Jason Vieira, analista macroeconômico, e Eduardo Cavendish, consultor de finanças, avaliam a capacidade industrial de países como China e Japão e de que maneira essa força pode colocar em risco a estabilidade do ocidente.
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NotíciasTranscrição
00:00Bom, o outro aspecto dessa questão da industrialização, você deu um exemplo muito bom, que é o Japão.
00:06Você disse que o Japão manteve indústrias estratégicas, indústrias finas, não tem indústria pesada.
00:13Mas quem cuida da defesa do Japão são os Estados Unidos.
00:18Como é que, se a gente voltar para a Segunda Guerra Mundial, um fator decisivo para a vitória americana foi a capacidade de produção.
00:27Não, os Estados Unidos forneceram uma quantidade absurda de armamento para o Reino Unido, para a Rússia.
00:33Os Estados Unidos chegaram ao ponto de construir um navio por dia, os famosos Libertips.
00:39Hoje, pelo que eu sei, só um estaleiro chinês, um único estaleiro chinês, tem mais capacidade do que os Estados Unidos inteiros.
00:48Parece que a capacidade da China de construir navios é 200 vezes maior que a capacidade dos Estados Unidos.
00:54Isso não é um fator a ser considerado nessa equação?
00:58Mas isso sim é uma indústria estratégica.
01:00E, por exemplo, quem não sabe, a Mitsubishi, ela produz navios também.
01:05Navios cargueiros de grande tamanho, turbinas, esse tipo de coisa.
01:08E é dentro do Japão.
01:10E é isso que eu digo.
01:11Existem indústrias estratégicas, talvez os aibats tenham trabalhado dessa maneira no Japão,
01:15de preservar aquilo no momento que teve aquela alteração, especialmente nos anos 1970.
01:19Quando o Japão começou a transistorizar os carros e começou a reduzir, por conta de injeção eletrônica,
01:26esse tipo de coisa, começou a reduzir o custo dos carros e começou a transformar.
01:31Exatamente por conta da crise de petróleo em 1973, elevação do custo de energia.
01:37Carros que consumiam muito menos, por conta exatamente da transitorização.
01:40A parte interna do carro com entretenimento e com confortos também vindo de transistores.
01:45Tudo isso, o Japão começou a entender.
01:48Então, a gente larga aquilo que é pesado.
01:50Obviamente, eles largaram parte disso para a China e para alguns países ali da Ásia.
01:55Mas, parte, os aibats olharam e falaram não.
01:59Porque os aibats têm uma união grande com o governo japonês.
02:02E é uma coisa que acontece de maneira constante.
02:05Ou seja, naquele momento o governo japonês falou assim,
02:07não, isso aqui a gente deixa aqui dentro.
02:10Isso aqui pode ir para fora.
02:11Então, faltou um pouco isso, talvez, nos Estados Unidos.
02:14Você pensar o que era estratégico e você preservar o que era estratégico.
02:20Porque você, ainda que você tenha navios para a indústria bélica americana,
02:24navios cargueiros, esse tipo de coisa, boa parte é feito na Europa e boa parte é feito na China.
02:28Então, realmente, algumas indústrias, de repente, têm que ser pensadas de maneira estratégica
02:32e não, efetivamente, só pela questão de reindustrialização.
02:36Eu queria que você comentasse, e até, Carvindich,
02:38eu já tive essa conversa com algumas pessoas,
02:42porque isso não foi só uma decisão dos Estados Unidos, né?
02:46Isso foi meio que uma decisão do Ocidente.
02:48O Ocidente achou que era melhor pagar menos e ter as coisas fabricadas na China.
02:55E aí, por exemplo, veio a pandemia e a gente descobriu que respirador era feito na China,
03:00máscara era feito na China, luva cirúrgica era feito na China.
03:03Agora, a China é uma ditadura comunista, que tem um capitalismo de mentirinha,
03:09onde a moeda é desvalorizada artificialmente,
03:13as empresas todas têm que prestar satisfação ao Partido Comunista.
03:17Isso tinha alguma chance de dar certo?
03:19É que nem a Alemanha que decidiu, a Merkel, né?
03:23Na Alemanha que decidiu pelo gás russo como alternativa de energia.
03:27É uma brilhante, né?
03:28Não estudou história.
03:30Acho que não é uma boa ideia, Mota.
03:31E o Trump avisou.
03:33É, o Trump avisou.
03:34E foi tirado o sábado.
03:35Foi ridicularizado, verdade.
03:37Realmente, Mota, você olha agora e você fala.
03:40É que houve uma boa vontade lá atrás com a China, né?
03:43E estava no contexto ainda da Guerra Fria.
03:46Então, o grande adversário era a União Soviética.
03:49E lá atrás o Ocidente optou por esse caminho.
03:53Só que você criou um monstro que ficou muito grande.
03:55Esse que foi o problema.
03:56Em algum momento, talvez nos últimos 10 anos em especial, ficou grande demais.
04:00E na pandemia, como você falou bem, foi quando todo mundo percebeu que a gente precisa da China,
04:06não só para ventilador, para máscara, mas também para os remédios, para tudo.
04:11Para tudo, né?
