Fã da cultura popular, principalmente novelas e reality shows, Felipe Simi recorre a esses conteúdos para alimentar as ideias e, ao mesmo tempo, não ficar limitado a referências do mercado publicitário. Chairperson e coCEO da Droga5, o paulista natural de Bauru, interior de São Paulo, relembra como resolveu abrir a agência Soko, depois de entrar em contato com práticas de negócio das quais discordava.
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PessoasTranscrição
00:00Natural de Bauru, interior de São Paulo, convidado do podcast de hoje,
00:04entrou na publicidade movido pelo desejo de contar histórias memoráveis.
00:08Anos depois, já inserido no mercado de comunicação,
00:11ele encontrou outra motivação, abrir um negócio que desafiasse práticas tóxicas do mercado.
00:18Ao lado do sócio Pedro Tourinho, ele montou a Soco, que fez parte da FLEG,
00:22até ser vendida para Accenture Song.
00:25Com isso, a agência incorporou a marca Droga Five.
00:27E é com ele, Felipe Simi, fundador da Soco e atual co-CEO da Droga Five,
00:33que eu, Isabela Lessa, recebo nesse A Ideia, podcast em que converso com pessoas
00:38sobre suas trajetórias, sobre seus negócios, para bater um papo sobre tudo isso.
00:48Seja muito bem-vindo, Felipe.
00:50Muito obrigado, obrigado pelo convite.
00:52E pela introdução muito generosa.
00:55Além de co-CEO, você é chairman.
00:57Chairperson.
00:59Chairperson da Droga Five.
01:02Porque acho que tem uma carga bastante patriarcal em chairman.
01:08Então a gente mudou de propósito e fez esse movimento.
01:10Hoje em dia a gente está usando isso na Accenture Song como um todo.
01:13Legal.
01:14E voltando um pouco no passado, como eu comentei, você é do interior de São Paulo.
01:18Conta um pouco como foi a trajetória até chegar na publicidade.
01:23Bom, eu sou de Bauru, como você falou, interior de São Paulo.
01:27Eu cresci lá a vida toda.
01:30E acho que desde pequeno eu me entendi uma pessoa criativa.
01:35E acho que eu costumo contar essa história do viés também da minha sexualidade.
01:38Acho que quando a gente diverge em algum sentido da sociedade, você precisa buscar maneiras criativas
01:43para até sobreviver àquele contexto.
01:46Então eu busquei essa minha maneira de viver e na arte, na escrita.
01:49Então eu já escrevia bastante coisa.
01:51Eu gostava muito de pintura.
01:53Eu gostava de artes manuais.
01:55Então mergulhei nesse universo.
01:58Até então eu não tinha ideia de que eu ia fazer publicidade ou não ia fazer publicidade.
02:01Foi uma decisão que eu tomei até tardiamente.
02:03Eu achava que eu ia trabalhar provavelmente com alguma coisa mais relacionada a entretenimento,
02:08jornalismo.
02:09Mas a publicidade em si eu decidi fazer só quando eu estava no final do ensino médio mesmo.
02:13Muito incentivado por uma colega de turma.
02:16E que eu falo, cara, você já pensou em fazer publicidade?
02:18Eu não conhecia, não tinha muitas referências de publicitários naquela época,
02:22apesar de ter muita referência de publicidade.
02:24Porque era uma coisa que a gente consumia como entretenimento, praticamente.
02:27Tinham vários programas que celebravam comerciais.
02:30Eu lembro até que no universo de filmes mesmo, que é algo que eu consumia bastante quando eu era adolescente,
02:36o próprio Clio, por exemplo, era muito citado em vários filmes.
02:41Foi uma coisa bem forte dos anos 90.
02:43Então eu lembro que esse universo era interessante.
02:47Mas eu imaginava que era menos conectado com a minha essência do que eu gostava de fazer.
02:54Achava que era mais distante dessa história de arte.
02:57E eu só fui descobrir isso, de fato, quando eu entrei na publicidade,
02:59que eu poderia brincar com as palavras para tentar fazer um mundo melhor, que era o que eu queria.
03:03E você lembra o que mais te marcou, um comercial que era o seu favorito, que se esperava passar?
03:10Eu adorava vários quando eu era pequeno.
03:14A gente assistia, a gente não saía da frente da televisão nos anos 90.
03:18Então não é que o comercial saía todo mundo.
03:20Não, ficava todo mundo sentado esperando voltar ao programa.
03:22Então a gente realmente consumia como se fosse entretenimento.
03:25Aquilo tem alguns na minha cabeça que eu gosto.
03:27360 quilômetros, 360 quilômetros, para um pouquinho e descansa um pouquinho.
03:33Estou tendo vários como esse que ficaram marcados na minha infância.
03:36Meus pais também cantavam uma música de comercial quando a gente era pequeno.
03:39Quero estar na hora de dormir.
03:42Não espere, mamãe, mandar.
03:44Para a gente ir para a cama, era o comercial que, se eu não me engano, é do Cobertores Paraíba.
03:49Não é isso?
03:51Eu acho que sim.
03:51Então, assim, era parte da cultura popular.
03:55E acho que é uma coisa que você não se dá conta até começar a estudar.
03:58Falar, caramba, como comerciais têm de fato um impacto na cultura e na sociedade?
04:01Porque a minha música de dormir é uma música de um cobertor que passava na televisão.
04:05E quando a gente estava viajando de carro, a gente cantava 360 quilômetros, para um pouquinho,
04:09descansa um pouquinho, em viagem de família para o Mato Grosso do Sul, por exemplo.
04:13Para visitar outra parte da família.
04:16Então estava parte do meu contexto ali, direto da infância e da adolescência.
04:19Mas você pensou primeiro em fazer jornalismo ou fazer algo relacionado ao entretenimento?
04:27Como é que foi essa decisão de estudar publicidade?
04:30A decisão, eu pensei sim em jornalismo e entretenimento,
04:33porque acho que era onde a minha mente conseguia chegar até onde a minha curiosidade ia para pesquisar naquela época.
04:40Eu não tinha uma referência de uma pessoa, de um publicitário, de uma publicitária,
04:44naquela época, próximo de mim, da minha família, em Bauru.
04:48Eu conhecia talvez uma pessoa que trabalhasse em uma agência e não sabia o que fazia ali dentro.
04:52Por outro lado, o jornalismo era muito mais próximo.
04:55Eu conhecia jornalistas, eu lia os jornais.
04:58Então acho que era mais tangível o que eu podia fazer com aquilo.
05:01E o sonho também de entretenimento.
05:03Eu achava cinema incrível, assistia muitos filmes.
05:06Eu lembro, em férias, na época que a gente ia para a locadora de VHS,
05:11que era uma delícia, eu pegava as pilhas e ficava o dia inteiro na sala assistindo filme.
05:17Era uma delícia.
05:18Então era um universo que me encantava bastante.
05:20A publicidade, eu fui meio que assim, foi um tiro no escuro mesmo.
05:24Eu estava, talvez, em junho ou julho do terceiro colegial,
05:29e eu marquei publicidade como a primeira opção
05:33e decidi prestar também uma faculdade particular para o terror dos meus pais,
05:36que não achavam que eu devia fazer isso, que era a SPM.
05:40Mas eu vi que ela era a melhor.
05:42Tinha aqueles guias de estudante na época.
05:43E ela era a número um do Brasil isoladamente, assim, em publicidade e propaganda.
05:48Eu falei, cara, se ela é o número um, talvez seja bom eu começar por lá,
05:51porque eu não conheço ninguém nesse mercado.
05:53Então eu vou ter mais empregabilidade.
05:56Se eu sair de uma faculdade que é a número um do Brasil,
05:59terei mais portas abertas.
06:00Foi meu racional na época, foi só esse.
06:02E aí eu entrei na SPM assim.
06:04Decidi fazer a SPM por mais que eu tenha passado em outras.
06:07E aí você veio para São Paulo para fazer faculdade,
06:10ou você já morava em São Paulo?
06:11Não, eu vim para São Paulo para fazer faculdade.
06:13Eu morava em Bauru ainda.
06:15E teve um choque cultural muito grande.
06:16Eu pergunto isso às vezes para os convidados que vêm aqui,
06:19mas por ser de São Paulo, você acha que teve muita diferença ou nem tanto?
06:22Não, era o meu sonho.
06:24Eu sempre falo, até na campanha do Caboré,
06:28que a Isabela Boscov fez para mim,
06:31ela falou assim, o gay fugitivo de Bauru.
06:34Porque meu sonho era sair de Bauru,
06:36porque queria ser quem eu era em um lugar em que ninguém me conhecesse.
06:40Então eu tinha um sonho de morar em São Paulo.
06:42Achava São Paulo o máximo, achava todo mundo chique.
06:46E aí quando você chegou em São Paulo, a ilusão se quebrou?
06:50Totalmente, claro.
06:51Acho que a gente idealiza muitos lugares, muitas pessoas.
06:55E acho que aconteceu a mesma coisa na época que eu era da Rosa.
06:57A gente brincava, né?
06:58Aqui na Rosa a gente falava assim, em Bauru na época.
07:01Eu idealizava uma outra vida, assim, né?
07:04É quase um Sex and the City.
07:06Só que na capital paulistana...
07:09Era bem na época, né?
07:10Era bem na época, assim.
07:12Então eu idealizava uma outra coisa, assim.
07:14Eu achava que era um outro tipo de cidade.
07:16Para mim era Nova York do Brasil, assim.
07:18E acho que ela não deixa de ser em vários aspectos,
07:19mas acho que no dia a dia a construção se faz com os laços que você constrói,
07:25com os amigos que você tem e com a sua rotina.
07:28E a minha rotina, basicamente naquela época, era bem dura, assim.
07:30Era parecida com a da Carrie, que mora no Upper East Side,
07:34fuma um cigarro, compra um sapato.
07:36Acho que só o cigarro, só o cigarro, talvez, naquela época.
