Marco Antonio Villa, doutor em História, comenta a influência da política nas escolhas da Igreja Católica ao longo do tempo. Após a morte do papa Francisco, Villa analisa como o contexto geopolítico pode impactar o conclave e a escolha do novo pontífice, reforçando que religião e política sempre estiveram entrelaçadas.
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NotíciasTranscrição
00:00Vamos colocar então o Marco Antônio Vila conosco agora ao vivo.
00:03Vila, muito obrigado por aceitar o nosso convite e eu já quero te perguntar sobre esses momentos
00:07em que a religião se mistura com a política e a maneira como Papa Francisco foi criticado
00:13e conduziu essas situações muitas vezes divergentes com principais dos governantes de países do mundo.
00:21Boa tarde.
00:23Boa tarde.
00:23É uma coisa complicada, porque é bom lembrar que a religião sempre teve uma relação muito forte com a política
00:31e o papado em especial.
00:33Não podemos esquecer os estados pontifícios, ou seja, a igreja dominava no centro, mais ou menos da Península Itálica,
00:40territórios consideráveis que acabou perdendo quando a unificação da Itália, isso já entre 1860
00:47e depois na cidade de Roma em 1870, quando vira a capital da Itália e o Papa Pio Nome se autoproclama
00:54prisioneiro do Estado Italiano.
00:57Questão que só vai ser resolvida em 1929 na Concordada de Latrão.
01:01Bem, daí pra frente, ou seja, nós temos momentos sempre de tensão, aí já olhando o conjunto do mundo,
01:08porque cada vez mais o mundo se transforma nunca de forma tão radical, em tão curto espaço de tempo,
01:14como nós estamos assistindo, no mínimo, nos últimos 500 anos.
01:18E, evidentemente, a igreja, uma instituição que tem mais de 2 mil anos,
01:22tem de dar respostas a questões que não eram colocadas até a um passado recente.
01:27Agora, o Papa Francisco, acho que pautou o seu papado, pela discutir princípios.
01:34A questão, portanto, não era político-partidária ou com pessoa X, Y, Z, com o país A, nada disso.
01:41É discutir princípios e responder uma pergunta que é clássica, que é o que é ser cristão no século XXI.
01:47Esse foi o grande desafio do seu papado, estando dentro de uma instituição de mais de 2 mil anos
01:54e respondendo a questões extremamente complexas desse mundo,
01:58marcado por uma redefinição geopolítica a partir, especialmente, da segunda década desse século,
02:05que coincide no momento que ele assume como Papa em Roma.
02:09Ô Vila, e no teu ponto de vista, de que maneira que essas questões complexas devem prevalecer
02:14na nova discussão, no conclave que está por vir e naquele que será definido o novo Papa?
02:20Essa é uma questão importantíssima, ou seja, é bom lembrar que grande desse conclave,
02:27a ampla maioria dos cardeais foram nomeados durante o seu pontificado.
02:33Agora, a questão que se coloca, e nós estamos falando de uma instituição universal,
02:37presente em todos os continentes, é como é que vai ficar daqui para frente.
02:42A eleição, por exemplo, de um Papa italiano, hipoteticamente, seria um salto para trás.
02:48É bom lembrar, está sendo falado muito bem na cobertura, é o primeiro Papa latino-americano,
02:54quase o Dom Aloysio Lochaide foi Papa, na época do João Paulo II,
03:00que teria no primeiro turno votado nele, inclusive,
03:04mas a importância, então, de Francisco de colocar uma visão de mundo distinta
03:09daquela que se conhecia até então nos últimos séculos com Papas europeus.
03:14É bom lembrar que houve também Papa do Norte e da África ao longo da história,
03:18bem distante, mas houve.
03:20Eu acho que o grande desafio, por exemplo, e há um crescimento do catolicismo na África negra,
03:24que pouco é falado, mas há um crescimento, seria, por exemplo, ser eleito um Papa negro.
03:29Isso seria uma mudança radical pela primeira vez, não da África, insisto,
03:34mas um Papa negro, nessa conjuntura tão complexa como nós vivemos,
03:39que nós falaríamos num continente esquecido, o continente que tem as piores condições hoje
03:45de vida, repressão, guerras civis, em que o catolicismo está presente com a sua mensagem,
03:51que é a mensagem do Papa Francisco, a mensagem de paz.
03:55Agora, claro que há outros candidatos, tanto do continente americano como da Europa,
04:00mas eu acho que a questão é como esses princípios que começam com o ecumenismo,
04:04que vem lá do João XXIII, que convoca o concílio Vaticano II, que tem início com Paulo VI, né?
04:11Com essas questões modernas agora já do século XXI, que a igreja tem de dar respostas,
04:17e é esse mundo de tensão que o Papa Francisco tentou também nas suas encíclicas,
04:22foram várias, e nas suas entrevistas, nos seus pronunciamentos,
04:26como, por exemplo, sobre a guerra russa-ucrana, e foi muito firme sobre isso,
04:30ou, por exemplo, também no conflito no Oriente Médio entre Israel e Palestina, né?
04:36Ô Vila, de 0 a 10, qual é o teu nível de confiança na escolha de um Papa que seja africano ou asiático,
04:42por exemplo, diante dessa questão que foi muito bem colocada por você?
04:46Olha, seria uma grande... você sabe que tem muitas surpresas, né?
04:51Essa é a história, aquela velha história que se diz, quem entra a Papa sai cardeal do conclave.
