O programa JP Internacional deste sábado (26) contou com a participação do mestre em relações internacionais Uriã Fancelli para analisar a cerimônia do funeral do Papa Francisco, além de comentar o encontro entre Donald Trump e Zelensky. O especialista repercutiu também a declaração do presidente da Argentina, Javier Milei, a respeito da sua publicação criticando o pontífice.
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NotíciasTranscrição
00:00Para falar um pouco mais sobre esse assunto, já que o funeral do papo também mexe com a geopolítica global,
00:05a gente recebe o mestre em relações internacionais, Uriam Fanceli.
00:08Uriam, seja muito bem-vindo ao JP Internacional de hoje.
00:14Oi, Fabrizio. Boa tarde. Prazer estar aqui com você.
00:17Uriam, a gente viu uma semana muito quente lá na Ucrânia, um bombardeio russo em Kiev, a capital.
00:23Foi o mais forte visto por lá esse ano, com mais de 10 mortos.
00:26E, inclusive, o presidente Volodymyr Zelensky precisou cancelar uma viagem, cortar pela metade,
00:32uma viagem que ele fazia à África do Sul para acompanhar os destroços, para prestar solidariedade às vítimas.
00:39E agora esse encontro que ninguém esperava de Zelensky com Donald Trump na Basílica de São Pedro.
00:47Dá pra gente esperar alguma coisa desse encontro?
00:51Então, eu acho que seria um pouco precipitado a gente tirar uma conclusão,
00:57por conta de uma reunião que acontece, primeiro, publicamente.
01:00Segundo ponto, que é uma reunião bastante rápida, né?
01:03Então, só 15 minutos.
01:06Então, acho perigoso se a gente fizer uma análise precipitada,
01:10tendo em conta tudo aquilo que tem acontecido, não apenas agora,
01:13mas levando em conta também todo aquele histórico da relação do Donald Trump com o Zelensky
01:19e do Donald Trump com o Putin ao longo de todos esses anos.
01:24Isso sem contar também que alguns documentos que foram vazados pela Reuters essa semana, né?
01:31Foram obtidos aí de maneira confidencial,
01:34mostram que aquela proposta que os Estados Unidos estão apresentando para a Ucrânia,
01:39elas são ali de... tem alguns pontos que acabam, de certa maneira, prejudicando os interesses do país.
01:47Então, como, por exemplo, que os Estados Unidos reconheceriam a Crimea como fazendo parte da Rússia oficialmente,
01:55algo que seria um golpe não apenas para a Ucrânia, mas também para a Europa.
02:00Os Estados Unidos defendem também nessa proposta que a Ucrânia não faria parte da OTAN,
02:05que é algo que ela tem pedido como garantia de segurança todo esse tempo.
02:10E aí, o que a Ucrânia faz?
02:11Ela pega junto com os países europeus e apresenta uma contraproposta para os norte-americanos.
02:18Então, acho que é tirar muita conclusão com base em uma imagem só.
02:24Exatamente o momento de discutir isso, Urian.
02:27A gente ouviu depois o presidente Lula prestes a embarcar de volta para o Brasil,
02:32falando que mal teve tempo de conversar com outros líderes.
02:35Havia essa dúvida, né?
02:37Se líderes internacionais teriam algum tipo de conversa paralela em meio ao funeral do Papa,
02:42se eles iriam respeitar o momento de luto, de dor de todo o povo católico ao redor do mundo.
02:49É apropriado ter esse tipo de conversa, principalmente dentro da Basílica de São Pedro?
02:56Então, né, Fabrício?
02:57É difícil responder essa pergunta.
02:59Apropriado, acho que depende da conversa e depende de quem.
03:02Então, eu acho que no sentido de haver uma conversa, por exemplo, entre os Zelensky e outros aliados europeus,
03:10acho que sim.
03:10A gente está falando ali de um país em guerra, que está buscando articular soluções com aliados.
03:18algo que, acho que assim, tem que haver um cuidado para que não pareça oportunista, né?
