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  • 29/04/2025

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00:00Decolagem autorizada para o Taiti. Pista 1-2.
00:05Um dos aviões mais robustos já construídos.
00:08Os pilotos o chamavam de jipe dos céus.
00:12Cai no mar próximo ao Taiti.
00:18Um avião não cai sem motivo.
00:23Os controladores aéreos não fazem ideia do que houve.
00:26Nosso aeroporto é pequeno. Não temos radar.
00:30Tudo indicava que seria uma investigação bem difícil.
00:36Foi uma emergência médica?
00:39Talvez o piloto tenha tido um colapso físico.
00:43Foi uma sabotagem?
00:47Ou algo ainda mais alarmante?
00:50Uma ameaça oculta em todos os aeroportos comerciais do mundo?
01:00Esta é uma história real.
01:13Baseada em relatórios oficiais e relatos de testemunhas.
01:16O comandante Michel Santoran sobrevoa abaixo as ilhas da Polinésia Francesa.
01:299 de agosto de 2007.
01:31Air Moria solicitando autorização para pouso pista 1-2.
01:34É um dos cerca de 40 voos diários entre as ilhas de Moria e Taiti.
01:40Air Moria livre para pouso. Pista 1-2.
01:43Rota que Eric Limar conhece bem.
01:46A ilha de Moria é muito próxima ao Taiti.
01:52Não são nem 200 quilômetros de distância.
01:55É só cruzar o canal.
02:00Taiti e Moria são duas das mais de 100 ilhas que formam a Polinésia Francesa,
02:04situada entre a Austrália e a América do Sul.
02:07Praias intocadas e montanhas exuberantes atraem milhares de turistas por ano.
02:17A Air Moria se especializou nos voos curtos que fazem a importante ligação entre as ilhas.
02:22A Air Moria e seus aviões já faziam parte do dia-a-dia dos Polinésios.
02:31Pessoas que trabalham no Taiti moram em Moria e também dos turistas.
02:35Era a conexão mais rápida e eficiente.
02:39Eu de novo.
02:41Michel Santurin havia entrado para a Air Moria há apenas três meses.
02:45Vou levar a lista de passageiros e de carga, se estiver pronta.
02:48Após a carreira militar, ele estava começando uma nova vida no paraíso.
02:52Ele havia arrumado tudo para a chegada da família.
02:55A esposa dele viria em breve.
03:00Cheio de novo. Como a gente gosta.
03:04Santurin fazia os voos curtos sozinhos, sem copiloto e tripulação de cabine para ajudá-lo.
03:10Certo. Hora de voar.
03:12Não se perde tempo no paraíso.
03:14De meia em meia hora, ele tinha que estar pronto para uma decolagem.
03:19O capitão verificava rapidamente o avião, se não havia nada alarmante, um pneu murcho ou algo que chamasse a atenção.
03:31O turbo-hélice Twin Order é uma aeronave robusta de 19 passageiros construída no Canadá.
03:37Os pilotos o chamavam de jipe dos céus.
03:39Bela camisa.
03:47Era cumprimentar rapidamente os passageiros e voltar à cabine.
03:52É ali.
03:53Algo bem rápido.
03:56Tudo bem?
03:58Põe a bagagem aí na sua frente.
04:01Belo dia para voar.
04:03Após menos de 15 minutos no chão, Santurin está pronto para voar novamente.
04:07Controle solo.
04:12Autorização para taxiar.
04:16Air Moria.
04:18Decolagem autorizada.
04:19Pista 1-2.
04:21Decolagem autorizada para o Tahiti.
04:23Pista 1-2.
04:26O Twin Order tem pouca automação.
04:29Santurin pilota o avião na mão.
04:31A maioria das aeronaves comerciais modernas são equipadas com muita ajuda aos pilotos.
04:38Eletrônica, telas.
04:40Mas, nesse tipo de avião, você tem o prazer de pilotar e ter o controle total.
04:44Nesse aeroporto de ilha, o oceano fica à beira da pista de 1.200 metros.
05:00Sobrevoar esse local é mágico.
05:03Lagoas azuis, ilhas magníficas, o verde, a combinação de cores.
05:09É sem dúvida o paraíso.
05:10Os turistas podem ver os constantes pousos e decolagens.
05:18É um dos voos mais curtos do mundo.
