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  • há 6 dias
Donald Trump declarou que a China deve tratar os EUA "muito bem" após novo tarifaço. Pedro Costa Júnior, pesquisador da USP, analisou o impacto geopolítico e a estratégia de Trump ao tentar isolar a China, aproximando-se da Rússia e explorando recursos estratégicos da Ucrânia.

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Transcrição
00:00O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que a China, abre aspas, tem que tratar os Estados Unidos muito bem, fecha aspas.
00:09Ele comentou o tarifácio em pronunciamento nesta quarta-feira. Vamos acompanhar um trechinho aí do discurso.
00:15Eu gosto muito do presidente Xi Jinping, mas eu tento me comunicar, mas eles estão realmente firmes aí.
00:25Estão enviando, então, navios com carga que ninguém nunca viu. Os maiores navios cargueiros do mundo, e eles estão aí virando e voltando no Oceano Pacífico, porque agora ninguém quer com essa tarifa de 145%.
00:46Mas acho que a gente vai conseguir fazer uma negociação com a China, mas as fábricas estão fechando na China inteira, porque a gente não quer o produto deles.
00:55E isso inclui também a propriedade intelectual, que vai muito além.
01:06Alguém falou, você está feliz? Eu falei, não, não estou feliz, eu quero que a China se dê bem.
01:10Eu quero que todos os países tenham bons resultados, mas eles têm que nos tratar bem também.
01:15Eu recebo aqui no estúdio o Pedro Costa Jr., que é professor de Relações Internacionais, pesquisador da USP.
01:22Eu tenho a felicidade de recebê-lo aqui ao vivo no estúdio do Conexão, porque ele é a pessoa certa na hora certa.
01:29O Pedro, para mim, é uma referência. Ele é um americanista, um acadêmico, que, inclusive, entre as suas obras, tem um livro intitulado
01:36Colapso ou Mito do Colapso, que justamente estuda, analisa essa questão da oscilação dos Estados Unidos como uma potência,
01:45o hegemon do século XX barra século XXI.
01:49Pedro, essa sua obra, esse seu estudo vem a calhar neste momento em que a gente tem um presidente
01:56que hoje está marcando 100 dias do seu segundo mandato não consecutivo, começou com 47% de aprovação,
02:05que lá não é muita coisa, caiu sensivelmente 100 dias depois, para 44, daqui a pouco a gente chega aqui,
02:13e na posse ele fala, a era de ouro dos Estados Unidos está começando.
02:18Três meses depois, ele se dá com dados de realidade.
02:21O encolhimento do PIB dos Estados Unidos, uma pequena oscilação para cima da inflação,
02:26mas, principalmente, um encolhimento do payroll, quer dizer, a contratação por parte da iniciativa privada.
02:34Ele agora vai ter que prestar conta para os bilionários aqui da foto que financiaram a campanha,
02:41mas, principalmente, para a opinião pública e o eleitor da classe média, classe média baixa dos Estados Unidos.
02:47A tua avaliação, o que ele vai ter daqui para frente?
02:50Esse discurso, a culpa é do Biden, a culpa é do Fed, é bem característica do Donald Trump?
02:56Obrigado, mais uma vez, por estar presente aqui na nossa programação.
02:58Boa noite, Favali. Um prazer estar aqui. Parabéns pelo lindo trabalho que você vem desenvolvendo.
03:02Aqui eu acompanho sempre as suas análises de internacional,
03:06que são a referência máxima para todos nós que somos pesquisadores de relações internacionais.
03:11Todo mundo tem um sonho, né, Favali?
03:12Até levar um soco na boca, já diria Mike Tyson, não é isso?
03:15Então, o sonho da era de ouro dos Estados Unidos encontrou um impedimento.
03:21Que impedimento é esse? As muralhas chinesas.
03:24Veja, o Trump, ele faz o tarifaço e ele contava que a China iria piscar primeiro,
03:31que Xi Jinping ia retroceder.
03:33Mas os chineses não retrocedem.
03:35As muralhas chinesas estão lá de maneira milenar, não é à toa.
03:39Então, diferente do que os Estados Unidos enfrentaram no final da Guerra Fria,
03:43quando eles tinham dois grandes competidores econômicos,
03:46nos anos 70 e 80, Alemanha e Japão,
03:50vamos lembrar que nos anos 80, muita gente achava que o Japão seria a grande economia do mundo.
