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O professor e especialista em relações internacionais Marcus Vinícius de Freitas concedeu entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã. Ele analisou as avaliações da China sobre as propostas dos Estados Unidos para negociar tarifas de importação. O país asiático acenou pela primeira vez uma abertura de diálogo com o governo norte-americano. José Maria Trindade e Acácio Miranda participam.

Assista ao programa completo: https://www.youtube.com/watch?v=I2LMsp30Jn0

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Transcrição
00:00E olha, a China confirmou estar avaliando propostas dos Estados Unidos para negociar as tarifas comerciais impostas entre os países.
00:09O especialista em relações internacionais e professor visitante da Universidade da China, Marcos Vinícius de Freitas,
00:16se junta a nós aqui no Jornal da Manhã para explicar os desdobramentos dessa guerra comercial.
00:23Bom dia, professor. Seja bem-vindo ao Jornal da Manhã.
00:26Bom dia, é um prazer conversar com vocês sempre.
00:28Professor, esse acordo, primeiro os Estados Unidos colocou em imposto uma tarifa muito alta para a China,
00:37a China devolveu com uma tarifa ainda mais alta, agora os dois dispostos a ir a conversar, o que deve sair dessa próxima reunião?
00:47O que a gente viu em todo esse processo foi que os chineses, contrariamente àquilo que muitos países fizeram,
00:55de alguma forma peitaram aí os Estados Unidos ao afirmar basicamente de que uma tarifa de 145% não é uma tarifa,
01:05não é uma tarifa utilizada no sentido de você querer buscar aí uma relação comercial,
01:13mas nada mais é do que efetivamente um embargo à China, um embargo econômico à China.
01:20E os chineses entenderam que não é isso que deveria ser feito, não é assim que se faz comércio internacional,
01:28e também não é dessa forma que funciona toda a estrutura de comércio internacional organizada desde 1945.
01:36Então eles colocaram muito claramente de que voltariam à mesa de negociação se e somente se os Estados Unidos
01:45viessem com uma tarifa que fosse economicamente viável, no sentido de fazer com que os norte-americanos
01:53entendessem que 145% não é uma tarifa e isso não, e 245% menos ainda, não é?
02:02Então por esta razão que o que nós observamos foi justamente esta intenção dos chineses de dizer
02:08sim, vamos negociar, mas a partir do momento em que haja seriedade no discurso.
02:14E obviamente que o presidente Trump, o governo americano, tentou anunciar várias vezes que estavam aí,
02:20que os chineses estavam entrando em contato, e o governo chinês todas as vezes negou isso
02:24justamente para dizer que o objetivo deles é somente negociar a partir de um nível de razoabilidade.
02:32Professor, bom dia. Nós acompanhamos inclusive a matéria do Alex Rufo, mostrando todo o potencial chinês,
02:38o senhor conhece muito bem, evidentemente, tem aquela tabela gigante do Trump, vários países ali,
02:44mas o centro da questão é justamente a China, evidentemente isso fica claro.
02:49E a capacidade de reação chinesa, o senhor está falando um pouco sobre isso, demonstra que é uma briga,
02:54a gente fala do cachorro grande, né? Quer dizer, então de fato, é o morde a sopra e agora,
03:01inclusive o ministério chinês garante que os Estados Unidos procuraram então para negociação.
03:06Então, mais ou menos vai ser assim, né? Aquela postura do Trump negociador,
03:10como se ele fosse da iniciativa privada ainda dentro do governo,
03:14mas para forçar essa negociação e trazer alguma coisa para os Estados Unidos, bom dia mais uma vez.
03:20Bom dia, é um prazer em ser o Marcelo. Ah, Marcelo, então vamos pensar assim, duas coisas importantes, né?
03:26Na reportagem do Rufo, eu achei importante enfatizar essa questão tecnológica que ele aborda tão bem,
03:33justamente porque, nesse aspecto, a China entende que precisa ter liderança,
03:38porque a última vez que houve uma grande revolução industrial, os chineses estavam atrasados.
03:43Eles não se atualizaram na primeira revolução industrial, justamente porque tinham um problema ali
03:50de uma dedicação muito grande a uma atividade que não era industrial e, com isso, eles perderam
03:56e sofreram todas as consequências de um país que se esperava que fosse o líder na questão da revolução industrial.
