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Durante evento em Paris, FMI e Banco Mundial discutem os impactos da guerra comercial entre EUA e China. Igor Rocha, economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), analisa as consequências para a indústria brasileira e os desafios que o país enfrenta nesse cenário.

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Transcrição
00:00A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China ganhou novos capítulos no relatório
00:05apresentado pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial, nos relatórios, durante
00:09um evento realizado na semana passada em Paris.
00:12Para falar sobre os impactos destas tensões e também sobre a situação da indústria
00:17brasileira em meio de tudo isso, a gente vai conversar agora com Igor Rocha, que é
00:21economista-chefe da Fiesp.
00:22Igor, bom dia para você, seja bem-vindo aqui ao Real Time.
00:27Bom dia, Marcelo, é um prazer estar com vocês aqui hoje.
00:29A nova guerra tarifária está sendo comparada à crise de 2008 até, pela gravidade, a
00:34pandemia também, inclusive.
00:36Como é que a indústria brasileira pode se preparar num cenário desses?
00:41É, na última semana que teve essas reuniões em Washington com o FMI, com o Banco Mundial,
00:46com representantes de diversas instituições e de diversos países, foi esse o ponto mais
00:51marcante das discussões.
00:53a tarifa, toda essa mudança geoeconômica que está em curso, é o evento mais relevante
01:01desde a pandemia e a crise de 2008, tá certo?
01:04E óbvio que isso coloca desafios para diversos países, sobretudo os países emergentes, e
01:09para o Brasil, que é uma economia emergente, é uma economia em desenvolvimento, tá certo?
01:13De uma forma geral, Marcelo, menos comércio é pior que mais comércio.
01:18Então, a conta final, não só para o Brasil, mas para o mundo, ela é negativa.
01:24Não tem como a gente, nesse saldo, ver como algo positivo o que está acontecendo.
01:28É claro que, em determinados pontos, em termos relativos, algumas nações, sobretudo
01:34aquelas que têm relações de neutralidade com ambos os países, podem, né, ter uma
01:41posição, digamos assim, menos pior e se destacar em alguns determinados setores.
01:46E o Brasil é uma delas.
01:48A gente tem ali espaços que a gente pode conquistar, sobretudo no agronegócio, que é
01:53bastante relevante, na agroindústria, mas também tem, por outro lado, uma preocupação
01:57de ter uma enxurrada de oferta, né, de bens industriais aqui no Brasil, que podem
02:03complicar, inclusive, a nossa indústria nacional.
02:06Ainda é muito cedo para a gente conseguir avaliar e quantificar esses efeitos, mas
02:11é um fato que, do ponto de vista do crescimento econômico, o que está acontecendo tira dinamismo
02:17não só do Brasil, mas também do mundo como um todo e, sobretudo, dos Estados Unidos.
02:22Agora, Igor, uma coisa que me chamou a atenção é que, mesmo com as tarifas sobre o ácido
02:27e o alumínio, a gente entrevistou há pouco tempo aqui o presidente da Associação
02:31do Ácido Brasil e ele falou para a gente que as vendas aumentaram para os Estados
02:35Unidos, até porque essa taxa é para o mundo inteiro, né, e os Estados Unidos, eu imagino
02:39que, pelo menos no curto prazo, não tem essa produção excedente lá para abrir mão,
02:44por exemplo, do ácido brasileiro.
02:45Está correta essa avaliação?
02:47O que acontece, Marcelo, é que a economia americana ainda está crescendo, então ela
02:51está tendo uma demanda.
02:53Em 2024, teve um crescimento bastante expressivo, com a inflação chegando ali perto de 3%.
02:58Em 2025, no primeiro semestre, ainda a expansão da economia americana.
03:03Então, obviamente, você demanda bens, não só do mercado doméstico americano, mas também
03:07de fora dos Estados Unidos.
03:08A preocupação que está posta é o que acontece a partir do segundo semestre de 2025.
03:13Foi sobre isso que versaram as discussões, as preocupações, o debate na última semana
03:19em Washington.
03:20Por quê?
