Um ex-funcionário de uma empresa de ônibus sequestrou um coletivo em São Paulo nesta quarta (30), fazendo de reféns os passageiros. Após ação da polícia, o homem se rendeu e foi preso. O comandante do GATE detalhou como foram as negociações que culminaram com a prisão do ex-cobrador.
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NotíciasTranscrição
00:00De volta para a Zona Leste de São Paulo, onde agora há pouco terminou o sequestro a um ônibus,
00:05falando nesse momento um policial do GAT, explicando como foi essa ação da polícia.
00:10Ainda com as técnicas de negociação que foram utilizadas, mas o principal é esse primeiro atendimento que foi dado.
00:16Então os policiais do 39º Batalhão, eles tomaram as medidas iniciais de controle e condução do incidente,
00:22isolaram muito bem o local e numa atuação, o GAT foi acionado, assumiu,
00:28e trabalhando de forma integrada com eles, assumiu a ocorrência, o comandamento da ocorrência,
00:32e conseguimos solucionar de uma maneira pacífica.
00:35O sequestrador não conhecia a vítima?
00:38Não, embora trabalhasse na mesma empresa, ele não conhecia, foi aleatório.
00:42Ele sabia pela cor do ônibus, que se tratava da linha que ele trabalhava, e por esse motivo ele embarcou nesse ônibus.
00:49Ele foi mandado embora?
00:51A informação que nós tivemos da empresa com quem nós fizemos contato,
00:54que faz parte do trabalho policial, fazer contato para levantar todas as motivações possíveis,
00:59dão conta de que ele pediu para ser desligado da empresa.
01:03Agora, eu consegui acompanhar ali no fim da negociação,
01:07que aos poucos ele vai levantando, levanta o motorista,
01:11mas ele não libera o motorista de imediato.
01:13Houve mais algum tipo de negociação, de conversa ali?
01:16O que estava faltando para, de fato, ele se entregar e liberar o refém?
01:20Ele oscilava muito, então nós tivemos que trazer o advogado e o amigo várias vezes,
01:24mas ele não cumpriu os acordos.
01:26Então nós fomos trabalhando, utilizando técnicas,
01:28mostrando para ele que a polícia está compromissada com a vida,
01:31e aí ele não entendia muito bem isso inicialmente, por isso das idas e vindas.
01:36Mas aí nós explicamos tudo para ele, explicamos que se ele se entregasse ele sairia vivo,
01:40mostramos para ele que a gente trabalha dentro da legalidade,
01:43e conseguimos tirá-lo, tanto ele quanto o refém ilesos.
01:46Ele vai ser apresentado no distrito policial, vai responder pelos crimes que ele cometeu aqui,
01:53então a autoridade de polícia judiciária vai fazer o flagrante, muito provavelmente,
01:57e ele vai pagar na justiça.
01:59Então o que vocês disseram que o convenceu a liberar o refém e a terminar o seu negócio?
02:04Foram diversas técnicas utilizadas pelos negociadores,
02:06então nós ficamos ali por volta de uma hora e trinta,
02:09negociadores muito experientes, mostrando para ele, principalmente,
02:13que nós trabalhamos com a verdade.
02:14Então que se ele saísse, se ele colaborasse com a gente, a gente ia preservar a vida dele.
02:19É claro que nesse tipo de situação nós temos todas as alternativas táticas disponíveis.
02:24Então nós temos de tudo aqui.
02:26Mas claro que a polícia, ela quer a solução pacífica, sempre que possível.
02:31E ele colaborou, por isso preservamos a vida dele e do refém.
02:34Inclusive a minha pergunta vai um pouco nessa linha, essa minha próxima,
02:37em relação ao ponto de vista que os atiradores de elite tiveram a todo momento.
02:42Por que ele não se preocupou em se proteger atrás do refém?
02:44Ele parece, de fato, alguém leigo no assunto, nesse sentido, né?
02:48Porque ele não estava muito protegido.