07:41Mas não, a minha realidade era completamente diferente.
07:43Eu estudava de manhã e tinha dois empregos.
07:46Porque, óbvio, eu queria provar para a minha família
07:47que eu conseguia me livrar sozinho, né?
07:49E esses dois...
07:50Sozinho, em particular.
07:51E esses dois empregos eram na área de publicidade já ou não?
07:55Eu entrei na empresa júnior da faculdade.
07:57E a empresa júnior tinha uma bolsa auxílio.
08:00E eu entrei justamente para ter essa bolsa auxílio.
08:02Eu não sabia nem o que eu ia fazê-la.
08:04Mas foi excelente essa minha experiência.
08:06E depois eu também dava aula de inglês.
08:08Foi muito bom para mim essa experiência na empresa júnior,
08:11porque era uma mini-empresa, não era uma mini-agência.
08:14Eu até entrei na agência SPM primeiro.
08:16Então, o meu primeiro emprego foi de web designer.
08:19Eu lembro disso quando eu entrei na agência SPM.
08:21Mas eu mudei para a empresa júnior só porque tinha bolsa auxílio.
08:24E aí ajudava, evidentemente, nas contas.
08:27Só que era mais focado em marketing e não em criação,
08:31que era o que eu queria fazer.
08:32E tudo bem.
08:33Porque eu falei assim,
08:33ah, putz, eu estou aqui para aprender, vou me enfiar nesse negócio.
08:36E a gente que trabalhava para clientes reais na época.
08:39Então, foi lá que eu conheci a pessoa que me deu o meu primeiro estágio.
08:43Foi onde eu comecei minha carreira.
08:44Então, como eu não conhecia ninguém em São Paulo,
08:46foi o lugar também que me abriu todas as portas.
08:48Onde, inclusive, eu construí meus melhores amigos até hoje.
08:52Conheci todos na empresa júnior.
08:53Vários, inclusive, trabalham comigo ainda.
08:55Na agência.
08:57A gente ainda está juntos.
08:59O Matheus da FLEG, conheço dali.
09:02A esposa do Zig, de Bauru e dali.
09:06Então, tem várias pessoas em volta ainda.
09:09O meu melhor amigo também está na Droga Five agora.
09:12Conheci lá.
09:13Então, esses laços a gente forma para sempre.
09:15Porque está todo mundo de fora de São Paulo.
09:17Então, a gente ficou muito unido.
09:18E foi lá também que eu conheci o mercado de trabalho.
09:21Conheci como se faz um plano de marketing.
09:23Como se faz recomendações estratégicas.
09:25O que, de fato, você analisa para tomar decisões sobre um produto.
09:28Para além da comunicação, mas também para o preço, para a distribuição.
09:32Era bem completo, assim.
09:34É bem completa a experiência de trabalho em consultoria para marcas.
09:39E eram empresas grandes que contratavam o serviço da ESPM Júnior.
09:42Rect Benkizer.
09:44Nesse nível, assim, de empresa.
09:46Então, a gente tinha também uma porta muito grande para se apresentar para o mercado como profissionais.
09:51E foi nessas que eu conheci a Isabel Mazagão, que foi a minha primeira chefe.
09:55Hoje ela está na Suzano.
09:57E ela foi ela que me deu o estágio.
10:00Assim que eu entrei na Hershey's como estagiário de marketing.
10:03É, você começou no lado das marcas.
10:06No lado das marcas.
10:07Mas já nessa época você tinha noção de que você queria trabalhar com criação?
10:10Com certeza.
10:11Em agência.
10:12Sim, eu tinha.
10:13O desejo sempre foi esse.
10:14Mas eu não neguei o que se apresentou para mim como oportunidade.
10:20Porque era o que parecia legal também.
10:22Eu amei participar desse lado da experiência de comunicação,
10:29mais do ponto de vista estratégico de marcas.
10:32Tanto que eu fiquei um bom tempo nessa área de marketing.
10:36E, em um momento, até eu desisti.
10:38Falei assim, acho que eu nem vou mais perseguir a minha vontade de ser uma pessoa de criação
10:43e acho que eu vou continuar em marketing.
10:44Eu cheguei a tomar essa decisão em algum momento do caminho porque eu gostava do que eu fazia também.
10:48Mas aí um bichinho me picou quando eu estava na Unilever.
10:51Então, eu fui para a Hershey's, da Hershey's para a Bacardi,
10:54da Bacardi para a Unilever.
10:56E a Hershey's e a Bacardi não tinham muita verba de marketing.
11:00A Hershey's tinha acabado de chegar no Brasil.
11:02A Bacardi era praticamente ativação de marca, então experiência.
11:06Quando eu cheguei na Unilever, eu fui para trabalhar com Seda.
11:09E Seda era a marca que tinha mais verba de marketing na Unilever.
11:13Então, eu me encontrei assim num paraíso.
11:16Eu tinha agência de comunicação,
11:17eu não tinha agência de publicidade nas outras marcas ainda.
11:21Então, foi onde eu vi uma agência trabalhando ali do outro lado,
11:24pela primeira vez de perto.
11:26Eu brifei a agência, eu recebi propostas de volta,
11:30eu criei junto, eu propus coisas,
11:32eu vi o quanto eu conseguiria aportar o nome de valor no processo de criação.
11:37Foi ali que o bichinho me picou.
11:39Eu falei assim, putz, acho que vou ter que mudar tudo.
11:41E eu já estava indo super bem na carreira de marketing.
11:43E eu decidi pedir demissão para pedir emprego para as agências que eu conhecia.
11:49E como que foi esse processo? Durou muito tempo?
11:51Durou.
11:52Você ficou sem emprego, então, e batendo na porta?
11:55Eu fui muito honesto com o meu chefe, na época, na Unilever, para o Eric.
11:59Eu falei, cara, eu preciso ser honesto com você, eu vou embora,
12:01mas porque eu preciso experimentar ser redator.
12:04Se eu não experimentar agora, eu não vou nunca mais.
12:07Porque você precisa fazer uma pasta, um portfólio, ter experiência, eu não tenho nada.
12:10Além das campanhas que a gente construiu aqui,
12:12que eu posso até ter ajudado em alguma coisa,
12:13mas não são do meu portfólio.
12:14Eu não posso nem colocar no meu portfólio.
12:15Então, eu preciso começar um portfólio do zero.
12:17E aí eu falei com todas as agências que eu conhecia, com quem eu trabalhei no meio do caminho,
12:21ou com pessoas que eu cruzei no meio do caminho.
12:24Eu recebi só não, quase.
12:26Porque era muito difícil entrar em criação.
12:29E eu ouvia coisas ainda que eram terríveis na época.
12:32Foi aí que o outro bichinho me picou.
12:34Calma aí, o que esse mercado faz?
12:36Por que eles estão me tratando desse jeito?
12:38Era diferente a minha experiência no cliente.
12:40Mas quando eu fui para a agência, eu ouvi coisas do tipo assim,
12:43cara, eu até poderia te contratar, mas acho que não seria muito legal para você aqui.
12:47A galera não gosta muito de gay na criação, sacou?
12:52Chegaram a falar isso.
12:53Chegaram a falar isso abertamente.
12:54Acho que você vai sofrer esse tipo de verdade.
12:56Hoje parece um diálogo do The Office, né?
12:59E esse nem foi o pior.
13:00Nem foi o pior, que eu já ouvi.
13:02Nem de longe.
13:04Que eu nem cito mais, sabe?
13:05Tipo, para não lembrar.
13:07Mas eu ouvi esse tipo de coisa e era completamente naturalizado.
13:10E eu mesmo entendia, né?
13:11Porque é verdade, né?
13:12Talvez eu vá sofrer muito.
13:13Então, eu vou tentar o Pelon entrar para uma outra porta.
13:15Porque acho que talvez seja mais fácil.
13:17Mas eu não desisti e fui batendo.
13:19Aí, o Marcelo Pasco, que estava na New Content,
13:22era uma agência com quem eu trabalhava para conteúdo.
13:26E ele falou, cara, eu tenho uma vaga.
13:27Vem trabalhar comigo.
13:28A gente se deu muito bem como agência cliente.
13:32E eu fui para o time dele no New Content.
13:35E aí, nos primeiros dias que eu estava lá,
13:38eu já tinha certeza que era aquilo que eu queria fazer.
13:40E você entrou como redator.
13:42Você sempre gostou de escrever.
13:45Você escrevia desde cedo, desde criança?
13:48Desde criança.
13:48O que você escrevia?
13:48Poesia, desde os, sei lá, sete anos.
13:52Minha mãe tem uma pasta desse tamanho, assim.
13:55E você continua hoje?
13:57Ou virou uma daquelas coisas que a gente deixa...
14:00Não virou mais.
14:01Eu não tenho mais esse hábito de escrever poesias.
14:04Eu ainda sou uma pessoa que escreve bastante.
14:06Eu tenho diário no celular de coisas que vêm na minha cabeça,
14:11que eu acho que eu preciso escrever.
14:12Sempre foi, para mim, um processo tanto de terapêutico,
14:18de escrever coisas,
14:20quanto também de não deixar escapar pensamentos
14:23que me parecem interessantes e podem servir para alguma coisa no futuro.
14:26Então, eu tenho um processo disso.
14:27Meu WhatsApp, por exemplo, eu tenho um WhatsApp comigo mesmo.
14:31Eu também.
14:31Porque tem um milhão de coisas escritas ali.
14:33Porque, às vezes, eu olho e falo assim,
14:34por que eu escrevi isso mesmo?
14:35Mas, sei lá, um dia pode me servir.
14:37E, se vem na cabeça, eu escrevo.
14:39E aí você cresceu escrevendo poesias.
14:42E aí você migrou para o bloco de notas mais recentemente no celular.
14:46Mas você continua com essa coisa do papel?
14:48Ou você é mais digital mesmo?
14:49Não, zero papel.