05:21São apenas sete minutos da decolagem e aterrissagem.
05:26Caramba!
05:27Mas algo dá errado no voo 11-21.
05:37O Twin Order perde a atitude rapidamente.
05:43E mergulha abruptamente.
05:50Menos de dois minutos após a decolagem, o voo 11-21 cai no Pacífico.
05:57A torre é comunicada do que foi visto.
06:17Está flutuando ou afundou?
06:19Os pescadores locais correm para ajudar, mas não encontram sobreviventes.
06:29Apenas corpos.
06:32As 20 pessoas a bordo estão mortas.
06:35Todo mundo morreu.
06:38Nenhuma pessoa sobreviveu.
06:40Nunca me esquecerei.
06:44Foi horrível porque, apesar da queda, tínhamos esperança de encontrar sobreviventes, nem que fossem poucos.
06:53O desastre abala praticamente toda a comunidade da pequena ilha.
07:06Na Polinésia, todo mundo se conhece.
07:10Sempre são primos ou conhecem a família.
07:14As pessoas sofreram muito com este acidente.
07:16A frota da Air Moria fica parada, pois os pilotos se recusam a voar no Twin Order até que o caso seja esclarecido.
07:27Um avião não cai sem motivo.
07:31Foi erro do piloto ou problema mecânico.
07:35Antes de prosseguirmos com os voos, pedimos que toda a frota fosse avaliada.
07:39Bom dia.
07:49Como Moria é território francês, uma equipe do Escritório de Investigações e Análises da França, o BEA, foi enviado de Paris com a tarefa de descobrir o que houve de errado.
08:01Não me diga que é só isso.
08:05Alain Bouillard comanda a investigação.
08:07O Twin Order é uma aeronave extremamente robusta, usada em locais difíceis, onde outros aviões não decolam e pousam.
08:19Por isso, nos perguntamos o que pode ter acontecido para essa aeronave cair na água.
08:28Os investigadores geralmente contam com pistas nos destroços.
08:32Isso não nos diz nada.
08:33Mas a maior parte do avião está no fundo do oceano.
08:37Bouillard só terá material se conseguir recuperar peças vitais.
08:44Vamos precisar de mais destroços que isso.
08:46Há outra razão para se encontrar o avião.
08:53Diferente de grandes aeronaves, os Twin Odders não são obrigados a portar gravador de voz na cabine.
08:58Mas a Air Moria instalou mesmo assim.
09:01O equipamento pode conter as respostas.
09:05Esperávamos encontrar, além da gravação de voz da cabine, a gravação de qualquer alarme que tivesse suado.
09:12Mas encontrar o gravador de voz nas águas profundas da costa de Moria será um grande desafio.
09:21Fundo demais para mandar mergulhadores.
09:23A profundidade na região era de 700 metros.
09:27Obviamente, mergulhadores não podem ir.
09:30Tem que ser um submarino comandado por controle remoto.
09:32Os investigadores conseguiram um navio equipado com um veículo remoto submersível para ajudar na busca, o Ile de Ré.
09:48Só há um problema.
09:50O navio está a mais de 4 mil quilômetros da ilha de Nova Caledônia.
09:56Pode levar semanas para chegar a Moria.
09:58O gravador de voz do voo 11-21 possui um localizador conhecido como Pinger.
10:06Mas a bateria só durará 30 dias.
10:10Tentamos trazer o navio de resgate o mais rápido possível, dentro dos 30 dias de duração da bateria do Pinger.
10:20Tudo indicava que seria uma investigação bem difícil se não fosse recuperado o gravador de voz da cabine.
10:28Enquanto isso, os investigadores conversam com o controlador do aeroporto.
10:39Os registros do radar poderiam dar vistas do que causou a queda do avião.
10:44As primeiras evidências que buscamos logo que se inicia a investigação é uma noção da trajetória,
10:49o último ponto de partida e o ponto de impacto.
10:53Fomos atrás desse tipo de informação.
10:55Mas não encontram o que buscam.
11:01Nosso aeroporto é pequeno. Não temos radar.
11:04Mais um contratempo.
11:07Quando descobrimos que não havia dados de radar,
11:10desanimamos um pouco, pois seria mais complicado recriar a trajetória da aeronave.
11:15Eu vi o avião subindo e, de repente, mergulhou no mar.