03:55Mas os Estados Unidos frearam, tanto a Alemanha como o Japão,
03:58a Alemanha expandindo a União Europeia,
04:01colocando os chamados primos pobres,
04:03a contragosto de Berlim e a contragosto também da França, de Paris.
04:07E ali entrou a Europa Oriental, a Alemanha desacelerou.
04:10E o Japão? Você conhece muito bem o Japão, já trabalhou para os japoneses, não é isso?
04:15Eles fizeram a Endaka, a famosa reunião do Plaza Hotel.
04:20E eles obrigaram o Japão a valorizar o iene,
04:23o Japão é a economia exportadora, precisa da moeda desvalorizada,
04:27e abrir financeiramente e comercialmente sua economia.
04:30O Japão entrou numa crise e passou a andar de lado.
04:33Eles tentaram fazer isso com a China lá atrás.
04:36O Xi Jinping respondeu, o que, Favali, amigos, amigas, aqui?
04:41Nós não descemos para o Plaza Hotel.
04:44Eles disseram, nós não vamos para o Plaza Hotel.
04:46Nós não somos o Japão, nós não somos a Alemanha,
04:49nós somos uma grande economia.
04:51Nós não vamos retroceder.
04:53E eles não retrocederam no tarifácio.
04:56Então, a grande disputa pelo poder global hoje
04:59é entre Estados Unidos e China.
05:01Claro.
05:01É de quem será o século XXI.
05:03O século XX foi incontestavelmente um século americano.
05:07E o século XXI?
05:08Será o segundo século americano?
05:10Será o novo século americano?
05:12Ou será o século chinês?
05:13É isso que nós estamos vendo agora.
05:14Bom, você falou aí de acordos.
05:16E não coincidentemente,
05:19porque quando a gente fala de estruturas magníficas e magnânimas
05:22do tamanho dos Estados Unidos,
05:24e com alguém que gosta de dizer que é o grande artista da negociação,
05:28no centésimo dia, no final do dia, agora há pouco,
05:32ele anuncia um acordo com a Ucrânia
05:34para financiar a reconstrução da Ucrânia,
05:38mas como o Donald Trump disse, nada é de graça.
05:41Não tem almoço grátis, como a gente fala,
05:44nos bastidores, tanto das relações entre partidos internacionais
05:48e também nessa teoria mais basilar da economia.
05:51O Donald Trump vai ter acesso a chamadas terras raras.
05:54Pedro, eu queria ouvir de novo a tua avaliação.
05:58Nessa cena, que é emblemática desses 100 primeiros dias de Trump,
06:01um embate jamais visto na Casa Branca,
06:04a troca de farpas,
06:05a diplomacia sendo varrida para debaixo do tapete,
06:08você está brincando com uma terceira guerra mundial,
06:10disse Trump a Zelensky,
06:13e aqui na frente da imprensa do mundo inteiro,
06:15isso correu todos os jornais do mundo.
06:18Agora ele consegue, sim, um retrocesso do Zelensky.
06:22É uma vitória do Trump?
06:24Ou você analisa que é mais uma derrota do Volodymyr Zelensky, Pedro?
06:28Perfeito, Favalli.
06:29Essa imagem diz muito.
06:30É uma excelente pergunta,
06:31porque ela nos faz pensar nas consequências disso,
06:35não só para a Ucrânia, não só para os Estados Unidos,
06:37não só para a Rússia,
06:38mas para todo o sistema internacional.
06:40Porque essa guerra é aquilo
06:42que um teórico de relações internacionais,
06:45muito respeitado, Robert Gilpin,
06:47chama de guerra hegemônica.
06:49Ela envolve muito mais do que a região,
06:52mas ela envolve todo o sistema internacional,
06:54todas as relações internacionais,
06:55por isso hegemônica.
06:57Então, o que está em jogo aqui?
06:58A grande estratégia da política externa de Trump II.
07:01Qual é a estratégia da política externa de Trump II?
07:04É a política de fazer Kissinger as avessas,
07:08ou o Nixon reverso,
07:10como tem se chamado muito nos debates estadunidenses.
07:13O que significa isso?
07:14Lá atrás, mais uma vez, para ganhar a Guerra Fria,
07:17os Estados Unidos isolaram a União Soviética
07:20ao se aproximar da China.
