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Dom Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de São Paulo, faz uma avaliação da conflituosa convivência humana e como a união e a fé podem ajudar a superar desafios.
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Transcrição
00:00Dom Odilo, uma coisa interessante que eu vejo hoje na igreja é a certa popularidade do próprio Papa Francisco.
00:10O Papa Francisco, por ser esse pregador, ser esse que a igreja tem que sair do intramuros e voltar às ruas,
00:18voltar a uma missão de peregrinação, ele virou um Papa muito querido,
00:25mesmo por aqueles que talvez não são católicos ou frequentadores da igreja,
00:29mas veem no Papa, nas suas homilias, nas suas encíclicas ali, um homem com uma mentalidade universal
00:39e que tem a ver com isso que o senhor acabou de falar, essa defesa de valores permanentes.
00:44A igreja vem sendo chacoalhada pela atuação do Papa Francisco?
00:48Francisco, sim, vem sendo chacoalhada, em sua grande maioria acompanha o Papa,
00:56há sim franjas na igreja que não acompanham o Papa, isso precisa ser reconhecido,
01:03é uma pena, mas na igreja infelizmente existe também isso de quem discorda,
01:11existe a liberdade, porém a contestação do Papa não é alguma coisa que dentro da igreja seja aceitável,
01:19o Papa precisa ser respeitado mesmo quando não se goste de alguma manifestação dele,
01:26mas em todo caso a maioria, sim, da igreja está seguindo o Papa,
01:31e se existem contestações daquilo que o Papa afirma, isso é, digamos, de franjas bastante reduzidas,
01:43às vezes se confundem os discursos, os discursos às vezes vêm de horizontes não católicos,
01:54mas acabam se confundindo como se fossem discursos católicos,
01:58porque acabam sendo assumidos ou assimilados por alguns grupos de dentro da igreja católica.
02:06Então, mas para voltar, o Papa é sem dúvida uma autoridade moral,
02:12uma autoridade que fala e no fundo representa uma voz autorizada,
02:20uma voz de verdade que o mundo se põe a ouvir.
02:23O Papa fala de maneira desinteressada, fala de maneira desinteressada a quem quer ouvir,
02:32que ouça, né, e não porque esteja interessado em alguma vantagem para ele
02:38ou para a instituição que representa.
02:40Eu me lembro uma das imagens mais bonitas e marcantes do Papa
02:45foi durante a pandemia do Covid-19, ele rezando sozinho, naquele fim de tarde, né,
02:52no Vaticano e na praça, e ali uma coisa muito bonita,
02:57ele fazendo analogia de Jesus subindo a barca, né,
03:02quando os ventos estavam fortes, todos os seus discípulos com medo,
03:06e ele diz, por que estás com medo?
03:08Talvez o medo hoje é um sentimento que prevalece nesse mundo de desarranjo internacional,
03:18desarranjo institucional, distância de valores.
03:22Nós estamos nessa barca hoje, como disse o Papa Francisco,
03:26chacoalhando nesses ventos fortes e sentindo frio na barriga do medo,
03:31e precisamos ter essa confiança nesses valores permanentes para sair dessa tempestade?
03:35Sim, de fato, aquela imagem do Papa sozinho, na praça de São Pedro,
03:42uma tarde chuvosa, diante do crucifixo,
03:47e fazendo aquele apelo depois àquela oração.
03:51É uma imagem, diríamos, cinematográfica,
03:54que comunicativamente diz muito, era muito simbólica aquela imagem,
04:00mas muito real, muito verdadeira.
04:02O Papa, de fato, naquele momento, quis apresentar em prece diante de Deus,
04:10a angústia da humanidade, a angústia dos doentes, das famílias, etc.,
04:17de maneira muito real.
04:19Por outro lado, recordar que nós não estamos sós,
04:24que Deus não abandonou o mundo, nem perdeu o controle da situação.
04:28Agora, sim, acredito que a mensagem daquelas imagens,
04:39ela diz muito para aquilo que, analogicamente, você diz,
04:43a barca de Pedro está sendo agitada, a barca da humanidade,
04:48estamos todos no mesmo barco,
04:50está sendo agitada por mares em tempestade.
04:54E é verdade.
04:56Então, tanto mais nós precisamos unir-nos,
04:59precisamos também buscar valores de convivência que nos confortem,
05:03que nos fortaleçam, que ajudem a enfrentar o problema
05:07e não dividindo-nos, tentando salvar a pele sozinhos.
05:12Nesta barca, ou todos ajudamos e lutamos para ir para frente,
05:17e nos salvar juntos, ou perecemos todos juntos?
05:21E tem uma coisa muito importante,
05:23que é o reforço da mensagem que precisamos ter fé.
05:28O que é ter fé neste mundo moderno, Dom Odilo?