03:25Mas acho que na medida certa, mantendo um bom tom de respeito,
03:31se for dessa maneira embrulhado como a busca pela paz, não vejo nenhum problema.
03:36Os líderes, eles têm agenda bastante ocupada.
03:39Então, se estão ali no mesmo lugar, acho que não vejo problema nisso.
03:43Agora, um outro ponto para a gente trazer aqui, Uriã,
03:46esse foi o primeiro encontro tete a tete entre Volodymyr Zelensky e Donald Trump,
03:53desde aquele caso lá na Casa Branca, em fevereiro desse ano,
03:57aquela discussão que houve no Salão Oval também com a presença do vice-presidente J.D. Vance,
04:02e aquilo ali parecia um ponto de ruptura sem volta entre Washington e Kiev.
04:09A gente vê uma reaproximação. Houve a assinatura, ou a assinatura do termo de intenção
04:15do acordo de exploração de minerais entre os dois países,
04:19que é um ponto muito destacado pela Casa Branca.
04:23E a gente vê um Volodymyr Zelensky que volta, então, a conversar com Donald Trump.
04:27Zelensky vive uma situação muito difícil e não sabe se pode confiar no Trump.
04:32Mas é melhor estar com ele ou sem ele?
04:35Sem dúvida, é melhor estar com ele, até mesmo porque vamos colocar ali a seguinte situação hipotética.
04:44Na pior das hipóteses, se os Estados Unidos faz, se eles fizerem aquilo que eles têm ameaçado fazer,
04:50acho que já umas duas ou três vezes, ou Donald Trump, ou J.D. Vance, ou Marco Rubio,
04:56secretário de Estado, ameaçaram deixar essas negociações.
04:59A gente não sabe, de fato, o que isso representa.
05:02Se os Estados Unidos simplesmente desistiriam de ser o mediador nesse processo
05:07de buscar um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia,
05:10ou se eles, de fato, cortariam qualquer tipo de ajuda.
05:14Então, na pior das hipóteses,
05:16algo que prejudicaria a Ucrânia de maneira direta
05:21seria os Estados Unidos se afastarem completamente,
05:25não permitirem mais que países europeus, aqueles aliados da Ucrânia,
05:29comprassem armamentos norte-americanos, sistemas de defesa aéreo norte-americano,
05:35e se, também algo que acho que seria o pior de tudo,
05:39se os Estados Unidos parassem de compartilhar inteligência com a Ucrânia,
05:43porque é algo que teria um efeito imediato no campo de batalha.
05:46Então, a gente não sabe o que isso tudo representa.
05:50É fato que com os americanos é muito melhor,
05:55disso não há dúvidas,
05:56mas o Zelensky precisa ter o seu plano B.
05:59E até mesmo por isso que ele tem cada vez mais se aproximado
06:02dos países europeus que têm feito sinalizações que são bastante importantes.
06:06São sinalizações que não podem ficar apenas na retórica,
06:10como muitas vezes parece ser no caso do Emmanuel Macron.
06:15Então, o Emmanuel Macron tem uma característica bastante performática.
06:20Eu acho que essa é a palavra.
06:22Na semana passada, houve uma reunião feita em Paris também,
06:27onde o Steve Wittkopf, que é o enviado especial do Donald Trump,
06:31estava presente junto com o Marco Rubio,
06:34e o Macron, sempre que tem algum tipo de reunião,
06:36ele tenta vender como se essas reuniões fossem um divisor de águas.
06:41A partir de agora, a Europa vai estar envolvida,
06:43a partir de agora vai ser diferente.
06:45E acaba, muitas vezes, não sendo.
06:48O Trump, com outros aliados europeus da Ucrânia,
06:53também tem algumas diferenças.
06:55Então, foi o caso, por exemplo, da viagem recente
06:57que acontece da Georgia Meloni,
06:59primeira ministra da Itália, aos Estados Unidos,
07:01que ela tenta, de certa forma, atuar como ponte,
07:05mas vale lembrar que uma das maiores diferenças
07:07do posicionamento da Meloni com o Trump
07:10está injustamente na questão ucraniana.