07:22Foi isso que Kissinger e Nixon fizeram.
07:25Agora Trump quer fazer um Kissinger as avessas,
07:28ou seja, ele quer se aproximar da Rússia
07:30para isolar a China.
07:32E se aproximar da Rússia,
07:34essa imagem aqui é acabar com a guerra na Ucrânia,
07:36isso significa dar a vitória para a Rússia
07:39nessa guerra, ceder os territórios ucranianos,
07:42e não permitir que a Ucrânia entre na OTAN.
07:46E no limite, Favali, é isso que está sendo discutido,
07:50é uma integração da Rússia na economia europeia.
07:53Voltar o regime de petróleo,
07:55de regime de energia barata da Rússia para a Europa
07:58para que a economia russa e europeia se integre
08:01e a China esteja isolada.
08:04Esse é o grande jogo.
08:05É jogar todos contra a China,
08:07porque eles sabem que o jogo não é a Rússia,
08:09não é a Ucrânia, o jogo é Pequim.
08:11É isso que nós estamos vendo aí.
08:12Bom, também não gosto muito disso,
08:14que até foi diminuído,
08:16começou a se falar de uma guerra fria 2.0,
08:19uma guerra fria do século XXI,
08:21saem os soviéticos, entram os chineses,
08:24talvez a corrida seja diferente,
08:25a princípio porque não há um debate
08:28para quem vai ter mais ogivas nucleares.
08:30O ponto de discussão,
08:31ou o fiel da balança entre os dois,
08:34são os chamados semicondutores,
08:36essa tecnologia de inteligência artificial.
08:39E por que o contexto da Ucrânia fica importante?
08:42Está aqui um mapa cujas essas manchas,
08:45elas mostram justamente as chamadas terras raras.
08:49Elas têm aqui o quê?
08:51Lítio, fundamental para as baterias,
08:54principalmente agora nessa transição de carros elétricos,
08:56do carro combustível, carro elétrico.
08:58Todo mundo aqui tem um celular no bolso,
09:00vocês que estão nos assistindo aí também,
09:02está de lítio, titânio e as chamadas terras raras,
09:06que têm uns metais de poucas proporções na Terra
09:10e que são fundamentais para os tais semicondutores,
09:13que são a essência da inteligência artificial.
09:15Kiev, se a guerra acabar nesse contexto, né, Pedro,
09:19que a Rússia ficaria com essa meia-lua
09:22já conquistada do território ucraniano
09:25e nesta parte de cá,
09:28uma administração, por enquanto,
09:31Kiev e Washington,
09:32e que Washington, na administração de Donald Trump,
09:34vai ter acesso a esses metais raros.
09:36Isso tem um impacto global na tua avaliação?
09:39Esses metais,
09:40que precisam de tecnologia,
09:42precisam de empresas de expertise.
09:44A Ucrânia está com a infraestrutura destruída,
09:47os Estados Unidos podem entrar com esse auxílio.
09:49Tirar esses metais,
09:51joga isso no mercado e barateia,
09:53olhando ali uma coisa básica de oferta e procura,
09:56a essência da economia,
09:58ou isso vai ficar para os Estados Unidos?
10:00O que a gente consegue prever com os dados, Pedro?
10:02Sem dúvida nenhuma, Favali,
10:04essa questão é crucial porque envolve a corrida tecnológica.
10:09Veja, agora também os chineses estão liderando
10:11a corrida da inteligência artificial,
10:14o Xi Jinping acabou de declarar
10:16o lançamento da tecnologia 10G na China,
10:21mais a liderança na IA, na inteligência artificial.
10:25E sem todas essas terras raras,
10:27que vocês planou tão bem aqui, Favali,
10:30essa liderança não pode se concretizar
10:32e não pode se perpetuar.
10:33E os semicondutores, claro,
10:35envolve Taiwan também,
10:37que também tem uma liderança em semicondutores,
10:39tudo isso é muito importante.
10:40Agora, do ponto de vista europeu,
10:42aqui está sendo negociado uma espécie de OTAN
10:45nuclearizada sem a presença dos Estados Unidos,
10:49porque, na verdade, o próprio Trump ameaça uma saída da OTAN.
10:53Então, os países nucleares da Europa,
10:56quer dizer, Reino Unido e França,
10:59eles estão operando um acordo
11:01para que, uma vez que a Ucrânia não possa entrar na OTAN,
11:06ela fique sobre a tutela militar desses dois países
11:08depois do fim da guerra.
