Após a morte do papa Francisco, aos 88 anos, os comentaristas Gustavo Segré, José Maria Trindade, Felippe Monteiro e Acacio Miranda analisam o legado deixado pelo pontífice e os principais marcos de seus 12 anos de liderança à frente da Igreja Católica. A cobertura especial da Jovem Pan News destaca os impactos do papado de Francisco na política internacional, nas pautas sociais e no futuro da Igreja.
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NotíciasTranscrição
00:00Kardel Farrow que aliás vai ficar agora no lugar de Papa Francisco enquanto há a organização para o próximo conclave que deve definir quem será o novo Papa.
00:08Ainda nessa edição do 3 em 1 nós vamos contar para vocês quem são os possíveis candidatos e de que maneira que eles comportaram e se comportam ao longo dos anos em suas visões,
00:18sejam visões ideológicas, sejam visões para a igreja católica, se são mais conservadores, se são mais progressistas e de que maneira que eles devem ou não garantir o legado deixado pelo Papa Francisco.
00:29A Cássio Miranda, durante essa última fala de Papa Francisco a gente percebeu uma voz muito fragilizada e já era de se esperar depois das longas internações que ele teve nas últimas semanas,
00:39acabou morrendo por conta de um AVC e de uma insuficiência cardiorrespiratória que era irreversível segundo o Vaticano,
00:47mas na última mensagem ele fala muito de um tema que ele adotou bastante ao longo de seu pontificado,
00:53que foi a questão dos imigrantes e dos conflitos no Oriente Médio.
00:57De que maneira que você enxerga o legado deixado nesse sentido pelo Papa Francisco?
01:03Evandro, a gente precisa olhar para a origem do Papa Francisco, ele foi o primeiro pontífice jesuíta.
01:09Exato.
01:10E a ordem dos jesuítas é uma ordem da igreja que tem este trabalho com um viés mais social.
01:16E ele, a gente precisa lembrar, logo que ele foi alçado ao papado, a primeira visita que ele fez, o primeiro ato oficial,
01:25ele visitou um local onde estavam diversos imigrantes que haviam sofrido um acidente.
01:31Então, durante esses 12 anos, ele cumpriu o papel ao qual se prontificou.
01:36O papel que ele, desde o começo da sua carreira, guardadas algumas e alguns embrólios que a gente tem aí no meio, ele se prontificou a cumprir.
01:44Ô Gustavo Segre, a gente sabe que a igreja católica, muitas vezes, como um todo, tem dificuldades de acessar alguns temas.
01:50Então, eles ficam para algumas regiões ou até mesmo para alguns vieses mais voltados dentro da igreja católica,
01:58mas não como uma visão que vem de cima para baixo, é exemplo do que aconteceu com o Papa Francisco.
02:03De que maneira que esse tema da imigração, no seu ponto de vista, ele continuaria a ser relevante dentro da igreja católica pelo próximo Papa?
02:12É um tema que preocupa, primeiro, pelo lado social, humanitário.
02:17Tem muita gente que está padecendo, aquelas pessoas que saíram, por exemplo, da Guerra Civil de Síria,
02:23pessoas que ele mencionava, o Papa mencionava, e era uma das contrariedades que ele tinha com o governo Trump, por exemplo,
02:30em função dos imigrantes que queriam entrar e o Trump se colocava na primeira época, no seu primeiro governo,
02:37com aquele muro do México, que foi muito criticado pelo Papa na época também.
02:41As religiões como um todo estão bastante envolvidas também no resgate, no acolhimento dessas pessoas em vários países.
02:46E é normal, mas tem outra questão que é política, desculpa, do ponto de vista da religião,
02:53que é o crescimento dos muçulmanos na Europa.
02:56Sim.
02:56E com certeza isso impactado pela migração e era um assunto que também preocupava o Papa.
03:00Felipe Monteiro, a Igreja Católica também vinha enfrentando uma certa evasão, pessoas que deixaram de frequentar,
03:08muita gente que via as suas famílias completamente criadas dentro da Igreja Católica e, de repente, começam a se afastar.
03:16O padre, o Papa Francisco, tentou trazer também muito dos jovens, a partir de um discurso, muitas vezes, mais bem-humorado,
03:24ou que conversasse com essas pautas pelas quais os jovens se interessam mais.