07:14Então, o Zelensky, ele tenta se apoiar nisso, né, Fabrício?
07:20Tenta se apoiar no fato de que,
07:22se os Estados Unidos pularem fora,
07:24ele vai precisar, inevitavelmente, dos europeus.
07:27O Uriã está vindo tanto aqui no JP Internacional
07:30que ele já está começando a saber o que eu vou perguntar para ele
07:32antes mesmo de eu perguntar,
07:33porque a gente ia chegar nesse ponto do Macron.
07:35Era exatamente a pergunta de agora.
07:38O Uriã, queria saber o seguinte.
07:39Já há algum tempo, o Macron tem tentado tomar
07:42uma dianteira na representação da União Europeia
07:45ao redor do mundo, né?
07:46Isso, pelo menos, desde que a Angela Merkel
07:49saiu do governo lá na Alemanha.
07:51Ela, que era uma das principais líderes europeias,
07:54ficou no cargo de chanceler da Alemanha por muito tempo
07:57e, desde então, o Macron tem tentado se posicionar
07:59como essa figura principal.
08:01Agora vai ter troca de governo na Alemanha,
08:03sai Olaf Scholz entre a Friedrich Merz já no próximo mês.
08:07No Reino Unido, o Reino Unido, claro,
08:09deixou a União Europeia há alguns anos,
08:12mas você tem um governo também recente.
08:14Outros países europeus, caso da Espanha, da Itália,
08:18não tem a mesma força econômica e militar da França.
08:21Ficou com o Macron esse cargo de liderança da Europa?
08:24Ele tem força para tomar essa dianteira mesmo,
08:28inclusive, principalmente, nessa questão envolvendo Rússia e Ucrânia?
08:31Por isso, eu não sei se ele tem,
08:34mas ele tem vontade de fazer isso.
08:36Então, ele tem feito algumas sinalizações nesse sentido,
08:40trouxe algumas propostas até então,
08:42mas isso sempre, de novo, acaba sempre ficando ali na retórica.
08:46Ele fala, por exemplo, em aumentar aquele guarda-chuva nuclear da França,
08:51ou seja, da França ter armamentos nucleares em outros países europeus,
08:55para que possam, eventualmente, substituir uma retirada
09:00dos Estados Unidos do continente,
09:06que tem cada vez deixado mais claro
09:07que o país pode ser que não venha em defesa dos aliados europeus.
09:14Então, outra coisa que o Macron fala, por exemplo, agora,
09:18é uma proposta que está sendo apoiada por alguns outros países,
09:22que seria de forças de alguns exércitos,
09:25de alguns membros da União Europeia,
09:28de fazerem ali uma manutenção de paz na Ucrânia.
09:32Ou seja, seria tropas francesas,
09:35tropas de países como, por exemplo, a Letônia,
09:39que ficariam em território ucraniano
09:41para monitorar algum tipo de acordo de cessar fogo.
09:45Só que o Macron também tem exigido,
09:48assim como outras lideranças europeias,
09:51que eles deveriam ter o respaldo dos norte-americanos por trás.
09:55Ou seja, se por um lado estamos dispostos a estar ali,
09:59precisamos ainda dos norte-americanos.
10:01Então, ele traz,
10:04ele busca, sim, esse protagonismo,
10:08mas não sei até que ponto
10:09ele tem legitimidade para levar essas promessas
10:14e essas propostas adiante.
10:17Lembrando que, até mesmo internamente,
10:20em relação ao próprio governo na França,
10:22ele não está numa posição muito fraca.
10:24O fato do presidente francês
10:28ele ter ali nas mãos dele
10:31o direito de direcionar a política externa da França
10:36acaba dando a ele esse papel.
10:39Mas nada acaba se concretizando até agora, pelo menos.
10:44Bom, uma coisa é certa, né?
10:45Naquela publicação que ele fez pelo Exo,
10:47o antigo Twitter,
10:48ele dá uma cutucada no Putin
10:49e fala que agora é a hora do Putin
10:51mostrar que realmente quer a paz.
