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00:00Jovem Pan Saúde
00:04Olá, seja muito bem-vindo a mais um JP Saúde.
00:10No programa de hoje, vamos falar sobre uma das doenças neurológicas que mais cresce no mundo, o Parkinson.
00:17Uma pesquisa inédita publicada pela revista científica The Lancet
00:21revelou que mais de 500 mil brasileiros com 50 anos ou mais convivem com essa condição.
00:27Número que pode chegar a 1 milhão em 2046 e até 2060 ultrapassar 1 milhão e 200 mil casos.
00:36O Parkinson é uma doença cerebral crônica progressiva e que afeta os movimentos
00:41mas que também pode impactar o sono, o humor e até o olfato.
00:46E olha, a gente está falando de uma doença que não tem cura
00:49mas a medicina vem avançando na busca por tratamentos que melhorem as condições de vida dos pacientes.
00:56E para falar sobre este assunto, recebemos hoje o neurologista, o doutor Sérgio Jordi
01:02e também hoje conosco o doutor Paulo Caminhos, que é médico geriátrica e também clínico geral.
01:08Sejam muito bem-vindos ao JP Saúde.
01:11Eu queria começar perguntando para o doutor Sérgio o que é de fato o Parkinson
01:16e o que acontece no cérebro de quem tem o diagnóstico da doença.
01:20O Parkinson é uma doença neurodegenerativa e que acontece a degeneração de um grupo de células no tronco cerebral
01:31que produzem uma substância, um neurotransmissor chamado dopamina.
01:37Então os neurônios dopaminérgicos são acometidos por essa condição e eles morrem
01:42e isso causa as alterações motoras e outras, geralmente por conta de uma proteína defeituosa, a alfa-sinucleína.
01:54Agora, doutor Paulo, quando a gente fala e pensa em Parkinson,
01:58sempre a gente associa a pessoas com idades mais avançadas,
02:03embora tenham uns relatos recentes de jovens adultos que foram diagnosticados com a doença.
02:11Mas qual que é a relação do envelhecimento com a doença?
02:15Perfeito, Soraya.
02:16Então, o que acontece?
02:18O principal fator de risco para a doença de Parkinson ainda é o envelhecimento,
02:22mas a gente tem formas mais precoces que frequentemente são mais relações à genética.
02:30Então a gente tem o exemplo aí na mídia do Michael J. Fox, do Paulo José,
02:35que foram casos bem emblemáticos, ainda são,
02:39mas a gente está vendo com o envelhecimento da população explodir o número de casos.
02:45E isso está acontecendo de uma maneira até desproporcional ao envelhecimento.
02:48Está aumentando muito mais do que a gente esperaria.
02:51E ninguém sabe exatamente a causa.
02:52Será que tem toxinas ambientais envolvidas, que aí é uma lista infinita de substâncias.
02:58Será que é o nosso estilo de vida que não está muito saudável, adaptado?
03:03A gente não se adaptou muito ao estilo de vida moderna.
03:07Tem uma série de fatores aí envolvidos, mas está realmente aumentando muito o número de casos.
03:13Eu estava aqui falando com o Sérgio antes da gente começar.
03:17Eu, como sou às vezes a primeira barreira dos pacientes antes de chegarem no neurologista,
03:24eu acabo fazendo mais diagnóstico de doença de Parkinson do que os neurologistas.
03:29Poxa vida.
03:31E às vezes a pessoa chega e ela não sabe o que tem.
03:34Quando a pessoa tem um tremor, a coisa fica mais evidente e ela vai, às vezes, direto para um neurologista.
03:42Mas as formas mais comuns de Parkinson, elas não envolvem o predomínio de tremor.
03:49Elas têm outras manifestações.
03:51E é engraçado o senhor dizer isso, porque quando a gente pensa em Parkinson,
03:55eu acho que para muita gente, a primeira coisa que vem à cabeça é o tremor.
03:59Temor.
03:59Todo mundo só lembra o tremor.
04:00Quando tem o tremor, é algo evidente.
04:02Todo mundo repara.
04:04A pessoa, é, não, eu vou num neurologista.
04:06Mas você tem outras apresentações que são mais comuns e que a pessoa não lembra de um neurologista muitas vezes.