05:33Sim, ter fé é, neste caso, uma atitude profundamente religiosa.
05:39Fé, no sentido cristão, fé é um dom, é uma graça de Deus sobrenatural
05:48que nos concede a capacidade, primeiramente, de reconhecer Deus
05:53e de nos firmar em Deus e, portanto, confiar em Deus.
06:00E de aceitar também os seus caminhos de maneira consciente,
06:08de maneira que ter fé é um ato muito sério da pessoa
06:13que reconhece que se entrega também.
06:19Fé e confiança sempre vão juntos.
06:22Então, existe uma fé humana que está mais ligada às nossas capacidades.
06:28Eu tenho fé que vou conseguir um bom trabalho.
06:31Eu tenho fé que vou passar no vestibular.
06:33Bem, é uma fé humana sobre capacidades nossas.
06:38Agora, a fé em Deus, ela se estriba sobre a pessoa de Deus
06:43e na possibilidade de nós contarmos com quem é mais do que nós.
06:51E não em mera ilusão ou fantasia,
06:55mas a partir de uma experiência pessoal que também é experiência histórica.
07:01Uma experiência histórica.
07:03Os salmos têm experiências, têm dizeres tão bonitos sobre a fé e a confiança.
07:09Quem confiou em ti jamais foi abandonado.
07:13São expressões dos salmos, né?
07:15Eu confio em ti porque tu és minha rocha.
07:18Sobre esta rocha eu sei que eu tenho firmeza,
07:21não vou afundar e assim por diante.
07:23E Dom Odilo, mas tem uma coisa interessante, um elemento importante da fé
07:27que é conviver e viver com a dúvida.
07:32E parece que a dúvida às vezes enfraquece a fé.
07:36Quando a dúvida devia ser algo que reforçasse a nossa fé.
07:40Como o senhor vê a questão da dúvida e da fé?
07:45Elas convivem.
07:47Fé e dúvida convivem.
07:48Porém, nesse caso, a dúvida não é tal que ela derrube a fé.
07:57Agora, a nossa fé, ela nunca é uma aquisição definitiva.
08:05Ela sempre é a busca justamente da confirmação da fé
08:10e finalmente de chegar ao objeto, entre aspas, da fé que é o encontro com Deus.
08:16E que é finalmente a confirmação daquilo que nós cremos.
08:21Mas temos argumentos humanos, embora a fé não seja fruto da, digamos,
08:29de argumentação racional, mas temos sim motivos racionais, motivos humanos para crer.
08:37A fé não é irracional.
08:42Alguns acham que fé e razão nada tem a ver.
08:44Tem a ver, sim.
08:45Tem a ver.
08:47A razão nos foi dada para ajudar justamente a dar razões à nossa fé.
08:52Ou seja, para explicar, para poder também buscar os apoios humanos para a fé sobrenatural.
08:58O Papa Bento XVI, na encíclica Deus caritas est, Deus é caridade, Deus é amor,
09:08ele diz uma coisa muito bonita, que é muito repetida,
09:12dizendo que a nossa fé, no sentido cristão, não é a conclusão de um discurso lógico.
09:23Embora a fé tenha a sua lógica interna, mas não é um discurso lógico que o demonstra a fé.
09:30Não é também o resultado de um grande discurso ideal moral, ético.
09:41A fé, claro, que implica também na vivência ética e moral.
09:45Mas a vivência ética e moral nem sempre inclui a fé.
09:49Muitas pessoas não têm fé, mas vivem moralmente, de forma correta, etc.
09:55E de onde vem a fé?
09:58E o Papa responde, Bento XVI, a fé vem do encontro pessoal com Deus.
10:07Mas como se faz o encontro pessoal com Deus?
10:09Sim, são as experiências humanas do encontro com Deus, na nossa limitação humana,
10:15mas nessas condições humanas Deus vem ao nosso encontro.
10:19Ele nos possibilita, sim, um verdadeiro momento de encontro,
10:23a percepção da verdade, daquilo que cremos.
10:27Sobretudo, a partir da experiência do amor de Deus.
10:32Amor de Deus que reconhecemos em tantas circunstâncias, até mesmo no sofrimento.
10:36Veja quantas pessoas na doença, no sofrimento, fazem uma profunda experiência de Deus e daí para frente viram pessoas religiosas,
10:46profundamente religiosas, porque na dor, no sofrimento, às vezes na frustração, fizemos uma experiência profunda do próprio limite.
10:55Eu, a mim mesmo, não basto, não consigo dar conta da minha vida, nem da minha existência, o que estou fazendo aqui.
11:06E no fim vem essa experiência justamente de se sentir amparado por quem mais pode do que nós mesmos,
11:12e que, no fim, está a olhar para nós e está cuidando de nós.

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