10:53Isso tudo na semana do maior ataque em Kiev
10:56registrado nesse ano,
10:57mais de 10 mortos, como a gente falou aqui.
11:00Isso é um sinal de que,
11:01pelo menos enquanto não houver cessar fogo,
11:03a Rússia não vai tirar o pé do acelerador nessa guerra, né, Uriam?
11:08Para o Putin não é interessante.
11:09Inclusive, ele tem mostrado sinalizações falsas
11:15para os norte-americanos
11:17de que ele está disposto ao diálogo.
11:18Uma pessoa que faz um ataque como aquele
11:20ou aquele outro que nós vimos
11:22algumas semanas atrás contra a região de Sumi
11:25não é uma pessoa que está procurando o diálogo.
11:29Então, o Putin, ele quer manter os americanos
11:33ali na mesa de negociação
11:34porque ele entende que, com essa postura
11:37que o Donald Trump tem adotado até agora,
11:40isso tem quebrado o isolamento internacional da Rússia
11:43que foi construído ao longo dos últimos três anos
11:45pelo Joe Biden junto com outros aliados europeus.
11:49Então, o Steve Witkoff,
11:52que é o enviado especial do Trump,
11:54ele tem feito diversas reuniões com Vladimir Putin,
11:57sendo que a última delas foi ontem,
11:59uma reunião que durou cerca de três horas.
12:02São reuniões nas quais acabam, de certa maneira,
12:07beneficiando a Rússia
12:08porque o Putin consegue mostrar
12:11com essas reuniões, é propaganda interna.
12:14Então, ele mostra para a própria população
12:16que os Estados Unidos estão dispostos,
12:19que respeitam a Rússia,
12:21que estão falando de igual para igual com a Rússia.
12:24Mas fato é que até agora não foi alcançado muita coisa.
12:33Basicamente, se a gente levar em conta
12:34tudo aquilo que aconteceu
12:36desde que o Trump se torna presidente,
12:38a gente está falando de três meses,
12:41ele falou, grosso, entre aspas,
12:44poucas vezes com a Rússia.
12:45Então, uma vez ameaça sanções,
12:48agora, hoje, como foi o caso dessa postagem,
12:50ele falou pela primeira vez em sanções secundárias,
12:53que é algo que assusta o Vladimir Putin,
12:57mas a linguagem e as ações contra a Ucrânia
13:00foram muito mais poderosas.
13:03Então, teve aquela cena do Salão Oval,
13:05teve, ele já chamou o Zelensky de ditador,
13:09ele suspendeu a ajuda,
13:11o compartilhamento de inteligência com a Ucrânia,
13:14suspendeu a ajuda militar à Ucrânia.
13:17Então, os gestos são diferentes
13:20e, querendo ou não, tem beneficiado a Rússia.
13:24Brian, vamos voltar um pouquinho aqui
13:26no sermão do cardeal Giovanni Batista Ré,
13:29porque, durante a cerimônia,
13:31ele mencionou o papel do Papa Francisco
13:33em relação a guerras,
13:35conflitos armados ao redor do mundo.
13:36A gente lembra, claro,
13:37da participação do Papa,
13:39das falas do Papa envolvendo principalmente
13:40o conflito lá na faixa de Gaza.
13:43E esse foi um dos destaques
13:44do sermão do cardeal Ré,
13:45que a gente separou para trazer aqui
13:47no JP Internacional.
13:50Diante de guerras violentas
13:52nos últimos anos,
13:54com seus horrores desumanos
13:55e mortes e destruição sem fim,
13:58o Papa Francisco, incessantemente,
14:00levantou sua voz,
14:02implorando por paz
14:03e pedindo pela razão
14:05e negociações honestas
14:06para encontrar soluções possíveis.
14:09A guerra, ele dizia,
14:10resulta na morte de pessoas
14:12e destruição de lares,
14:13hospitais e escolas.
14:15A guerra sempre deixa o mundo pior
14:17do que era antes.
14:18É sempre uma derrota dolorosa
14:20e trágica para todos.
14:22Construir pontes, não muros,
14:24era um chamado que ele repetiu
14:26muitas vezes.
