvem as universidades, como a gente tem acompanhado,
02:08mas principalmente os programas de auxílio internacional.
02:12E na questão de política externa e de comércio internacional,
02:16que nós temos as principais decisões, pois elas são muito mais impactantes.
02:21A economia americana é extremamente internacionalizada, globalizada.
02:26Os Estados Unidos foram o carro-chefe da globalização dos anos 90, dos anos 2000.
02:33Então, dessa forma, as exportações e importações, as trocas comerciais,
02:39elas são muito expressivas nos Estados Unidos.
02:41E o abastecimento por itens importados faz parte do cotidiano americano.
02:48Então, as medidas tomadas por Donald Trump relacionadas a essas questões tarifárias
02:54são as mais impactantes na economia, não só por conta de abastecimento,
03:00o que pode ter impacto nos preços, a tarifação, as sobretaxas e etc.,
03:05aplicadas a produtos importados.
03:07Elas fazem com que esses produtos entrem no mercado americano com valores muito mais altos,
03:15mas principalmente vem a retaliação e na retaliação dos outros países
03:20têm um impacto na economia e, por conta disso, talvez venha uma recessão.
03:25Exato, né, professor? Bom dia, né?
03:28O limite seria justamente aquilo que vai acontecer nos Estados Unidos
03:31para frear as ações ou não do presidente.
03:34Mas, de qualquer forma, ele conseguiu esse acordo com a Ucrânia agora,
03:38aquela dos metais nobres.
03:40Agora, o Ministério de Comércio da China afirma que tomou recentemente,
03:44então, a iniciativa do governo lá, entrou em contato,
03:48o governo norte-americano teria entrado em contato com a China.
03:50De fato, esse morde assopra aí, parece essa...
03:54Vai dar certo, quer dizer, ao longo prazo?
03:56A discussão pode acontecer diretamente China e Estados Unidos,
04:00as outras potências também.
04:02Como é que o senhor avalia também essa possibilidade de todo esse cenário,
04:06mas depois haver uma negociação direta entre os países?
04:10Bom dia.
04:11Realmente, as questões que envolvem as grandes economias
04:15são as mais importantes para este momento.
04:19Então, os Estados Unidos tomaram a decisão
04:21de sobretaxar produtos da Europa, Canadá, México.
04:25Lembrando aqui que o México é o maior exportador aos Estados Unidos,
04:28mas principalmente a China,
04:30que mesmo sendo a segunda maior exportadora ao mercado americano,
04:34é com ela que as trocas comerciais mais representativas
04:39de produtos mais elaborados acontecem
04:41e também por conta de muitos investimentos americanos naquele país.
04:46Então, é uma situação onde a China tem condições de retalhar de peso,
04:52de forma pesada, contra os Estados Unidos, impactando naquela economia,
04:56mas impactando na própria China.
04:58E uma desaceleração chinesa impacta comercialmente,
05:04impacta na economia do mundo todo, inclusive dos Estados Unidos.
05:08Mas aí a questão que se apresenta é a negociação.
05:12A gente já imaginava que haveria uma renegociação,
05:15uma negociação com a China,
05:17pois são duas economias de dimensões muito grandes
05:21e que não têm como prosseguir somente com medidas de retaliação.
05:26Isso não traz resultados positivos a nenhum dos lados.
05:30Mas os Estados Unidos têm dois grandes objetivos
05:34com as medidas comerciais, com medidas de comércio internacional.
05:38Um é fazer grandes ajustes, porque há um desfavor em termos gerais,
05:44não em casos específicos como no Brasil, por exemplo.
05:47Em termos gerais, em relação à balança comercial,
05:50então os Estados Unidos saem desfavorecidos,
05:54importam mais do que exportam.
05:55Agora, em relação à China, há uma outra situação.
05:59Já um raciocínio dentro de gestões americanas,
06:02esta não é a única, inclusive as anteriores tentaram tomar algumas medidas,
06:07em conter o avanço chinês.
06:10Então a China avança em termos geopolíticos
06:13e não somente em termos econômicos.
06:16Então as medidas, elas objetivam não só melhorar as tropas comerciais,
06:22mundo todo, mas em específico com a China,
06:25em fazer com que haja uma contenção da economia chinesa
06:29e os Estados Unidos não percam a liderança mundial.
06:34Então já há essa preocupação, há essa percepção.
06:38Então essa negociação pode trazer os ajustes necessários,
06:42mas mesmo que haja uma boa negociação, ela não estabiliza a relação.
06:48Os Estados Unidos buscam uma recomposição de poder internacional
06:52e não é com algo específico, de momento mesmo que expressivo,
06:57que eles vão atingir esse objetivo.
07:00A instabilidade tende a continuar.
07:03Professor, aqui conosco os nossos comentaristas,
07:06que também têm perguntas para o senhor.
07:08Deise, primeiro você.
07:10Professor, bom dia.
07:11A minha pergunta, ela vai até nesse sentido que o senhor estava falando.
07:15A gente tem visto nesses primeiros 100 dias
07:17o Donald Trump com essas bravatas e retaliações contra a China,
07:22mas as cadeias produtivas americanas, elas dependem muito de Pequim.
07:26Até quando o senhor acha, ou o senhor avalia
07:29que os Estados Unidos vão suportar essas retaliações contra a China,
07:34dependendo tanto de Pequim, das cadeias produtivas dependendo tanto de Pequim?