11:25Até Wilder chegar, os investigadores só podem contar com as únicas evidências disponíveis.
11:30O relato das testemunhas do desastre.
11:32Achamos importante coletar os relatos das testemunhas que poderiam nos ajudar a entender o que houve.
11:41A maioria das testemunhas estava na praia, em Moria, ou em barcos pescando.
11:51Todos afirmavam ter visto a aeronave subir normalmente.
11:54Todos os dias, mais de 500 Twin Orders voam pelas rotas mais desafiadoras da Terra.
12:03Do Outback australiano, a tundra congelada do extremo norte.
12:08Se há uma falha fatal no reconhecidamente resistente Twin Order,
12:13a aviação mundial precisa saber o quanto antes.
12:16Esse fato aumenta a pressão sobre os investigadores para saber o que derrubou o voo 1121.
12:24Ele subia normalmente e, ao que tudo indica, perdeu o controle do avião.
12:34Talvez tenha sido o peso.
12:36Quando há um desbalanceamento devido ao peso, geralmente os problemas aparecem logo após a decolagem.
12:41Calcular com precisão o peso da carga, dos passageiros e do combustível é crucial em pequenos aviões de passageiros.
12:50Um erro pode ser fatal.
12:52O que foi demonstrado em um desastre aéreo nos Estados Unidos em 2003.
12:58O voo 5481 da US Airways Express parte de Charlotte, Carolina do Norte.
13:05Apenas 30 segundos após a decolagem, os pilotos perdem o controle do Beechcraft 1900.
13:11O avião de passageiros mergulha ao solo, atingindo um hangar do aeroporto e matando as 21 pessoas a bordo.
13:21Os investigadores descobriram que a aeronave estava com um perigoso excesso de carga,
13:26mais de 250 quilos, acima do limite permitido para a decolagem.
13:31Os funcionários estimaram incorretamente o peso de passageiros e bagagens.
13:35É muito importante saber o peso de sua aeronave antes de decolar.
13:40Por isso, logo investigamos essa questão no início dos trabalhos.
13:4519 passageiros, mais combustível e carga.
13:48A equipe do BEA verifica a documentação de carga e balanceamento do voo da Air Moria e não encontra problemas.
13:54Estava tudo dentro dos limites do fabricante.
13:57Era para dar tudo certo.
13:59Não foi o peso que derrubou o avião.
14:09Até que chegue ajuda para a busca do gravador de voz da cabine submerso, não há mais evidências.
14:17Boyard decide fazer uso de uma tática incomum para tentar descobrir o que deu errado.
14:21Isso, preciso de um avião pequeno e um bom piloto.
14:25Obrigado.
14:34Sobre a ilha de Moria, Alain Boyard faz um voo incomum em um pequeno avião de passageiros.
14:41Ele espera reavivar a memória das testemunhas que viram o desastre do voo 1121.
14:46Tudo bem, vamos sobrevoar a lagoa.
14:55Os pilotos têm tarefas específicas a cumprir em cada etapa do voo.
15:01Se as testemunhas conseguirem identificar a que altura Sancho Ren subiu,
15:06isso pode ajudar os investigadores a entender o que ele estava tentando fazer quando perdeu o controle da aeronave.
15:11Eles pediram que observassem o avião de Boyard decolando do aeroporto.
15:19Se você pergunta a eles a altitude máxima, talvez não saibam dizer se era 500 pés, 1000 pés ou 2000 pés.
15:26Mas se você mostrar a aeronave no ar e perguntar, isso são 500 pés com disco altitude do avião?
15:32Fica mais fácil para eles dizerem se sim ou se não.
15:38Não, está alto demais.
15:41Vamos passar mais uma vez, só que mais baixo.
15:50Perguntamos às testemunhas qual dos voos recriados condizia mais com o que lembravam do dia do acidente.
16:02Foi exatamente aí que vi o avião.
16:04É essa a altura.
16:10Excelente.
16:11Estamos a cerca de 400 pés de altura.
16:16Muito bem.
16:17Vamos voltar.
16:23O voo teste deu a Boyard uma ideia da altitude que Michel Sancho Ren conseguiu atingir.
16:28Os voos nos permitiram estimar a altitude em que o voo mudou sua trajetória.
16:39Seja qual for o problema, ocorreu enquanto ele ainda subia.
16:43Mas ele ainda não sabe o que causou o mergulho súbito do avião.