04:03E é por essa razão que os chineses estão aí, nesse sentido, buscando permanecer à frente do processo
04:11de inovação tecnológica, particularmente nesse cenário de quarta revolução industrial.
04:16Então, isso é um aspecto grande.
04:18Em segundo lugar, o que a gente nota é que os Estados Unidos estão tentando justamente conter a China
04:23porque o país mais industrializado do século passado foram os Estados Unidos,
04:29no anterior foi o Reino Unido e agora é a China.
04:31E o que a gente observa é que o país mais industrializado
04:34tende a ser aquele que é o principal do sistema comercial e do sistema internacional.
04:40Então, os norte-americanos, por medo de perder hegemonia, estão aí criando uma série de entraves
04:45no sentido da tecnologia chinesa e no sentido de fazer com que os chineses percam aí a sua relevância no cenário global.
04:54E os chineses também dizem uma coisa interessante, viu, Marcelo?
04:58Que é o seguinte, quando dois elefantes brigam, quem sofre é o solo.
05:02Então, o que nós vemos é que o mundo inteiro está sendo afetado justamente por essa briga dos Estados Unidos com a China
05:09e pelo fato de que, nesse processo todo, nós podemos criar, e o resultado já começa a ser previsto
05:19pelo Fundo Monetário Internacional, uma crise global, uma recessão global justamente em razão dessas medidas adotadas pelo presidente Trump.
05:27Então, é preocupante, mas os chineses não querem alterar essa linha de manter-se à frente no processo tecnológico,
05:35manter-se à frente no comércio internacional e, obviamente, fazer com que o presidente Trump entenda
05:41que conduzir um país não é conduzir um negócio.
05:45E a forma de negociar com países, e principalmente países do tamanho da China, com a sua história civilizacional, é um pouco diferente.
05:57Converso muito sobre isso aqui, até antes do Trump, sobre a posição da China e dos Estados Unidos.
06:03Alguns analistas entendem que a China já está na frente, já é a grande potência do mundo,
06:07excetuando, evidentemente, o poder bélico norte-americano e também o poder político.
06:13Durante todo esse tempo, os Estados Unidos fizeram, com vários países, uma ligação muito forte.
06:19Mas, economicamente e industrialmente, que é o resultado, estaria na frente.
06:24E que o Trump, e eu fico com essa ideia, é de que ele descobriu isso.
06:30E ele está fazendo um papel importante para tentar conter a China nesse processo inevitável
06:36de se tornar a grande potência econômica do mundo.
06:40Ele vai conseguir, professor?
06:43A impressão que eu tenho é que não, né?
06:46Justamente porque você pode dizer, José Maria, que é um pouquinho pouco e tarde nesse processo todo.
06:54Mas a gente não pode deixar de levar em consideração que, eventualmente, isso aconteceria, viu, José Maria?
07:00Porque, até 1820, a economia chinesa era a maior economia do mundo.
07:07Então, mesmo com a Revolução Industrial, a China e a Índia,
07:12claro que a Índia com condições econômicas bem diferentes daquilo que você observa na China,
07:16mas a China sempre foi a maior economia global.
07:19Se nós pensarmos na questão da Rota da Seda, você tem aí produtos chineses sendo levados para a Europa,
07:26e não o contrário.
07:27Então, não é uma anomalia.
07:30A anomalia, de fato, é o Ocidente ter aí uma prevalência econômica,
07:36em razão do tamanho da China, do talento que os chineses construíram ao longo do tempo.
07:40Mas existem dois fatores aqui que eu acho que são complicados para o presidente Trump resolver.
07:47Em primeiro lugar, quando nós olhamos para a questão da infraestrutura que os chineses construíram aí
07:54ao longo dos últimos 50 anos, que, como foi abordado anteriormente, não tem aí equiparação globalmente falando.
08:03Então, isso dá para a China uma vantagem muito importante nas cadeias globais de distribuição.
08:10Em segundo lugar, e aqui a gente não pode deixar de levar em consideração,
08:13é a alta produtividade chinesa em razão de um nível educacional que cresce cada vez mais.
08:20A China investe sobremaneira na questão educacional,
08:25e isso começa a ser um problema também para os Estados Unidos,
08:28que, apesar de ter as melhores universidades do mundo,
08:31no processo da educação coletiva,
08:35começa a notar que os chineses conseguiram elevar a sua educação a um patamar muito competitivo.
