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O professor de Relações Internacionais da UFF, Vitélio Brustolin, debateu o legado deixado por Papa Francisco após a morte do pontífice nesta segunda-feira (21). O convidado também debateu se Francisco usou sua posição e influência à frente da Igreja Católica para ‘fazer política’.

Assista na íntegra:https://youtube.com/live/wH1avtYwYQI

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Transcrição
00:00Doze anos de papado, Francisco comandou a Santa Sé em meio a guerras e uma pandemia que parou o mundo.
00:06O nosso entrevistado agora é o professor Vitélio Brustolin, da Universidade Federal Fluminense, pesquisador de Harvard.
00:13Sempre bom receber o senhor aqui, professor. Muito obrigado, bem-vindo, bom trabalho.
00:17E a gente, obviamente, falando sobre o legado do Papa Francisco.
00:22E eu já emendo a primeira pergunta, o que a Dora fala com muita propriedade?
00:25Ele é um chefe de Estado que extrapola, obviamente, a Igreja Católica e, de uma certa maneira, atrai todos esses chefes de Estado que irão ao funeral dele.
00:35De que forma ele ampliou isso, ele extrapolou isso, usando o cargo que ele ocupava na Igreja Católica para justamente fazer, de uma certa maneira, política, não é, professor?
00:48Boa noite, Tiago, Dora. Obrigado pelo convite. Boa noite a todos.
00:51Bom, a Dora foi muito assertiva quando disse que ele é, sim, o chefe de Estado, é chefe de Estado da cidade do Vaticano, menor Estado do mundo, que tem de 800 a mil habitantes, Tiago.
01:06Mas é um Estado que emite passaporte, é um enclave dentro da Itália, dentro da cidade de Roma, só tem 0,44 quilômetro quadrado.
01:16E faz parte da função política do Papa mediar conflitos, criticar questões que vão contra o cristianismo, porque dentro do direito internacional,
01:30esse tipo de governo, que é o único do Vaticano, é líder da Santa Sé, que é uma instituição católica, religiosa,
01:38que hoje tem de 1,3 a 1,5 bilhão de fiéis pelo mundo, e ao mesmo tempo chefe de Estado, com relação com 180 países, Tiago.
01:48O Vaticano tem relação com 180 países, relação diplomática é um Estado ouvinte na ONU.
01:53Então, no direito internacional, isso é classificado como uma teocracia eletiva.
02:00O Papa é eleito por um conclave de cardeais, é uma espécie de monarquia que não passa o direito de governar adiante,
02:11então existe uma eleição, e é teocrático porque segue uma religião, o catolicismo cristão.
02:18A questão toda é essa, existe uma atuação política dos Papas, nós vimos isso mais de perto,
02:27porque o Papa Francisco é um Papa argentino.
02:31Então tem uma relação, veio duas vezes ao Brasil, foi o primeiro país que ele visitou,
02:35mas outros Papas também tiveram atuação política.
02:38Se a gente olhar para o João Paulo II, por exemplo, polonês, teve atuação política forte,
02:43inclusive denunciando os horrores do nazismo, que o nazismo e o comunismo fizeram com a Polônia.
02:49O nazismo durante quatro anos e o comunismo durante cinco décadas.
02:52O Papa Bento XVI escreveu muitas obras denunciando também o comunismo.
03:00O próprio Papa Francisco se posicionava não comunista, mas também não a favor de um capitalismo radical
03:08que expusesse as pessoas menos favorecidas.
03:11Então é claro, existe sim uma figura política no Papa, uma função política,
03:16e ele faz muito bem, todos os chefes de Estado que forem a esse funeral farão muito bem,
03:22porque também é um evento político e pode levar a diálogos entre países que forem representados por lá, Thiago.
03:29Professor Vitello, eu vou chamar então a Dora Kramer, que faz a próxima pergunta, professor Vitello Brustoli.
03:34Dora.
03:35Boa noite, professor.
03:37Durante muito tempo a tradição foi de Papas italianos.
03:40Depois isso mudou, veio o Papa Polonês, depois veio o Papa Alemão e depois o Papa Argentino.
03:47E o conclave hoje é muito mais diverso do que já foi.
03:51Em que medida tem o peso regional, há peso regional na escolha do Papa?
03:58Porque muito se fala que talvez um critério seja aonde o catolicismo está crescendo,
04:05como na África, por exemplo, que cresce 3%, um crescimento muito expressivo.
04:11Tem esse peso regional na escolha, nos critérios do conclave?