11:11Essa seria uma solução negociada com Zelensky.
11:14Esse é um ponto importante.
11:16Agora, o ponto mais fundamental de todos, Favali,
11:18porque a sua pergunta é muito intrigante,
11:20quer dizer, ela levanta muitas colocações,
11:23é que essa guerra é uma guerra ética,
11:26é uma guerra moral.
11:28Ela, desde que acabou a Guerra Fria,
11:31desde a ordem mundial que nós vivemos até então,
11:33a ordem mundial chamada de pós-Guerra Fria,
11:36nunca os Estados Unidos e a OTAN e os aliados ocidentais
11:41tiveram uma defensiva.
11:43Essa é a primeira vez em que a Rússia,
11:47ou alguém não desse eixo vencedor da Guerra Fria,
11:50ataca.
11:51E mais que isso, vence uma guerra.
11:54Porque a Rússia venceu militarmente
11:56e agora está vencendo nos acordos.
11:59É uma vitória simbólica para o sistema internacional.
12:01Esse ponto é decisivo.
12:03Agora, a gente está falando dessas terras raras,
12:05que valem muito.
12:07Você trouxe outros personagens para a mesa,
12:09outras potências da Europa Ocidental,
12:11como França e Reino Unido.
12:14Claro, não é uma potência militar,
12:16mas a gente pode colocar com uma potência econômica a Alemanha.
12:19Onde que eu quero chegar?
12:20A gente consegue ver essa enorme área de interesse econômico,
12:26mas também tem questões políticas aqui
12:28de uma dominância da Europa.
12:31Nessa região, com Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha,
12:36com relação...
12:37Dá para imaginar um novo pacto, um plano Marshall?
12:42Quer dizer, vai haver um financiamento
12:44para que depois o que sobrou da Ucrânia
12:46ser dependente destes estados
12:50e depois eles criam aqui uma zona de influência,
12:54justamente porque aqui tem as chamadas terras raras,
12:57titânio, lítio.
12:58Você consegue enxergar essa opção
12:59ou esse modelo de plano Marshall não cabe mais agora?
13:03Será necessário um plano Marshall,
13:05mas ele não é viável.
13:06Ele não é viável porque a própria Europa está numa crise,
13:10a crise se acentuou depois dessa guerra,
13:12porque a Europa era financiada pelo regime do petróleo
13:15e da energia barata, que vinha de onde?
13:18De Moscou.
13:19Depois da destruição, do sabotamento do Nord Stream 1,
13:22que era o gaseoduto, e o Nord Stream 2,
13:25que foi sabotado quando da inauguração,
13:28que ligava a Rússia à Alemanha,
13:32a energia disparou.
13:33As commodities, os preços de commodities
13:36e de insumos na Europa ficaram muito mais caros.
13:40Então, a Europa passa por uma crise econômica
13:43que mal ela consegue sair da própria crise.
13:46Para ela fazer um plano Marshall, será inviável.
13:48E os Estados Unidos também passam por uma crise econômica,
13:51como nós sabemos.
13:52Nós estamos vendo a primeira recessão no PIB aí.
13:54Você explicou isso de maneira cabal aqui para todos nós.
13:58Os Estados Unidos passam por essa crise.
14:00E o governo Trump, especificamente,
14:02já disse que não tem interesse nenhum
14:04em fazer plano Marshall para quem quer que seja,
14:06porque o lema dele é American First.
14:09Agora, você falou do PIB,
14:11como a gente está bem alinhado aqui,
14:13trouxe esse grafo que mostra justamente a oscilação,
14:17a evolução do PIB nos Estados Unidos ao longo dos anos.
14:20Não precisamos ir muito.
14:21Começa em 2015.
14:23A gente tem aqui um ponto fora da curva,
14:25a exceção que é a Covid,
14:27que faz o PIB dos Estados Unidos despencar.
14:31Depois ele volta.
14:32Mas o que eu quero chamar a atenção, Pedro,
14:34é para cá, quando a gente tem uma queda,
14:36uma pequena retração, mas já é um amarelo piscante de atenção,
14:41de 0,3%.
14:42A gente está falando do macro, da posição dos Estados Unidos,
14:46na liderança hegemônica do século XXI contra a China,
14:48a presença agora na Ucrânia.