03:29De que maneira que isso também acaba sendo um legado que poderia permanecer para aquele que assumir agora esse lugar?
03:36Não, certamente. É um Papa muito carismático, é um Papa popular, é um Papa que gostava de usar metáforas
03:41para se referir a assuntos bíblicos, assuntos sagrados.
03:45Então, é um Papa que tinha uma relação de horizontalidade com os fiéis e com a população em geral.
03:51E foi um Papa também que, pela primeira vez, abriu a Igreja para temas e questões relacionadas a assuntos econômicos, políticos e sociais.
04:00Um Papa que falava que a Igreja tinha que ser mais pobre e tinha que servir aos pobres.
04:06Falou que a Igreja tinha que olhar para as questões das minorias.
04:10Então, é um Papa que realmente, de fato, dialogava com essa população mais jovem.
04:15Até a trazer o tema também da transição energética.
04:17É um tema que as gerações mais novas estão colocando como bandeira de luta política e de vida.
04:24Então, quando ele coloca a transição energética como uma questão do seu papado,
04:30ele também tem a aderência dessa população mais jovem.
04:34José Maria Trindade, no teu ponto de vista, qual é a marca que esse Papa deixa para futuras discussões?
04:39Seja muito bem-vindo, meu amigo. Ótima tarde para você.
04:42É a de renovação.
04:43Muito boa tarde, Cine. Boa tarde a todos.
04:45Hoje é um dia especialmente muito triste, né?
04:48Muito triste para a Igreja Católica e para o mundo.
04:51Trata-se de um grande líder religioso.
04:54A gente tem acompanhado os conclaves, né?
04:57Eu acompanhei os últimos conclaves e pude perceber que o Espírito Santo atua mesmo.
05:02Porque ninguém poderia imaginar que um Papa igual o Francisco poderia reunir ali vários setores da Igreja Católica
05:10e acabasse produzindo um entendimento muito grande.
05:14Sei que ele assustou imediatamente alguns setores da Igreja Católica.
05:20Depois de Bento, né?
05:21Depois de Hatzinger, que veio de uma área muito conservadora,
05:25ele sim deu uma atenção maior a setores da Igreja Católica
05:31que não estavam sendo exatamente atendidos pela cúpula.
05:36e isso mudou muito.
05:38Então, na verdade, o que ele quer é atualização.
05:41O que ele quer, ele continua querendo, porque os Papas não morrem,
05:45eles deixam legados, deixam entendimentos e deixam recados muito fortes para dentro da própria Igreja, né?
05:53O que ele quer é isso.
05:55Primeiro foi a entrevista acolhendo os homossexuais.
05:58A frase ecoa até hoje, se eles, os homossexuais, querem a Igreja,
06:05não sou eu, disse o Santo Padre, né?
06:07Que vou negá-los o direito de ter a Igreja, ou seja, o acolhimento.
06:12E por outro lado também, ele cortou na própria carne,
06:16ao proibir os padres e bispos de esconderem escândalos,
06:22todos os escândalos sexuais e também econômicos.
06:26Não nos esqueçamos desse lado econômico.
06:29Olha assim, o Papa, ele tem uma missão muito difícil, muito arda.
06:33Primeiro, tem que ser carismático, reunir o rebanho, mas tem que administrar.
06:38Administrar uma máquina muito pesada, uma máquina muito difícil, cheia de líderes,
06:44e ele fez isso muito bem.
06:46Ele deu poderes aos bispos.
06:48A Igreja Católica, ela é dividida em, digamos assim, setores, e todos são muito importantes.
06:56O pároco é o mais importante numa comunidade, numa pequena cidade e num bairro.
07:02Assim como o bispo, na sua região, no seu estado, assim por diante, até chegar no Vaticano.
07:08E a característica dele foi de dar voz, dar luz a todos.
07:11E eu soube aqui, por bispos, que ele ligava para alguns.
07:16Ele, pessoalmente, não é conversa não, porque existe aquela história.
07:20Já que ele não está aí para desmentir, muita gente diz, olha, ele me ligou e falou isso, isso, isso.
07:26Não, na verdade, ele ligava e parecia muito antenado e sabendo o que estava acontecendo em cada uma das províncias.
07:35Não, na verdade, ele ligava e parecia muito antenado e sabendo o que estava acontecendo.