Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • ontem
No programa "Visão Crítica", o economista Samuel Pessoa (FGV Ibre) fez previsões sobre a economia brasileira em 2026 e comparou o momento com a crise econômica de 2014, durante o governo Dilma Rousseff.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/-MTIJ4WXmXk

Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan
#VisãoCrítica

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Deixa eu colocar uma questão para o Samuel.
00:02Samuel, eu vou ler um trecho do seu artigo na Folha de São Paulo, no último domingo, para ser fiel.
00:07Porque eu poderia falar de improviso, mas para ser rigorosamente fiel ao que você escreveu no último domingo.
00:16Você diz, em certo momento do seu artigo, o modo petista de governar é forçar a economia a operar além dos seus meios.
00:24Gera uma queda insustentável do desemprego.
00:26Os salários se elevam acima da produtividade, a rentabilidade do setor privado se reduz, as exportações líquidas caem e a inflação de serviços se eleva.
00:38Todos esses fatos têm ocorrido.
00:41E conclui lá no final.
00:43O ajuste da economia no final de 2026 promete.
00:47Cada vez mais, 2026 se parece com 2014.
00:52Por quê?
00:53Porque o tema é sustentabilidade.
00:57Então, se a gente pegar a janela, inclusive, que o ministro era ministro de 2007 a 2013,
01:02eu paro em 2013 porque em 2014 começou a crise, segundo o Codace.
01:07De 2007 a 2013, o superávit primário estrutural da União, segundo a instituição fiscal independente,
01:14saiu de um superávit de 2 para um déficit de 0,8.
01:17As exportações líquidas saíram de um superávit de 3,8 para um déficit de 4,3.
01:30Uma piora de 8,2 pontos percentuais do PIB nas exportações líquidas.
01:35Os salários subiram 40 pontos percentuais acima da produtividade do trabalho,
01:40medida pelo Observatório da Produtividade da Fundação Getúlio Vargas.
01:46E a rentabilidade do setor privado, eu estou usando uma medida que vem das empresas abertas,
01:52eu uso geração de caixa, lagida com proporção da receita operacional líquida,
01:57é uma medida de geração de caixa.
02:01Saiu de 27% em 2005 para 16% em 2013.
02:07Então, se você tem uma trajetória, um equilíbrio macroeconômico em que o superávit primário cai,
02:13as exportações líquidas caem, os salários sobem além da produtividade,
02:18e a rentabilidade do setor privado cai, em algum momento vai ter um ajuste.
02:23Então, essas quatro estatísticas que eu elenquei aqui, que ocorreram entre 2006 e 2013,
02:30elas expressam a insustentabilidade daquela política econômica.
02:33E agora a gente está mais ou menos fazendo a mesma coisa.
02:38Por que que isso acontece?
02:39Eu até entendo o que eu chamei de jeito petista de governar,
02:44ou em outro artigo eu chamei de progressismo,
02:46é levar a economia a operar além dos seus meios.
02:50Isso gera, pode gerar durante um bom tempo, uma percepção que as coisas estão em ordem.
02:59Só que desequilíbrios vão sendo construídos e quando a conta chega,
03:03ela pode chegar mais ou menos salgada.
03:06É nesse sentido que eu acho que tem uma semelhança de 2026 com 2014,
03:11provavelmente 2027 com 2015, com muito menos intensidade no meu entender,
03:16porque os desequilíbrios se acumularam em menor intensidade.
03:20Felipe, justamente pegando esse caminho, como é que você desenha?
03:25Eu sei que nós não estamos no oráculo de Delfos, na Grécia Antiga,
03:30mas, porém, é possível desenhar alguns cenários.
03:35Alguns falam, inclusive, que o presidente Lula pensaria duas vezes ser candidato à reeleição,
03:40temeroso do que poderia ocorrer caso vencesse no seu quarto governo,
03:45a partir de 2027, se isso se vencer a eleição em 2026.
03:49Como é que o CDC acredita nesse cenário?
03:52Ou seja, eu, grosso modo, numa linguagem mais simples, próxima do senso comum,
03:57alguma coisa assim, 2015, 2016, tenha sido o pior biennial da história econômica republicana.
04:04Com dois anos muito difíceis, com o crescimento negativo do PIB.
04:09Em seguida, nós tivemos o crescimento negativo nos anos 90, nos anos 80, inclusive, também.
04:14Mas, para pegar a questão mais contemporânea,
