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  • há 3 dias
Uma série documental que convida os espectadores a explorar a beleza e a diversidade dos ecossistemas de Portugal, revelando como pessoas apaixonadas pela natureza se conectam e trabalham em harmonia com a Natureza selvagem do nosso país.
Transcrição
00:00Música
00:00Eu acho que o mar sempre fez parte da minha vida.
00:23As áreas minhas protegidas têm um papel extremamente importante
00:26na sustentabilidade dos nossos recursos.
00:30Com as espécies de caranguejos, com as espécies de nadi-brancos, de peixes,
00:42os linguados, os polvos, os chocos, etc.
00:45Tem que ir de tudo, de tudo, de tudo o que há mais rico neste mar.
00:54Música
00:56Música
01:14Música
01:18Música
01:20Música
01:22Música
01:52Mas vi que nós temos imensa força para fazer coisas.
02:17E para mudar o mundo, começa connosco.
02:24Basta dizer, olha, vê lá, eu mergulho aí no YouTube em cima.
02:28Aí, epá, a malta fica encantada com aqueles peixes todos e tal.
02:31Música
02:31Música
02:33Música
02:45Música
02:46Música
03:16A minha relação com o mar vem desde que tenho memória, na verdade.
03:25Porque os meus pais, sendo alemães, vieram da Alemanha
03:27exatamente para nos proporcionar uma vida mais perto do mar.
03:31E eu lembro que quase todos os dias ir à praia.
03:35Desde que tenho memória.
03:37Claro que o bodyboard vem mais tarde, mas eu acho que o mar sempre fez parte da minha vida.
03:41O bodyboard começou por brincadeira, era uma paixão de miúda, era para estar com os meus amigos.
04:02Depois, quando dei por mim, estava a fazer tudo em prol do bodyboard.
04:06Foi muito natural, eu nunca pensei, ah, eu vou ser profissional.
04:09Claro que eu gostava e era um sonho, mas ser atleta profissional de bodyboard em Portugal é muito complicado.
04:15Portanto, eu não achava que ia ser exatamente isso.
04:18Simplesmente dediquei mais tempo, consegui surfar melhor.
04:22Depois comecei a ter mais resultados nos juniors, depois nos opens.
04:26E foi assim uma coisa crescendo.
04:28E quando dei por mim, acabei por não ir para a universidade para fazer bodyboard.
04:32E aí começou a ficar mais sério, claro.
04:34Mas foi muito natural, não houve um momento que eu diria, agora sou profissional, não.
04:38Foi passo a passo, cada vez mais tempo, cada vez mais dedicação e acabou por ser a minha vida.
04:44De repente, era a minha vida.
05:04A natureza fez parte da minha infância.
05:06Eu nasci na natureza, a minha mãe sempre foi muito dedicada a essas casas também.
05:11E mesmo lá em casa, sempre tivemos imensos cuidados com a nossa pegada.
05:16Claro que isso foi assim a semente.
05:19Mais tarde é que eu percebi que nós próprias conseguimos ter imensa mão nas nossas ações.
05:25E tornamos-me Estadiana quando era 10 anos.
05:27Ou seja, já há 25 anos que não como nem carne, nem peixe, nem marisco, nem nada.
05:30Gostava tantos peixes que deixei de os comer.
05:33Mas vi que nós temos imensa força para fazer coisas e para mudar o mundo.
05:42Começa connosco.
05:43E isso é algo que nos desperta, não é?
05:46É esse sentimento que nós temos uma função.
05:50Eu acho que a vida de atleta, por norma, é muito egocêntrica.
05:55Nós pensamos na nossa performance, eu tenho que ganhar, eu tenho que treinar, eu o tempo todo.
06:01E eu acho que o que um atleta pode devolver à sociedade, já que nos ouvem, já que nos dão palco para falar,
06:08é falar de questões pertinentes e que, para melhor, e no meu caso, é um bocadinho devolver ao mar o que me deu a mim.
06:14Porque eu devo tudo ao mar.
06:16Portanto, se eu puder inspirar alguém a fazer um bocadinho que seja, acho que vou fazer o meu papel de atleta.
06:22É engraçado porque o meu título mundial foi o primeiro em Portugal de uma modalidade de surfing profissional.
06:52Ou seja, de um circuito mundial.
06:53Nem surf, nem longboard, nem bodyboard, nem skimming, nunca houve.
06:57Portanto, quando o meu aconteceu e disseram, é Joana, é posto da primeira.
07:01Isto é que me fez realmente pensar.
07:03Eu não tenho um plano, não havia uma fórmula para conseguir isto.