14:51Inclusive, eu sou 100% telefone.
14:53Nem o computador eu uso muito para escrever.
14:55Meu marido fica apavorado.
14:57Ele fala, como é que você consegue escrever esse texto de seis páginas no celular?
15:02Nossa, textos longos, então, você escreve.
15:04Consigo.
15:05Mas, textos de trabalho também.
15:07Também, se precisar.
15:08Eu, obviamente, uso muito computador.
15:10Mesmo porque a gente trabalha com apresentações.
15:12É mais complexo fazer o telefone.
15:13Mas, se é texto puro, eu escrevo em qualquer lugar.
15:16E como foi para você aprender o texto publicitário?
15:21Foi um processo que eu acho que veio desde a Faculdade de Entendimento Técnico.
15:25Acho que foi bem importante entender lá.
15:27Mas, na prática, é muito diferente do que você aprende na faculdade.
15:30Eu acho que eu aprendi vendo pessoas fazendo e estudando o que pessoas fizeram.
15:36E eu sempre gostei de conectar a arte, entre aspas, de texto com o planejamento.
15:46Eu sempre achei que era muito importante as áreas trarem mais próximas.
15:50Que foi o meu teste na New Content.
15:51A gente disse assim, vamos trabalhar todo mundo num grupo só, liderado pela mesma pessoa.
15:56E aí a gente consegue trazer mais sinergia entre o planejamento estratégico e criativo
16:03com o que vai sair, de fato, em execução criativa.
16:06Então, acho que essa sinergia foi onde eu consegui aprender mais qual era o valor das palavras
16:12para trazer resultado para marcas e ações do consumidor.
16:15Acho que foi nesse processo de juntar mais as coisas.
16:17Não é à toa que, quando a gente chegou na Soco, a metodologia de trabalho da Soco
16:22passa muito por esse lugar de colaboração, que é onde eu acredito que a gente brilha mais.
16:26E voltando para o ponto que você falou sobre ser gay, e daí você bateu na porta das agências,
16:31ouviu aquilo abertamente, acho que você não vai se dar bem aqui.
16:35Como é que foi essa vivência no mercado publicitário, até você falar, vou abrir uma agência para...
16:41Porque também foi isso a Soco, né?
16:43Eu acho que a minha violência, se a gente pode dizer assim, acho que ela foi muito menor
16:48do que outras violências que outras pessoas sofreram nesse mercado.
16:52Acho que não é, evidentemente, uma competição de dores, mas eu costumo dizer que o tipo de violência
17:00que eu senti ainda foi bastante pequena, perto do que pessoas negras, por exemplo, viveram nesse mercado,
17:05ou que pessoas trans ainda vivem nesse mercado.
17:08Então, eu via que esses corpos dissidentes, como a gente chama, estavam fora da publicidade mesmo.
17:16Quando eu estava do lado do cliente, eu não me lembro de ter trabalhado com nenhuma pessoa negra
17:20até eu conhecer uma única pessoa negra na Unilever.
17:23E, quando eu fui para a agência, eram mais diretamente homens brancos trabalhando na criação, héteros mesmo.
17:29E as agências com quem eu trabalhava também na Unilever eram todas iguais, nesse sentido.
17:33As mulheres estavam todas no atendimento, o planejamento e a criação eram todos de homens.
17:40Às vezes, alguma mulher no planejamento, mas era muito raro.
17:44E na mídia era um pouco dividido ali.
17:46Mas a criação era sempre sendo dominada, acho que eu não lembro de nenhuma exceção na minha época ali,
17:52de nenhuma mulher na criação, ao menos que eu tenha conhecido,
17:56na minha vivência como cliente e também na minha vivência como agência.
18:01Eram poucas em liderança zero que eu conheci ali.
18:04Mas eram poucas ali que uma diretora de arte aqui, uma redatora aqui,
18:08mas que, de fato, ocupavam cartas de liderança, nem mulher desse gênero tinha.
18:13E, para mim, isso nunca fez sentido.
18:16E não porque eu sou só... não é só pela minha essência justiceira,
18:21é porque eu sou uma pessoa realmente que tem essa essência justiceira.
18:24Mas é porque, para mim, acho que nessa indústria, e eu sempre falo isso,
18:28como é que você vai, de fato, conseguir falar com o Brasil real
18:31se você não tem o Brasil real criando para o Brasil?
18:34Então, a diversidade, especialmente para o nosso país,
18:38eu acho que ela está muito conectada com o nosso potencial criativo
18:41e de gerar resultado para as marcas.
18:43E eu nunca deixei de falar sobre isso e nunca vou deixar de agir nesse sentido também.
18:49Porque, para mim, não tem outra saída.
18:51Eu acho que é uma questão de sobrevivência da indústria,
18:53que é, assim, negociável.
18:56Então, para mim, acho que veio desse lugar.
18:58Quando eu vou montar uma urgência, ela vai buscar proporcionalidade,
19:03que é ser o mais proporcional possível com a população brasileira
19:06para, de fato, refletir as vivências do nosso Brasil dentro de casa
19:10e conseguir esse resultado que a gente quer do consumidor
19:14a partir desse repertório que essas pessoas trazem para a mesa.
19:17E você é de uma geração...
19:20Porque, nos últimos anos,
19:23teve muitos executivos que saíram de agências de grupo
19:26e abriram operações independentes.
19:29Mas você veio de uma onda anterior
19:31que você abriu uma agência independente ali do zero.
19:36Como é que foi esse momento, esse processo
19:38de abrir um negócio que não é fácil?
19:41Eu acho que eu fui um pouco, talvez, ingênuo na época.
19:46E eu acho que talvez isso tenha me ajudado a fazer dar certo.
19:50Porque eu não tinha grandes ambições
19:53de ser uma das maiores agências do país,
19:57as mais premiadas, que ficam nos ranks,
19:59como a Soco chegou a ficar.
20:02Até então, a minha vontade era simplesmente provar um ponto.
20:06Eu quero provar para esse mercado que é possível
20:08construir uma agência que, sim, combate práticas tóxicas,
20:12como você falou até na introdução,
20:13uma delas sendo a barreira para a diversidade,
20:17mas tantas outras,
20:18ao mesmo tempo em que entrega um trabalho criativo relevante.
20:21Então, eu sempre falei que era um movimento mais escorpiano,
20:25porque eu sou muito escorpiano.
20:27Meio vingança.
20:28Eu vou mostrar para esse mercado que dá certo,
20:30mas é desse jeito.
20:32E eu, nessa onda de provar um ponto,
20:36eu montei a agência ali dentro da FLEG,
20:39porque eu já trabalhava lá na Cubo.
20:41Então, eu montei essa agência dentro da FLEG,
20:43num lugar quentinho, que eu já conhecia as pessoas,
20:46em que eu tinha um espaço para trabalhar,
20:48em que eu podia usufruir da estrutura
20:50e ter respaldo dos sócios da FLEG,
20:54sendo meus sócios.
20:55Então, acho que foi um lugar também que já incentivava o empreendedorismo.
21:00Tinha muita coisa nascendo ali.
21:02E acho que fui mais uma dessas coisas nascendo lá.
21:05E, de fato, honestamente, eu não sabia que ia ser grande.
21:10Então, a minha vontade era só ser relevante,
21:14provar esse ponto por meio do trabalho
21:16e do tipo de pessoas que a gente vai construir essa agência
21:20fazendo esse trabalho.
21:23E aí, quando ficou grande, foi um sustão.
21:26Foi um processo, inclusive,
21:28que a gente, mesmo que se questionou muito,
21:31será isso que a gente deveria fazer de verdade
21:32para manter a nossa essência.
21:34Quando é que foi esse momento?
21:36Foi já quando vocês faziam parte da FLEG?
21:39Foi em 2019.
21:41Quando vocês incorporaram a Cubo CC ou antes ainda?
21:45Foi antes.
21:45A Cubo foi em 2021 que a gente incorporou.
21:49E até muito maluco também.
21:51Mas, voltando antes disso,
21:53em 2019 foi quando a gente teve a chance
21:56de querer ou não dar esse passo.
21:58E eu sempre falo isso para as pessoas,
22:00que é muito verdade.
22:01Até 2019, a gente vivia em uma comunidade hippie da Bahia,
22:05onde todo mundo, de fato,
22:09se comprometia e conseguia
22:10não ter nenhuma prática tóxica na agência.
22:13Acho que a gente era em 60, 50, 60 pessoas.
22:17Era tudo muito diferente,
22:20porque todo mundo era próximo,
22:22mesmo sendo 100% remoto desde o primeiro ano,
22:25que era diferente já para a época.
22:26Então, a gente estava muito preparado para a pandemia,
22:28por exemplo, quando aconteceu.
22:30Mas, em 2019, a gente teve a chance de dobrar de tamanho em meses,
22:35porque a gente teve uma proposta de um cliente para fazer isso.
22:38E a gente ficou alguns dias decidindo se a gente ia fazer isso ou não,
22:41debatendo eu, Brisa,
22:43vamos, não vamos, Pedro, Torinho.
22:45E a gente decidiu, junto com a liderança da agência, por sim.
22:48A gente discutiu isso com todo mundo.
22:51Naquela época, inclusive, as decisões eram todas muito abertas,
22:53entre as 50 pessoas.
22:55A gente tomava todas...
22:56Essa reunião existe até hoje,
22:58que é uma reunião mensal que a gente tem na agência.
23:00Mas, naquela época, era diferente,
23:01porque você, de fato, podia abrir para todo mundo opinar.
23:04Quando você fica com 350, já não dava.
23:06Mas, com esse tamanho, a gente falou,
23:10putz, a gente está com essa oportunidade,
23:11o que vocês acham?
23:11Bora, bora, vamos trazer mais gente para participar disso,
23:15porque a gente também aumenta o nosso impacto.
23:17E foi a mesma coisa quando a Cubo foi incorporada pela Soco,
23:20em 2021,
23:21que eram 100 pessoas a mais na Cubo.