08:41E uma grande diferença que existe, não é, Zé Maria, só para levar em consideração também,
08:47é que, embora a situação econômica dos Estados Unidos seja ainda muito boa,
08:52é um dos poucos países que enfrenta, nos últimos anos,
08:56um problema de diminuição da expectativa de vida.
09:00Isso é um sinal péssimo para um país desenvolvido.
09:02E, no caso chinês, o que nós notamos é justamente o contrário.
09:06Então, existem vários fatores, e é por essa razão que as medidas do presidente Trump
09:10podem aí criar um empecilho temporário,
09:13mas a impressão que nós temos é de que é difícil,
09:17como o Napoleão Bonaparte dizia, né,
09:19depois que o Leão levantar, vai ser muito difícil contê-lo,
09:23e a impressão que a gente tem é nesse sentido.
09:26Professor, bom dia.
09:28Já são algumas semanas dessa suposta guerra tarrifária, né,
09:32muitas narrativas, mas nada muito concreto.
09:37Objetivamente, é possível nós respondermos
09:40quem está vencendo essa batalha,
09:43se nesse momento os Estados Unidos levam vantagem,
09:47ou se neste momento a China leva vantagem?
09:52E nós observarmos, não é,
09:56aquilo que nós temos em relação comercial,
09:59A China tem ali uma vantagem justamente
10:05porque construiu um relacionamento positivo
10:09com mais de 140 países e territórios.
10:12E os Estados Unidos, de fato, tem poucas coisas
10:15a comercializar com a China.
10:17Eu sempre gosto de lembrar
10:19que dos cinco itens mais importantes
10:22do comércio China e Estados Unidos,
10:25em três delas, o Brasil é concorrente,
10:28seja na questão de grãos, petróleo e de gás.
10:33Então, nós temos aí uma possibilidade
10:35que é uma benção, ao mesmo tempo
10:37que nós podemos substituir
10:40os Estados Unidos neste processo,
10:42mas também podemos ser muito prejudicados
10:44porque, como Trump distribui ações
10:47assim à torto e à direita,
10:49pode ser que respingue algo negativo
10:52para o Brasil em razão das medidas
10:54adotadas pelo presidente Trump.
10:55Mas o que a gente nota neste cenário
10:58é de que a China tem uma vantagem muito grande,
11:01embora o governo americano tenha dito
11:03que quem fornece é o que o vendedor,
11:07é o que é o prejudicado numa guerra comercial,
11:09justamente porque o comprador
11:11pode parar de comprar e dar o calote.
11:14Mas o que a gente nota é que os chineses
11:15tomaram aí uma série de medidas
11:18para evitar que houvesse o pior.
11:20Uma delas é diminuir paulatinamente
11:24o peso comercial dos Estados Unidos
11:27nas exportações chinesas.
11:30Antigamente, a China vendia muito mais
11:33para os Estados Unidos,
11:35mas paulatinamente os chineses fizeram aí
11:37uma redução, tanto na sua exposição
11:40quanto à compra de títulos dos Estados Unidos,
11:43assim como fizeram várias medidas
11:45no sentido de permitir um comércio bilateral
11:48utilizando não somente os dólares,
11:51e aí a gente vê até mesmo
11:53o enfraquecimento do dólar
11:54neste processo de trocas coletivas.
11:57Então, o que nós notamos é que,
11:59diferentemente de Washington,
12:02Pequim adotou uma série de medidas
12:04se preparando para isso.
12:05Então, é difícil dizer
12:07quem é o vencedor numa guerra comercial,
12:09mas o que nós notamos é que,
12:11diferentemente daquilo que o presidente Trump fez,
12:14os chineses seguiram aquela
12:15grande lição de Sun Tzu,
12:17que é, antes de você entrar numa guerra,
12:20a coisa mais importante
12:21é você conhecer bem o seu inimigo.
12:24E a impressão que nós temos
12:25é que os chineses se movimentaram
12:27no sentido de conhecer bem o inimigo
12:29e darem aí os passos corretos
12:31nesse processo todo.
12:33Obrigada, professor Marcos Vinícius de Freitas,
12:36pelas suas análises aqui no Jornal da Manhã.
12:39Tenha um bom domingo.
12:41Muito obrigado para vocês também.
12:42Excelente dia.

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