14:50Mas vamos trazer para um microcosmos,
14:52que não é tão micro assim,
14:53os Estados Unidos.
14:55Isso aqui agora vai cair numa prestação de conta
14:57para aquele operário americano,
15:00a quem o Trump prometeu uma vida melhor,
15:03uma América grande de novo,
15:05a melhor América de todos os tempos.
15:08No discurso ontem tinha
15:09100 days of greatness,
15:11100 dias de grandiosidades.
15:14E aí o americano acorda com a notícia
15:16que o PIB, a economia, está ficando menor,
15:19que a inflação já começa a dar sinais de aumento
15:22e o Federal Reserve já começa a sinalizar
15:24talvez eu não baixe a taxa de juros.
15:27O que deve ser essa resposta do Trump
15:29para os americanos
15:31ou a vida do americano médio daqui para frente
15:33num curto prazo, Pedro?
15:35Olha, no curto prazo vai ser impactante
15:37na vida desse americano,
15:39do trabalhador que foi o eleitorado de Trump,
15:42sobretudo o trabalhador de classe média branco,
15:44de classe média empobrecida,
15:46daquele cinturão do aço
15:49que virou o cinturão da ferrugem,
15:51o rest belt,
15:53que foi exatamente empobrecido nos últimos anos.
15:57Por que eles não vão ver essa melhora chegar na Favalli?
16:01E pelo contrário, vai ter um impacto negativo
16:04nesse primeiro momento?
16:05Porque esse tarifácio, ele vai provocar a inflação.
16:09E o Trump foi eleito com que bandeira?
16:11De combater a inflação.
16:12A maior deficiência do governo Biden,
16:15dos democratas,
16:16foi justamente deixar a inflação escapar.
16:19Nós vemos aí que houve o crescimento econômico em Biden,
16:22houve o crescimento do emprego em Biden,
16:24houve o crescimento da renda em Biden.
16:25Onde estava a fraqueza de Biden internamente?
16:29Estava exatamente na disparada da inflação.
16:32E Trump não vai conseguir fazer esse controle
16:33no primeiro momento com essa política.
16:35Por quê?
16:36Porque as tarifas, elas provocam inflação.
16:39Uma vez que os produtos que entram importados,
16:42eles são tarifados, eles ficam mais caros.
16:44E aonde que isso vai refletir no segundo momento?
16:46Na taxa de juros.
16:48Isso significa que Trump vai ter que aumentar,
16:50o Fed vai ter que aumentar a taxa de juros
16:52para conter a inflação.
16:53Isso gera o quê? Desaceleração econômica e menos crescimento do PIB.
16:57Vamos ligar com o que a gente estava falando,
16:59tanto de Estados Unidos e China.
17:02Pode ser um momento da virada da China?
17:04A gente tem aí, pelo menos, dois grandes organismos internacionais
17:08que já sinalizam essa mudança da hegemonia no século XXI,
17:11economicamente falando, pelo menos.
17:13O Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial,
17:15já apontando que o crescimento da China
17:18e esse encolhimento ou uma menor taxa de crescimento dos Estados Unidos
17:21vai fazer com que a China se torne o maior PIB do mundo
17:26em algum momento do século XXI.
17:28A gente não sabe se vai ser ainda na primeira metade do século XXI,
17:30na segunda metade,
17:32mas, Pedro, esta situação agora,
17:34nós estamos falando do centésimo dia de governo Trump,
17:37ainda tem mais três anos e nove meses.
17:40Quer dizer, se continuarmos nessa toada
17:43de encolhimento do PIB e uma tendência de aumento da inflação
17:47e, talvez, aumento de taxa de juros,
17:49pode ser o ponto de virada para a China
17:52acelerar esse processo de passar os Estados Unidos
17:55como o maior PIB do mundo?
17:56Essa é a principal pergunta do que nós estamos vendo no mundo hoje,
18:00eu diria, a Favara, sem exagero nenhum.
18:02Eu estou escrevendo, se me permite aqui,
18:03o meu novo livro vai ser lançado no segundo semestre,
18:06que é essa luta pelo poder global entre Estados Unidos e China.
18:10E nós estamos vendo isso agora.
18:11Agora, essa não só pode ser o momento da virada,
18:13como ele é o momento da virada.