16:46Nem por que o piloto não conseguiu revertê-lo?
16:51Quando um avião mergulha após a decolagem, podemos considerar, obviamente, falha no motor.
17:00Falha nos dois motores.
17:03Um Twin Order pode voar com segurança com apenas um motor.
17:07Mas a falha de ambos poderia causar o mergulho abrupto testemunhado na praia.
17:11Era uma possibilidade.
17:17Fazia sentido em termos de trajetória.
17:20Mas os dois motores falharem exatamente na mesma hora é uma eventualidade extremamente rara.
17:27A falha dos dois motores pode ser causada por falta de combustível, o que é pouco provável após a decolagem.
17:35E não podemos desconsiderar a ingestão de pássaros nos dois motores.
17:39Muito improvável também.
17:41A maioria das testemunhas relata ter ouvido o barulho dos motores quando o avião passava.
17:49A falha nos dois motores se torna ainda mais improvável.
17:59Os sons registrados pelo gravador da cabine podem confirmar se os motores estavam funcionando.
18:06Mas até que ele seja resgatado, Booyah só tem o curso em comum do voo para trabalhar.
18:11Essa informação era importante, mas não explicava o que ocorreu.
18:18Talvez o piloto tenha tido um colapso físico.
18:22algum tipo de incapacitação que levou o avião a cair.
18:34Esse tipo de avião é conduzido por apenas um piloto.
18:40Se o piloto está incapacitado fisicamente, não há ninguém para assumir o controle.
18:45Se o piloto ficou incapacitado e debruçou sobre os controles do painel,
18:54O corpo do comandante foi encontrado e enviado para a necrópsia.
19:07O médico legista buscou sinais de algum quadro médico que pudesse interferir na habilidade do comandante de pilotar.
19:13Mas quando Booyah leu o laudo, não morreu de ataque cardíaco.
19:21Volta e estaca zero.
19:24Não havia nenhuma indicação de problema de saúde.
19:29Fazemos check-ups regulares.
19:32E ele passava em todos.
19:33Descartamos a hipótese de incapacitação do piloto como causa do acidente.
19:43Booyah deve considerar todas as possibilidades de causa do desastre.
19:48Ele levanta uma hipótese assustadora.
19:50E se foi um ato deliberado de sabotagem?
19:57Alguém embarcou no voo com a intenção de assassinato?
20:03A invasão da cabine era algo plausível.
20:12Booyah sabe que isso já aconteceu.
20:167 de dezembro de 1987.
20:20Um funcionário descontente da companhia aérea consegue embarcar armado no voo 1771 da Pacific Southwest Airlines.
20:27Durante o voo, atira no ex-chefe.
20:31Corre para a cabine.
20:33Onde atirem uma comissária e nos dois pilotos.
20:37Em seguida, força o avião a mergulhar abruptamente.
20:42Não há esperanças para as 42 pessoas a bordo.
20:46O pequeno jato se choca com o morro da Califórnia e se desintegra.
20:50Sinto muito, mas o senhor não pode entrar.
20:54O que está fazendo?
20:55Se alguém invadiu a cabine do voo 1121 da Air Maria e agrediu o piloto, o som da briga estaria registrado no gravador da cabine?
21:03Nesse ponto da investigação, estava claro que precisávamos encontrar o gravador de voz da cabine.
21:13Em 26 de agosto, 17 dias após o acidente, a embarcação de pesquisa francesa Ile-de-Ré finalmente chega.
21:27A equipe sabe a localização aproximada dos destroços, mas as correntes oceânicas podem ter mudado os fragmentos submersos de lugar.
21:35Havíamos restringido a área de pesquisa a um diâmetro de 260 metros.
21:42Estávamos confiantes de que estava nessa área, mas não sabíamos se estaria isolado no fundo do mar ou ainda preso à fuselagem da aeronave.
21:56Eles partem atrás do sinal do localizador do gravador.
22:00É o som que estamos procurando.
22:02Os técnicos do Ile-de-Ré lançam o veículo submersível de operação remota, ou ROV, na direção do som.
22:16Rapidamente localizamos a área do solo oceânico onde os destroços estavam dispersos.
22:23Aí está nosso Twin Horror.
22:25Os vestígios do voo 1121 da Air Moria estão mais de 650 metros abaixo das ondas.