04:15E aí, eu acabo sendo treinado para tratar como geriatra, porque chega para mim.
04:20E que tipo de sinal, além do tremor?
04:23Tá bom.
04:24Então, pergunta perfeita.
04:26Então, eu diria que a marca registrada é assim, a lentificação de movimentos.
04:36Então, a gente chama no meio médico de bradicinesia.
04:39Então, minha esposa que me controla com isso, porque a gente aprende a fazer diagnóstico vendo a pessoa andar.
04:47Então, por que ela me controla?
04:48Porque eu vejo um monte de pessoas desconhecidas.
04:50Você vai fazendo diagnóstico de todo mundo vendo a pessoa andar e fala,
04:52Não, esse tem Parkinson, esse aqui tem outro problema.
04:56O tema hoje é Parkinson, vamos falar disso, né?
04:58Mas, e ela me controla porque, às vezes, eu quero ir lá, controla a minha ansiedade,
05:03eu quero dar notícias para a pessoa.
05:04Mas, você não tem nada a ver com isso, não vai falar nada.
05:07Mas, assim, pela marcha, você vê, tá?
05:11Outra maneira é pela expressão facial.
05:14A pessoa, parece, muitas vezes, está usando uma máscara ou que aplicou o Botox,
05:17porque ela fica muito pouco expressiva.
05:20Olha só.
05:21Exatamente.
05:22Né?
05:22Então, é rigidez e lentificação.
05:26É a marca registrada principal.
05:29Tá?
05:29Então, ela anda, mas mexe poucos braços.
05:32Passos um pouco mais curtos.
05:34Tá?
05:35O tronco um pouquinho fletido para frente.
05:38Se quiser complementar, Sérgio, vai me falando aí, né?
05:41Mas, isso para mim é muito característico.
05:45Aí tem formas mais sutis, que aí você, só com o olho mais treinado.
05:48Mas, isso daí é o clássico.
05:50Você vê a pessoa, o jeito dela andar...
05:53Já pode detectar.
05:55Já pode detectar.
05:56Ou seja, são sinais, doutor Sérgio, muito imperceptíveis no dia a dia, ali, de uma pessoa mais idosa, no caso, né?
06:04Que a pessoa, às vezes, a família não percebe, nem ela mesmo, porque ela consegue realizar as atividades ainda no dia a dia de forma tranquila.
06:13E aí, a doença vai se prolongando e vai passando o tempo e ela vai piorando.
06:20É, geralmente é uma doença insidiosa, quer dizer, é uma doença que vai se desenvolvendo muito lentamente com o tempo, durante muitos anos, né?
06:28Para se instalar.
06:29Quando o quadro fica mais florido, que a gente chama, é evidente que o paciente tem um problema, né?
06:37Quando ele está com essa marcha, quando ele já está afletido, quando ele tem estabilidade postural, quer dizer, quando ele tem a tríade clássica, né?
06:44O tremor, a rigidez, a bradicinesia, você consegue ver muito rapidamente, muito facilmente, né?
06:51O que acontece, muitas vezes, no começo do quadro, e até complementando aqui a resposta, porque existe também um certo medo da população em geral em procurar um neurologista, né?
07:08Assim como o psiquiatra também, né?
07:10Então, é muito mais fácil a pessoa procurar outras especialidades.
07:16Muitas vezes, além do geriatra, vai para o ortopedista, né?
07:22Muito comum, né?
07:23O paciente começa com uma dificuldade, com uma diminuição da agilidade, com a diminuição dos reflexos, né?
07:30E aí, isso vai se dando de uma maneira muito lenta, muito insidiosa, né?
07:35E quando a coisa, de fato, começa a ficar pior, é que o paciente acaba chegando no neurologista ou no geriatra que já tem uma experiência com o tratamento, né?
07:45E como a gente falava no começo do programa, as causas dessa doença são diversas, né?
07:51É, geralmente, acontece essa alteração dessa proteína, a alfacinucleína, que é uma proteína que ela é presente no cérebro, ela ajuda uma série de processos cerebrais, a sinapse cerebral.
08:06E ela tem uma falha, e essa falha de dobramento da proteína acaba se espalhando e se acumulando, essa proteína acaba se acumulando em grumos, que a gente chama de corpúsculos de Levy.