14:28Bom, sem sombra de dúvidas,
14:30o mundo perdeu uma pessoa
14:31que sempre foi muito vocal
14:32em relação à paz mundial.
14:34Qual que é o papel
14:36que um Papa tem hoje
14:38na mediação de conflitos armados
14:40e qual era a relevância
14:42do Papa Francisco
14:43nessas questões?
14:46O Papa Francisco,
14:47ele teve um papel,
14:49sem dúvida,
14:50muito importante
14:50em relação à busca pela paz.
14:53Isso ficou sempre evidente
14:54com base no discurso
14:55que ele teve,
14:57mas eu acho que a gente pode
14:58fazer uma separação
15:01dos conflitos.
15:02Então, em relação ao conflito
15:04da faixa de Gaza
15:05entre o Hamas e Israel,
15:08de fato,
15:09e isso ficou evidente
15:11a partir de vídeos
15:12que nós vimos
15:13que circularam na internet
15:14ao longo dos últimos dias
15:16do Papa ligando
15:16para um padre em Gaza,
15:18Gaza que tem uma população
15:20de menos de mil católicos,
15:22o Papa ligava
15:23todas as noites
15:24para esse padre,
15:26conversava,
15:27perguntava
15:27o que eles haviam comido,
15:30se as pessoas estavam bem,
15:31se não haviam sido atingidas.
15:33Então, de fato,
15:34mostra esse lado humano,
15:37esse lado acolhedor
15:39e que buscava a paz.
15:41Agora,
15:42se a gente for falar
15:43do conflito na Ucrânia,
15:46ele deixa um legado
15:47que é um pouco ambíguo,
15:49tá?
15:49Porque muitos ucranianos
15:51se sentem traídos,
15:53muitas vezes,
15:54pelos apelos genéricos
15:55à paz que foram feitos
15:57foram feitos pelo Papa Francisco
15:59por lá.
16:00Então,
16:00pelas declarações
16:01que muitas vezes
16:02acabavam colocando
16:04vítimas e agressores
16:06do mesmo nível
16:06e principalmente
16:07por uma frase
16:09bastante polêmica
16:09que o Papa
16:10chegou a usar
16:11em determinado momento
16:12dizendo que a Ucrânia
16:13deveria ser a primeira
16:14a levantar
16:15a bandeira branca.
16:17Então,
16:17para um país
16:18que é injustamente invadido,
16:21esse tipo de discurso
16:22pode soar
16:23como
16:24cumplicidade moral
16:25que não acredito
16:26que é o que o Papa Francisco
16:27teve, tá?
16:29Mas eu estou explicando
16:30a percepção
16:31que os ucranianos
16:32têm
16:33em relação a ele,
16:34mas ainda assim
16:35é importante lembrar
16:37o papel que o Papa
16:38teve também
16:39em outros lugares
16:40do mundo.
16:40E aí eu não coloco
16:41apenas em relação
16:43a conflitos armados
16:45como o caso
16:45de Gaza
16:46ou da Ucrânia
16:47e da Rússia,
16:48mas
16:48atuando como mediador
16:50como foi no caso
16:52entre Estados Unidos
16:54e Cuba.
16:55Vale lembrar
16:55que foi uma iniciativa
16:56do Papa Francisco
16:57que lá atrás,
16:58logo depois
16:59que ele se torna
17:00Papa
17:00em 2013,
17:03ele escreve
17:03uma carta
17:04para o Barack Obama,
17:05presidente dos Estados Unidos
17:06e outra carta
17:07para o Raul Castro,
17:08presidente de Cuba,
17:10começando ali
17:11a promover
17:13um diálogo
17:13entre os dois países.
17:15E é a partir
17:15de então
17:16em que
17:17meses depois
17:18as relações
17:19são restabelecidas
17:21até que em 2015
17:22a reabertura
17:23das embaixadas,
17:24a embaixada
17:25dos Estados Unidos
17:26em Havana
17:27e a embaixada
17:29de Cuba
17:29em Washington.