04:56Então, é difícil, ninguém... é difícil dizer.
05:00Agora, seria, pensando, olhando o mundo, as mudanças que o mundo está ocorrendo de todo mundo,
05:08um Papa asiático, por exemplo, das Filipinas, país importante, país importantíssimo,
05:13e lembra, será que a presença, com a chegada da conquista espanhola,
05:17a denominação do país tem a ver diretamente com isso, né?
05:20Com a conquista espanhola, chegada do cristianismo,
05:23todo o processo de conquista espiritual das Filipinas,
05:26e a presença do catolicismo não vai causar estranheza a eleição de um cardeal das Filipinas
05:33ou um cardeal aqui da África Negra, que seria uma grande mudança.
05:39Eu acho que seria, Evandro, um grande salto para trás,
05:42não tenho nada contra, mas é um cardeal italiano,
05:45porque reforçaria uma visão de um mundo não só europeia,
05:50num mundo tão complexo como nós vivemos,
05:52mas uma visão de um mundo muito italiana daquela máquina lá da cúria romana.
05:58E era sobre esse tema que a gente estava falando aqui,
06:00essa divisão entre o progressismo e o conservadorismo nesses possíveis cardeais
06:04que poderiam se tornar papas agora no próximo conclave.
06:07A política, em muitos países, ela funciona dessa maneira, né, Vila?
06:10Como um pêndulo.
06:11Ora, a esquerda, ora, há um movimento mais conservador que leva novamente à direita.
06:17Você acredita que na escolha do Papa, esse movimento também pode se fortalecer?
06:22Ou seja, se tem um Papa mais progressista e moderado em determinado momento.
06:28Pode ser que agora a escolha seja por alguém mais conservador
06:31e que queira trazer de volta muitas dessas tradições da Igreja Católica
06:36e muitas até fixadas à Itália, né, por meio desses indicados italianos?
06:43Olha, vamos lembrar, é tudo surpreendente,
06:46o Pio IX ficou uma eternidade como Papa, até 1878.
06:51Aí quando teve o conclave, Evandro, falaram assim,
06:54vamos eleger um Papa de transição que ficasse pouco tempo.
06:57E entre os cardeais, um Papa de transição seria um Papa que estivesse já doente,
07:02que vivesse pouco.
07:03Bem, elegeram o Leão XIII, viveu 25 anos, estava doente.
07:09Tinha 68 anos, estava doente, ficou 25 anos como Papa.
07:13Então é tudo surpreendente.
07:15É bom lembrar que o Francisco nunca teve identificado com a chamada Igreja Progressista
07:21aqui na América Latina e muito menos na Argentina.
07:23Vale destacar, ele não teve qualquer proximidade com a Teologia da Libertação,
07:28que é uma teologia construída na América Latina,
07:31lembrar de Gustavo Gutiérrez no Peru, ou, entre tantos outros, Leonardo Boffi no Brasil.
07:36Ele não esteve identificado com isso.
07:38Ele teve a sua visão, que não era também uma visão na Argentina conservadora.
07:42Sim.
07:42Então, em um país sempre conflagrado politicamente, que é a Argentina,
07:46que é um país sempre muito difícil politicamente.
07:48E ele, uma parte da sua vida pastoral na Argentina, foi durante a ditadura militar.
07:55Momento muito difícil na história da Argentina.
07:58Então, eu acho que o mais provável seja um Papa de continuidade.
08:02A continuidade que não representa o imobilismo,
08:06mas uma continuidade das questões centrais do Papa, do ecumenismo,
08:11a expansão do catolicismo pelo mundo, a defesa da paz,
08:16e abordar essas questões que são muito complexas do mundo contemporâneo,
08:20e que ele o fez, sem romper com os dogmas.
08:23É uma questão complexa, eu não vou dar uma de teólogo aqui,
08:26mas é uma passagem entre o evangelho para o dogma, né?
08:29Essa foi uma disputa lá nos séculos 1, 2, 3, 4,
08:33até chegar o concílio de Nicea, já no começo do século 4,
08:37quando você já tem mais ou menos a construção do dogma.
08:40Então, nós estamos falando de uma instituição de 2 mil anos,
08:43portanto, alguém que criou ontem e que vai terminar amanhã.
08:47Então, você tem toda essa tradição.
08:49Então, eu acho que apostaria, se fosse possível apostar,
08:53num Papa de continuidade,
08:55mas que não seja a representação de uma espécie de Francisco II, não.
09:00Mas que entenda a complexidade da terceira década do século XXI,
09:05e as mudanças que Francisco fez,
09:07e que tem essa mesma habilidade diplomática de tratar com Estados,
09:11lembrando que a Igreja Católica é um Estado, né?
09:14Nós estamos falando do Estado do Vaticano.
09:17Ele, ao mesmo tempo, é chefe de Estado e líder espiritual,
09:20algo que não existe, por exemplo, no islamismo,
09:23se fosse comparar com uma outra grande religião do mundo, né?
09:26É uma particularidade do catolicismo.
09:29E essa complexidade também tem de ser avaliada
09:31no momento da escolha de um Papa.
09:34Muito interessante, Marco Antônio Vila.
09:35Obrigado pela conversa conosco aqui no 3 em 1.
09:37As portas estão sempre abertas.
09:39Até a próxima.
09:40Até a próxima.
09:41Um abraço.
09:41Um grande abraço.
09:42Um grande abraço.