04:18Dora, pode ter um peso regional.
04:20Teve no caso do Francisco, né?
04:23O colegiado olhou para a América do Sul e achou que era uma boa ideia fazer o primeiro Papa das Américas, né?
04:31Que foi o Papa Francisco.
04:35Agora, isso não é uma regra, né?
04:37Muito dificilmente, todos os religiosos que eu conheço, eu tenho alguns amigos católicos,
04:45dizem que muito dificilmente vai ser escolhido um outro Papa da região,
04:50ou seja, um brasileiro, algo assim,
04:52porque não escolheriam dois da mesma região na sequência.
04:55Ou seja, de fato existe um peso, por essa resposta nós vemos isso.
04:59Agora, um candidato cotado, isso não quer dizer muita coisa,
05:05porque tudo pode mudar, inclusive muitos desses cardeais não se conhecem pessoalmente,
05:09vão se conhecer agora nesse conclave,
05:11é o Pietro Parolin, que é um italiano e tem sido muito falado na Europa,
05:16o nome dele tem sido muito repetido, como alguém que pode acabar sendo eleito.
05:21Agora, eu só vou finalizar dizendo que são 136 os cardeais que vão participar dessa escolha,
05:26e desses 136, 108 foram escolhidos pelo Papa Francisco,
05:30foram feitos cardeais pelo Papa Francisco,
05:3223 pelo Papa Bento XVI e 5 ainda restam do Papa João Paulo II.
05:38Ou seja, as escolhas do Papa Francisco de cardeais de regiões mais afastadas da Europa,
05:45na Ásia, na África, com um perfil mais próximo ao seu,
05:50de mais humildade, mais próximo aos valores franciscanos,
05:54foi o primeiro Papa franciscano,
05:56isso sim pode acabar influenciando numa escolha não muito ortodoxa,
06:01vamos chamar assim, Dora.
06:02Dora, pode fazer mais uma.
06:05Ah, eu tenho várias, mas eu vou escolher aqui uma, não sei se está adequada.
06:09Olha só, professor, o Papa disse que não queria,
06:13em alguma ocasião ele disse,
06:15que preferia que não fosse sucedido por um Francisco II,
06:20e sim por um João XXIV, numa referência ao João XXIII,
06:27cujas características são exatamente uma característica reformista.
06:34Posso interpretar assim que o Papa gostaria que fosse sucedido por alguém
06:39que levasse adiante os avanços da Igreja Católica?
06:43Dora, eu acredito que sim.
06:47A minha conexão com essa área de estudo é a geopolítica,
06:51então eu olho para o Vaticano, ensino a instituição do Vaticano como um Estado,
06:57tento ensinar para os meus alunos a diferença entre o Estado,
07:02da cidade do Vaticano e os outros.
07:04Essas questões internas, políticas da Igreja Católica,
07:08elas ainda são misteriosas para mim,
07:11embora eu tenha estado no Vaticano há alguns meses com os meus pais,
07:15a minha família também é toda italiana e católica.
07:18Me parece que o Papa queria fazer reformas que ele não conseguiu fazer,
07:23inclusive ele pediu um estudo sobre a participação das mulheres no diaconato,
07:28que é uma função da Igreja Católica que permite o casamento.
07:33Esse estudo começou em 2016, mas em 2019 foi entregue sem consenso,
07:39então não houve uma reforma mais profunda.
07:42Mas ele fez algumas reformas, ele fez reformas fechando contas do Vaticano,
07:47quando ele assumiu teve aquele Vatilix, aquele vazamento com escândalos de abuso sexual,
07:53ele realmente combateu isso dentro da Igreja,
07:56ele combateu corrupção financeira dentro da Igreja.
07:59Uma coisa que ele fez, e eu vou fechar com isso,
08:02ele pediu desculpas, Dora, aos indígenas do Canadá em 2022.
08:07Ele disse que a Igreja Católica no Canadá promoveu um genocídio cultural,
08:13palavras dele, com os indígenas do Canadá.
08:17E isso é muito curioso, porque se a gente pensar na história do Brasil,
08:20por exemplo, da América do Sul,
08:22uma das razões alegadas para os espanhóis e os portugueses virem para a América do Sul
08:27era catequizar os indígenas.
08:30Então, ouvir um Papa pedindo desculpas para indígenas
08:33pelo chamado genocídio cultural, palavras dele,
08:36é realmente muito inusitado e leva a um senso de reforma, Dora.
08:41Professor Vitelli, o Bruce Tolin, da Universidade Federal Fluminense,
08:44mais uma vez, obrigado pela entrevista, professor.
08:46Voltaremos a nos falar, um abraço, até a próxima.
08:48Obrigado pelo convite, boa noite.

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