23:23A gente estava com 200 na Soco.
23:25Então, a gente passou a ter 300 pessoas em 2021.
23:27E a decisão foi no mesmo lugar.
23:29Eu lembro até hoje que alguém falou,
23:31putz, quando você vai em uma manifestação,
23:33você espera que tenha uma galera.
23:34E essa galera junta que vai fazer o barulho.
23:37Quando a PM conta e fala assim,
23:39tinha um milhão de pessoas.
23:41Por isso.
23:41A gente falou, putz, vamos juntar essas 300,
23:43então, que ainda a gente está perseguindo o mesmo objetivo
23:46com muito mais gente.
23:47Aí, para a gente, fez sentido e bora.
23:49E aí, vocês ganharam essa dimensão
23:52e o ganho de escala de uma agência,
23:55eu imagino que deva ser desafiador.
23:58Manter aquela essência do começo,
24:00aquela cultura.
24:01Muito.
24:01Daí você falou, era uma comunidade hippie,
24:04vocês viraram, de fato, uma corporação depois.
24:06Viramos uma agência grande.
24:09E qual que foi o que vocês fizeram
24:11para não perder essa essência?
24:14A cultura, para mim,
24:16ela sempre foi um dos pilares essenciais da agência,
24:19independente se a gente tinha três pessoas ou 300.
24:23Inclusive, acho que quando as pessoas saem até da agência
24:26e vão para outro lugar,
24:27elas sempre falam,
24:29putz, eu sinto falta da cultura.
24:30Porque a cultura é muito forte até hoje,
24:33ainda dentro desse contexto
24:35que a gente faz parte de outra grande corporação
24:38e com outro nome.
24:40A gente sempre teve uma cultura baseada na escrita.
24:43Então, tudo é muito dividido em documentos.
24:47Todo mundo sabe o que está fazendo lá,
24:49qual é o nosso propósito maior de trabalho,
24:51qual é o nosso compromisso enquanto agência
24:53e onde a gente quer chegar com isso.
24:56Então, cada pessoa ali sabe que tem dois objetivos.
24:59Um é a gente estar aqui para combater
25:01e provar que dá para fazer trabalho foda combatendo.
25:04Então, esse era um.
25:05Todo mundo sabe disso.
25:06Está escrito, acho que,
25:07no coração de cada pessoa que trabalha lá até hoje.
25:10Combater não quer dizer que não vai ter.
25:11Óbvio.
25:12Então, você tem que ser um agente que ajuda a gente,
25:15ajuda essa agência a combater essas práticas tóxicas.
25:18E o segundo ponto é
25:21todo mundo, independente da área que trabalha nessa agência,
25:25tem que criar histórias de marca
25:26que repercutem organicamente
25:29porque elas são relevantes para a sociedade e para a cultura.
25:31Então, todo mundo,
25:32se você trabalha em relações públicas,
25:33você tem esse objetivo.
25:34Em atendimento, você tem esse objetivo.
25:36Em produção, você tem objetivo.
25:37Em redação, em direção de arte.
25:39Independente da área,
25:40todo mundo tem um único objetivo,
25:41que é botar a história foda na rua também.
25:44E isso, claro, a gente deu ferramental
25:46para as pessoas fazerem.
25:47Então, a gente tem várias ferramentas de trabalho.
25:52Por exemplo, o nosso processo criativo,
25:53que chama ritual.
25:55E eu gosto de falar dele bastante,
25:56porque chama ritual de propósito,
25:59não é processo.
26:00Ritual, a gente não pode não fazer
26:02para ter o objetivo final conquistado.
26:05Tipo, ritual de magia.
26:07Você tem que seguir aquele passo a passo.
26:08Ou ritual de skincare.
26:10Você tem que passar primeiro o sérum
26:13e depois o creme.
26:15Senão, não dá certo.
26:16Senão, não funciona.
26:16Exato.
26:17O nosso ritual de trabalho é igual.
26:19Você tem que seguir aquelas etapas de trabalho
26:21com o seu time,
26:22para que no final a gente obtenha o resultado,
26:24que é ter essa história de marca incrível,
26:26que vai repercutir organicamente
26:28e que vai ajudar a gente a provar
26:30que combater a prática tóxica
26:31não está relacionado a não ter trabalho bom.
26:34Então, todo mundo está mesmo nesse lugar.
26:36E o ritual está basicamente concentrado
26:38dentro de uma premissa de colaboração,
26:40que é todo mundo cria.
26:41Eu acredito nisso piamente.
26:43Acontece sempre?
26:44Não.
26:45Não é sempre em todos os projetos que dá certo.
26:47Às vezes fica concentrado na criação mesmo
26:49e outras vezes não.
26:50Mas a gente força para não ficar.
26:53Via o ritual.
26:54Que é você tem que tentar seguir isso aqui
26:56para dar certo.
26:57E a maioria das vezes que não segue
26:58não dá certo mesmo.
26:59Então, é ótimo que as pessoas aprendem.
27:00E o processo, por exemplo,
27:03ele tem uma parte do trabalho
27:04que se chama Três Coisas.
27:06E ele tem esse nome de propósito,
27:08porque é que todo mundo que trabalha
27:09nesse projeto ou nessa marca,
27:12nesse FII,
27:15independente da área e da senioridade,
27:16tem que levar para uma reunião
27:17que dura duas horas.
27:19Ninguém tem que dar nenhuma opinião,
27:21só tem que ouvir o colega.
27:23E o colega de qualquer área
27:25e qualquer senioridade tem que levar
27:26três coisas que ele acha
27:27que vão ajudar a resolver aquele problema,
27:29aquele briefing.
27:30Isso tudo é escrito
27:31num único documento.
27:33Todo mundo passa essa reunião
27:34lendo só as três coisas
27:35e podem ser ideias, referências, dados...
27:38Uma palavra.
27:39Uma palavra, qualquer coisa.
27:41E é sempre muito bom.
27:43E a gente tem vários casos
27:44em que aquele brilhinho
27:47que vai acabando levar a ideia
27:49que vai para a rua
27:50nunca vieram de redação
27:52ou direção de arte,
27:53que são as pessoas consideradas criativas
27:55numa agência,
27:56que é uma coisa que eu nunca entendi também.
27:58Por que só essas duas pessoas
27:59são criativas e todo o resto não?
28:02E, para mim,
28:03isso nunca fez sentido.
28:04Por isso que eu gosto muito
28:05desse processo
28:05e a gente tem vários casos interessantes,
28:07tipo Marca na Lata,
28:08de Guaraná Antártica,
28:09que foi um projeto super premiado.
28:11Teve três leões em cane.
28:13O grande insetivo é uma pessoa
28:14de dados,
28:15que fez uma conta
28:16e mostrou que as latas
28:19de Guaraná Antártica
28:19têm um impacto em TRPs,
28:21que é uma métrica de mídia,
28:23maior do que vários influenciadores
28:25e programas de televisão,
28:26por conta da rotatividade
28:27do Guaraná no Brasil.
28:29Então, a partir desse dado
28:30que ela trouxe no Telescoitas,
28:31isso virou toda uma campanha,
28:33que foi super premiada em cane,
28:36inclusive,
28:37com esse insight.
28:38Então, eu acredito muito
28:38nesse processo de colaboração.
28:40Essa é uma parte essencial
28:41da nossa cultura.
28:42E qual que foi o momento
28:44em que você percebeu
28:48que a sua vingança,
28:49se é que teve esse momento,
28:50a sua vingança...
28:51Eu amo que a gente já está falando assim,
28:53a vingança escorpiana.
28:54É.
28:55Quando foi que a vingança escorpiana
28:57funcionou?
28:57Eu já não penso assim hoje.
28:59Mas você teve esse gostinho?
29:01Claro que eu tive.
29:02Assim, eu nunca neguei
29:04que isso foi o meu impulso.
29:07Eu não acho que ele é
29:08o melhor dos impulsos,
29:09mas ele deu certo.
29:10Eu já não penso assim hoje.
29:12Mas acho que eu senti,
29:14talvez, com o nosso
29:16primeiro leão em cane,
29:18acho que foi bom,
29:20porque acho que provou o ponto.
29:21Putz, a gente está conseguindo
29:22fazer um trabalho incrível.
29:23Foi em 2017,
29:24o nosso primeiro leão em cane.
29:27A gente fundou a agência
29:28no final de 2015.
29:29Então, foi rápido.
29:29Putz, a gente está no caminho certo.
29:31Mas, quando eu percebi
29:33que a gente tinha, de fato,
29:34construído uma coisa
29:35que eu não tinha ideia
29:37do impacto dela,
29:39foi quando era a pandemia,
29:42em 2021,
29:45eu recebi uma mensagem
29:48no LinkedIn
29:49de uma diretora de escola,
29:51de escola,
29:51de ensino médio,
29:55de Curitiba,
29:57pedindo para mandar um vídeo,
29:58porque todos os alunos
29:59queriam fazer publicidade
30:00e queriam trabalhar na agência.
30:01aí, esse dia, juro,
30:04eu tive uma crise de pânico, quase,
30:07para entender a dimensão do trabalho
30:09e da responsabilidade
30:11que a gente tem
30:12com o que a gente faz
30:12e o que a gente fala.
30:16Você está vendo que eu fiquei emocionado,
30:17porque, só de lembrar disso,
30:19é uma coisa que me tocou muito na época.
30:22E eu falei,
30:22cara,
30:23se a gente está chegando nesse lugar,
30:25com o nosso trabalho,
30:26todos nós,
30:27como publicitários,
30:28não estou falando da Soco aqui,
30:29estou falando do nosso ofício,
30:30da nossa disciplina,
30:32da nossa indústria,
30:33ela não tem só o papel
30:34de impactar as pessoas
30:36com as mensagens que a gente cria,
30:37com os textos que a gente escreve,
30:39que viram comerciais
30:40ou que viram ações de marketing
30:41e que vão gerar alguma reação
30:43na sociedade,
30:44porque, no fim do dia,
30:45a gente está impactando a sociedade
30:46com as palavras,
30:47com as coisas que a gente cria.