07:07Simplesmente dias, anos de vida dedicados ao mar, passados no mar.
07:13Muitas competições, muitas derrotas, porque para se ganhar temos que perder muito mais.
07:21E depois, as coisas arrisquei.
07:26Na verdade, naquele ano arrisquei e as coisas compuseram-se.
07:30O mar ajudou.
07:31Foi interessante, porque muitas pessoas falaram, ah Joana, como é que fizeste isso?
07:36E eu fiz o que fiz sempre.
07:40Nesse ano, as coisas juntaram-se todas.
07:42Eu estava em forma, eu estava focada.
07:46O mar colaborou.
07:48As coisas correram bem.
07:49Porque nós estamos num meio que é a natureza, não podemos controlar.
07:53E temos que nos adaptar.
07:55Porque há campeonatos com ondas muito boas, há campeonatos com ondas muito más.
07:59E temos que conseguir competir naquelas condições, estejam elas como que estiverem.
08:03Pode estar pequeno, pode estar gigante.
08:05Podemos estar cheios de medo.
08:06Podemos quase não conseguir andar na onda tão pequena que ela é.
08:09Temos que ser completamente adaptáveis.
08:11E eu acho que eu estava bem preparada, porque foram muitos anos de muitas condições diferentes.
08:19Os esportes náuticos e o bodyboard, eu sei, principalmente, criam uma ligação muito grande das pessoas ao mar.
08:32As praticantes acabam por estar na natureza, estão em contato direto com o meio.
08:37E também veem a realidade.
08:40Porque hoje em dia é muito difícil andar numa praia e não encontrar lixo.
08:44E eu vejo muitos praticantes a apanhar lixo na praia.
08:46Ou seja, eles próprios percebem que podem ter ali um papel fundamental em criar uma praia mais limpa.
08:55Eu acho que tem tudo a ver com consciência.
08:57E quando nós gostamos de algo, vamos querer proteger esse algo, não é?
09:01Portanto, quanto mais amantes do mar, mais pessoas vão estar interessadas em proteger esse meio.
09:05É claro que isto é uma coisa que tem os dois lados, porque quando o ser humano passa também deixa impacto.
09:12Temos que criar um equilíbrio entre usar o espaço e proteger o espaço.
09:16Se eu for até o Japão, como já fui, os japoneses são um povo muito cuidadoso, cuidam muito da natureza.
09:34São muito limpos, por exemplo, não há baldes de lixo na praia, porque todas as pessoas levam o seu lixo de volta para casa.
09:52Eu andei a procurar um balde de lixo e não encontrei.
09:56E em Portugal temos que ter um balde de lixo na praia, porque senão o lixo fica no areal.
10:01Eu acho que tem a ver com consciência.
10:04E nós não estamos nem mal nem bem, estamos um bocadinho no meio.
10:07Há alguma consciência, podia haver muito mais.
10:10Há algum cuidado, devíamos ter muito mais, porque ainda vamos a tempo de preservar.
10:13E acho que nós devemos olhar para os bons exemplos.
10:17Não para as costas completamente sujas, ou destruídas, ou esgotadas.
10:21Devemos olhar para aqueles países que estão a fazer um trabalho um bocadinho à frente do nosso.
10:27E extrair as boas ideias e aplicar aqui, não é?
10:43E extrair as boas ideias e aplicar aqui, não é?
11:13A telemetria começa com a captura dos animais, ou seja, das nossas espécies de estudo.
11:27Nós capturamos estes exemplares, com diferentes artes de pesca, consoante a espécie-alvo,
11:34que seja o currículo, redes de pesca, palangro de superfície ou palangro de fundo.
11:41Depois de capturados os animais, são manuseados com muito cuidado, a bordo,
11:46onde é feita uma pequena cirurgia para a implantação de um transmissor acústico.
11:51E os animais são libertados praticamente de seguida.
11:54Em termos de manuseamento, são cerca de 5 minutos, às vezes até menos do que isso.
11:58Os animais estão de volta ao seu habitat.
12:01E naquilo que nós temos vindo a registar nos últimos anos, praticamente décadas,
12:06é que não há grande impacto deste manuseamento, desta implantação de transmissores.
12:13Depois de feito este trabalho, nós temos, e para detectar a presença destes animais marcados,
12:18nós temos receptores espalhados ao longo da área que estamos a monitorizar.
12:22E cada vez que um destes animais marcados passa naquilo que é o alcance destes receptores,
12:28fica registado, portanto, o número de cada um do peixe,
12:30aquilo que nos permite identificar qual foi o peixe que nós marcámos e aquilo que foi lá detectado,
12:35o dia e a hora.