17:31Então isso é algo
17:32que acontece
17:32graças ao Papa Francisco
17:34e depois
17:35há um retrocesso
17:37por conta do Donald Trump
17:38quando ele chega
17:39à presidência,
17:41mas de fato
17:42o Papa Francisco
17:42ele teve
17:43uma atuação
17:44admirável,
17:45tanto
17:45em condenar
17:47a ditadura
17:48venezuelana,
17:49também ali
17:51na Colômbia
17:51ele sempre
17:52levantou
17:53a bandeira
17:54da paz
17:55para que o governo
17:56assinasse um acordo
17:57junto às FARC,
17:59então ele teve
18:00um papel sem dúvida
18:01muito importante.
18:02Historicamente
18:03o Papa
18:03tem esse papel
18:04de mediador,
18:05na crise dos mísseis
18:06o Papa
18:07João XXIII
18:08mediou ali
18:09as conversas
18:10entre Estados Unidos
18:11e União Soviética,
18:13isso na década
18:14de 1962,
18:16o Papa
18:16João Paulo II
18:17também recebeu
18:18o então líder
18:19da União Soviética
18:20Mikhail Gorbachev
18:21lá em 89
18:22para discutir
18:23liberdade religiosa,
18:24ou seja,
18:25historicamente
18:26há esse papel
18:27do Papa.
18:28Você falava,
18:29Uriã,
18:30em relação
18:30à faixa de Gaza,
18:32a gente separou
18:32uma fala
18:33do Gabriel Romanelli
18:34que é pároco
18:35da Igreja da Sagrada Família
18:36lá na faixa de Gaza
18:37falando um pouquinho
18:38sobre essa relação
18:39com o Papa Francisco
18:40que a gente trouxe
18:40para conferir aqui.
18:44Ele costumava ligar
18:45às oito da noite
18:46todas as noites
18:47todos nós
18:48estávamos acostumados.
18:49Os fiéis
18:50vinham falar
18:51com o Padre Youssef
18:52ou comigo
18:52quando estávamos
18:53no telefone
18:54pedindo para saudá-lo
18:55em italiano
18:56perguntando como
18:57ele estava
18:58e pedindo
18:59que ele rezasse
18:59por nós.
19:00Eram dias
19:01muito difíceis
19:02com bombardeios
19:03e mortes
19:04mesmo dentro
19:04do monastério.
19:06Mesmo quando
19:06ele estava hospitalizado
19:07ele nos ligava
19:08do hospital em Roma.
19:10O luto é imenso
19:12porque ele era realmente
19:13uma parte dessa igreja.
19:14A sensação
19:15é que nós perdemos
19:16um de nós
19:16mais do que apenas
19:17o Papa.
19:18Ele era um verdadeiro amigo
19:19dessa igreja
19:20e da comunidade
19:21como um todo.
19:23Uriã,
19:23até numa das últimas
19:24entrevistas
19:25que o Papa
19:26deu
19:26para a imprensa
19:27internacional
19:28houve um momento
19:29que uma jornalista
19:29perguntou
19:30quando questionado
19:31sobre essas conversas
19:32que ele tinha
19:33com a paróquia
19:33lá em Gaza
19:34perguntou
19:35sobre essas ligações
19:36que ele fazia
19:37e perguntou
19:37o que ele falava
19:38para os fiéis
19:40lá em Gaza
19:40e ele respondeu
19:41eu não falo
19:42eu os escuto
19:43quer dizer
19:44uma mensagem
19:45muito forte
19:45que o Papa Francisco
19:46passou ao longo
19:48desses últimos anos.