30:48Mas, cara,
30:49a gente está impactando
30:50essa galera que está na escola também,
30:53sonhando em fazer esse tipo de coisa
30:54que a gente faz
30:55da mesma maneira que a gente,
30:57que eu sonhava com coisas parecidas
30:58quando eu ouvia a minha mãe
30:59cantando aquela canção de nada
31:01do cobertor
31:01que passava nos anos 70.
31:04Então, tem esse impacto
31:05muito grande cultural e social
31:07e isso me trouxe
31:09uma carga de responsabilidade
31:10muito grande.
31:11Acho que ainda maior
31:12do que eu já sentia antes
31:14e também uma sensação
31:15de realização.
31:16Falei, caramba,
31:17acho que a gente realmente
31:18conseguiu fazer o que queria aqui.
31:21Passou da vingança escorpiana
31:23para um estado mais de gratidão
31:25e aquela coisa benéfica
31:29de quando você percebe
31:30que o que você fez
31:30deu impacto.
31:31Eu acho que sim,
31:31mas para mim foi menos
31:32aquela coisa
31:33da gratidão autocentrada
31:37e foi mais para fora.
31:38Foi assim do tipo,
31:41caramba,
31:41que responsabilidade
31:42que a gente tem.
31:43Tanto que eu dividi
31:43isso que aconteceu
31:44com toda a liderança da agência.
31:45Falei,
31:46é esse tipo de coisa
31:47que a gente está fazendo.
31:48A gente tem que ter
31:48muito responsável
31:49com cada coisa que a gente faz.
31:50E quando você lançou a Soco,
31:52como você contou aqui,
31:53você não tinha muita noção
31:55dos negócios,
31:57era meio ingênuo.
32:00Mas aí teve esse ponto
32:01de virada muito importante
32:02que foi a venda da Soco
32:05para a Accenture Song
32:06para absorver ali,
32:08para adotar a marca Droga Five.
32:10Ali você já tinha
32:12mais repertório,
32:14mas como foi
32:14essa tomada de decisão,
32:17o que pesou,
32:19você considerou o que
32:20para tomar essa decisão?
32:22Várias coisas.
32:23Acho que primeiro é
32:24ao longo da nossa trajetória
32:25como agência independente,
32:27porque a gente era parte
32:28de um grupo independente.
32:30Brasileiro.
32:31Brasileiro, exato.
32:32Então, a gente sempre foi
32:33uma agência não atrelada
32:35a nenhuma holding global.
32:36Como a Soco ganhou
32:37uma visibilidade rápido,
32:39por conta dos rankings,
32:41principalmente.
32:42Scopin faz aquele ranking
32:43a cada dois anos.
32:44Foi um susto,
32:45inclusive, para a gente
32:46o primeiro ranking
32:46que a gente viu
32:47que a Soco estava
32:48em primeiro lugar
32:49em várias posições,
32:50em segundo,
32:51terceiro.
32:51estava sempre ali no top 5,
32:53na leitura, acho que,
32:54de 2022 ou 2021,
32:57não me lembro agora.
32:58Foi um susto ver
32:59como as pessoas
33:00já tinham uma percepção
33:01muito positiva da agência.
33:03E, nessa época,
33:04também foi a época
33:04que a gente foi mais abordado
33:05por grupos para aquisição.
33:09E a minha posição
33:10sempre foi contrária
33:11a esse movimento,
33:14porque eu tinha justamente
33:15muito medo
33:16de perder a cultura.
33:16e eu sou uma pessoa
33:18neurótica controladora.
33:20E eu sempre falei isso,
33:22até quando eu fui para lá,
33:23eu falei assim,
33:23galera,
33:24eu sou insubordinado.
33:25Para mim,
33:25vai ser um trabalho
33:27enorme ter chefe,
33:28porque eu sempre fui
33:29muito senhor
33:30das decisões
33:31que a gente tomava,
33:32junto, evidentemente,
33:33com os meus pares
33:34ali na agência,
33:35que pensam muito parecido
33:36ou, se não pensam parecido,
33:37é melhor ainda,
33:38porque a gente se ajuda
33:39e se complementa.
33:40E eu tinha muito receio
33:43de perder isso.
33:44Ao mesmo tempo,
33:45conforme você cresce,
33:47os desafios aumentam
33:48drasticamente
33:49dentro de uma construção
33:50de negócios.
33:52Aqui não estou falando
33:53nem de reputação
33:54ou de cultura,
33:55mas de negócios.
33:57E, evidentemente,
33:58quando você é independente
34:00no Brasil,
34:01existe uma dificuldade
34:02muito grande
34:03de você conseguir manter
34:04a agência saudável
34:07em todos os aspectos,
34:09culturais, humanos,
34:11de produtos, financeiros.
34:13A gente conseguiu
34:13com a Soco até
34:15a gente vender, inclusive.
34:17Mas eu tinha muito medo
34:18do futuro,
34:19com movimentos
34:21em que eu estava vendo
34:22marcas concentrando
34:23mais em grupos.
34:25A gente veio
34:26um movimento
34:26de especialização
34:27quatro anos atrás
34:29que foi diminuindo
34:30ano a ano,
34:32buscando mais,
34:33as marcas cada vez mais
34:34buscando eficiência
34:35de custos.
34:36Com isso,
34:36concentração em grupos.
34:38E eu fiquei muito receoso
34:39desse movimento
34:39a gente perder também
34:40valor,
34:42porque, evidentemente,
34:43custa mais caro
34:44trabalhar com grupo
34:44independente,
34:45com agências independentes
34:46do que com grupos,
34:47porque a gente não tem,
34:48por exemplo,
34:49um grande volume de mídia
34:50que ajuda
34:52a amortizar
34:54muito dos custos
34:55por conta do modelo
34:57de remuneração
34:57de mídia no Brasil.
34:59É um jogo
34:59que a gente nunca jogou.
35:01Não sabia jogar direito,
35:03inclusive.
35:04E, para isso,
35:05a gente contava
35:05100% com o valor
35:07do trabalho mesmo.
35:09Então,
35:09o cliente percebia
35:10o valor da agência
35:11maior e, por isso,
35:12pagava mais.
35:13Mas,
35:13até que ponto
35:14isso era sustentável?
35:15A gente já estava
35:15vendo um movimento
35:15de as pessoas falarem
35:16que as pessoas
35:17são mais caras,
35:17é difícil,
35:18está caro fazer
35:19projeto com vocês
35:20versus outras agências.
35:22E a gente sabia
35:22que sim,
35:23porque a gente estava
35:24brigando com o estúdio
35:25das pessoas que saíram
35:26de grandes agências
35:26e abriram os estudos
35:27de criação
35:28e os grandes grupos
35:30que tinham um preço
35:31super competitivo
35:32por conta
35:33da amortização
35:33de mídia.
35:35Então,
35:35a gente ficou
35:35nesse meio
35:36e esse meio
35:37é perigoso.
35:37Foi o momento
35:38que a gente parou
35:39para ouvir melhor.
35:40Vamos ouvir
35:41o que as pessoas
35:41têm para oferecer
35:42para a gente,
35:42porque pode ser
35:43que a gente
35:43vai precisar
35:43de ajuda rápido
35:44em alguns anos.
35:46E, nessa abertura
35:48para ouvir,
35:50o David sempre foi
35:51o meu ídolo
35:52na publicidade.
35:54Sempre foi a sua referência.
35:55A maior referência
35:56de todas.
35:58Tanto que,
35:59quando ele veio
35:59falar comigo
36:00pela primeira vez,
36:00eu falei assim,
36:00eu preciso te contar
36:01se tem uma parte
36:02de nós
36:02que a gente copiou
36:03da Droga 5
36:03deliberadamente,
36:05que é a coisa
36:06de Air Media.
36:07Ele falava muito
36:08já sobre esse impacto
36:09cultural das ideias.
36:10A primeira ideia
36:11que bombou
36:11da Droga 5,
36:12que é do Air Force
36:13americano,
36:14do avião
36:15da Força Aérea Americana
36:16que eles picharam,
36:17isso viralizou.
36:19Era a minha referência
36:20de, putz,
36:21isso aqui é uma ideia
36:22desformatada
36:23de publicidade
36:24e tem o objetivo
36:26de gerar
36:27impactos orgânicos.
36:28Então, eu aprendi
36:28aquilo ali com ele
36:29e trouxe para o discurso
36:31da agência também.
36:32Então, quando ele veio,
36:33eu já fiquei encantado,
36:34falei assim,
36:34caramba,
36:36existe uma chance
36:36de a gente virar
36:37Droga 5,
36:38que sempre foi a minha
36:39maior referência
36:39de agência do mundo.
36:41Então, isso já me encantou
36:42e me abriu muito mais.
36:44Então, teve esse ponto
36:45que, para mim,
36:46foi importante.
36:46A gente até teve
36:48uma conversa anterior,
36:49uns anos antes,
36:50que não fez sentido
36:51para ninguém,
36:52mas a hora que veio,
36:53dessa vez,
36:53para a gente,
36:54fez muito sentido
36:54por esse medo
36:56do futuro,
36:57o que estava acontecendo
36:57com a indústria,
36:58onde estava apontando
36:59a tendência
37:00e o que a gente
37:00estava já sentindo
37:01do mercado
37:02e também
37:04por esse lugar
37:05de sinergia.
37:06Acho que eu vejo
37:06muita sinergia
37:07do que a Soco é
37:08e a Droga 5
37:09sempre se propôs a ser.
37:10E teve algum momento
37:13da sua carreira
37:14em que você se deparou
37:16com fracasso?
37:18E se sim,
37:18como você lidou com isso?
37:20Muitas vezes.