22:36Vimos as asas separadas do avião.
22:39Vimos os motores.
22:40Vimos parte da cabine.
22:44Veja se encontra a cauda.
22:45Rapidamente decidimos nos concentrar na cauda, onde o gravador de voz da cabine poderia ser encontrado.
22:57Tá bom, vamos cortar e tirar o gravador de lá.
23:02Decidimos cortar a fuselagem para chegar ao gravador.
23:05É uma operação delicada.
23:12Um movimento em falso.
23:14E o submarino poderia danificar ou destruir o gravador tão essencial?
23:18Vá com calma.
23:22Tínhamos esperança de encontrá-lo sem dano ou pouco danificado.
23:26E dessa forma, aumentar a chance de sucesso no processo de leitura.
23:30A operação de recuperação exige muita paciência.
23:38Esse trabalho de cortar e abrir com um ROV, um buraco no avião, levou umas 5, 6 horas até conseguirmos chegar ao gravador de voz.
23:55Finalmente, a equipe desobstrui o gravador.
23:58Pegamos.
24:03Excelente trabalho.
24:05Foi um grande alívio.
24:09Foi muito gratificante, mas também preocupante, porque é muito bom ter o gravador, mas o que importa são os dados registrados.
24:19Então, o próximo passo era levar o gravador até o laboratório do B e A para a leitura o mais breve possível.
24:27Além do gravador de voz, a força de recuperação resgatou outros destroços importantes.
24:42Decidimos resgatar algumas peças que nos pareceram necessárias, além da informação do gravador.
24:52Eles queriam os motores.
24:57Nós queríamos o máximo possível do painel da cabine.
25:02Os dados do gravador foram rapidamente baixados.
25:09Dificilmente um piloto fala sozinho.
25:12Os investigadores tinham que buscar outros sons que pudessem dar alguma pista.
25:16No gravador de voz da cabine, pudemos ouvir uma decolagem normal e o que parecia ser uma subida normal.
25:27Eles ouvem o som do avião decolando e Sancho Ren ajustando os controles.
25:31A invasão da cabine ainda era uma possibilidade.
25:40Estávamos esperando a gravação para descartar essa hipótese.
25:47Não há som de um invasor na cabine.
25:50A primeira impressão que tivemos ao ouvir a gravação era de que não houve invasão,
25:57de que não havia mais ninguém na cabine.
26:01Aí eles escutam a exclamação de surpresa do piloto.
26:08Caramba!
26:11Estava tudo perfeitamente normal até o momento em que o piloto se exaltou.
26:18O som gravado na cabine permite que os investigadores também excluam outra teoria.
26:26O som dos motores é normal.
26:28A gravação mostrou que estavam na potência máxima de decolagem até o momento do impacto.
26:35Parece que ele está abaixando os flaps.
26:39O grito de surpresa do piloto vem logo após ele ajustar os flaps do Twin Odder.
26:44Repita, por favor.
26:45Dava para ouvir na gravação o flap sendo recolhido.
26:51Também se ouvia a respiração mais pesada do piloto, como se estivesse acionando o controle do flap naquele momento.
26:57E imediatamente após, ouvimos sua reação de surpresa.
27:01Caramba!
27:03Baixo demais!
27:04Momentos depois, o avião se choca com o mar.
27:13Mesmo com a experiência, é sempre muito difícil ouvir a gravação da cabine, especialmente quando se sabe que o final é trágico.
27:22Tem a ver com o flaps.
27:25Só não sei como.
27:26Os investigadores sabem que, em voos para o Tahiti, os pilotos de Twin Odder recolhem os flaps a aproximadamente 400 pés, altitude em que o voo 1121 começou a mergulhar.
27:47Eles se perguntam se os flaps não funcionaram.
27:49Antes da decolagem, os pilotos rotineiramente estendem os flaps das asas para aumentar a sustentação durante a subida.
28:00Quando o avião se aproxima da altitude de cruzeiro, os flaps estendidos aumentam o arrasto.
28:06Então os pilotos têm que recolhê-los ao atingir essa altitude.
28:13Os investigadores estudam o mecanismo que opera os flaps.
28:16Recuperamos o acionador dos flaps e pudemos analisá-lo.
28:24O acionador está na posição correta e não há sinais de mau funcionamento.
28:30Os flaps estão corretos.