08:22E isso acaba causando lesão e morte dos neurônios e aí causando sintomas todos da doença, né?
08:29É, doutor Paulo, a doença, ela acomete mais homens ou mulheres? E aí, nesse caso, há uma diferenciação nos sintomas ou são sintomas parecidos?
08:39Os sintomas são semelhantes. Eu não lembro se tem muita diferença entre os gêneros, você pode me ajudar com isso, Sérgio, mas eu acho que é bem semelhante dos dois, tá?
08:49E a apresentação, ela tende a ser mais de rigidez e lentificação, se eu não me engano, nas mulheres também.
08:58Não sei se você complementa aí pra mim, Sérgio. A parte de estatística, eu não sei de cabeça aqui.
09:04Mas assim, só pegando um gancho aqui no que o Sérgio falou, essa sinoclinopatia, né?
09:13Uma doença dessa proteína que ele marcou, ninguém sabe exatamente o que desencadeia esse processo.
09:17É que nem o Alzheimer, né? Você não consegue dar aquele passo a mais e ir na montante do processo.
09:24Uma das teorias que eu mais gosto é que a doença de Parkinson, ela começa no intestino.
09:30O Sérgio também pode não me deixar mentir, né?
09:33Mas por quê? Porque décadas antes da pessoa manifestar sintomas motores, ela já começa a ter intestino preso.
09:42Depois, o próximo passo é como se ela fosse subindo do intestino pro cérebro, através de um nervo que a gente chama de nervo vago.
09:51Tá.
09:52E por que que isso é bem aceito?
09:55Porque as pessoas que têm, por algum motivo até cirúrgico, a lesão do nervo vago, elas não desenvolvem Parkinson.
10:04Nossa, que curioso isso.
10:05Exatamente, né?
10:06Então, o que que acontece?
10:08Depois, quando ela atinge nas partes cerebrais superiores aqui, a pessoa começa a ter distúrbios do sono.
10:16Aquele sono muito agitado.
10:18A gente fala distúrbio do sono REM.
10:20Tá.
10:20Consegue dormir, mas de forma agitada.
10:22Ela dorme, mas naquele momento que você tá sonhando, que você devia estar no auge do relaxamento da sua musculatura,
10:28pra você não entrar no sonho, a pessoa não tem esse relaxamento e, frequentemente, o cônjuge sofre com isso.
10:34A pessoa nem lembra, mas o cônjuge leva uns pontapés lá, uns socos lá e, enfim, sofre com isso, tá?
10:43Também, você começa a ter, 10, 20 anos antes, alteração de olfato.
10:51A pessoa tem o que a gente chama de hipoosmia ou anosmia.
10:55Ela para de sentir o cheiro das coisas.
10:56E é algo que, frequentemente, nossos colegas médicos não questionam.
11:01E nem examinam.
11:02Às vezes, a pessoa nem acha que aquilo pode ser um sintoma pra uma doença mais grave, né?
11:08Não sei o quê, mas, às vezes, as coisas se sobrepõem, né?
11:12E é um negócio simples, porque eu testo no consultório um copo de café.
11:16Então, eu chego lá, pego um cafezinho.
11:18Você tá sentindo o cheiro do café?
11:20Oh, tô.
11:20Ou não.
11:22Realmente, eu perdi o olfato faz algum tempo, né?
11:25É diferente se a pessoa já tem, desde sempre, uma alteração olfatória.
11:29Se ela desenvolveu, é algo que tem que levantar um sinal de alerta.
11:33Até porque essa alteração da sinucleinopatia, né?
11:37Das proteínas.
11:39Elas estão começando a ser vistas como um biomarcador.
11:42Você pode ver já, antes da pessoa ter a doença, se ela vai ter um risco.
11:47Você pode fazer essa dosagem, né?
11:50Ainda não tem no exame de sangue, mas você pode ver no líquor ou fazer uma biópsia da pele, né?
11:54Então, enfim, coisas que ainda estão em estudo.
11:59Agora, doutor Sérgio, então, diante desses outros sintomas que não são os tremores, né?
12:05Quais devem ser os sinais de alerta que a pessoa precisa perceber ali no dia a dia
12:11e que talvez possa levar a esse diagnóstico de Parkinson?
12:15É, então, geralmente, o paciente começa a ter vários outros parasintomas, né?