37:21Tem algum episódio?
37:23Tem alguns.
37:25Eu acho que
37:25é impossível
37:28não viver muitos fracassos
37:31até você conseguir acertar.
37:33E acho que eu tive
37:34fracassos como empreendedor.
37:37Eu já tentei fazer
37:38uma empresa antes
37:38de fazer a Soco na própria flag
37:40e ela não deu certo.
37:41Ela fechou
37:42porque não prosperou.
37:45Eu tive fracasso
37:46como criativo
37:47de colocar ideias
37:48que eu acreditava
37:49fielmente na rua
37:50e elas eram ruins.
37:52E acho que esse também
37:53foi um dos meus aprendizados
37:54de entrar
37:56num processo criativo
37:57sabendo que eu sou
37:59a pessoa que sabe menos.
38:01E isso me ajudou muito
38:03a ser um líder criativo melhor,
38:04de ouvir mais as pessoas
38:05e as perspectivas das pessoas
38:06em vez de aceitar
38:07somente a minha verdade.
38:09E eu sempre falo isso
38:10para todo mundo
38:11que entra nessa liderança
38:12de criação.
38:12Que é, cara,
38:13assume que você não sabe.
38:14Porque se você acha
38:16que tem toda a curiosidade
38:17do mundo,
38:18a tua curiosidade alcança
38:19um lugar que a minha alcança
38:20e vice-versa.
38:22Vai mudando isso.
38:23A tua não alcança aqui,
38:24a minha alcança.
38:24Tem que abrir e ouvir.
38:26E eu, às vezes,
38:26naquela empolgação de
38:27não, essa ideia é legal,
38:28essa ideia é legal,
38:28essa ideia é legal,
38:29eu botei na rua.
38:29Era ruim.
38:30Não deu sucesso nenhum.
38:31Não fez cócegas.
38:33E primeiro foi difícil
38:35de admitir?
38:37Ah, foi, né?
38:38Sempre é.
38:38E quem te abriu os olhos?
38:40Foi um trabalho interno ali?
38:42Não, foi todo mundo.
38:43A brisa mesmo
38:43era muito ruim.
38:46Você lembra qual foi?
38:47Eu não vou falar.
38:49Eu não vou falar
38:50para não expor o cliente também.
38:51Mas o próprio cliente também deve
38:53falar assim,
38:53mas vocês mudaram mal para caralho.
38:57Não rolou.
38:57Mas é que também prejudicou a marca.
38:59Mas são, às vezes,
39:00ideias que não têm atração
39:03toda que a gente esperava.
39:04Passou batido,
39:06poderia ter...
39:08Passou batido, exato.
39:09Investido tempo e dinheiro
39:10em algo melhor.
39:11E sabe outras coisas também?
39:12Que assim,
39:12eu sempre tive uma energia
39:14realizadora muito grande.
39:15Então, para mim,
39:16derrabo era dar na rua.
39:18Quando eu era mais novo.
39:21E quando,
39:22no começo da Soco,
39:23que a gente recebia
39:23umas verbas pífias,
39:25tipo assim,
39:26olha, você tem 35 mil reais.
39:28Eu lembro que era exatamente
39:28esse valor, inclusive.
39:2935 mil reais para fazer
39:30essa campanha.
39:31é pouco.
39:3335 mil reais para fazer
39:33uma campanha.
39:34E a gente tinha muita ambição.
39:37E eu lembro que a gente
39:38pegou um projetor
39:40para fazer os cenários.
39:43Uma pessoa que era
39:44uma pessoa que declarava
39:45poema
39:46para fazer uma peça
39:48para uma marca
39:49que eu não vou dizer qual é.
39:50E esse negócio,
39:50evidentemente,
39:51nunca foi para a rua.
39:52De tão horrível
39:54que ficou assim.
39:55A gente sempre usa
39:56esse exemplo na agência.
39:58De assim,
39:58nossa, gente,
39:59a gente tem que tomar cuidado
40:00para não se empolgar também
40:01e dar os alertas
40:04corretos para o cliente
40:05quando a gente tem
40:05alguma alimentação
40:06como essa.
40:07E para quando você
40:08trabalha com ideias,
40:11seja na publicidade,
40:13seja em outras áreas,
40:15você acha que,
40:15então,
40:15é preciso
40:16ter um desprendimento
40:19do ego
40:20e do preciosismo?
40:21Claro, 100%.
40:22Como é que
40:23se alcança esse lugar?
40:25E é por isso até
40:26que eu acredito
40:26na colaboração.
40:27porque eu acho que
40:27se você coloca o ego
40:29na equação,
40:29100% do seu ego,
40:31a chance de fracasso
40:32é enorme.
40:32Não é à toa
40:33que as duas vezes
40:33que eu coloquei,
40:35eu também me ferrei.
40:37E acho que é bom
40:38as pessoas saberem disso.
40:38Por isso que a gente fala
40:39tão abertamente
40:40sobre esses problemas
40:40dentro da agência.
40:43Porque,
40:44dentro do processo
40:44que a gente criou,
40:45a ideia de ter
40:46essa multidisciplinaridade,
40:48esses multi-olhares,
40:50essas multivivências,
40:51trazendo suas perspectivas
40:52para a resolução
40:52do problema,
40:53é justamente
40:54para tirar os vieses,
40:55inclusive o vies
40:56do seu próprio ego.
40:58É um vies,
40:59assim como o vies
41:00de raça,
41:02assim como o vies
41:03de gênero,
41:04assim como o vies
41:05de canal,
41:06pensar para criar
41:07para a televisão.
41:08Tem vários vieses
41:09dentro do processo criativo.
41:11E a gente só consegue
41:11tirar esses vieses
41:12trazendo questionamentos
41:14para o processo criativo
41:14ou novas perspectivas.
41:17Se tiver as duas coisas,
41:17tanto melhor.
41:19Então, para mim,
41:19se a gente não tem isso,
41:20a gente não tem o melhor.
41:22E eu não estou falando
41:22de brainstorming,
41:23porque eu odeio
41:23o brainstorming,
41:24com todas as minhas forças.
41:26Eu sou absolutamente
41:26contra o brainstorming.
41:27Por quê?
41:28Porque você tende
41:29à mediocridade.
41:30Todo mundo quer agradar
41:30a todo mundo,
41:32e aí você chega
41:32num lugar que você está
41:33fazendo um frankstein
41:34que não serve para nada.
41:35Mais um processo
41:36de colaboração,
41:38de perspectivas,
41:39que ninguém tem
41:40que concordar com nada,
41:41mas que todo mundo
41:42que vai decidir
41:43está ouvindo,
41:44independente da área,
41:45está ouvindo a pessoa
41:46de planejamento,
41:46está ouvindo a pessoa
41:47de criação,
41:48está ouvindo a pessoa
41:48de produção,
41:49está ouvindo a pessoa
41:50de relações públicas,
41:50já conseguem concatenar
41:52entre elas que...
41:53Isso aqui tem potencial,
41:54galera, concordam?
41:55Concordo.
41:56E aí já conseguem
41:57construir uma história
41:57em volta daquilo juntos.
41:59E tem uma sensação também
42:01de que todo mundo
42:01é coautor.
42:03E eu sempre achei
42:03isso muito importante
42:04dentro do nosso
42:05propósito e compromisso,
42:06que a gente está
42:07fazendo isso junto,
42:08a gente está combatendo isso,
42:09e a gente quer chegar aqui.
42:10Então, todo mundo
42:11tem que ter a mesma ambição
42:12nesse lugar.
42:14E eu acho que são...
42:15Esse é o segredo
42:16para você tirar
42:17o ego da coação.
42:18E qual foi a melhor ideia
42:19que você já teve?
42:20Seja na criação,
42:23como criativo...
42:25Fala primeiro
42:25de uma ideia
42:26que você julga
42:28que foi muito boa
42:29dentro do seu trabalho
42:30como criativo.
42:31Eu acho que a melhor ideia
42:31que eu já tive
42:32foi criar soco.
42:34Eu acho que a soco
42:35é um filho.
42:37É uma...
42:40Eu acho que ela é,
42:41talvez,
42:41a minha melhor
42:43força criativa
42:45aplicada para a realidade,
42:46com certeza.
42:46Acho que ela não está...
42:47Acho que não conseguiria
42:48escolher uma ideia
42:49de um cliente,
42:50porque tem várias campanhas
42:51que eu sou bastante orgulhoso
42:52de ter feito.
42:54Várias ideias
42:55que eu sou bastante orgulhoso
42:56de ter feito,
42:56participado, etc.
42:57Mas acho que essa é
42:58o meu bebê,
42:59que eu tenho muito orgulho
43:01do que ela foi construindo.
43:03E deve ter sido muito difícil
43:04ter se despedido
43:06da marca Soco.
43:07Claro!
43:08Eu não nego isso, não.
43:10É um processo de luto
43:11da marca,
43:11mas é que me ajudou muito.
43:13Eu já superei,
43:13mas facilitou por quê?
43:14Porque a marca
43:16que estava chegando
43:17no lugar da Soco
43:18era a marca que eu mais admirava
43:19no mundo.
43:20Por mais que as pessoas
43:21aqui no Brasil
43:21acham que é uma farmácia.
43:23A droga fábrica.
43:25Tem esse meme pronto.
43:27Tudo bem.
43:27Aí a gente tem
43:27um outro desafio.
43:28Você já explicou isso
43:29para o David,
43:30droga?
43:30Que aqui é droga, farmácia.
43:34Ou outra coisa, né?
43:35Ou outra.
43:35Isso é maravilhoso.
43:36Mas eu acho que as piadas
43:37são ótimas.
43:37Eu dou risada com todas elas.
43:39Acho que o nosso desafio
43:40agora é outro.
43:40Cara, e a gente sabe
43:41construir marca de publicidade.
43:42Olha o que a gente fez
43:43com a Soco
43:44em oito anos.