12:37E depois isto permite-nos, posteriormente, seguir o trajeto do peixe
12:40ao longo daqueles que são os nossos transmissores na nossa área de estudo.
12:45Estes dados, depois de analisados, permitem-nos perceber melhor a ecologia espacial da espécie,
12:51saber que tipo de habitat é que eles têm preferência,
12:54áreas de utilização em termos de tamanho,
12:57portanto, se usam áreas mais pequeninas, áreas maiores,
12:59ao longo da costa, ou zonas mais profundas e menos profundas,
13:03e também o período permanente dentro das áreas que estamos a monitorizar.
13:08Há espécies que são extremamente residentes,
13:10que passam ali grande parte da sua vida na área que nós estamos a monitorizar,
13:13e há espécies que fazem migrações, portanto, passam aqui alguns meses
13:17nas áreas que estamos a monitorizar e depois acabam por se afastar,
13:19fazer migrações para as zonas mais distantes,
13:22e alguns destes acabam por eventualmente regressar novamente ao Parque Mourinho da Rábida.
13:27Portanto, isto é muito variável de espécie para espécie,
13:29mas também dentro da própria espécie e há indivíduos que se comportam de maneira
13:32e há indivíduos que têm comportamentos completamente distintos.
13:36Estes dados são analisados, neste momento têm vindo a ser analisados,
13:40quer por estudantes de doutoramento, quer por estudantes de mestrado,
13:43mas todos estes dados vão ficar disponíveis, ou estão já disponíveis,
13:46numa base de dados a nível europeu,
13:49de cientistas e de centros de investigação que trabalham em telemetria,
13:53em que partilhamos não só os receptores,
13:55e portanto, nós para além dos nossos receptores que temos aqui,
13:58que ordenamos, se um dos nossos peixes for detectado num receptor de um colega nosso em Espanha,
14:03nós conseguimos ter esse registro, saber que o nosso peixe foi lá detectado,
14:06e vice-versa, portanto, se há espécies marcadas noutros países
14:10que passam nos nossos receptores, nós também conseguimos ter esses dados.
14:14E portanto, estes dados, daqui a 5 anos,
14:15depois nós temos trabalhado os dados para aquilo que são as nossas teses de investigação,
14:19vão ficar disponíveis para o público em geral,
14:22e vai permitir no futuro, daqui a 10, 20 anos,
14:25fazer estudos comparativos das mesmas espécies daqui,
14:28por exemplo, podemos comparar se, por exemplo,
14:31as alterações climáticas tiveram algum impacto
14:33naquilo que são os habitats utilizados neste momento,
14:37e aquilo que podem vir a ser no futuro,
14:38mas também comparar as mesmas espécies em zonas de distribuição diferentes,
14:42por exemplo, imaginemos uma das espécies de raia com quem nós trabalhamos aqui,
14:45que também é estudada na Noruega,
14:47e é interessante nós compararmos os elementos e a sua ecologia espacial,
14:52digamos, aqui,
14:53e compará-la com aquilo que é feito na Noruega por uma mesma espécie,
14:56em vírus distintos, claro que está.
15:09Os estudos de telemetria aqui no Parque Marinho Professor Luis Saldanha
15:12começaram em 2010, na altura do meu doutoramento,
15:15e focámos-nos nesse momento em três espécies distintas e por razões diferentes também.
15:21Uma foi o sarco, é uma espécie bastante importante comercialmente, tem um valor recreativo também muito alto
15:27e, portanto, foi um dos nossos alvos.
15:31A outra espécie foi o choco, uma espécie extremamente importante para as espécies locais,
15:35quer de Zimbra, quer de Setúbal.
15:37E depois tínhamos uma outra espécie, uma terceira espécie, que era a salema.
15:41A importância da salema teve uma importância ecológica, porque é uma espécie herbívora,
15:47mas para além disso, nós na altura continuamos a fazer transplantes de ervas marinhas
15:52para tentar restaurar o habitat das pradarias de ervas marinhas existentes aqui no Parque Marinho de Saldanha,
15:57que têm vindo a perder área, portanto, na altura foram começados a fazer esforços de transplante
16:03para a restauração destas pradarias e punha-se a hipótese das salemas serem um...
16:10um predador ativo, digamos assim, destas pradarias recém-transplantadas
16:15e que podiam ter um impacto bastante grande.