03:21É difícil atribuir uma probabilidade estatística, um número exato, mas é um fato, é um consenso
03:27entre os economistas que o semestre mais duro será o segundo semestre de 2025.
03:33É um consenso, vai, se a gente colocar um certo número de 50, 60, 65, talvez, para
03:40alguns mais pessimistas, 70% de chance da economia americana entrar uma recessão nesse
03:46segundo semestre.
03:47E daí sim, esses resultados que a gente está vendo da demanda por bens diversos, inclusive
03:52os bens como o ácido brasileiro, daí pode sofrer uma reviravolta.
03:56Por enquanto, no primeiro semestre, até porque a gente tem esse carregamento de 2024, a economia
04:01americana ainda não teve essa contração abrupta.
04:04Até porque isso demora um pouquinho, igual quando a gente faz a política monetária, Marcelo.
04:08Quando você aumenta juros, quando você abaixa juros, tem um lag, tem um espaço, demora
04:11seis meses para as coisas começarem a acontecer, começarem a ser sentidas.
04:15Então, claro que do ponto de vista de incerteza, está muito grande.
04:18O que a gente mais escutava nos Estados Unidos eram caos, barulho, confusão, incerteza.
04:23Eram esses termos que eram muito utilizados exatamente porque está um momento bastante
04:28difícil de você quantificar as coisas.
04:31Porque risco, no limite, você consegue fazer conta, você quantifica.
04:34O mercado financeiro consegue quantificar.
04:36Agora, a incerteza, essa instabilidade é bastante ruim para os negócios e a gente começa
04:41a poder sentir mais para o final desse semestre, início do segundo semestre de 2025, uma mudança.
04:48Igor, a gente vai agora fazer uma pequena pausa na entrevista.
04:52Eu peço que você continue aí só para mostrar a situação que a Europa está passando agora
04:56porque o continente passou por um apagão aí, principalmente Portugal, Espanha.
05:01A gente está vendo imagens aí de metrô, de estação de metrô em Madrid.
05:06A falta de energia começou por volta das sete e meia da manhã no horário de Brasília.
05:10Segundo alguns relatos, existem ainda falhas em conexão de internet e tem dificuldade, viu, gente?
05:16Em boa parte dos países ali, de fazer ligações telefônicas.
05:20França, Itália, Bélgica e Alemanha também tiveram relatos de falta de energia em alguns lugares.
05:26Nas redes sociais, há publicações sobre falhas também na Polônia e na Finlândia.
05:31Ainda em Portugal, os voos que partiriam do país foram cancelados.
05:35No aeroporto de Lisboa, a situação é a mais crítica, apesar do uso de giradores.
05:39Parte do serviço está sendo restabelecido em alguns países.
05:43A gente vai manter você, então, bem informado sobre essa situação.
05:47Eu volto agora com o Igor Rocha, que é economista-chefe da Fiesp.
05:51Igor, uma situação dramática na Europa, né?
05:53A gente sabe que a eletricidade e a energia lá, ela é muito compartilhada, né?
05:59Eles têm um grid ali, eles têm uma rede que é bem solidária, né?
06:02De um país passando para o outro ali.
06:04E quando começa um apagão desse tipo, imagino que a tensão deve crescer muito,
06:09porque toda a indústria de qualquer país depende muito de energia elétrica, né?
06:15Sem dúvida.
06:16Se a gente pegar ali no momento que estourou o conflito da Ucrânia com a Rússia,
06:21aconteceu plantas e plantas de diversos países sendo fechadas pela falta exatamente de energia.
06:26E o que a gente vê, depois da pandemia, depois do conflito entre essas duas economias,
06:32foram os países buscando uma autonomia energética, sanitária,
06:39e também agora já está buscando uma certa autonomia bélica, né?
06:41Que é o que a Europa está fomentando, por exemplo, a Alemanha para ativar a sua economia.
06:46Então, isso que está acontecendo agora acaba reforçando esse direcionamento
06:51que a gente já via, já estávamos assistindo no período dos últimos dois, três anos, tá certo?
06:57Então, essa é uma preocupação.