04:17será que, por uma linguagem para que todos nos entendam,
04:19não estamos vivendo um momento ilusório, de alegria,
04:22e a conta vai ser paga daqui a pouco?
04:24Eu acho que é uma boa questão, porque, quando a gente olha o crescimento de 2004 a 2011,
04:31houve um ganho de termos de trocos, os preços das commodities cresceram muito,
04:36e nós exportamos muitos produtos primários,
04:39isso nos permitiu ter um crescimento acima do nosso padrão histórico pós-estabilização,
04:46pós-pleno real, pós-1994.
04:49Esse padrão de crescimento parece não se repetir,
04:52o que sugere que, talvez, o PIB potencial seja, de fato,
04:56mais próximo de 2 do que de 3,5.
04:59É muito difícil estimar o PIB potencial,
05:01porque você precisa de uma função de produção,
05:04precisa ter a estimativa do estoque de capital físico da economia,
05:08das horas trabalhadas,
05:10e da produtividade desses fatores de produção,
05:13e da produtividade geral da economia.
05:15Em que pesem todas essas dificuldades para se estimar o PIB potencial,
05:18aparentemente ele é mais baixo do que aquele crescimento de 2004 a 2011,
05:26com uma crise financeira internacional,
05:28como o ministro Bem colocou ali em 2008 e 2009,
05:31no meio desse período, mas a média foi bastante alta.
05:35Agora, o que está acontecendo?
05:37Nós estamos crescendo, na média,
05:40no acumulado do primeiro bienio do mandato do presidente Lula,
05:44quase 7%.
05:45A meu ver, isso já ficou para trás.
05:48Neste ano, a política monetária é bastante contracionista,
05:52e nesse aspecto eu acho que não há como não ser,
05:54porque o fiscal é bastante frouxo,
05:57você está gerando déficits primários e déficits nominais,
06:00então, resta ao Banco Central segurar a taxa de juros.
06:04E o Gabriel Galípolo, por exemplo,
06:06que é um baita economista,
06:07um economista de formação heterodoxa, desenvolvimentista,
06:11então, portanto, insuspeito,
06:12está conduzindo essa política monetária extremamente contracionista.
06:18A Selic de 14,75,
06:21numa conta grosseira,
06:22representa um juro real de mais de 9%.
06:24É o maior juro real do mundo,
06:27e muito acima da chamada taxa neutra,
06:29que é aquela taxa acima da qual a inflação é controlada,
06:33digamos assim, de uma maneira simplificada.
06:35Então, o que vai acontecer?
06:37Eu gosto de brincar que, infelizmente,
06:38o diploma, quando a gente é graduado em economia,
06:42não vem acompanhado da bola de cristal.
06:45Mas é dever do nosso ofício também fazer projeções.
06:49Eu acho que nós vamos crescer numa média de 2%
06:52esse ano e o próximo.
06:53A taxa de desemprego já começou a piorar um pouquinho,
06:55mas ainda é um nível bastante razoável, 7%.
06:58Talvez fique um pouquinho acima disso.
07:01E a inflação de 5,5% não é nenhum desastre.
07:03Nós estamos com a inflação relativamente controlada.
07:06Nesse aspecto, eu concordo com o ministro,
07:09nesse peso que o câmbio e a inflação de alimentos tem no índice geral.
07:13Obviamente que a inflação de serviços,
07:15como o Samuel pontuou, também está pressionada.
07:18Então...
07:18E essa não é afetada diretamente pelo câmbio.
07:21E essa não é afetada pelo câmbio.
07:22Então, tem que fazer essa separação.
07:24Não podemos nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
07:27Preciso ter uma certa ponderação nessa matéria.
07:30Qual é a variável que poderia nos ajudar a destravar, a meu ver,
07:34uma taxa de crescimento mais alta para a partir de 2027, por exemplo?
07:39E daí eu acho que, seja eleito, reeleito o governo atual,
07:44ou seja eleita a oposição, alguém da oposição,
07:47não vão escapar disso.
07:49Como a presidente Dilma não escapou em 2015,
07:52e fez um ajuste fiscal,
07:53contingenciou 52 bilhões do orçamento,
07:56mudou o abono salarial,
07:58é que as pessoas se esquecem disso.
08:0027, você vai ter que ter o ajuste fiscal.
08:02Essa é a variável que, a meu ver,
08:04poderia ter o condão de ajudar a reequilibrar
08:07essas taxas macroeconômicas que os economistas tanto falam,
08:11a começar pela taxa de juros.
08:13Porque não há Cristo que aguente investir na economia real
08:16com juros reais de 9%.

Recomendado