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  • 26/04/2025
Tudo começa em 1785, com a chegada da pequena infanta espanhola Dona Carlota Joaquina de Bourbon a Portugal para casar-se com D. João VI, que à época atendia por Infante Dom João de Bragança. Já em 1808, após muita indecisão, D. João VI resolve transferir a corte para o Brasil, para fugir dos ataques e do poderio bélico de Napoleão Bonaparte. Em paralelo à história dos monarcas, se desenvolve o romance da donzela Manoela com Francisco Gomes, o Chalaça - um dos melhores amigos de Dom Pedro de Bragança.

Categoria

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Diversão
Transcrição
00:00O capítulo anterior, barraco. Muito barraco.
00:09Primeiro, um barraco a dois.
00:12Até a volta.
00:13Nem mesmo nos seus sonhos.
00:17Voltas sim.
00:19Sei que tu voltas.
00:21Depois, um barraco pra toda a corte.
00:24Um barraco pra Deus, Deus meu.
00:30Adjutorium nostrum in nomine.
00:35Só louco.
00:41Amor como eu amei.
00:48E pra finalizar, um barraco real.
00:52Não dizes que me ama no meio das rentas.
01:00Nesse caso, não tive culpa.
01:03Tinha certeza que era tu que beijava.
01:05Calma a boca!
01:07Desgraçado!
01:08Maldito!
01:10Não!
01:10Não!
01:11Para!
01:15Benedita, sua desgraçada!
01:17Ah!
01:22Não me tira.
01:23Caridade.
01:24Caridade, Benedita.
01:26Que tivesse caridade comigo e com Pedro.
01:30É culpa minha, se ele é um lúbrico.
01:32Deixe o remédio do papai pra ele!
01:34Desde quando um sátiro precisa de qualquer coisa para fazê-lo levantar as saias de uma mulher?
01:39Nunca!
01:40Com qualquer outra, menos contigo.
01:42Pedro me traz sim!
01:45Mas nunca com a minha própria irmã!
01:48Por que, Benedita?
01:50Por que?
01:51Pra me ferir?
01:52Pra ter tudo que tenho!
01:54Eu!
01:54Sempre roubaste tudo de mim.
01:58Até Felício!
02:00E só para jogá-lo fora, porque nunca o amaste!
02:04Viste como dói?
02:06O que dói...
02:08É ver que minha pior inimiga é minha própria irmã.
02:12Aquela que me disse que cuidaria de mim até o fim de minha vida.
02:16Ah, sim!
02:18Tornando-me um capacho onde pisa e sem dó!
02:22Pois xinga-me e segue tua vida.
02:25Mas nunca terás certeza se foi só um remédio.
02:29E nunca te esquecerás do corpo dele lá.
02:32Entregue ao meu!
02:33Desgraçada!
02:36Jesus!
02:37Essa mulher é louca!
02:38Mereceste sua rameira!
03:07Mereceste!
03:11Vem comigo!
03:12Vem-se-me numa irrascada!
03:13Ah, meu Deus do reino todo!
03:22Caso o condomitilha está decidido.
03:24Se a igreja colocar algum problema, fundo outra religião.
03:27Pedro!
03:28Estou a brincar.
03:29Quem fez isso foi Henrique VIII com sua Ana Bolena.
03:32Quem Henrique?
03:33Um primo distante.
03:34Olha, a esta altura a noiva já deve estar até no caminho.
03:36Pois volta a Europa nada.
03:37Ora, não vais repetir a criancice do casamento com a gorda.
03:40Sumias, bebia, ninguém sabia se voltavas só pra chamar atenção.
03:43Não me trates como criança.
03:44Então não ajas como tal.
03:45Essa mulher está a pensar que sou capaz de dormir com a irmã na cama dela.
03:48E és?
03:49Não foi uma coisa normal.
03:50Estava narcotizado.
03:50Ah, sei bem.
03:51O narcótico te enlouquece.
03:52O cheiro de uma calçola.
03:54Estava, Gomes.
03:54Mas nunca fui de esconder as meras que faço.
03:57Digo, errei.
03:58Pronto.
03:59Minha cabeça estava estranha.
04:00Tinha certeza que era com domitila que fazia.
04:02Por isso que Pedrinho chorava.
04:05Soltou-se.
04:06Ah, mas que maravilhoso narcótico é este?
04:10Que estamos com uma qualquer e acreditamos estar com uma deusa.
04:13Se o tivesse tomado na época de Leopoldino, terias um casamento felicíssimo.
04:18É sério, Gomes.
04:20Ela me pegou na cama com a irmã.
04:22Tenho que dar uma prova absoluta de meu amor.
04:23Pois invada um país e a punha como rainha, mas não jogue fora teu trono.
04:27Não fizeste correr sangue em Pernambuco para impedir que vendessem o Brasil?