06:59E também de começar, na medida que o mundo, a economia externa está um pouco mais complexa,
07:05a se voltar para o seu mercado doméstico.
07:07Então, a gente sai de um modelo que os economistas sempre atribuíram
07:10como um modelo liderado pelas exportações, como um modelo de mais ótimo,
07:17digamos assim, de crescimento das economias mundo afora.
07:20A teoria econômica sempre falou, olha, precisamos exportar mais,
07:22precisamos ser uma economia voltada para fora.
07:24Para as economias começarem a se voltar também para o mercado doméstico.
07:29Então, a gente sai de um modelo sport-led, liderado pelas exportações inglês,
07:34para um modelo chamado de consumption-led, liderado pelo consumo interno.
07:39Então, a China já está fazendo esse direcionamento e a Europa está fazendo isso com bastante clareza agora.
07:46A gente tem que ver se isso vai ganhar escala e a escala vai ser dada exatamente
07:50para procurar se proteger nesse ambiente externo que está bastante desafiador.
07:55Bom, a gente falava então de Estados Unidos e China.
07:58A gente sabe que o Brasil vende muito mais produtos com valor agregado para os Estados Unidos do que para a China.
08:03A China compra mais commodities da gente.
08:04E justamente esse setor de manufaturas é um setor que o Trump está colocando como alvo da guerra comercial.
08:13Você tem algum setor específico aqui da indústria brasileira exportador de manufaturas para os Estados Unidos
08:18que preocupam a Fiesp, por exemplo, que vocês estão acompanhando de perto aí para ver qual vai ser a consequência dessa tarifa de 10%?
08:27Olha, a gente não tem um setor específico.
08:30Claro que alguns, como por exemplo máquinas, equipamentos, a gente pode ter algum tipo de impacto pela proteção tarifária.
08:37Mas é verdade também que uma compensação que a gente deve ter esse ano é que é uma expectativa,
08:43até pela pujança do nosso agronegócio, sobretudo no primeiro semestre, que esse setor vai muito bem.
08:48Então você acaba tendo uma compensação, está sendo esperado uma expansão de mais de 20% no primeiro semestre
08:54do setor de máquinas e equipamentos para o agro no ano de 2025.
09:00Então você tem uma compensação, está certo?
09:02Agora, se o vetor que hoje, que é o que está puxando a economia brasileira,
09:09que é o setor doméstico, a economia doméstica, que é o liderado pelo consumo,
09:13começar a sofrer uma desaceleração muito grande, essas perdas ou essa reorganização
09:20que está acontecendo no mundo do ponto de vista comercial, com a escala tarifária,
09:24daí a gente pode começar a sentir de uma maneira mais expressiva.
09:26Mas, por outro lado, também a gente pode abrir mercados que eram ocupados pelos Estados Unidos
09:31no mercado chinês.
09:32Então a gente conseguir fazer esse saldo final dos pesos e contrapesos,
09:37e como isso se dá, ainda está um pouquinho muito recente para a gente fazer uma avaliação, tá Marcelo?
09:42Até porque, vamos pegar aqui nos últimos três semanas, talvez no último mês,
09:48as tarifas subiram, desceram os anúncios em diversos momentos.
09:52Claro que o recrudescimento tarifário se deu mais na relação Estados Unidos-China,
09:57que esse a gente só viu praticamente subir.
09:59Mas com o resto do mundo, foi um vai e vem, um vai e vem.
10:03Então, a gente tem que aguardar um pouquinho para ver o que vai se consolidar.
10:07É um fato, e o que é importante ser dito, é que o Brasil, como um país neutro,
10:14e um país que adota essa multilateralidade, essas relações comerciais com ambos os países,
10:20podem se beneficiar também, tanto a China quanto os Estados Unidos,
10:26com o Brasil estabelecendo hubs logísticos e rotas indiretas de importação,
10:31de acesso a esses mercados, pelo país chamado rival, como colocasse entre aspas.
10:35Então, a gente pode acabar se beneficiando nesse momento nisso.
10:38Ainda é muito cedo para a gente conseguir avaliar.