12:23Da doença, as alterações do sono, as alterações do olfato, alterações cognitivas,
12:27alterações de equilíbrio, alterações de instabilidade postural, né?
12:32Então, todos esses sintomas fazem parte da doença.
12:38Só para complementar um pouquinho, geralmente, a doença é um pouco mais prevalente nos homens, tá?
12:43De 1,3 a 2 casos de homem para cada mulher, né?
12:49E essa descrição desses sintomas, né?
12:56Que vão se dando com o tempo pela disseminação da alfacinucleína, etc.,
12:59têm sido descritos agora como uma grande mudança aí no entendimento da doença
13:07e também para o diagnóstico mais precoce, né?
13:11Então, tem a descrição da disseminação dessa proteína anômala, alfacinucleína,
13:17que vai se disseminando entre as diferentes partes do sistema nervoso central
13:22e causando esses sintomas em determinados tempos,
13:26de acordo com o que ele vai chegando nas estruturas, né?
13:28Então, ele começa, às vezes, 10 anos antes com a perda de olfato progressivo,
13:33que é um sintoma realmente muito negligenciado, né?
13:37E, às vezes, o paciente chega com uma pequena queixa de olfato,
13:41uma coisa assim, porque é um sintoma insidioso também.
13:44Então, todo sintoma que começa de maneira lenta...
13:47Muito vivagão.
13:48É mais difícil para a própria pessoa, entendeu?
13:50A não ser que ele fique muito intenso, né?
13:53Para até ela chegar num médico, né?
13:54Exato, né?
13:56Então, é muito complicado, pequenas alterações, né?
13:59O que eu ressaltaria aí é a combinação da alteração de olfato com o sono agitado.
14:07Acho que essa combinação, essa associação de sintomas,
14:10eu acho que realmente tem que levantar um sinal de alerta.
14:12Agora, como que é feito o diagnóstico desse paciente?
14:17Só por essa junção dos sintomas ou tem, de fato, um exame clínico
14:23que é possível se diagnosticar a doença?
14:27Ah, então...
14:28Você quer falar?
14:29Pode.
14:30Desculpa, falou demais.
14:32Imagina.
14:33Então, a primeira coisa que é legal diferenciar, tá?
14:36Você tem sintomas de Parkinson, que são sintomas motores,
14:41e você tem a doença de Parkinson.
14:44Porque não é só a doença de Parkinson que vai causar esses sintomas de Parkinson
14:49que a gente chama de Parkinsonismo.
14:51Tem outras doenças que vão causar.
14:53Tem medicamentos que vão causar Parkinsonismo.
14:56O tremor.
14:57O tremor e a rigidez.
14:58O kit completo aí.
15:00Algumas pessoas vão mais para o tremor, outras vão mais para a rigidez.
15:03Então, assim, você tem Parkinsonismo e você tem doença de Parkinson
15:09que causa esses sintomas que a gente consagrou chamando de Parkinsonismo.
15:14Então, assim, o diagnóstico de Parkinsonismo você pode fazer examinando.
15:20Agora, se a causa vai ser a doença de Parkinson
15:23ou vai ser alguma outra doença que também dá esses sintomas,
15:28aí é um passo além.
15:30E você tem exames complementares que ajudam,
15:34mas o sintoma de Parkinsonismo, a doença de Parkinson,
15:37o conjunto de achados,
15:39você faz clinicamente, examinando a pessoa.
15:42E algo que eu adoro fazer no consultório,
15:44provavelmente o Sérgio também,
15:46é fazer um teste terapêutico,
15:49que também serve para diagnóstico.
15:51O que é o teste terapêutico?
15:52Você dá aquele neurotransmissor
15:55que a pessoa está faltando, que não está produzindo.
15:58Você tem a dopamina, um teste de consultório
16:01que faz efeito em cinco minutos.
16:03É sensacional.
16:04É um medicamento?
16:05Um medicamento, que a gente usa para o tratamento,
16:07mas você tem apresentações de consultório
16:09para fazer o teste diagnóstico e terapêutico.
16:12Você dá para a pessoa,
16:13ela em cinco minutos tem uma resposta fantástica.
16:17A pessoa realmente acha que é um milagre.
16:18Ele fala, levanta-te, anda,
16:20e a pessoa que estava travada anda muito melhor.