07:38Até quando é possível que isso avance?
07:42Bom, é uma briga grande, como a gente mencionou.
07:45Então, uma negociação provavelmente aconteça.
07:48Mas o teu ponto é o principal aqui para nós de discussão.
07:52Então, como você tem as cadeias produtivas globais,
07:55que é por conta da própria globalização,
07:58onde os produtos mais elaborados,
08:00eles têm os seus componentes produzidos em diversos países,
08:05naqueles que têm condições mais competitivas,
08:08não é de uma hora para outra que há uma modificação
08:10nesta sistemática.
08:12Tanto é que um dos adjetivos, uma das expressões que a gente usa
08:16em relação ao governo de Donald Trump,
08:18essa gestão é desglobalização.
08:21Então, uma desconstrução de uma lógica de economia,
08:26não só de comércio internacional,
08:28onde os produtores, eles têm a sua matéria-prima,
08:34todos os itens necessários para a produção de qualquer produto que seja,
08:38conseguidos, obtidos, mundo afora.
08:41Então, não é automaticamente que isso se desconstrói.
08:46E também a questão de reindustrialização dos Estados Unidos.
08:49Bom, primeiro, que não faz sentido para um país que tem 3% de desemprego.
08:54Então, alegar-se que é para conquistar empregos,
08:59não faz nenhum sentido.
09:02Então, você tem especificamente alguma situação ou outra de reindustrialização,
09:08mas não como um todo.
09:10A transferência de parques industriais completos dos Estados Unidos
09:13não tem sentido econômico.
09:16Mão de obra americana não está mais preparada para ser uma mão de obra operária.
09:20Não tem sentido econômico,
09:23porque vai ter aumento de custos,
09:25há uma desconstrução daquela ideia
09:27de que produtos industriais, eles têm que ser trazidos
09:31de países que têm mão de obra mais barata.
09:34Então, toda essa desconstrução,
09:37ela leva tempo e não é feita de uma forma automática,
09:42caso o governo americano entenda que faça sentido.
09:46No meu ponto de vista, não faz.
09:48Nosso comentarista Cristiano Villela também tem uma pergunta.
09:51Cristiano.
09:52Bom dia, professor.
09:53Bom dia, amigos da bancada.
09:55Professor, falando um pouco de política agora,
09:58analisando esses 100 dias de governo Trump.
10:01Na sua leitura, já é possível sentir algum tipo de desfontentamento
10:06por parte do eleitorado americano?
10:09Como os atores políticos, especialmente os atores de oposição,
10:12ligados ao Partido Democrata,
10:14estão lidando com esses 100 dias polêmicos do presidente americano?
10:18Se é possível identificar alguma movimentação mais robusta
10:23do ponto de vista da oposição e do ponto de vista da sensibilidade do eleitor americano?
10:27Bom, bom dia novamente.
10:30O que acontece é que especificamente o Partido Republicano, de forma clássica,
10:36ele era contra o protecionismo.
10:38Veja só como as coisas mudam.
10:40Se você pegar as gestões anteriores, a do Ronald Reagan, em termos recentes,
10:44é a mais famosa delas, o protecionismo era efetivamente combatido.
10:49Então, há uma nova linha nessa gestão americana,
10:53fora dos padrões que costumava ter o Partido Republicano.
10:57Então, em termos de desgaste político, ele já começou a vir.
11:02E Donald Trump sabia disso,
11:04e por conta já de perceber que em algum momento
11:07tinha que enfrentar algum embate político,
11:09ele efetivamente tomou as primeiras decisões,
11:12nas primeiras decisões, muitas relevantes,
11:16sabendo dos impactos e de que em algum momento
11:19ia ter que diluir essa situação.
11:21Então, isso já começou.
11:22E os políticos americanos, eles representam os setores de produção.
11:27Como foi mencionado aqui,
11:29não há uma mudança nessa lógica de produção que seja fácil.
11:34E mesmo que ela faça sentido,
11:35ela tem impactos em custos, em preços.
11:39E as empresas americanas,
11:41mesmo elas sendo grandes,
11:42os Estados Unidos sendo grandes importadores,
11:44elas são exportadoras de serviços,
11:47e nisso os Estados Unidos são únicos e superavitários.
11:51Então, se começar a ter retaliação por parte dos países,
11:54vai ter impacto econômico também no setor de serviços,
11:58que é o carro-chefe da economia americana em termos de exportação.
12:01E nisso você tem desgaste político.
12:04Os políticos, eles são pressionados pelos setores produtivos,
12:08eles são pressionados pelo seu eleitorado receoso
12:12de perda de emprego, de desaceleração econômica,
12:16receosos de uma recessão,
12:18e receosos principalmente de uma elevação de preços.
12:21Pois essas mudanças que estão sendo feitas,
12:24elas com certeza vão ter impacto em custos,
12:27e os preços vão subir ainda mais,
12:30sendo que, no caso americano pós pandemia,
12:33a inflação foi o grande ponto de crítica à gestão anterior.
12:38Manuel Furriella, especialista em relações internacionais,
12:42obrigada pela sua participação aqui ao Jornal da Manhã.
12:45Tenham um bom dia.
12:47Bom dia.

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