04:30Foi a decisão mais difícil de minha vida.
04:32Mas viver sem domitila.
04:33Consegues viver sem ar?
04:34Domitila é meu ar.
04:37Princesa Amélia, queres enlouquecer-me?
04:39Não é evidente?
04:40Se vossa mãe sabe que eu te permito tal loucura, já pensaste se daí caes?
04:48Oh, meu Deus, estás machucada.
04:50Nem ouve tocar-me.
04:52Caí por maldição tua.
04:53Como se eu tivesse tal poder.
04:55Sou cigana, não bruxa.
04:57Pior que deve ser uma cigana renegada.
04:59Falaste-me num príncipe moreno, belo.
05:01Mas que culpa eu tenho se vossa mãe pôs a correr o enviado do homem?
05:05Falando nela, ela quer falar-te.
05:08Cara comprida?
05:09Compridíssima.
05:11Ai, que bom, minha querida.
05:13Tenho um assunto muito sério a tratar contigo.
05:15Espero que estejas adulto o suficiente.
05:19Vamos ter de deixar o castelo.
05:21Por quê?
05:22Qualquer um percebe que não se conserta mais rasgos em tecidos, as cortinas estão a cair.
05:26Não, péssimos serviçais apenas.
05:30Lembra daquele homem que cá esteve propondo o casamento?
05:33Aquela história ridícula do imperador sei lá de onde?
05:36Nunca mais pensei nisso.
05:37Ademais, não tenho a mínima intenção de casar, me deixar a senhora ou Augusto.
05:41Pensei antes em estudar.
05:42Tenho recebido cartas, informações.
05:45O citado príncipe é vítima de muitas calúnias.
05:48Seus opositores espalham mentiras a respeito de...
05:51Não estás a falar a sério.
05:52Filha, não me interrompas.
05:54A senhora não pode estar pensando nisso.
05:56Não pode querer casar-me com um total desconhecido?
05:58Com um louco que inventa para si um império sobre o qual conta as histórias mais terríveis?
06:02A senhora não pode estar pensando nisso.
06:04Amélia!
06:05Papai, mas o que faz com que ainda não corrija o jornal?
06:09Um crime na realeza é uma manchete e tanto.
06:13Se bem que de realeza essas duas só tem um membro imperial.
06:16Ah, como é que sabes?
06:18Não ouvi-te a gritaria?
06:19E tiro de irmã contra irmão é caso de herança ou é de homem?
06:23Tenho certeza que agora já está tudo seguro.
06:25Isso é escândalo para muita gritaria e pouco tiro.
06:29Mas esse imperador, hein?
06:32Deve ser assim uma coisa assombrosa para causar tantas leuas.
06:35Ai, papai, nem me fale.
06:38Se tem uma coisa que eu não me perdoo, é essa falha no meu corriguinho.
06:42A perdida descobriu que a irmã estava grávida e atirou nos dois, mãe e filho, com uma bala só.
06:47E agora correu aqui e dá só para matar Dom Pedro.
06:49Ai, Dom Pedro, não!
06:51Dom Pedro, não!
06:52Dom Pedro, não!
06:53Não!
06:55Vocês acham que as meninas cansam, pois não?
06:59Cristo rei!
07:00A Domitila e a vagabunda da irmã morreu, ao menos?
07:03Vara na hospital da escola de medicina.
07:05Dizem que é grave.
07:06Foi tudo por Dom Pedro.
07:07Mas Domitila o pegou no leito com a outra.
07:09E ele saiu vivo.
07:10Pra ver, se fosse contigo, estavas morto uma hora dessas com ele.
07:13No máximo, seus filhos com Domitila terão um primo que é irmão.
07:16E as duas a se dar tiros por ele.
07:18O homem deve banhar as partes em mel.
07:20E Domitila?
07:21Fugiu.
07:21Ai, que se há de apagar este incêndio.
07:23Antes que ele incendie os penteiros do imperador.
07:27Mas ela está viva, menos mal.
07:30Mas viva, mas em que estado, senhor Gomes?
07:33Veja só em que estado.
07:35O imperador terá de entenizar-me se não utilizar uma filha.
07:39Mas pelo que se vê, ela não foi total.
07:41Ela tentou matar-me.
07:42Ora, e Dom Pedro dizer que Domitila tinha boa mira.
07:45Dom Pedro, pois, aprendeste duas filhas minhas.
07:49Duas filhas.
07:50Não, não.
07:50Oh, Castro, esse trabalho fizeste tu mesmo há algum tempo atrás.
07:54Minha bela.
07:55Estás muito bem.
07:56Pra quem arrastou a cama, o amante de tua irmã.
07:59Ai, que não posso assentar-me.
08:01Agora sei onde a bala pegou.
08:03O importante é negarmos tudo.
08:04Pois não, tirar a milícia desta história.
08:06É difícil.