16:23Às vezes não zera todos os sintomas,
16:24mas melhora muito.
16:26Então, isso corrobora muito o diagnóstico.
16:30Doutor Sérgio, quais outros exames clínicos
16:33é possível diagnosticar?
16:35Então, existem uma série de doenças neurodegenerativas
16:40que podem causar sintomas parkinsonianos,
16:47e a parasia nuclear progressiva, entre outras.
16:50E que daí a gente faz exames de imagem,
16:55o exame clínico, o teste terapêutico.
17:00Então, essas outras condições têm uma característica
17:05de não responder bem ao tratamento, a levodopa,
17:08que é o neurotransmissor que falta, é a dopamina.
17:11Então, você dá, leva o dopa,
17:13o paciente tem uma melhora dos sintomas.
17:15E aí, essas outras condições geralmente não têm uma resposta
17:21tão importante à levodopa.
17:23O parkinson, a característica dele é responder muito bem
17:26à levodopa, pelo menos no início da doença.
17:31Existe, hoje a gente tem disponível a cintilografia
17:35com uma observação ali com um contraste que é o trodate, né?
17:43Que vê diretamente os receptores de dopamina.
17:47Então, você consegue ver, olha, está tendo redução disso.
17:50Então, ali no tronco cerebral, ali na parte compacta e tal.
17:55E aí você consegue ter esse auxílio diagnóstico,
17:57principalmente nos casos que têm mais dúvida, né?
17:59Mas o diagnóstico eminentemente é clínico, né?
18:03O exame clínico do paciente e a história dele
18:08vai nos dizer muito sobre esse diagnóstico.
18:11E sobre a condução do tratamento,
18:14que é o que a gente vai abordar agora.
18:16Acho que a gente pode também voltar para um assunto importante,
18:19que é o papel até do Sistema Único de Saúde, né?
18:22Só para ter uma ideia ali da dimensão desse trabalho,
18:25segundo a Secretaria de Saúde aqui de São Paulo,
18:28em 2024 foram realizados quase 80 mil atendimentos ambulatoriais
18:33e mais de 260 internações por doenças de Parkinson
18:37só aqui no Estado.
18:40E o acompanhamento começa nas unidades básicas de saúde,
18:43se necessário, o paciente é encaminhado
18:45para serviços especializados.
18:47Então, quais são os principais tratamentos disponíveis hoje?
18:52Na verdade, ainda nós não temos um tratamento
18:57que vá agir diretamente na doença.
19:00Os tratamentos melhoram os sintomas.
19:03Então, é uma doença neurodegenerativa que não tem cura.
19:07E os tratamentos, basicamente, vão melhorar os sintomas.
19:12Estão em pesquisa uma série de tratamentos
19:15que visam essa alfa-sinucleína,
19:18são anticorpos monoclonais e tal,
19:20que a gente espera muito que aí, de fato,
19:22a gente vai conseguir mexer na fisiopatologia da doença mesmo.
19:26Mas hoje, esses tratamentos estão disponíveis,
19:28estão disponíveis no SUS,
19:30nas farmácias, no Programa de Farmácia Popular,
19:33uma série de medicamentos que vão,
19:36dependendo do paciente, do quadro que ele apresente,
19:39isso é muito pessoal, né?
19:42Você vai utilizar diferentes tipos de medicamento.
19:46Um que vai melhorar um pouco mais o tremor,
19:48outro que vai melhorar um pouco mais a rigidez,
19:51a bradicinesia, junto com a fisioterapia,
19:55junto com a fonoaudiologia.
19:57Quer dizer, é um tratamento multidisciplinar.
19:59Doutor Paulo, queria justamente abordar essa questão.
20:02Além da medicação, como o doutor Sérgio disse,
20:04é praticamente um tratamento personalizado, né?
20:07Para cada tipo de caso.
20:09Mas como a reabilitação, né?
20:11Com fonoaudiologia, fisioterapias,
20:15pode melhorar a qualidade do paciente?
20:17Perfeito.
20:17Então, é o trabalho conjunto, tá?
20:20Então, e inclusive,
20:22é difícil achar alguma coisa
20:24para a qual a atividade física não traga benefício.
20:27Difícil, né?