18:15Veja, a China, depois da Segunda Guerra Mundial,
18:18era o país mais pobre do mundo.
18:21Hoje, a China é a maior economia do mundo
18:23em termos de paridade de poder de compra.
18:26A maior.
18:27E, em termos absolutos, é a segunda economia do mundo.
18:30E ela lidera as principais tecnologias do mundo.
18:33Os Estados Unidos se tornou uma economia financiarizada.
18:36Mas a grande fábrica do mundo,
18:39a economia produtiva do mundo,
18:41é a China.
18:42Então, o que nós estamos vivendo agora?
18:44Uma superpotência militar incontrastável,
18:47que é os Estados Unidos.
18:48E uma superpotência econômica e tecnológica,
18:51que não é militar,
18:53que é a China.
18:54E aqui está a disputa pelo século XXI,
18:57que nós estamos vivendo agora.
18:58E uma vantagem para os Estados Unidos,
19:00que eles ainda têm a moeda hegemônica,
19:02a moeda que é o dólar como moeda reserva.
19:04Claro.
19:05Isso vai ser uma questão importante.
19:06Para a gente encerrar, Pedro,
19:07eu queria trazer para o Brasil,
19:09porque nós estamos inseridos nesse contexto aí,
19:12como um ator coadjuvante,
19:13mas talvez mais perto em algum aspecto da China
19:16do que dos Estados Unidos.
19:18A exemplo dos BRICS,
19:19temos com a China a nossa maior parceria comercial,
19:23com os Estados Unidos a segunda maior parceria comercial,
19:26só que a nossa relação com a China é superavitária.
19:29A nossa relação com os Estados Unidos é deficitária.
19:32Como é que a gente fica aí nesse baile?
19:34Aí tem duas questões importantes.
19:36Primeiro, os BRICS, como você bem colocou,
19:38em que o Brasil é um dos membros fundadores.
19:40O Brasil é um membro importantíssimo dos BRICS.
19:43Nós somos o atual presidente dos BRICS,
19:45que é rotativo, é anual.
19:48Nós temos a presidência desse ano,
19:49a cúpula dos BRICS desse ano.
19:51Será feita no Brasil.
19:52Ano passado foi na Rússia, em Kazan,
19:54onde teve a expansão dos membros dos BRICS.
19:57Houve uma expansão,
19:57os BRICS saíram de cinco membros para 11 membros.
20:01E agora o Brasil vai liderar esse processo nesse ano.
20:04Nós temos a presidenta do Banco dos BRICS,
20:06o novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS,
20:08que é a ex-presidente do Brasil,
20:09a presidente Dilma Rousseff.
20:11Nós temos um papel muito estratégico.
20:12Dilma Rousseff estava com o Xi Jinping hoje.
20:14O Xi Jinping foi visitar em Xangai o Banco dos BRICS.
20:19E nós temos as chamadas novas rotas da seda,
20:22que envolvem, nesse momento, Favalli,
20:24150 países do sistema mundo.
20:27E o Brasil ainda não está.
20:29E há uma pressão de Pequim,
20:30do tamanho da China, para que o Brasil entre.
20:33E o Brasil vai ter que decidir,
20:34mais cedo ou mais tarde,
20:35se entra ou não nas novas rotas da seda.
20:38E, ao mesmo tempo, nós estamos naquilo
20:39que os Estados Unidos chamam de
20:41sua própria zona de influência.
20:44Nós estamos na América.
20:45E, como vocês sabem muito bem, Favalli,
20:47na geopolítica, a geografia é destino.
20:52Então, nós estamos muito próximos dos Estados Unidos
20:54para estarmos muito próximos da China.
20:56E, ao mesmo tempo,
20:57nossa economia e nossa política externa
20:59estão muito próximas da China
21:01para ficar muito próximas dos Estados Unidos.
21:03Esse é o nosso desafio.
21:04Obrigado mais uma vez.
21:06O Pedro Costa Jr.
21:07é sempre uma agradabilíssima presença,
21:09é sempre uma aula.
21:10Pedro, são só 100 dias de governo Trump.
21:13Ele vai dar muito subsídio
21:14para a gente continuar essa conversa.
21:16Obrigado, é um prazer recebê-lo.
21:18Até a próxima e espero que seja em breve.
21:20Sempre bom te ver, Favalli.
21:21Muito obrigado.
21:21Obrigado.

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