08:07Há uma testemunha que tudo presenciou.
08:10Uma que é amante do cálper, Alfaiate.
08:11Oh, meu Deus.
08:12Testemunhas estragam tudo nestas horas.
08:15Alguém sabe ao menos onde mora essa tal.
08:19Oh, menina.
08:20Abra esta porta.
08:21Que é o conselheiro Gomes que quer vê-la em nome do imperador.
08:24Eu não posso abrir a porta.
08:26Eu não encontro a chave.
08:28Em respeito à minha longa vida, arrume outra desculpa melhor.
08:32É imperativo que abras.
08:34Eu não vi nada.
08:36Eu não posso.
08:36Eu juro que eu não vi nada.
08:38Mas quem falou em ver alguma coisa?
08:40Abre, Santinha.
08:42Abre.
08:43Não acho que dá pegar a chave geral que esta testemunha tem que sumir de algum jeito.
08:46Italiana, não se brinca com uma coisa séria.
08:48Tem o cara de quem está abrindo cá?
08:50Não pode ser.
08:51Atirar na irmã?
08:53Do mentira acaba com a própria vida.
08:54Torna-se uma criminosa.
08:55Conheces bem as mulheres.
08:57Escolhes bem também.
08:58Tudo culpa minha.
08:59De uma certa maneira, fui eu que pus aquele revólver em sua mão.
09:02Que eu saiba, puseste outra coisa.
09:04Que atira também.
09:05Sim, mas a semelhança para...
09:07E foi a vista da gente, sim.
09:08Em pleno passo.
09:10Discretíssima mulher.
09:11Fizeram alguma coisa com ela?
09:13Sei, alguém engoliu.
09:14Ela sumiu.
09:16Mas não te preocupes.
09:17A milícia está aqui para te proteger.
09:20A mim?
09:20Um safado, duas mulheres e um revólver é equação de resultado já conhecido.
09:27Isso é ridículo.
09:28Ela não tentaria nada contra mim.
09:33Pobrezinha.
09:34Imagina o grau de desespero que ela estava.
09:36Uma mulher tão delicada.
09:37Delicada, feita um paquiderme.
09:41Ganha da rainha Carlota no campeonato de quebra ao vaso.
09:45E se conheço bem aquele gênio, cuidado, hein?
09:49Porque ela sabe muito bem onde mirar-te.
09:52Tu deve estar desesperado, escuta-lhe por aí.
09:54Dom Pedro, por favor.
09:55Agora não, Plácido.
09:56Tenho de encontrá-la.
09:57Mas é importante.
09:58Sacrifica.
09:58Dá-lhe um tiro na testa.
09:59Como?
10:00O cavalo que está doente.
10:01Não é disso que falas a metade do tempo?
10:03Estou com doente.
10:03Para fora, Plácido.
10:05Ou entende-se?
10:08Está precisando de um pinico.
10:11Dom Pedro, eu estou com a doente.
10:21Eu não queria tirar, juro.
10:23Tira só para assustá-la.
10:24Eu sei, claro que sim.
10:25Mas é que ela pegou no meu braço.
10:26Começamos a lutar.
10:27Calma, respira.
10:28Assim faz nome dele.
10:28O cavulho foi horrível.
10:30Por um instante eu não sabia o que estava acontecendo.
10:31Daí quando vi, eu estava louca, fora de mim.
10:35Eu fiquei com tanto medo do que me dirias.
10:37O que posso dizer?
10:38Se tudo começou por minha culpa.
10:40Percebi as intenções de tua irmã.
10:42Mas julguei que me fazendo de bobo, consegui acontornar a situação.
10:45É difícil de acreditar.
10:47Mas olha, não era dona de mim mesmo.
10:51Eu sei que falas a verdade.
10:52É isso que mais me dói.
10:54Acreditas mesmo em mim?
10:54Claro.
10:55Sei até o que é desgraçado usou para deixar-te naquele estado.
10:58Eu fui tão injusta contigo.
11:00Eu não acredito em mim.
11:03Esquece.
11:04Sabes que te amo, não sabes?
11:05Um amor que não mereço.
11:07Que só retribuo com vasos, gritos, cobranças estúpidas.
11:11Me retribui com o maior amor do mundo.
11:14Que não sei se mereço.
11:17És muito bom porque eu te mereço, Pedro.
11:19Eu é que não acredito que estás nos meus braços.
11:21A mulher mais linda do mundo que poderia estar com qualquer um.
11:25Mas por um acidente do destino está aqui comigo.
11:27Tens que trocar-te.
11:38É sangue.
11:39Mas Sheet, não foi?
11:42E não só tua roupa?
11:44Afinal, a amante do imperador não podia estar envolvida num crime.
11:48Isso dá-se um jeito.
11:49Como dá-se um jeito, Pedro?
11:50Todos viram.