20:30Dificilmente tem algum remédio que eu dê
20:32para qualquer coisa que seja melhor
20:34do que a atividade física.
20:36É verdade.
20:37E para a doença de Parkinson,
20:38não é exceção.
20:40Tá.
20:41Então, assim,
20:43o que mais vai ter benefício
20:44em termos de retardar a progressão da doença
20:47é uma atividade física.
20:49Associada a um medicamento, por exemplo.
20:51Associada a um medicamento que,
20:52como o Sérgio bem ressaltou,
20:54ele vai tratar os sintomas.
20:56Então, ele vai agir direto
20:57naquela via da dopamina
20:58que a pessoa não produz.
21:00Então, ou você dá um remédio
21:01que aumenta a liberação da dopamina
21:03nas células que ainda sobraram
21:05ou você dá remédios que são parecidos
21:07com dopamina que vão agir
21:08aonde ela deveria agir
21:10ou você dá a própria dopamina.
21:13Que, às vezes, é o melhor tratamento,
21:15é o mais potente.
21:16Só que o problema é que a dopamina
21:17que você dá por via oral,
21:19ela tem um período de ação muito curto.
21:21Então, a pessoa tem que tomar muitas vezes por dia.
21:24Às vezes, a absorção é meio errática,
21:26dependendo do que ela ingere,
21:27do que não ingere.
21:28Então, tem essas limitações ainda.
21:32E o que eu, como geriatra,
21:34não posso deixar de ressaltar
21:36é sempre verificar medicações
21:40que têm efeito antidopaminérgico.
21:44A lista é grande.
21:47O que eu consigo conquistar
21:50os meus pacientes de tirar remédio
21:52não está escrito,
21:53porque as pessoas têm um limiar muito baixo
21:55para dar remédio,
21:57mas ninguém lembra de tirar.
21:59E ela fica tomando por muitos meses.
22:01E, às vezes, o remédio não está mais fazendo efeito.
22:03Ainda não está fazendo efeito,
22:04ainda está dando uma toxicidade.
22:05Está afetando a produção de dopamina
22:08da pessoa que está íntegra.
22:10São remédios para qualquer tipo?
22:12De problema?
22:14De saúde?
22:14Para tontura, para enjoo.
22:16Tá.
22:17Eu tenho essa labirintite aqui,
22:18que, às vezes, nem é labirintite.
22:20E o cara fica tomando remédio por décadas.
22:23E vai tirar o remédio dele.
22:25Ele fica bravo.
22:25Não, mas eu já tomo isso aqui há muito tempo.
22:27Eu falei, está te fazendo mal, chefe.
22:29É.
22:30Agora, essas medicações,
22:32quando o paciente é diagnosticado,
22:35doutor Sérgio,
22:36pode fazer com que os sintomas desapareçam
22:38e que a pessoa não sinta mais
22:40os efeitos desses sintomas no dia a dia?
22:43Ou é muito a longo prazo?
22:46Depende de que momento está o paciente.
22:50Em fases muito iniciais,
22:52a gente consegue, sim,
22:53às vezes, com muito pouca medicação,
22:55debelar os sintomas.
22:57E é basicamente isso que a gente vai fazendo.
23:00Quer dizer,
23:01o atendimento do paciente
23:03é um atendimento que é de longo prazo.
23:05Então, o paciente vai várias vezes no consultório,
23:10acompanhando,
23:10e a gente vai vendo os sintomas
23:12e vai fazendo pequenos ajustes.
23:14É um eterno ajuste contínuo
23:16o tratamento do Parkinson.
23:18Então,
23:19você vai montando aquele esquema
23:22que é melhor para aquele paciente.
23:24Às vezes, ele não se dá com remédio.
23:26Às vezes, ele tem todas essas coisas.
23:28Tem esses medicamentos
23:30que o Paulo estava falando aqui
23:31que podem induzir sintomas parkinsonianos,
23:35remédios até simples
23:36que são comprados,
23:38inclusive, sem receita.
23:40Tentar mudar a rotina dessa pessoa
23:43que, às vezes,
23:43não pratica um exercício físico
23:45e, a partir de agora,
23:47vai precisar ir para uma fisioterapia.
23:50Tem a resistência a depender do paciente,
23:53a idade do paciente.
23:54Também tem isso.