28:33Os resultados mostraram que os flaps estavam recolhidos no momento do impacto.
28:36Após semanas de trabalho, Buiar ainda não sabe explicar por que o voo 1121 despencou do céu.
28:50Vamos dar uma boa olhada nesses cabos.
28:54Ele se concentra nos cabos que operam superfícies de controle cruciais na cauda do avião.
28:59Restou a possibilidade de pane ou falha mecânica.
29:09As superfícies de controle na cauda de um Twin Otter são ativadas por apenas quatro cabos.
29:15Dois movem o leme do avião para a esquerda e para a direita.
29:19E dois movem o profundor para cima e para baixo.
29:21Os quatro foram danificados no desastre.
29:26Buiar procura qualquer evidência de quando e como se romperam.
29:32Cabos de avião são constituídos de vários fios finos torcidos e depois trançados para maior resistência.
29:41Três cabos se desenrolaram.
29:43Indicação clara de que foram cortados abruptamente no impacto.
29:47É dano do impacto.
29:49Mas um cabo estava diferente.
29:53Mas este aqui é interessante.
29:57Ele não se rompeu com o impacto.
30:02Um dos cabos estava rompido de forma diferente do que os outros três.
30:07Isso era algo que tínhamos que investigar.
30:12Dois cabos comandam o profundor na cauda.
30:16Um o empurra para baixo e baixa o nariz.
30:19E o outro puxa para cima e eleva o nariz.
30:23Foi esse que se rompeu antes do impacto.
30:27Se ocorreu durante o voo, o avião teria sofrido um mergulho súbito.
30:32Caramba!
30:33A falha no cabo de elevação do nariz era compatível com a trajetória descrita pelas testemunhas.
30:44Finalmente, os investigadores entenderam por que Michel Saint-Johen perdeu o controle do seu Twin Order.
30:50Foi uma falha mecânica rara e totalmente imprevista.
30:54Baixo demais!
30:54Revelação que leva a uma questão ainda mais urgente.
31:00Vamos enviar isso a Estelle em Paris e ver o que ela nos diz.
31:05Eles têm que descobrir por que o cabo se rompeu antes que isso volte a acontecer.
31:09Quando o cabo de elevação chega em Paris, a especialista Estelle Bancharrel o examina com cuidado.
31:25Ela nota algo estranho.
31:26O cabo mostra claramente que diferentes fios se quebraram em momentos diferentes e por razões diferentes.
31:38Os fios externos estavam desgastados e os internos não.
31:44Eles se romperam.
31:48O dano distinto dos fios externos sugere que algo estava em atrito com o cabo.
31:53Parece 50% desgastado com o tempo.
32:00Quando observamos o cabo no microscópio, podemos ver que todos os fios externos apresentavam sinais de desgaste,
32:07o que agravou substancialmente o dano.
32:14O cabo de elevação do nariz vai do manche na cabine ao profundor, passando por várias guias plásticas.
32:20Toda vez que o piloto sobe o nariz, o cabo fricciona nas guias de plástico.
32:27O maior desgaste pelo uso se dá durante pousos e decolagens.
32:32É importante que os mecânicos monitorem o número de voos a fim de avaliarem o desgaste.
32:38Os registros da companhia forneceram uma pista perturbadora.
32:42Mais de 50 voos aqui.
32:47Air Maria, autorização para pouso.
32:50Os aviões da Air Maria fazem voos curtos e frequentes e muito mais pousos e decolagens que a maioria das grandes companhias aéreas.
32:58Em média, eram de 50 a 70 decolagens e pousos por dia com o mesmo avião.
33:03Os investigadores precisam descobrir o quanto todo esse movimento de vai e vem pode ter afetado o cabo de elevação.
33:16Eles projetam um teste que reproduz o atrito no cabo.
33:20Mas outro fator deve ser levado em consideração.
33:23É o único avião na frota da Air Maria com cabos de aço inoxidável.
33:30Descobrimos que o tipo de cabo de controle dessa aeronave era diferente.
33:35O avião do acidente é novo na frota da Air Maria.
33:42Os cabos de controle das outras aeronaves são feitos de aço carbono.
33:47Mas os cabos do voo 1121 são feitos de aço inoxidável.
33:52O aço inoxidável resiste mais à corrosão do sal que o aço carbono.
33:57Fazia sentido usar cabos de aço inoxidável para que não sofram tanta corrosão no ambiente altamente salino.