43:45Até a gente chegar
43:46no ápice do ranking ali.
43:48A gente vai conseguir
43:49construir a Droga 5
43:50que já tem uma puta
43:50reputação global
43:51atrelada à reputação
43:53que a Soco também já tem.
43:54Então, acho que eu não me
43:55preocupo com isso, não.
43:56E eu até me divirto
43:57com as piadas.
43:58E qual que foi
43:58o trabalho publicitário?
44:02Tem algum que você
44:03viu recentemente
44:04que se acha
44:05muito inspirador?
44:07Você diz
44:08de outras agências.
44:09De outras agências.
44:09Eu sou muito fã
44:10de vários trabalhos
44:11de outras agências.
44:12Adoro elogiar a colega.
44:14Acho que é uma
44:15que está dando um show.
44:16Adoro o Felipe.
44:17Achei um cara incrível.
44:20E eu acho que o trabalho,
44:21principalmente que eles
44:22estão fazendo
44:22para o Boticário,
44:23louvável, lindo.
44:25Eu me arrepiei
44:25de lembrar agora
44:26do filme Dia das Mães,
44:28por exemplo, novo.
44:29Mas não é o único.
44:30Acho que eu fico
44:31mais animado
44:32com constância,
44:33consistência, visão.
44:35Porque quer dizer
44:36que existe, de fato,
44:36uma integração
44:37entre áreas,
44:38entre cliente e agência
44:39sobre para onde
44:40a gente quer levar
44:40essa marca.
44:41E ali eu acho
44:42que é um trabalho
44:42impecável.
44:43Que Renata Gomidi,
44:45Felipe Bartolomeu
44:46e o time estão fazendo
44:47ele com o Boticário.
44:48Acho que é incrível.
44:49E olha que eu trabalho
44:49com um concorrente.
44:50Por favor,
44:50não bate em mim,
44:51mas é que realmente
44:52é muito bom.
44:54E como que você
44:56se mantém inspirado
44:58para lidar com os negócios,
45:01para lidar com
45:02esse trabalho
45:04que é muito pautado
45:05pela criatividade,
45:06pelas ideias,
45:07em um mundo em que
45:08a gente fala muito
45:09sobre brain rot,
45:10sobre exaustão de telas.
45:12qual que é o seu exercício
45:15para se manter inspirado?
45:18É consumir a cultura
45:19mais inútil possível.
45:23RuPaul's Drag Race,
45:24eu lembro que você
45:25sempre foi fã.
45:26Qualquer reality.
45:28Quanto pior, melhor.
45:29Eu amo, gente.
45:30Eu adoro uma bagaceira.
45:32E você gosta de novela também,
45:34que não é exatamente bagaceira.
45:35Estou acompanhando
45:36Vale Tudo todos os dias,
45:38ligando com a tal qual
45:39é os Maias.
45:40Eu sento na televisão
45:41nove da noite,
45:42espero começar.
45:44Acho que eu gosto
45:46de consumir cultura popular
45:46e eu aprendi isso,
45:47na verdade,
45:47na faculdade,
45:48lendo Washington Oliveto.
45:50E eu falei,
45:51isso vai ser fácil para mim,
45:51porque eu já gosto disso tudo.
45:53E eu realmente acho
45:54muito importante
45:54consumir tudo
45:57que o Brasil consome
45:58de verdade.
45:59Adoro, adoro.
46:01As músicas que eu escuto
46:02são uma loucura.
46:03O meu retrospectivo
46:05Spotify é assim,
46:07de brega funk,
46:09a Tecnobrega,
46:13a Beyoncé.
46:15Mistura tudo
46:16e eu consumo real.
46:17Buscar múltiplas referências
46:19e estar em contato
46:21com muita coisa.
46:22Eu sou muito aberto
46:22a qualquer coisa nova
46:23que apareça na minha frente.
46:25Mas você disse
46:26que fica muito no celular,
46:29anota tudo ali,
46:30não tem que ter
46:31esse momento de detox
46:32às vezes?
46:33Isso acontece
46:34em algum momento?
46:34Tem 100%,
46:35e eu faço todo ano.
46:37Todo janeiro
46:38eu fico 10 dias
46:38longe de tudo,
46:39todo sem telefone,
46:41num retiro que eu faço.
46:43Entrega o telefone
46:44na entrada,
46:44pego na saída
46:45e passo ali
46:46todos os dias
46:47só comigo mesmo.
46:48Uma coisa
46:49White Lotus,
46:49última temporada.
46:50Deixa o celular lá.
46:52Acho que existe
46:53essa fantasia
46:53quando eu conto
46:54com as pessoas
46:54ou White Lotus
46:55ou Nine Perfect Strangers.
46:57As pessoas sempre pensam isso,
46:57mas é muito mais simples
46:58que isso,
46:59na verdade.
46:59Porque você fica
47:00sozinho.
47:01É, fica sozinho.
47:02E não tem nenhum incêndio
47:03para apagar,
47:03que nem aquele pai de família.
47:05Não tem nada, exato.
47:05E eu sempre falo assim,
47:06a primeira vez que eu fui
47:07foi difícil,
47:08mas eu já vou há muitos anos.
47:10Então, a primeira vez que eu fui,
47:11eu senti que eu era ótimo
47:14nos dois primeiros dias,
47:15mas nos três seguidas
47:16a gente tem um negócio
47:16que chama tempestade mental,
47:18que eu achei que tudo de absurdo
47:19estava acontecendo
47:20na minha vida de verdade.
47:21Tipo, a minha cachorra morreu,
47:22a soco fechou,
47:24meu marido me largou,
47:25sabe, essas coisas?
47:26Que o seu cérebro vai criando
47:27para você voltar
47:28para a realidade
47:29que ele está acostumado.
47:30Então, eu já passei por isso
47:31a primeira vez,
47:31já entendi como é que funciona,
47:32já não sofro nas outras.
47:34Então, para mim,
47:35acho que é o que me salva,
47:36acho que são essas duas coisas,
47:37na verdade.
47:37Acho que uma é isso
47:38e a outra é que
47:40eu tenho uma vantagem gigante
47:42que é eu durmo.
47:44Eu desligo e durmo.
47:46Dorme bastante.
47:46Exatamente.
47:47A hora que eu tenho que dormir,
47:48eu durmo.
47:48Eu desligo o telefone e durmo.
47:50Então, acho que isso ajuda muito.
47:53E quais são as suas outras paixões?
47:56Um pouco antes
47:57da gente começar a gravar aqui,
47:59você falou que adora cantar.
48:00Adora cantar.
48:01Fez aula de canto?
48:03Fiz aula de canto.
48:06Eu acho que as minhas paixões
48:08vão para lugares
48:09que estão conectados também
48:11com criatividade de alguma forma.
48:14Então, não fogem muito
48:15da nossa essência do trabalho,
48:17mas que me levam a coisas
48:20que eu consigo aprender
48:21algo técnico
48:22que não seja relacionado
48:23a algo extremamente mental.
48:26Então, por exemplo, canto,
48:27que eu consigo aprender ferramentas
48:28para melhorar alguma coisa
48:30que estão no meu corpo.
48:31Ou a meditação,
48:33ferramentas que eu consigo melhorar
48:34alguma coisa que estão no meu corpo.
48:35Ou yoga,
48:37que eu também faço.
48:38Ferramentas que eu consigo usar
48:39o meu corpo
48:39para aprender a ser melhor em algo.
48:41Então, eu gosto disso
48:42e eu trato o zero
48:43como performance.
48:45Então, para mim,
48:45é o que é.
48:47Eu sou bom nisso desse jeito.
48:48Não consigo ser melhor.
48:49Vou desafinar.
48:51Não tenho capacidade com agudos.
48:52mas me faz muito bem fazer aquilo.
48:56E aí, você canta no chuveiro,
48:58frequenta karaokê?
48:59Karaokê, acho que na agência
49:01a gente tinha um hábito de ir bastante.
49:03Faz tempo que a gente não vai.
49:04E aí, você era a estrela do karaokê?
49:06De jeito nenhum.
49:07Ao contrário.
49:08Eu não queria de jeito nenhum
49:09que as pessoas me vissem cantando.
49:11Mas eu sempre acabo cantando, né?
49:12Porque você toma um pouco de cerveja
49:13e vai lá e sobe no palco
49:14e se acha ótimo.
49:15Qual música que você gosta de cantar?
49:17Acho que, assim, tem uma...
49:21Talvez a minha banda preferida
49:22seja Spice Girls,
49:23de todas que existem no mundo.
49:25Foi no show, na turma que elas fizeram?
49:27Ah, três shows.
49:28Foi quando elas fizeram um show
49:29em Manaus, né?
49:31Mas eu era novo.
49:32Eu tinha 12, 13 anos, acho,
49:33naquela época,
49:34quando elas vieram para Manaus.
49:35Mas eu fui no Reunion,
49:37agora em 2019,
49:38e o meu marido,
49:38que por acaso também é fã,
49:40a gente não sabia antes de se conhecer.
49:41Tipo, no começo do namoro,
49:42eu descobri depois.
49:43Ele é muito fã.
49:45Eu fui a três shows.
49:46Ele foi a quatro.
49:47Logo antes de Cannes, em 2019.
49:50E foi tudo.
49:52Era o meu sonho de infância.
49:53Eu tinha um poste na minha quarto.
49:55Um era Spice Girls,
49:56o outro era Nirvana,
49:56para compensar
49:57e eu não sofri tanto bullying.
50:00Mas diz muito do meu gosto eclético.
50:02Eu escuto tudo isso de verdade.
50:04Agora o meu cabelo está assim
50:04só para eu ir no show do Oasis,
50:06por exemplo.
50:06Eu juro que é o outro Reunion.
50:09Oclinhos,
50:09Oclinhos John Lennon,
50:11Adidas.
50:13Eu sou cafona temática.
50:14Rola sempre uma Spice Girls
50:16no karaokê.