11:51Não importa.
11:52Acontece o que acontecer, eu te defendo.
11:53Perdão, Dom Pedro, mas a milícia invade a quinta e estão a vasculhar tudo.
11:59E como permite que eles entrem?
12:01Esta é a minha casa.
12:02Lá à frente está o Bonifácio.
12:04Diz que é uma exigência da Assembleia e que a ela até o imperador se curva ou então...
12:07Ou então?
12:09Ou então destitui-se o imperador.
12:11Ou então destitui-se o imperador.
12:41Ou então destitui-se o imperador.
13:11Não, Pedro, não cometas essa loucura.
13:18Pelo amor de Deus, olha a tua posição.
13:19Tira ela daqui, Plástico.
13:20Não, não, é tarde.
13:21Já estão entrando nos quartos.
13:23Então cuida dela tu.
13:24Como?
13:25Ué, não és esperto o bastante para roubar metade das joias da coroa nesses anos todos
13:29sem que te impeçam?
13:29Pensa horas.
13:30Não, espera.
13:33Espera.
13:34Da maneira que pegas a moça, você acredita que é possível engoli-la, mas eu não sou
13:39tão pretenciosa como tu.
13:41Estou em incomodar as crianças.
13:42O que é?
13:59Nunca viu, é?
14:00O que é isso?
14:06Um golpe do Estado?
14:07A milícia só está aqui para proteger-vos da acelerada.
14:12Se não o fizesse, o clamor popular...
14:15Um clamor que cultivastes com discursos e artigos contra mim da mitila.
14:19Um representante popular é apenas o condutor das ânsias de um povo que lhe deu um mandato.
14:26Um mandato que conseguiste posando sempre ao meu lado.
14:29Nem os meus decretos conseguiria assinar se não fosse por ti a conduzir a minha mão incapaz,
14:33não?
14:33Nunca desrespeitei vossa autoridade.
14:36Não.
14:37Prefere desrespeitar o meu lar.
14:39Por milicianos assustar meus filhos.
14:42A criminosa pode muito bem estar aqui.
14:45E, com certeza, soubestes a cena de sangue criada pela Marquesa.
14:52Que será devidamente ressaltado num enorme discurso, com certeza.
14:55Por que não vai prepará-lo?
14:56Poderia muito bem se aproveitar do fato de ter vivido aqui para buscar um esconderijo.
15:01Realmente há lugares suspeitos onde caberia aquela mulher enorme, como o vosso estômago, por exemplo.
15:07Cuidado, Giovanna.
15:08Ele pode transformá-la numa estátua de sal somente com a fala.
15:11Aliás, se a moça realmente está escondida aqui, por que não comece a discursar?
15:16Dou 15 minutos para o desespero dela se apossar e ela se entregar.
15:19Eu não admito.
15:20Quem não admite sou eu.
15:22Me conheces.
15:24Queres que eu tenha um ataque de cólera e mande prender os milicianos e a ti?
15:28Aí, a manchester de amanhã será garantida?
15:31Pois que a tudo vasculhem.
15:33Que ninguém acuse o imperador de acobertar ninguém.
15:36Vamos.
15:45O que fazes aí, parado?
15:51Tire da mentira da quinta, não importa para onde.
15:53Mas não é mais possível.
15:54O desgraçado trouxe um regimento inteiro, cercam todas as saídas da quinta.
15:58A rameira está aqui?
15:59Miguel!
15:59Abre, menina, abre!
16:03Dá-me cá logo esta chave, que esta menina já cansou.
16:06Conselheiro, deixa a moça em paz.
16:25O que tem com isso?
16:26Eu quero conversar com ela.
16:27E usar a tua lábia para convencê-la a não testemunhar contra a morte do imperador assassina.
16:31A desastrada, no máximo, porque se for verdadeira a história, ter acertado um tiro, queimado
16:36a bunda da irmã, é pouco pelo que aquela safada fez.
16:39E até provem ao contrário, são mexericos de solteironas que testemunhas confiáveis
16:43não há.
16:43Queres impedir acusações da criminosa?
16:45Para que ela nem se dê o trabalho de levantar-se do leito de Dom Pedro?
16:48Quero só falar com a moça.
16:50É crime.
16:51E quem quer só falar?
16:52Corre assim?
16:52Ora, mas você tem que fazer minha voz penetrar naqueles ouvidos e eles dando uma correr
16:56com aquelas inconvenientes pernas.
16:57Fico eu aqui parado?
16:58Tentas impedir a investigação de um crime.
17:00Tento impedir que besteiras de mulheres transformem-se de modo vil em um golpe de Estado.
17:05Achas que te mandarias aos braços de um barba azul se em ti não confiasse?
17:11Admites que o homem é terrível.
17:14Nunca ouviste que a beleza é capaz de amansar o pior dos monstros?
17:19Não.