19:50Muito forte
19:51e de bastante humildade
19:53também
19:53porque para a pessoa
19:54ela priorizar
19:55a escuta
19:56do que a fala
19:57é porque ela dá
19:58importância
19:59àquilo que o outro
20:00tem a dizer
20:01então ele mostrar
20:02disposição
20:03em ouvir
20:04aquelas pessoas
20:05que estavam
20:06numa situação
20:06tão difícil
20:07em Gaza
20:08uma região
20:10que foi
20:10completamente
20:11destruída
20:12hoje até mesmo
20:13teve uma
20:13nova conversa
20:15sobre cessar fogo
20:16um cessar fogo
20:17que fica cada vez
20:18mais distante
20:19então realmente
20:21o papel
20:22do Papa
20:23em relação
20:24especificamente
20:25a essas pessoas
20:27ele foi algo
20:28bastante evidente
20:29ao longo dos últimos anos
20:30ele em dezembro
20:32de 2023
20:33chegou
20:34a condenar
20:35aquelas mortes
20:35dos civis
20:36então ele condenou
20:37o assassinato
20:38de duas mulheres
20:39cristãs
20:40palestinas
20:41por um atirador
20:41israelense
20:42dentro
20:42da paróquia
20:44Sagrada Família
20:45em Gaza
20:46ele classificou
20:47ele qualificou
20:49esse ato
20:50como um terrorismo
20:51acabou até gerando
20:52muita repercussão
20:53internacional
20:54ele fez críticas
20:55aos bombardeios
20:56então em diversas
20:57ocasiões
20:58o Papa Francisco
20:59chamou
20:59esses ataques
21:01de crueldade
21:02falou que
21:03isso não
21:04é guerra
21:05dizendo assim
21:06claramente
21:07mandando
21:07uma mensagem
21:09para aquelas forças
21:10israelenses
21:12fez propostas
21:13para que houvessem
21:14investigações
21:15internacionais
21:16também
21:16teve uma
21:17conversa privada
21:18com o presidente
21:19de Israel
21:20por telefone
21:21com o presidente
21:22Isaac Herzog
21:24o Papa afirmou
21:25inclusive
21:25que é proibido
21:26responder
21:27ao terror
21:28com terror
21:29então ele deixa
21:30apenas de ser
21:32de atuar
21:33naquele papel
21:34de líder
21:35espiritual
21:36apenas
21:37do líder
21:37dos católicos
21:38e passa a ser
21:39um ator político
21:40um ator político
21:42que faz pontes
21:43entre religiões
21:44diferentes
21:45bom
21:46falando sobre
21:47atores políticos
21:48um que esteve
21:49hoje lá na Praça
21:49São Pedro
21:50que deu muito
21:51o que falar
21:51foi o presidente
21:52da Argentina
21:53Javier Milley
21:54e um dos motivos
21:55pelo qual ele deu
21:56muito o que falar
21:56é um tweet
21:57que ele fez
21:58lá em 2018
21:59que a gente tem
22:00até separado aqui
22:00em 2018
22:01Javier Milley
22:02publicou uma foto
22:03e escreveu o seguinte
22:04dedico isso a você
22:05Papa Francisco
22:06esquerdista
22:08aí uma palavra
22:09aqui
22:09impronunciável
22:10até mesmo pelo horário
22:11que vive
22:12pregando o comunismo
22:13pelo mundo
22:14você é o representante
22:16do maligno
22:16na casa de Deus
22:17viva a liberdade
22:18aquele slogan
22:19de Javier Milley
22:20bom
22:21isso foi em 2018
22:22depois o Papa
22:23o presidente Javier Milley
22:24até pediu desculpas
22:25pelos termos
22:26que ele usou
22:27mas um fato
22:28que chamou muito a atenção
22:29é que embora
22:30ele seja o presidente
22:31argentino
22:31ele não esteve
22:32no velório
22:33do Papa Francisco
22:34que durou 3 dias
22:35foi hoje para o funeral
22:36mas não esteve no velório
22:37tem sido muito criticado
22:39nas redes sociais
22:40o único presidente
22:41o único chefe
22:42do estado sul-americano
22:43foi o presidente Lula
22:44que chegou lá
22:45no Vaticano ontem
22:46Urian
22:46chama a atenção
22:48ainda mais essa nossa região
22:49que é uma região