50:16Um Spice Girls,
50:17um Justin Bieber,
50:18adoram um popzinho,
50:19um funk,
50:20o Claudinho Buchecha,
50:22Nosso Sonho.
50:23E o que...
50:25Você mencionou todas essas coisas,
50:27que elas ajudam a manter a inspiração,
50:31a se manter no eixo,
50:32yoga,
50:32canto.
50:33mas qual que...
50:36No trabalho,
50:37no dia a dia,
50:38qual que é a beleza
50:40que você vê
50:41em trabalhar com publicidade hoje?
50:46Para mim,
50:46acho que é o que eu já falei aqui,
50:48inclusive.
50:48Eu acho que
50:49a publicidade,
50:50para mim,
50:50ela tem
50:51esse ingrediente mágico
50:54de fato
50:55de influenciar as pessoas.
50:57Então,
50:57acho que a gente consegue
50:58mudar coisas no mundo,
50:59na sociedade,
51:00na cultura,
51:01via a nossa profissão.
51:02E eu acho que são raras
51:03as chances
51:05que as pessoas
51:06têm de fazer isso no mundo,
51:07em outras profissões.
51:09Claro que a gente não está fazendo
51:10nada milagroso,
51:11a gente não está salvando uma vida,
51:12mas, de repente,
51:13a gente está melhorando algumas,
51:15dependendo do tema que a gente traz.
51:17Ou a gente está fazendo
51:17alguém sorrir,
51:19dependendo do texto
51:19que a gente tem.
51:20Ou a gente está fazendo
51:21alguém se emocionar,
51:22dependendo da atuação
51:23que está naquela peça.
51:24e isso tudo tem impacto
51:26nas pessoas,
51:27na sociedade,
51:27na cultura.
51:28Então, eu sinto
51:29que essa possibilidade
51:30que a gente tem
51:31de, de fato,
51:32entrar na casa das pessoas
51:34e na vida das pessoas
51:34e aquilo trazer
51:36algum tipo de ação
51:36que não seja
51:37necessariamente
51:38só conectada
51:39a uma transação comercial,
51:40que, no fim do dia,
51:41é o que a gente está aqui
51:42para fazer,
51:43é o que me motiva
51:44todos os dias.
51:45E a publicidade,
51:47mais do que nunca,
51:48está muito conectada
51:49a pautas contemporâneas.
51:52Você falou
51:52da campanha
51:53de boticário
51:55que fala sobre
51:56as mães tentantes
51:57e tudo.
51:59Dentro de todo
52:01esse leque
52:02de assuntos
52:03que acabam esbarrando
52:05de uma forma ou outra
52:06na publicidade,
52:08qual é o tema
52:08que tem te chamado
52:09a atenção?
52:10Eu diria que planeta
52:11mais hoje em dia.
52:13De qualquer forma,
52:14eu acho que a gente
52:15não exauriu
52:16nenhum tema.
52:17Eu acho que a publicidade
52:18tem essa mania
52:21de tratar como
52:22tendência
52:24o que, na verdade,
52:25é urgência.
52:27Então,
52:28a diversidade,
52:29por exemplo,
52:29de corpos
52:30é uma coisa que parece
52:31já cansou,
52:32chega,
52:33ninguém aguenta mais
52:33falar sobre isso.
52:34Pô, mas você não vai
52:35mudar as coisas
52:35em dois anos
52:36só porque você acha
52:36que ninguém aguenta
52:37mais falar sobre raça
52:38ou sobre pessoas trans
52:40ou sobre pessoas
52:41com deficiência
52:42que são ainda menos faladas
52:43e ainda mais grave
52:43o caso,
52:45principalmente
52:45nossa indústria
52:45que a gente está
52:46fora da lei,
52:47segundo o Censo
52:48do Observatório
52:48da Diversidade.
52:50Então,
52:51eu acho que
52:52nenhum tema
52:53foi falado o suficiente.
52:55Eu não acho
52:55que todas as marcas
52:56deveriam falar
52:57sobre qualquer tema,
52:58que é uma coisa
52:58que as pessoas acham
52:59às vezes que eu acho
52:59e eu não acho.
53:00Acho que não é
53:01para todas as marcas,
53:02mas eu sinto
53:03que todos os temas
53:03deveriam ainda ser
53:04exaustivamente
53:06trabalhados do ponto de vista
53:07de corporações mesmo,
53:08não necessariamente
53:09pela publicidade.
53:10Eu prefiro que as pessoas
53:11façam do que falem.
53:13Vai lá e faz,
53:14então, direito.
53:14não necessariamente
53:15precisar falar sobre isso,
53:16mas eu sinto
53:17que a gente está
53:17longe do fazer também.
53:19E talvez as pessoas
53:19que falem mais
53:20para fazerem mais.
53:22E acho que
53:23dentro desses recortes
53:24que eu falei,
53:25muito chato
53:26o que está acontecendo
53:26com publicidade,
53:28mas o planeta
53:28acho que ainda é pior,
53:29que a gente fecha
53:30completamente os olhos
53:30para o que está acontecendo
53:31na Terra hoje
53:32em relação ao clima,
53:33por exemplo.
53:34E tem caminhos
53:35que a publicidade
53:36pode encontrar
53:38para atuar.
53:39E, inclusive,
53:39tem iniciativas
53:40dentro da Droga5
53:41que são...
53:41Sim, eu descobri
53:42na Droga5
53:42muito mais sobre isso
53:44que eu percebi
53:44o quanto a gente
53:45também era atrasado
53:46aqui no Brasil
53:47como um todo
53:48e na agência
53:49sobre a nossa redução
53:51de impacto
53:51na publicidade
53:52do planeta.
53:54E, Felipe,
53:54voltando a descontrair,
53:56já caminhando
53:56para a reta final
53:57do nosso papo,
53:59você mencionou
54:00que reality show,
54:02coisas mais populares
54:03são valiosas
54:06para você.
54:07Dá uma dica,
54:08fala o que você tem
54:09consumido recentemente
54:11que tem te divertido,
54:16te inspirado,
54:17te entretido.
54:17Pode ser um livro,
54:18pode ser uma série.
54:20Primeiro,
54:20eu vou indicar
54:21Vale Tudo.
54:21Gente, assistam.
54:23Está muito boa.
54:23Eu assisti a versão
54:24de 88 duas vezes.
54:26Eu sou muito fã
54:27da novela.
54:27Acho que é a melhor novela
54:28já escrita para mim.
54:29É Vale Tudo.
54:30Acho um primor.
54:31E eu estou amando
54:32o remake.
54:33Para caramba.
54:34não é porque
54:35a gente está trabalhando
54:36na campanha, não.
54:38Mas é verdade.
54:39Estou completamente
54:40apaixonado pelo remake.
54:41Então, indico bastante.
54:43O que mais?
54:45Acho que de reality,
54:46você já me deu a letra.
54:48Eu assisto o RuPaul Drag Race.
54:49Acho que todo mundo
54:49deveria assistir aquilo.
54:51Acho que é fundamento.
54:54Formação.
54:55Formação, exatamente.
54:56De qualquer pessoa
54:57assistir aquilo.
54:58E é impressionante
54:58como a arte drag
55:00foi evoluindo
55:00ao longo dos anos.
55:01Você também já assistiu,
55:02né?
55:03Bastante.
55:03Então, você vê
55:04o que acontece
55:05do primeira temporada
55:06para agora, né?
55:06Acho que está na décima sétima,
55:08se não me engano.
55:09É muita coisa legal, assim,
55:11como evoluiu
55:12para a arte mesmo, assim.
55:13Acho que tem bastante
55:14de aprendizado ali
55:14para a publicidade olhar.
55:18Acho que essas duas dicas
55:19são boas.
55:20Dentro de um lugar
55:21de cultura popular extrema
55:23e outro lugar
55:24para vocês conhecerem
55:25um pouco mais
55:25de uma cultura,
55:27uma subcultura
55:28muito rica
55:30na comunidade LGBT.
55:32Que é a arte drag.
55:33E só para arrematar,
55:35você acha que
55:35uma boa ideia hoje
55:37está necessariamente
55:38atrelada
55:39à cultura popular?
55:42Sim.
55:43Acho que,
55:43quando você pensa
55:44em cultura popular,
55:45a cabeça normalmente
55:46vai para um lugar
55:46tipo assim,
55:47meme,
55:48conversa.
55:49Não é isso.
55:50A cultura popular
55:51é muito mais abrangente
55:52do que isso.
55:53É que eu acho
55:53que existe uma falácia
55:54no mercado,
55:55porque eu sinto
55:55que toda vez
55:56que a cultura popular
55:56aparece,
55:57é para esse lugar
55:58que a conversa vai.
55:59E não é.
55:59Mas, por exemplo,
56:00quando o boticário
56:01traz para a mesa
56:02falar sobre
56:04as mães tentantes,
56:06isso é parte da cultura,
56:07da sociedade
56:07que a gente está vivendo hoje.
56:09Então,
56:10eu acho que é impossível
56:10você tocar as pessoas
56:12e conseguir uma ação delas
56:13se você não criar
56:14uma história
56:15que, de fato,
56:15esteja conectada
56:16com a cultura
56:16e com a sociedade.
56:17Essa é uma crença
56:18que eu levo
56:18para a soca e para a vida.
56:20Felipe,
56:20obrigada pela sua participação
56:22aqui no A Ideia.
56:23E até a próxima.
56:23Você assistiu
56:25a mais um episódio
56:26de A Ideia.
56:27Continue acompanhando
56:28os episódios
56:29nas plataformas
56:30de e-mail e mensagem,
56:31na nossa página
56:32no YouTube
56:33e em todos os agregadores
56:34de podcast.
56:35Os episódios
56:36são gravados
56:36no Content Club
56:37em São Paulo.
56:38Até a próxima.
56:39Até a próxima.
56:39Até a próxima.
56:39Até a próxima.