17:20Mas ouvi que a pobreza destrói qualquer convicção.
17:24Pense um pouco.
17:25A pior acusação que fazem dele é ser mulherengo.
17:28Ele deve ter lá as suas razões.
17:31A falecida era muito feia.
17:34É evidente que um homem desses ia buscar consolo fora de casa.
17:38Dizem que ele não resiste a um rosto bonito.
17:42Então como há de resistir a ti?
17:44Mãe, eu li.
17:46Ele tem até filhos com a tal outra.
17:47E eu não sei como se fazem essas coisas.
17:51Que coisas?
17:53De mulher, mãe.
17:54Como vou encantar um homem que já tem tantos filhos?
17:57Que já viveu tanto?
17:59Sei que é um homem jovem, mas tantos filhos.
18:02Estarás pronta até partires.
18:04Como partir?
18:06De Monique?
18:08Mãe?
18:10Vendeste-me?
18:10Não é me ofendendo que terás uma vida muito fácil.
18:15Eu não vou.
18:17Eu não vou.
18:19Nem arrastada, não vou.
18:21Eu não vou.
18:24Por obsequio, toma.
18:27Sim.
18:27O menino está todo molhado.
18:38Ah, espero que não o coloques na masmorra por isso.
18:43Na casa ela não está.
18:44Não está?
18:45Procuraram direito debaixo da minha cama?
18:47Há sempre umas três ou quatro mulheres por lá.
18:49Isso não é motivo para brincadeiras.
18:52Não.
18:52É motivo para o imperador sentir-se ofendido.
18:54Já tens uma história para contar a seus sobrinhos
18:57o dia que humilhaste um rei?
18:59Passa daqui.
19:00As atribuições do poder legislativo...
19:02São criar leis que tornem a vida mais justa.
19:05E não apenas para dificultar o trabalho de um monarca.
19:09Basculharam bem as minhas cerolas?
19:11Então basta.
19:13Vamos.
19:13Homens.
19:15E se me desrespeitares novamente,
19:16não há discurso no mundo que me impeça de partir vossa cara.
19:24Entraram no estábulo.
19:30Não, não.
19:30Que a italiana teve uma santa ideia.
19:32Mandou-me retirar os estercos das baias
19:34e colocá-lo na frente assim no estábulo.
19:37Os homens fugiam do local como o diabo à cruz.
19:41Sim, é uma ideia fácil de ter
19:44depois de cuidar de vossos filhos tantos dias.
19:47Abrigas uma criminosa.
19:48Não tens limites?
19:52Pelo que ela tem entre as pernas,
19:54põe teu reino a perder.
19:55Cala!
19:56Cala-te, Miguel.
19:58Se falares mais uma vez assim dela,
20:00expulso-te dessa casa e nunca mais vives.
20:15O pior foi contornado.
20:17A maldita testemunha desapareceu.
20:20A própria Benedita desmentiu tudo.
20:23Como se alguém acreditasse.
20:25Pode não ter mais milícia na história,
20:26mas mal está feito.
20:27Ou não?
20:28Feitíssimo.
20:29Não há mínima chance de D. Pedro casar-se com Domitila.
20:32Mas ele sabe disso?
20:33D. Pedro agora vai ter que escolher
20:35entre ser um homem
20:36ou ser um rei.
20:43Achei que me arrastava, mas morri nunca mais te via.
20:46Não tem que arrastar em contigo.
20:48Por que não me enfias Bonifácio na cadeia?
20:50Porque metade do país acredita que no gris da independência
20:53ele estava sob o meu cavalo
20:55a ensinar minhas palavras.
20:57Acham que como ele é brasileiro
20:58e eu, português,
20:59é o verdadeiro interessado no bem deste país.
21:02Mas agora tudo passou.
21:04Até sua irmã já está bem?
21:05Ah, e achas mesmo que essa é uma boa notícia pra mim?
21:08D. Pedro.
21:08Nada passou, Pedro.
21:11Eu destruí a tua vida.
21:13Salvaste a minha vida.
21:16Quando provou-me que o amor existe,
21:18não importa o que me deem a beber,
21:21um homem do meu tamanho não pode ser arrastado a uma cama.
21:23Eu fui a injusta e louca.
21:26Ser um imperador tinha que saber quais eram os meus limites.
21:28Agora vais me pôr pra fora, não vais?
21:35Ficas em São Paulo até a criança nascer.
21:38E com a milícia não te preocupes.
21:40Mas os jornais vão perseguir-te, não há dúvida.
21:45Longe de ti?
21:47Longe de todos.
21:49Eu mesmo te levo.
21:50Não!
21:52Não, Pedro.
21:53Um rei não só ia cavalgar escondido na noite.
21:55É tudo que vossos inimigos esperam.
21:57Está certo.
21:57Lá se tu te leva.