22:50muito católica
22:51a ausência de líderes
22:54no funeral
22:55do Papa Francisco
22:55eu vejo que
22:59no serviço
22:59de hoje
23:00a importância
23:03de estar presente
23:04era maior
23:05então o Milley
23:06ele estava lá
23:07vale lembrar
23:08que o Papa Francisco
23:09ele teve uma relação
23:10bastante difícil
23:11não apenas com
23:12o Javier Milley
23:12talvez com o Milley
23:13tenha sido a relação
23:14mais difícil
23:15mas ele sempre
23:17teve relações
23:18complicadas
23:19com outros líderes
23:20argentinos
23:21isso a gente pode
23:21voltar até
23:22quando ele era
23:24arcebispo de Buenos Aires
23:25ele trocava farpas
23:26com o Nestor
23:28e depois a Cristina
23:29Kirchner
23:29a partir do momento
23:30em 2013
23:31que ele se torna Papa
23:32a postura muda
23:34e aí ela passa
23:35a Cristina
23:36enquanto presidente
23:37a frequentar
23:38o Vaticano
23:39foi algumas vezes
23:40até lá
23:41com o Macri
23:43e o Alberto Fernandes
23:44a relação é um pouco
23:45melhor
23:46com o Alberto Fernandes
23:47o Papa
23:48em determinado momento
23:49chegou até mesmo
23:50a elogiar
23:51as políticas
23:52de combate
23:53à fome
23:54mas de fato
23:55com o Milley
23:55a relação
23:57ela foi muito
23:58complicada
23:58tanto é que ele
23:59nunca voltou
24:00para a Argentina
24:00enquanto presidente
24:02enquanto Papa
24:04mas houve sim
24:06recentemente
24:07depois de eleito
24:08uma mudança
24:09na postura
24:10do Javier Milley
24:11pode ter a ver
24:13com uma responsabilidade
24:14institucional
24:15como presidente
24:16da Argentina
24:17como presidente
24:18de todos
24:19dos católicos
24:20inclusive
24:20pode
24:21mas como analista
24:23de política
24:23eu sou obrigado
24:24a fazer uma análise
24:25política disso
24:26então
24:26lembrando que
24:27as próximas eleições
24:28legislativas
24:29na Argentina
24:29estão previstas
24:30para outubro
24:31desse ano
24:32seguindo o calendário
24:33normal
24:33com a possibilidade
24:34de renovação
24:35de metade
24:36da Câmara
24:37dos Deputados
24:38e um terço
24:38do Senado
24:39então Fabrício
24:40se eu tivesse
24:41que interpretar
24:42essa mudança
24:42de postura
24:43pelas lentes
24:44políticas
24:45poderia dizer
24:46que o Milley
24:48ele tenta promover
24:49ali uma
24:50talvez uma apropriação
24:52do luto
24:52como ativo
24:53político
24:54então
24:54ao colocar
24:55ao se colocar
24:57como uma figura
24:58de respeito
24:59e reverência
25:01diante da morte
25:02do argentino
25:02entre aspas
25:03mais famoso
25:04da história
25:05recente
25:06o Milley
25:06tenta associar
25:08se associar
25:09emocionalmente
25:09a uma perda
25:10nacional
25:11se alinhar
25:12com o sentimento
25:13majoritário
25:14do povo argentino
25:15um gesto
25:15que busca
25:15humanizá-lo
25:17e afastar
25:18aquela imagem
25:18de extremista
25:19ele tenta
25:20também se reposicionar
25:22diante do
25:23eleitorado
25:24católico
25:24moderado
25:25ele tenta
25:26construir
25:27uma imagem
25:27internacional
25:28mais palatável
25:30então tenta
25:31ali de alguma
25:31forma
25:31capitalizar
25:32politicamente
25:34em cima
25:34dessa que é
25:35a morte
25:37do papo
25:37argentino
25:38o papo
25:40francisco
25:40argentino
25:40mais famoso
25:41recente
25:42um tal
25:42de Lionel Messi
25:43vai ficar
25:43com ciúmes
25:44Uri Afanceli
25:45mestre em
25:46relações
25:46internacionais
25:47muito obrigado
25:47pela sua participação
25:48aqui no JP
25:49Internacional
25:49dessa semana
25:50obrigado
25:52obrigado
25:53até mais
25:53até a próxima