16:18Infelizmente, na altura, não conseguimos capturar tantos indivíduos de salemas quanto queríamos,
16:22mas com as outras espécies tivemos resultados bastante interessantes.
16:27Neste momento, estamos a utilizar outras espécies,
16:29algumas delas com um valor comercial bastante elevado,
16:32como é, por exemplo, o caso do rubal e o caso de algumas espécies de raias.
16:37Nas raias também, nos ratões, estamos também a utilizar algumas espécies
16:41que têm estatuto de conservação ou que são consideradas criticamente ameaçadas.
16:45Portanto, é extremamente importante nós compreendermos melhor a ecologia espacial destas espécies
16:48para as podermos proteger adequadamente, visto que estão em risco de extinção, digamos assim.
16:54As áreas minhas protegidas têm um papel extremamente importante na sustentabilidade dos nossos recursos,
17:12porque são elas que nos vão permitir continuar a usufruir dos recursos que nós temos no nosso país,
17:19recursos marinhos, de uma maneira sustentável.
17:22Portanto, elas podem contribuir para que essa sustentabilidade seja, de facto, existente e eficaz.
17:32E, portanto, é paramente nós implementámos uma rede de áreas minhas protegidas a nível nacional
17:37que funcione, de facto, como uma rede em que haja conectividade entre as diferentes áreas minhas protegidas,
17:44mas também que seja monitorizada e fiscalizada, porque senão estas áreas são apenas áreas no papel
17:50e não têm eficácia nenhuma para que, de facto, as áreas minhas protegidas funcionem
17:54como aquilo que é expectável que elas funcionem, para que nós podermos, nós cientistas que fazemos a nossa investigação
17:59nestas áreas, podemos, de facto, comparar uma zona que é protegida com uma zona que não é protegida,
18:05porque se não há fiscalização, a zona que é supostamente protegida pode, no fundo, não ser protegida
18:09e, portanto, estamos a comparar uma zona não protegida com uma zona não protegida
18:13e, portanto, aí não são expectáveis grandes diferenças.
18:17Portanto, só nós fiscalizando e tendo a certeza que, de facto, estas áreas são protegidas
18:21e os elementos são cumpridos é que nós podemos comparar as diferentes zonas e comparar a sua eficácia.
18:26Para além disso, é também fundamental que as áreas sejam monitorizadas,
18:29porque se nós não avaliarmos a eficácia destas medidas, o que é aquilo que está a passar junto das populações
18:34que estão a ser supostamente protegidas, se nós não monitorizarmos a abundância, o crescimento das espécies,
18:41a sua biomassa, nós não conseguimos aferir se estas áreas minhas protegidas estão, de facto, a funcionar ou não
18:47e, para isso, a monitorização é fundamental para que depois se possa agir de acordo.
18:56Então, vamos lá.
19:26O Anti-Driving Center surgiu da necessidade de criar o meu próprio posto de trabalho.
19:48Eu, antes de ser empresário na área do turismo, fui equitador de profissão
19:56e tinha a caça-se marina como um hobby e como um complemento ao meu ordenado.
20:03Portanto, durante a semana montava a cavalo e ao fim de semana e mesmo depois dos dias de trabalho
20:09ia à caça-se marina e vendia peixe aos restaurantes, até que eu fui pai muito novo
20:12e, como tal, tinha necessidades acrescidas de ter um rendimento maior para fazer face às despesas do dia-a-dia mesmo assim.
20:24E, então, como eu nasci aqui e conheço esta costa como a palma das minhas mãos,
20:29mergulho aqui desde muito, muito, muito novo, desde os meus 14 anos, sensivelmente,
20:33que faço caça-se submarina,
20:35pronto, tinha a mais-valia do conhecimento e, a dada altura, fui contactado por algumas pessoas
20:49para oferecer spots de mergulho diferentes.
20:52Eu conhecia um spot de mergulho diferente, estavam fartos de mergulhar no mesmo sítio e tal.
20:57Eu, na altura, tinha um barquinho muito pequenino, que era o barquinho da caça-se marina
21:00e levei um grande amigo meu, que é o João Sá Pinto,
21:05levei-o a mergulhar e ele é um excelente videógrafo subaquático
21:09e ele fez umas imagens excelentes e partilhou-as lá entre a comunidade de mergulho
21:14que havia aqui em Sesimbra na altura
21:16e as pessoas ficaram radiantes de ver tudo aquilo que estavam a ver na televisão
21:21e perguntaram-me, mas onde é que foi e com quem foi e tal.
21:24É pá, um rapazito que faz caça-se marina em Sesimbra, tem um barco quente que me levou e tal e não sei o quê.