21:59Em minha vida, tudo é política.
22:02Tudo é público.
22:03É a última vez que te vejo?
22:05Nem que eu morresse, meu fantasma ia em busca de ti.
22:08Ia te pedir em casamento.
22:09Eu sei.
22:12Estava nos seus olhos.
22:13Sou louco.
22:19Amor como eu amei.
22:22Sou louco.
22:27Quis o bem que eu quis.
22:33Quis o bem que eu quis.
22:35Ah, hoje eu te sirvo.
23:00Mereces.
23:02Obrigado.
23:07Só não deixe ninguém entrar.
23:09Ora, pois.
23:10Oh, insensato coração
23:20Por que me fizeste sofrer?
23:28Por que de amor para entender?
23:32Como não me encontraram noiva alguma?
23:46Acham o país muito quente, Pedro.
23:49A idade das moças.
23:50Muito longa.
23:51Chega!
23:52O que é a verdade?
23:54Bem, a verdade...
23:55A verdade é que tens uma fama que é uma desgraça.
24:01Sim.
24:02Dizem que tenho mil amantes, que não posso ver uma mulher passar que me põe a salivar.
24:06Mas isso não atiça a curiosidade romântica nem de uma princesinha que seja?
24:16Não.
24:16Pedro, fogem de ti feito o diabo da cruz.
24:19Levar-se o retrato meu para que vissem que não sou beócio nem toto?
24:23Acham-te um pouco preto com este sol todo.
24:27A maioria bateu minha porta na cara.
24:30Espalhou-se até a calúnia de que vossa esposa faleceu em virtude de um pontapé.
24:35Que haverias desferido contra ela.
24:38Coisas da turma de Bonifácio, invenções, mais calúnias, Pedro.
24:43Quando pegam, tu sabes bem.
24:45O ser humano prefere acreditar no pior.
24:47Sente-se assim melhores que os outros.
24:49É questão de domiti-la.
24:51É difícil de contornar.
24:53O que é um paradoxo, já que não faltam contornos apotracáveis.
24:58Pois volta e traga-me uma noiva.
25:00Nem que para isso tenha que contratar mercenários que atome a força.
25:03Pegue!
25:04O Shakespeare fica contigo, que é o mais íntimo dele.
25:10Preciso de uma noiva nobre para te fregar na cara da Europa toda.
25:13E não esqueça das minhas quatro condições.
25:16Que seja nobre, pois não.
25:18Que seja honrada.
25:19Que seja digna.
25:20Que seja digna e que seja bela.
25:23Isso.
25:23E se continuar difícil, nas três primeiras condições, esquece.
25:27Mas que seja bela.
25:28Decidi-me, mamãe.
25:35Aceito o pedido do Barbazú.
25:37Amélia.
25:38Estás a me provocar?
25:39Não.
25:40Quero é decidir tudo de vez.
25:42Separar-me da senhora é um grande sacrifício.
25:43Entregar-me a um desconhecido de má fama é outro.
25:46Quero, portanto, em troca,
25:47que o imperador se comprometa a restituir o título de nobreza que era de meu pai é Augusto.
25:52Menina!
25:53E quem diz que ele aceita exigências?
25:55Com a fama que tem, não há de conseguir noiva melhor.
25:59Dois rotos sabem como apoiar um ao outro.
26:03Amélia.
26:04Eu não aceito teu sacrifício em troca de um título.
26:10Não me interessa ser um nobre se nada sem ti.
26:12Deixa de ser bobo.
26:14Primeiro vou eu e depois vai tu a morar comigo.
26:16É uma terra como nos livros de pirata que tanto liamos.
26:19E juras que estás feliz?
26:21Que moça da Europa pode dizer que tem uma aventura como esta na porta de seu destino?
26:26Qual tem a chance de ser uma rainha?
26:28Daquele inferno.
26:29Pois que seja rainha do inferno.
26:31Rainha não.
26:32Imperatriz.
26:34Imperatriz do fim do mundo.
26:37E vamos ver se a barba dele é tão azul assim.
26:41Dom Miguel.
26:43Dom Miguel.
26:43Ai, que insistes.
26:45Eu não li nada, não.
26:46Mas, Dom Miguel, o Voltaire que deixei-vos é fascinante.
26:49Tudo para vós é fascinante.
26:51Entenda?
26:52A minha maneira de ver a vida alterou-se para sempre.
26:54Depois que...
27:02As três.
27:03As três, mas não de uma vez só que uma pode saber da outra.
27:06Estou necessitado de novidades.
27:07Estou necessitado de um médico.
27:09Sem falar que coisas novidades podem haver no reino.
27:11Já pegaste todas.
27:12Sempre há novidades, Plácido.
27:14Ó, como a autora deste bilhete.
27:16Cara, deixe-me ver.
27:18Vamos ver.