04:12Acho que é difícil você falar algo da nossa vida que hoje, pelo menos uma parte da cadeia produtiva, não dependa da China.
04:18Mas a maioria das pessoas em posição de poder, e até nos mercados, esquecem desse pequeno detalhe, né?
04:28É um detalhe.
04:29Que a China é a ditadura comunista.
04:30Eu me lembro, há alguns anos atrás, quando começou a febre de inteligência artificial,
04:35eu tenho alguns amigos que foram à China e voltaram maravilhados, contando tudo que eles tinham visto lá,
04:39os trens, as fábricas.
04:41E eu falei, gente, ela é uma ditadura comunista, né?
04:45Vocês estão aí todos...
04:46É um problema, é um problema.
04:49Por exemplo, tem as grandes empresas de tecnologia chinesas, né?
04:53A Alibaba é uma delas e era um grande sucesso, alguns anos atrás,
04:57até que o Jack Ma, o fundador e o CEO da empresa, começou a aparecer demais, começou a falar demais sobre o governo
05:04e tomou um gancho, vamos chamar assim, foi afastado, passou um tempo preso num hotel,
05:10ninguém sabe exatamente o que aconteceu com ele, as ações da Alibaba caíram em uma enormidade
05:15e é uma empresa gigantesca de tecnologia da China, que poderia ser global,
05:21mas tem essas questões de um país que não é uma democracia, de fato.
05:25Se o governo pega e aponta o dedo pra você, você tá saindo, tá pisando demais na linha,
05:30você vai tomar uma enquadrada.
05:31E isso vale pra empresários, que de vez em quando somem, né?
05:35Por sinal, alguns acidentes acontecem, valem pra empresas, valem pra setores.
05:41Onde o governo achar que tem de atuar, vai atuar.
05:44E o Xi Jinping, que é o atual governante da China, né?
05:47O mais longevo aí em muito tempo, ele é muito mais duro do que os anteriores.
05:53Então você tinha antes uma situação que a China não era tão relevante,
05:56tava crescendo, mas não era tão relevante ainda no quadro global,
05:59e com governantes ainda um pouco mais leves.
06:01A mão do Xi Jinping já é mais pesada.
06:04Então, agora...
06:05É, se você pegar o Deng Xiaoping, o Junho Bao, todos eles eram uma...
06:08Tinham nuances de tese, né?
06:11De liberdade, esse tipo de coisa.
06:14O Deng Xiaoping já chegou, inclusive, quebrou a norma do Partido Comunista de sucessão
06:21pra conseguir se suceder a de eterno.
06:24E um dos maiores medos que eu tenho em relação à China é que a China,
06:28nesse processo de percepção de dominação mundial, por ser exatamente um país comunista,
06:36ela pode, a detrimento da sua própria população, adotar um nível de política radical
06:42pra quebrar outros países ou coisa parecida, que pode ser em seu detrimento, mas o Trump
06:49daqui a quatro anos não tá lá.
06:50Eles aguentam, né?
06:52É, o Trump daqui a quatro anos não tá lá.
06:54Ou o Xi Jinping que tá.
06:55Eles aguentam.
06:55Se tiver confusões nas ruas, grandes manifestações, ele vai continuar lá, né?
07:01Você viu o que já aconteceu em 1989, né?
07:04Tinha na Mênus Coelho, na Praça da Paz Selechal.
07:07Colocam os tanques de guerra e resolvem.
07:09É, aquilo na vez...
07:10Aquilo é uma coisa engraçada, porque aquilo ali foi uma dissidência dentro do próprio governo, né?
07:15Porque você tinha...
07:17Foi por conta do sumiço de um secretário que era considerado mais liberal,
07:21que veio à manifestação dos jovens,
07:24e o próprio Deng Xiaoping não aprovava a intervenção militar.
07:30E aí teve um grupamento mais pesado, que já estava querendo meio que tirar ele do poder,
07:34que entrou e fez tudo aquilo que a gente...
07:36Que a China nega.
07:37Você entra no DPSI, que pergunta.
07:39Ele responde e apaga.
07:40Eu achei interessante que ele responde.
07:42Mas ele responde e depois ele apaga, né?
07:45Então, pra gente ver como funciona.
07:46Um país comunista, é exatamente aquilo.
07:48Então, acho que a partir dali nasceu a semente,
07:50ainda que tenha havendo de enrubar outros líderes um pouco mais moderados,
07:54ali plantou a semente do que seria essa China que nós estamos observando.
07:57Deixa eu pegar esse gancho aí, porque você falou antes,
08:00no comentário anterior, sobre liberalismo, livre comércio.
08:07Como é que você pode ter livre comércio com um país que é uma ditadura comunista,
08:11onde o povo trabalha em condições subhumanas,
08:15onde as pessoas somem, onde os preços são manipulados artificialmente?
08:18Eu vejo algumas pessoas reclamando que o Trump está acabando com o livre comércio,
08:23mas existia livre comércio com a China?
08:27É.
08:28A questão é, a premissa, quem cita muito a questão de livre comércio dentro do governo agora
08:32é o próprio Musk.