10:41Se a gente pegar o melhor dos mundos, e isso foi muito abordado nas reuniões em Washington,
10:45uma tarifa média de 10%, que seria uma tarifa, entre aspas, baixa,
10:50ainda é muito ruim para o mundo.
10:52Então, a gente ainda tem uma inflação, inclusive, nos Estados Unidos,
10:55saindo de uma média de 3%, podendo passar a alta para 4%, 5%,
10:59com uma desaceleração bastante forte, que faz com que o Fed continue abaixando, sim,
11:06os juros nos Estados Unidos, e isso acaba ajudando a gente aqui também,
11:09porque descomprime a rigidez da nossa política monetária,
11:14mas é muito ruim uma economia desenvolvida passar a ter uma inflação de 4%, 5%.
11:22A gente viu agora há pouco o Scott Besant falando para a CNBC americana
11:26sobre a Europa e sobre o euro, dizendo que o euro está supervalorizado,
11:30que subiu 10% em relação ao dólar, que a Europa está em pânico em relação a isso,
11:36de acordo com as palavras do Besant, e dizendo que a Europa não quer um euro tão valorizado,
11:41justamente para não prejudicar as exportações dela.
11:45Essa é uma preocupação que eu acho que existe em alguns países,
11:47porque a moeda é supervalorizada, a gente sabe que, de fato, dificulta as exportações do país.
11:54É o caso também da Argentina agora, que está com o peso muito valorizado,
11:57acaba fazendo com que os preços fiquem altos e isso atrapalha um pouco a exportação.
12:03Em relação ao Brasil, a impressão geral que a gente tem é que o nosso câmbio está ao contrário,
12:10está desvalorizado.
12:11Do ponto de vista industrial, como é que vocês da Fiesp, como é que a indústria do Brasil
12:17vê o atual patamar do nosso câmbio?
12:21Em média, Marcelo, uma moeda muito valorizada pode ser ruim para as exportações,
12:27mas ela é boa para a inflação, está certo?
12:29Então, ela tem essa contrapartida.
12:32No Brasil, nosso câmbio, no patamar que está hoje, ele está bom para exportação,
12:38não tem como eu falar algo diferente disso.
12:41A questão é, um, a volatilidade que se dá, está certo?
12:45E o que a gente pode esperar para frente.
12:48Se a gente olhar os dados históricos, isso que aconteceu de valorização do euro frente ao dólar,
12:53também está acontecendo das moedas emergentes frente ao dólar.
12:57Esse enfraquecimento do dólar está sendo global.
12:59Claro que a magnitude varia de moeda e varia de país que a gente está tratando aqui, está certo?
13:06Mas a gente viu esse comportamento muito comum.
13:09A gente assistiu uma reversão do que aconteceu até 2024,
13:14sobretudo naquele finalzinho de dezembro,
13:16que foi bastante turbulento aqui para a nossa moeda doméstica,
13:20tendo uma descompressão bastante clara aqui no ano de 2025.
13:24Novamente, as reuniões que houveram do FMI e do Banco Mundial
13:29versaram também sobre essa questão, da expectativa de um dólar mais fraco.
13:34O Scott Bassett, que estava nessas reuniões,
13:36o que ele afirmou de maneira pública lá,
13:40foi que a questão do dólar, só quem discute é ele e o presidente Trump,
13:46o presidente dos Estados Unidos.
13:48Ele espera que esse movimento que teve de enfraquecimento do dólar
13:53não perdure, ele está vendo um dólar forte para frente
13:57e acaba sendo um pouco diferente do que a média dos economistas estão vendo para frente,
14:00que é um dólar mais fraco, exatamente por essas coisas que estão sendo postas,
14:05dessa questão bastante tarifada, tarifária,
14:13entre os Estados Unidos e a China no momento.
14:17Certo, eu falei aqui com o Igor Rocha, que é economista-chefe da Fiesp.
14:20Igor, eu queria te agradecer muito por essa participação aqui no Real Time
14:24e te desejar um bom dia também.
14:26Obrigado, Marcelo. Bom dia para todos que nos assistem.

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