34:05Onde os cabos poderiam ser mais suscetíveis à corrosão do que em regiões terrestres.
34:13Mas os cabos de aço inoxidável também têm uma desvantagem.
34:18Eles se desgastam mais rápido com um atrito.
34:21Questão que a Air Maria deixou de observar na elaboração do cronograma de manutenção do Twin Order que caiu.
34:27O cabo de aço inoxidável contém cromo, o que torna mais resistente à corrosão.
34:35Mas também contém níquel, o que pode torná-lo mais suscetível ao desgaste.
34:42Os resultados de laboratório confirmam que os voos frequentes ajudaram a desgastar o exterior do cabo de aço inoxidável.
34:49O aço inoxidável se desgastou como no Air Maria.
34:52O desgaste ocorreu devido ao atrito com partes do avião.
35:01Pode ser uma descoberta crucial.
35:03Finalmente uma explicação para o rompimento de um cabo essencial durante o voo.
35:10Os investigadores suspeitam que o atrito afinou tanto o cabo que este se rompeu quando Saint-Johen estava elevando o profundor para subir.
35:17Baixo demais!
35:18A princípio pensamos que o cabo havia se rompido devido ao desgaste.
35:25Foi a primeira impressão porque o desgaste era significativo.
35:34Bancharel testa a teoria.
35:37Ela recria a força utilizada por Saint-Johen ao puxar o nariz do avião para cima.
35:41Se ela estiver certa, o cabo desgastado tem que se romper.
35:47Mas isso não acontece.
35:50Quando realizamos o teste, observamos que com 50% de desgaste era preciso uma força.
35:56Uma força 10 vezes maior que a utilizada durante o voo nesta fase de retração dos flaps.
36:03Graças aos testes, concluímos que um cabo 50% desgastado suportaria a tensão de todo o voo.
36:14O cabo permaneceu intacto.
36:18Tínhamos que descobrir o que pode ter causado o enfraquecimento do cabo.
36:23Outro fator ajudou a romper aquele cabo.
36:25Mas o que?
36:29Os investigadores sabem que aviões muitas vezes apresentam danos de difícil detecção causados por pequenos impactos com veículos terrestres.
36:36Se o veículo do aeroporto acidentalmente colidiu com o profundor do avião, o impacto pode ter partido mais fios do cabo já desgastado.
36:55Boiard verifica os registros de ambos os aeroportos da rota do Twin Odds, o de Moria e o do aeroporto maior do Tahiti, onde o avião passa a noite.
37:05Obrigado.
37:07Ele precisa saber se o avião se envolveu em algum acidente.
37:11Nada.
37:12Nenhum impacto registrado.
37:14Não encontramos nenhuma evidência de impacto nas superfícies de controle, o que eliminou a possibilidade de contato com outro veículo durante o estacionamento noturno.
37:30Mais um beco sem saída.
37:32Não parece haver explicação para o rompimento de um cabo durante o voo.
37:37Até que Boiard nota algo na pista de taxiamento do movimentado aeroporto do Tahiti.
37:42Me diga, qual a proximidade entre esses jatos e os aviões da Air Moria?
37:52Nós nos concentramos no fenômeno do empuxo dos motores a jato, fenômeno denominado Jet Blast.
37:59Jet Blast é o poderoso fluxo de ar que sai dos motores dos jatos.
38:04Os ventos com força de furacão podem chegar a 160 km por hora.
38:09Um avião com plena puissance.
38:11Um avião em sua potência máxima, como um Airbus ou um Boeing, pode mover um avião pequeno que esteja a poucos metros.
38:20É uma força fenomenal.
38:21Os investigadores estudam a disposição do aeroporto do Tahiti.
38:35Eles precisam descobrir se os aviões da Air Moria podem ter sido danificados por Jet Blast.
38:41Muito bem.
38:42Os Twin Odders da Air Moria ficam estacionados aqui.
38:45Eles descobrem que a Air Moria estaciona seus aviões muito próximo a uma pista de taxiamento utilizada por jatos poderosos.
38:53Os aeroportos geralmente montam barreiras para proteger os aviões dessa força perigosa.
38:57Deveria haver barreiras para proteger os Twin Odders no aeroporto do Tahiti, mas elas foram removidas.
39:05Olha isso.