27:20Quando vos vejo a correr e vosso corpo a brilhar, o incíndio toma conta de mim.
27:24Ah, para, para.
27:26Que só de ouvir ficou louco.
27:28Não diz o nome.
27:30Mas diz aqui que a vejo todos os dias que corro.
27:32A mulher com a baçona nas mãos.
27:34Não.
27:42Juvenal.
27:43Volta aqui, Juvenal.
27:44Que assunto tão importante pode ser?
28:01Eu preferia esperar o meu marido voltar da fazenda, mas o mensageiro insistiu que era coisa de urgência.
28:06O imperador informa, senhora.
28:08Majestade.
28:14Vejo que atendeste o meu chamado.
28:16Devo esperar lá fora?
28:17Imagina que não sou de cerimônias.
28:20Necessito de vossa ajuda.
28:21Não sabes o quanto necessito.
28:25O conselheiro Gomes já tem cargos demais.
28:28Não tem tempo para miudezas.
28:31Preciso de alguém para anotar minhas cartas, agendar minhas audiências.
28:35E por que escolhes a mim, majestade?
28:38Quem mais qualificado que a mulher de mais belos lábios da corte?
28:47Que isso?
28:48Não és casada?
28:49Como não sabes?
28:50Larga-me!
28:52Por que se escrevesse que eram esses braços que queria...
28:54Tô vendo?
28:55Larga-me!
28:56Se era justamente o que sentia pulsar, que dizias querer tocar!
29:01Socorro!
29:02Que isso, menina?
29:03Tem crianças na casa.
29:05Socorro!
29:05Socorro!
29:11Socorro!
29:12Menina, por que...
29:13Cheguitas!
29:14Calma!
29:18Menina!
29:24Socorro!
29:24Ai, que me agradam as difíceis!
29:32Papai, leste isso!
29:35Mas o que é que escrevi de errado?
29:37Ah, não.
29:37Porque é de matar.
29:39Ter que escrever de dia a favor e a noite contra o imperador porque a oposição paga melhor.
29:44Ah, família de Domitila sai de urgência da corte e deixa aí tudo largado.
29:50Aquelas joias todas que o garoto real deu pra ela.
29:54Ai, lá, tão sozinhas.
29:58Ah, não, filha.
29:59Nem penses nisso.
30:01Tchau, tchau, tchau, tchau, tchau.
30:31Como é fácil fazer armadilhas a ratos.
30:39Não tenho um belo estilo.
30:42Quando escrevo jornais.
30:48E se por vir sem isto.
31:01Lembras quando falei que ainda ias ganhar uns trancos da vida?
31:16Pois então, chegou a hora.
31:19Deve uma joia ou outra.
31:31Domitila nem notará a salta.
31:33São tantos mesmo.
31:34Até as joias que me dás são de outra.
31:36Não te dou joias.
31:38Essas sabes muito bem onde encontrar e consegui-las.
31:40Dou-te um homem.
31:41Coisa que sem dúvida estava a faltar entre teus vários maridos.
31:46Só estou nesse leito porque me obrigaste.
31:49Sei, obrigada.
31:51Vou deixar alguns anéis sobre minha mesa de cabeceira.
31:53Assim terás desculpa para viver-me.
31:55Perderia meu tempo de vontade própria
31:57com um ninguém que depende do imperador até pra comigo?
32:01A veres como és mais baixa do que teu nariz almeja ser.
32:04Ainda acabo contigo.
32:06Promessas.
32:08Promessas.
32:34Também não é tão grave assim.
32:45Mas claro que é.
32:46Podia ter vos matado um atentado político.
32:49Deve ser coisa do Bonifácio, pois não?
32:51Temos de vingá-lo.
32:52Vamos pendurar o cretino num gancho
32:54em cima de uma serra de marceneiro
32:57com as pernas afastadas.
32:59Vai chegando.
33:01Chegando.
33:01Mas também não é pra tanto.
33:03Não preciso de nada disso.
33:05Já mandei trazer o responsável
33:07e eu mesmo me entendo com ele.
33:10Então é ele um perigoso republicano?
33:13Ou um marido zeloso,
33:14vítima como eu de um engano?
33:16Vosso engano.
33:17De acreditar que cada mulher desse reino
33:18é vossa por direito.
33:20Ainda canta de galo.
33:22Quieto.
33:23Não foi só minha pretensão.
33:25Recebi este bilhete
33:26com um convite bem claro.
33:29anseio por seus braços fortes
33:35a prender os meus.
33:36Essa boca gulosa
33:37a sugar-me a seiva.
33:38Ai, que está ficando interessante.
33:40Depois piora um pouco
33:41quando fala dos pais.
33:43É a letra de vossa esposa?
33:44É, claro que não.
33:46O que depois percebi?
33:47Como vossa esposa varria
33:48à frente de vosso lar
33:49e o bilhete dizia
33:50que a mulher estaria desta forma
33:52para que reconhecesse?