08:33Que o pessoal fala assim,
08:35ah, mas ele não vai aguentar a disputa com a BYD.
08:39Não, ele entende que ele produz algo melhor que a BYD.
08:43E todo mundo sabe que a BYD tem suas falhas,
08:45algumas reclamações em relação aos produtos que eles fazem.
08:49E que, obviamente, você está comprando aquela velha tese.
08:52Você tem um carimbo de produto chinês ali.
08:54E as pessoas ainda não estão confiando no produto chinês.
08:58Mas indo para essa situação, realmente, é muito complicado você pensar em livre comércio.
09:02E, ao mesmo tempo, você precisa repensar.
09:05Porque, se você quer bens de baixo valor agregado,
09:12de baixo valor agregado, não, de baixo valor final,
09:15o que você quer exatamente?
09:16A que custo você quer isso?
09:18Porque você tem dois parâmetros importantes que aconteceram no mundo depois da Segunda Guerra.
09:22O primeiro, obviamente, plano Marshall e ajuda aos países.
09:25E aí, a Guerra Fria na tentativa de barrar.
09:27Você criou uma barreira não militarizada diretamente,
09:32que é indiretamente, ali no Japão e na Coreia do Sul.
09:35Os Estados Unidos se colocando diretamente ali.
09:38E a OTAN, junto com a militarização da Alemanha,
09:41porque foi necessária a militarização da Alemanha,
09:43para deter o comunismo ali no muro de Berlim.
09:47Então, você teve tudo isso.
09:48A Europa se aproveitou muito bem disso,
09:51daquela teoria de Cannon and Butters,
09:53que é a teoria de canhões e manteiga.
09:56Ou você investe em canhões ou você investe em manteiga.
09:59Manteiga seria o equivalente ao estado de bem-estar,
10:03que é o welfare state.
10:05A Europa se aproveitou muito dos Estados Unidos.
10:10Porque tudo o que aconteceu, ou seja,
10:12boa parte da militarização da proteção americana na Europa
10:17permitiu que a Europa não gastasse muito com militarismo
10:21e adotasse seu welfare state.
10:24A China, mais ou menos, a mesma coisa.
10:26O Japão, ele teve a proteção militar,
10:29porque não deixaram o Japão se militarizar.
10:31Eles têm medo dos samurais voltarem.
10:34E ali, eles criaram uma barreira de proteção
10:36100% americana naquela região.
10:39E o Japão também acabou se aproveitando disso.
10:42Através, como se tem antes dos aibates, o tudo.
10:45Ou seja, foi uma escolha que os Estados Unidos fez,
10:48por conta daquela história, de novo,
10:49do excepcionalismo americano, aquela situação toda,
10:52que os próprios Estados Unidos fez.
10:54E a partir dos anos 1970,
10:56com a chegada da conversa final de Deng Xiaoping
11:00com o Jimmy Carter,
11:03que não se endereçou...
11:05O Kim Seguer tentou endereçar a questão da democracia
11:09e a resposta do Deng Xiaoping foi o seguinte.
11:11Tudo bem, você quer quantos chineses?
11:13100 milhões? 200 milhões?
11:15Eu libero para você agora.
11:17Foi a hora que eles falaram,
11:18opa, estão certos vespeiros lá para mexer.
11:22Então, tudo isso para a gente chegar no ponto atual.
11:26Demos poder demais para a China,
11:27estrategicamente tinha que ser pensado antes.
11:30Os modais agora, em termos tecnológicos,
11:32são diferentes.
11:33Eu concordo com o Edu,
11:34que exatamente a industrialização vai passar
11:36por um processo de cada vez mais velocidade,
11:40maior produtividade e menor intervenção humana.
11:43Ou seja, nós vamos precisar cada vez mais de engenheiros.
11:45Até porque a China já está bem adiantada.
11:47Exatamente, ela está muito adiantada nesse sentido.
11:50E muitas vezes lá, você não escolhe o que você vai fazer.
11:53Dependendo das suas notas durante a faculdade,
11:55você vai ser engenheiro,
11:58apesar de haver uma disputa muito grande.
12:00Existe uma parcela da população ali
12:02que já é automaticamente escolhida.
12:04Então, agora, nós chegamos num ponto
12:06que Trump desafiou esse cenário todo,
12:08talvez da maneira mais atropelada possível,
12:11não da maneira mais correta,
12:12mas ele desafiou essa ordem que se estabeleceu no mundo.
12:16E nós precisamos repensar isso.
12:18O problema é que uma industrialização americana
12:20não se faz no curto prazo.
12:22Concordo que,
12:23do modo que está funcionando hoje em dia,
12:25a Tesla prova que você consegue montar uma fábrica
12:28em muito pouco tempo.
12:31Agora, precisa saber
12:32se você está pensando em livre comércio.
12:36Desculpa que eu me estendi,
12:38mas acabei chegando aqui no livre comércio.
12:40Precisa saber se você quer ter livre comércio
12:41com as suas fábricas
12:43dentro dos Estados Unidos,
12:44disputando com as fábricas do resto do mundo,
12:46ou se você quer ter livre comércio
12:48para que os americanos tenham acesso
12:49a bens de custo mais baixo.