23:55E a família, nesse caso,
23:57é essencial.
23:57E, às vezes, tem a vergonha também, Soraya.
23:59Porque a pessoa,
24:00ela não quer se expor, né?
24:02Ela tem Parkinson.
24:03Ela, às vezes,
24:04não está tão bem fisicamente.
24:06Vai falar para ela ir em uma academia.
24:08É.
24:09É complicado.
24:10Então,
24:11acaba tendo uma outra limitação
24:13nesse sentido também.
24:15E aí,
24:15a evolução da doença é inevitável.
24:17A evolução da doença é inevitável,
24:19mas ela é também heterogênea.
24:21Então,
24:22eu tenho pessoas
24:22que têm 20 anos de doença
24:24e ninguém fala
24:25que ela tem Parkinson.
24:26Até eu desconfio.
24:27Eu falo, não é possível.
24:27Você está muito bem.
24:29Eu até desconfio do seu diagnóstico.
24:31Vamos tentar tirar o tratamento.
24:32Aí, o cara começa a ter sintoma.
24:34Eu falo, impressionante.
24:35Mas eu tenho pessoas
24:36com 10 anos de doença
24:37que não respondem mais ao tratamento.
24:40E aí, você tem intervenções
24:42até cirúrgicas,
24:44casos mais avançados,
24:45para atenuar o sintoma.
24:47Eu ia até fazer essa pergunta.
24:49Quando é que a cirurgia
24:51ela é indicada, né?
24:54Quando o tratamento
24:55por medicação
24:56não faz mais efeito
24:58e aí precisa optar
24:59pela cirurgia?
25:01A cirurgia, né?
25:03Ou a instalação,
25:04geralmente,
25:04de um estimulador, né?
25:06Que a gente chama de DBS.
25:09Ela é indicada, sim,
25:11quando o paciente começa a ter
25:13uma resistência
25:15ao uso das medicações.
25:16A gente fala que o paciente
25:17tem uma fase de lua de mel
25:19no início do tratamento
25:20com os remédios vioral.
25:22Que vai vendo o efeito positivo.
25:24Isso.
25:25E aí, com o tempo
25:26e o avançar da doença, né?
25:28Esses remédios vão tendo
25:29um efeito menor.
25:31E aí, o paciente vai começar
25:34a ter uns sintomas mais intensos.
25:36E aí, nesse momento,
25:37a gente avalia.
25:38Mas depende muito.
25:39Porque você, veja,
25:40é uma neurocirurgia, né?
25:42Embora seja um procedimento
25:44que não é...
25:45É muito invasivo?
25:46...tão complicado.
25:48Basicamente, você tem que abrir
25:49e instalar
25:51um equipamento
25:55que vai dentro do cérebro
25:56que vai estimular
25:57diretamente ali
26:00os núcleos da base.
26:03Então, existe uma série de riscos
26:05de infecção,
26:06de sangramentos, etc.
26:08Assim como toda cirurgia, né?
26:09Qualquer cirurgia.
26:10Então, uma neurocirurgia,
26:11ela representa.
26:13E considerando
26:14que é um paciente idoso,
26:17né?
26:17Então, a gente...
26:18Ele tem uma série
26:19de outras doenças,
26:20comorbidades,
26:21que podem aumentar
26:22o risco da cirurgia, né?
26:24Então, a gente pesa muito
26:27em relação a isso.
26:28Mas é um procedimento
26:29muito feito
26:30e muitas vezes
26:32tem muito sucesso, né?
26:33A gente consegue melhorar
26:34muito os sintomas,
26:36reduzir a quantidade
26:37de medicação
26:37que o paciente usa, né?
26:39E isso a gente vê
26:41junto com o pessoal
26:41da neurocirurgia e etc.
26:43Olha, a gente está chegando
26:45ao final do nosso programa.
26:47Queria que vocês
26:48deixassem uma mensagem.
26:49Porque nem sempre
26:50é fácil receber
26:52o diagnóstico
26:53de uma doença, né?
26:54Queria que vocês
26:55deixassem essa mensagem
26:56para alguém que já
26:57sofre com esse problema,
26:59para a família
27:00que acabou de receber
27:01esse diagnóstico, né?
27:03De alguém ali
27:04próximo a eles.
27:06doutor Paulo.