02:49Os atiradores, se quisessem, poderiam ter agido.
02:51Foi essa a premissa usada pelo GAT, de não atirar, de tentar,
02:54e até o fim queria que você explicasse isso.
02:56Exatamente. Sempre que o GAT está atuando num incidente desse complexo,
03:02nós temos atiradores posicionados, temos toda a unidade de intervenção tática e equipe de negociação.
03:07Mas, como eu disse, a polícia militar, ela busca preservar a vida de todos os envolvidos.
03:12E foi nessa linha, nessa premissa que a gente adotou.
03:15Ele colaborou e, por isso, o desfecho foi favorável para todos.
03:19Além da visibilidade, ele não pediu nada além disso no pós,
03:23como, por exemplo, no processo, agora que vai se desenvolver, enfim.
03:28Ele pediu para que o advogado acompanhasse.
03:30Nós tínhamos acertado isso com o advogado.
03:32Mas, na verdade, tivemos que buscar um advogado aqui próximo,
03:35porque ele não tinha nenhum advogado para ser acionado.
03:38Então, a polícia militar conseguiu buscar um advogado numa faculdade aqui próxima,
03:41que vai dar esse atendimento.
03:43E ele pediu água, no final, e queria conversar.
03:45Então, como foi um acordo estabelecido, e a polícia, o GAT vai cumprir o acordo que foi estabelecido,
03:50nós trouxemos o advogado e, no final, nós demos a água para ele
03:53e ele conversou com o amigo dele.
03:54Quantos anos ele tinha? Qual o nome dele?
03:5636 anos. O nome dele é Adriano.
03:59Comandante, o senhor falou que ele queria publicidade,
04:03mas o que ele falou em relação a isso?
04:05Que ele queria se mostrar? Qual foi o real motivo?
04:07E o que ele queria em troca? Só para a gente entender.
04:09Ele estava um pouco confuso.
04:10A negociação, inclusive, ela demorou e foi um pouco mais complexa,
04:14porque ele não seguia uma linha de raciocínio.
04:16Não sei se por ter utilizado algum tipo de substância,
04:19mas ele não seguia uma linha.
04:20Dificultou bastante para nós, mas nós conseguimos manter,
04:24mostrar para ele que a vida dele estava sendo preservada
04:26e que a polícia trabalha com a legalidade.
04:28Então, ele não disse exatamente o que ele queria?
04:30Não, ele falava que queria conversar com o advogado,
04:32ele falava que não queria morrer,
04:34ele falava que queria sair vivo,
04:36e nós fomos trabalhando nisso.
04:37Fomos mostrando para ele que nós estávamos dispostos
04:40a preservar a vida dele.
04:41E ele parecia alterado?
04:43A vida alcoólica, drogas, a questão psiquiátrica?
04:46Ele parecia um pouco alterado, ele estava muito nervoso.
04:48Então, ele olhava para os lados a todo momento,
04:50ele achava que ia ter algum tipo de intervenção,
04:52e nós mostramos para ele que, se ele colaborasse,
04:55ele ia sair íntegro da ocorrência.
04:57Comandante, se você não me enganou a família,
05:00ele, recentemente, com a esposa,
05:02por esse motivo, aconteceu isso também,
05:04estava com um brilhão de coisas.
05:06Bom, aí o comandante do GAT,
05:08explicando essa ação de agora à tarde, aqui em São Paulo,
05:12lembrando que essa pessoa, esse homem, fez,
05:15pelo menos um cobrador e um motorista como reféns,
05:18ele estava com uma faca,
05:20e, felizmente, com a negociação toda do GAT,
05:22ele acabou saindo do ônibus, ninguém se feriu.
05:25Esse veículo foi abordado muito perto
05:28do próprio terminal de ônibus,
05:31aqui na Zona Leste de São Paulo,
05:32na região de Itaquera.
05:34Jovem Pan, com a repórter Valéria Luizete,
05:35acompanhou a entrevista agora há pouco.