33:53Dona Felizarda.
33:56Varre a calçada
33:57por horas e horas
33:57todas as manhãs
33:58justamente quando passais a correr.
34:01Dona Felizarda.
34:02Estais a ficar decadente.
34:04Peço-vos desculpas
34:05por ter sido um cafajeste.
34:07E nada tens a temer da milícia.
34:09Se bem que da próxima vez
34:10enfrente-me de igual para igual.
34:12E não se esconda
34:12atrás de paus mandados.
34:15Conto com vossa indulgência,
34:16imperador.
34:18Dona Mariana,
34:20consentiria em trabalhar para mim?
34:22Eu?
34:23São poucas as mulheres honestas
34:24o suficiente
34:25para se negarem a um governante.
34:27É de um caráter firme
34:28que meus filhos precisam
34:29para uma governanta.
34:33Magistãs,
34:34viste o sorrisinho?
34:36Ora, pois,
34:37ele vai levar esta também.
34:39Senhora Manoela,
34:41a vossa presença
34:41faz mal ao meu lar.
34:43Burra!
34:49Devias dar graças a Deus
34:51por eu não vir pedir
34:52nem uma vaga no hotel
34:54e nem um prato de comida
34:55ao contrário de tantos outros.
34:57Esposa de fazendeiro,
34:58mas sua real vocação
34:59é dona de albergue.
35:02Senhora Manoela,
35:04eu espero não ter que...
35:05Repita à vontade.
35:07Se estás para livrar-se
35:08de tantos hóspedes
35:09e o scalper já arruma
35:10um quarto no hotel,
35:11é porque consegui dinheiro
35:13para o...
35:15homem.
35:16Mariana,
35:18pode deixar.
35:25Menina,
35:26quantas vezes já te disse...
35:27Não sou mulher
35:28de ficar à espera na esquina,
35:29só desejo saber uma coisa.
35:32Francisco Gomes,
35:34aceitou o empréstimo?
35:34Relutou no início,
35:35mas não tinha outra saída.
35:37Vive a pagar por festas,
35:38gosta de impressionar
35:39D. Pedro com presentes.
35:42Perde-se pela mão solta.
35:44Então ele agora deve a mim
35:46e não sabe.
35:50Coitado.
36:09Mas o que é isto?
36:18Larga-me que não soube tua larga.
36:20Mas a princesa Amélia,
36:21a única coitada
36:21que aceitou casar-se
36:22com meu irmão,
36:23está a chegar.
36:23E nada dele.
36:24Ora, mas o desgraçado
36:26gosta de se fazer notar,
36:27pois não.
36:29Ah, não, não,
36:29não teria ele corrido
36:30para ver domití-la.
36:32Ou teria?
36:39Não, não, não.
37:09Não, não, não, não.
37:39Não, não, não, não.
38:09Não, não, não, não, não.
38:39Ah, e alguém conseguia?
38:41Estava aqui ao rolar na cama
38:42lembrar de domití-la.
38:44Chega a vossa nova esposa
38:45no porto.
38:46Caramba,
38:47a coitada nem me conhece,
38:48já queres que a decepção
38:50de algo não chegar?
38:52Minha calça, velho.
38:56Mas para que a pressa
38:57se o inferno me espera?
38:58Se da primeira vez
38:59só me conseguiram Leopoldina?
39:00Agora que sou o verdugo
39:01dos trópicos,
39:02o que me espera?
39:02por Cristo que não seja
39:05outra gorda a rearmos.
39:06Pode ser Zaro,
39:07Alia Plácido.
39:08Ou um coxa.
39:09Ou curcunda.
39:11Jesus.
39:11Ou a mamada.
39:13Jesus.
39:13Ai,
39:14Plácido.
39:15Mas há rosas vermelhas
39:26se quer ir por todo lado.
39:28O imperador foi bem claro.
39:30A princesa Amélia
39:31adora a cor rosa.
39:33Tinha que ser todas
39:33em cor rosa.
39:39Preocupação ridícula essa.
39:41Se Pedro nem se dá o trabalho
39:42de vir buscar a tonta.
39:45Essa há de sofrer
39:46mais do que a gorda.
39:47Não acredito que não,
39:48amarga alteza.
40:06Meu marido, Dom Pedro?
40:12It had to be you
40:29It had to be you
40:33I wandered around
40:36And finally found
40:38There's somebody who
40:40Could make me be true
40:44Could make me be blue
40:48Or even be glad
40:52Just to be sad
40:54Thinking of you
40:56Some others I've seen
40:59Some others I've seen
40:59Might never be mean
41:03Might never be cross
41:07Or try to be boss
41:09But they wouldn't do
41:11Cause you
41:13Tell me
41:14You
41:15You
41:17You
41:18You
41:18You

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