39:07É uma descoberta importante.
39:09Os jatos taxiam aqui.
39:11As barreiras foram removidas para facilitar a movimentação de um estacionamento ao outro.
39:19Não havia mais barreiras físicas para proteger os Twin Odders.
39:26Os jatos Airbus e Boeing ficavam a aproximadamente 50 metros de distância do estacionamento da Air Moria, muito próximo.
39:35Os aviões da Air Moria são estacionados bem na rota do Jet Blast.
39:41Este avião era estacionado numa área propensa a receber os fluxos de ar dos grandes cargueiros durante suas partidas.
39:52Chegamos então a essa hipótese de que havia grande probabilidade do cabo ter sido enfraquecido pelo Jet Blast.
40:00Alain Bouillard descobre que os aviões da Air Moria são particularmente vulneráveis ao Jet Blast devido a uma política de prevenção de acidentes da companhia.
40:16Os Twin Odders são estacionados com os profundores travados para baixo.
40:23É impossível decolar com os profundores travados.
40:26Era travado por um dispositivo que impedia a movimentação dos cabos e a movimentação do profundor.
40:34Mas em posição abaixada, os efeitos nocivos do Jet Blast provavelmente aumentaram.
40:41Os investigadores suspeitam que, como uma vela ao vento, os profundores inclinados absorviam toda a força do fluxo de ar, forçando ainda mais o cabo de elevação travado.
40:51Se os controles estão travados, a energia é diretamente transferida para o cabo.
41:00Eles agora se perguntam se o Jet Blast é suficiente para romper um cabo já desgastado.
41:07Outro teste com o cabo dá a resposta.
41:12Tínhamos um cabo desgastado em 50%, que ainda era capaz de resistir a uma grande tensão.
41:21Mas o fenômeno do Jet Blast tornou esse cabo tão frágil que restaram apenas um ou dois fios intactos.
41:32Em vez de partir o cabo ao meio, o Jet Blast deixou alguns poucos fios suficientes para o voo 11-21 decolar, mas não para resistir a rigorosos sete minutos de voo.
41:46Estavam por um fio.
41:47Se o Jet Blast tivesse danificado totalmente o cabo, o comandante Sancho Ren não teria conseguido tirar o avião do chão.
41:55Mas, já no ar, o comandante Sancho Ren e seus 19 passageiros estão a um estreito fio de um desastre.
42:05Os investigadores reproduzem as forças criadas à medida que o piloto ajusta os controles.
42:15O comandante Sancho Ren atinge 400 pés e recolhe os flaps, baixando um pouco o nariz do Twin Otter.
42:22Ele ajusta o profundor para nivelar.
42:24O suficiente para romper o último fio do cabo desgastado e danificado.
42:37Ele não teve chance.
42:39Concluímos que a força necessária para corrigir o nível do avião foi suficiente para romper o último fio.
42:51Não havia nada que o piloto pudesse fazer para salvar o avião e seus 19 passageiros.
42:57Dá para imaginar a reação dele.
42:59O que está havendo?
43:01O cabo se rompeu.
43:03O manche voltou.
43:05E, enquanto analisa a situação, o avião cai muito rápido e em poucos segundos atinge o mar.
43:21O acidente da Air Moria matou 20 pessoas.
43:27E mudou para sempre a vida das famílias das vítimas.
43:33Boyard e sua equipe deixaram a Polinésia Francesa determinados a tornar o voo em Twin Otters mais seguro.
43:42A primeira recomendação foi a verificação urgente de todas as aeronaves equipadas com cabos de aço inoxidável.
43:50Atualmente, em todo o mundo, os padrões de manutenção e vistoria de cabos de aço inoxidável são mais rígidos.
44:00A grande lição dessa investigação é, os jet blasts nos aeroportos oferecem risco.
44:07O desastre da Air Moria conscientizou todo o mercado do papel essencial que as barreiras de jet blast exercem na segurança,
44:17especialmente em aeroportos que comportam jatos grandes e pequenos aviões de passageiros.
44:21Eric Limar espera que seja o suficiente para impedir novos acidentes como esse.
44:29É a minha esperança.
44:33Do contrário, de que serviu esse acidente?
44:36Dezenove passageiros mortos e não aprendemos nada com isso?
44:41Seria uma vergonha.
44:43Sem dommagem.
44:43Obrigado.

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