27:08Então, vamos lá.
27:09Eu gosto de falar
27:10que o diagnóstico
27:11de Parkinson,
27:12ele está muito longe
27:14de ser uma sentença
27:15de morte, tá?
27:16E os tratamentos hoje,
27:18eles melhoram muito,
27:20mas muito mesmo
27:21a sintomatologia.
27:23Tem alguns inconvenientes,
27:24tem efeitos colaterais,
27:25mas eles melhoram muito
27:26e por muitos anos.
27:28E se investe muito
27:30em pesquisa hoje
27:31para reverter o processo,
27:34para reverter
27:35aqueles neurônios
27:36que estão mortos,
27:37degenerados.
27:38Então, assim,
27:40não perca a esperança,
27:42procure seu médico
27:43e faça o acompanhamento
27:45direitinho,
27:47faça a atividade física
27:48que vai retardar
27:48a progressão.
27:50Você tem muitos recursos
27:52diante dessa doença, tá?
27:55Eu tenho uma frase minha
27:56que algum dia
27:57eu vou patentear
27:58de direitos autorais,
27:59que eu falo que
28:00a preguiça
28:02é o maior veneno
28:03para a saúde.
28:05Isso vale tanto
28:05para a parte física
28:06como mental.
28:07Você parou de usar,
28:09parou de dar o comando
28:10para o seu corpo,
28:11ele vai atrofiar.
28:12Não deixe isso acontecer
28:14nem na saúde
28:15e nem na doença.
28:16Continue estimulando
28:17o seu corpo,
28:18continue estimulando
28:18o seu cérebro
28:19e ele vai responder.
28:21Mostra para o seu corpo
28:22que ele é importante.
28:23Uma máquina inteligente
28:24que nem o seu corpo,
28:25ela se adapta.
28:27Doutor Sérgio?
28:27E é isso mesmo.
28:29Como o Paulo bem disse,
28:31o Parkinson
28:32é uma condição
28:34que apesar de ser incurável,
28:36ela tem,
28:38a gente tem uma série
28:39de condições,
28:40a gente não tem como prever,
28:41né,
28:42como vai evoluir
28:43o paciente.
28:44Então,
28:45o investimento
28:47no tratamento,
28:48em todas as medidas,
28:50valem a pena,
28:51dão muito resultado.
28:52e o paciente
28:55precisa realmente
28:56ter essa noção
28:57de que quando ele
28:58começa a ter um sintoma,
28:59que ele de fato
29:00vai procurar
29:00realmente um atendimento,
29:02vai procurar o geriatra,
29:04o neurologista,
29:06para que ele tenha
29:07um atendimento precoce
29:08e aí ele vai conseguir
29:09melhorar muito
29:10a evolução
29:11dessa doença.
29:12E qualidade de vida, né?
29:13Exato.
29:14Recebemos no programa
29:15de hoje
29:16o neurologista
29:17doutor Sérgio Jordi
29:19e também conosco
29:20o doutor
29:20Paulo Camis,
29:21médico geriatra,
29:22e clínico geral.
29:24Obrigada aos dois
29:25pela participação,
29:26pelas informações
29:27tão valiosas
29:28e a você também
29:29que esteve conosco.
29:30E se você perdeu
29:31alguma parte
29:32do programa de hoje
29:33e quer rever também
29:34outras entrevistas,
29:35o programa vai estar
29:36disponível no nosso canal
29:37ou também no aplicativo
29:39da Panflix
29:40para Android
29:40ou iOS.
29:42E se você tem
29:42alguma sugestão de tema,
29:44alguma dúvida também,
29:45mande um e-mail
29:46para nós,
29:47é o
29:47saúde
29:47arroba
29:48jovempan
29:49ponto com
29:49ponto BR
29:50e a gente se vê
29:51no próximo
29:52JP Saúde.
29:53Até lá.
29:57Jovem Pan
29:58Saúde
29:58A opinião
30:01dos nossos
30:02comentaristas
30:03não reflete
30:04necessariamente
30:04a opinião
30:05do Grupo
30:06Jovem Pan
30:06de Comunicação.
30:11Realização
30:12Jovem Pan News
30:13Jovem Pan News
30:24Jovem Pan News
30:24Jovem Pan
30:24Jovem Pan

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