21:29É pá, vê lá se ele nos leva também.
21:33E então assim começou, com um barquinho pequeno, continuava a montar a cavalo durante a semana
21:40e depois comecei a levar um grupinho de dois, um grupinho de três,
21:44depois já eram sete ou oito, depois já tinha um grupinho ao sábado, tinha um grupinho ao domingo
21:48e a coisa foi por si própria, foi-se desenrolando.
21:54Eu comecei a ver uma oportunidade no negócio e então comecei-me a dedicar mais à séria
21:59porque entretanto fui despedido, porque a minha filha era muito pequena
22:02e eu às vezes tinha que faltar ao trabalho para cuidar dela ou tinha que levar sempre para o trabalho
22:06e chatearam-se comigo pelo andar sempre com a miúda para trás e para a frente
22:11e fui despedido na altura, o que me obrigou a dedicar mais a esta área
22:16e a olhar para isto como um futuro, um futuro próspero.
22:22Cisimbra é super rica na sua biodiversidade, fauna e flora.
22:41Tu aqui tens milhantas de espécies de nudibranquios, para quem liga a esses pequenos animais que fazem umas fotografias lindíssimas,
22:52tens milhantas de espécies de peixes, não tens correntes, é um mar sem grandes ondulações,
23:00portanto, além de seguro, é um mar muito rico em vida, fauna e flora.
23:04Portanto, como é que eu convenço a pessoa a vir mergulhar?
23:10Basta dizer, olha, eu mergulho aí no YouTube em Cisimbra,
23:13aí a malta fica encantada com aqueles peixes todos e tal,
23:17e não é preciso ir para muito longe para ter um mergulho divertido em Cisimbra,
23:21portanto, todas as pessoas que gostam da vida selvagem, que gostam e têm curiosidade de saber o que é que está debaixo de água,
23:28quando metem a cara na água, em Cisimbra, ficam maravilhadas, os tais batismos de orgulho, os traidades,
23:36que são aquelas experiências que nós oferecemos para pessoas que nunca viram água à frente,
23:41mas que gostavam de mergulhar, que gostavam de ter a sensação de que é respirar debaixo de água.
23:46As pessoas ficam maravilhadas com as cores, com as gregónias, com as esponjas,
23:52com as espécies de caranguejos, com as espécies de nori-brancos, de peixes, os linguados, os polvos, os chocos,
24:01e depois tem que ir de tudo, de tudo, de tudo o que há mais rico neste mar,
24:07Cisimbra tem-no para poder mostrar a quem é que é a visita.
24:11Converti-me, e fácil e rapidamente, mas na altura, no início lembro-me perfeitamente,
24:29as autoridades marítimas viam-me como um caçador furtivo,
24:33e então sempre que eu chegava com os mergulhadores, o barco era todo revistado,
24:37era um aparato, aquilo que era quase, parecia, sei lá,
24:42que estava a chegar um barco carregado de materiais ilegais ou coisa do género,
24:48fazia o mesmo as esperas, tipo, tem que ir o gás vim,
24:51corre aí, para, para, para, foi uma altura engraçada.
24:55Mas não, a caça-se marina, propriamente dito, não com a duna, com o turismo, com a preservação,
25:06e na realidade, um peixe debaixo d'água rende-me muito mais do que morto fora d'água.
25:13Portanto, imaginem uma garopa enorme, não é?
25:17Uma garopa enorme no naufrágio, o Riva Gurar e tal.
25:20Portanto, essa garopa enorme traz mais benefícios para as empresas estando viva,
25:25porque as pessoas querem ir ver, querem ver o seu comportamento,
25:30já viram vídeos, já viram fotos, já viram falar daqueles peixes grandes.
25:34Portanto, se nós tivermos uma mentalidade de provador,
25:39acabamos por matar aquilo que é a essência e aquilo que é a nossa fonte de rendimento.
25:45Portanto, não faz sentido.
25:47Eu, quando pensei em trabalhar com o turismo,
25:50mudei automaticamente o mindset e nunca mais fiz caça,
25:55nunca mais bateu um peixe, nem por lazer, para comer,
25:59passou-me completamente, comecei a ver o mergulho,
26:03noutra perspectiva, numa perspectiva mais de preservação,
26:07com outros olhos, basicamente.
26:10A pesca deve ser respeitada em Sezimbra, porque há toda uma história,
26:28mas não é o futuro.
26:31Só uma pessoa com muito pouca visão é que percebe que a pesca não é o futuro.
26:35Sezimbra continua a ser um ponto, uma lota,
26:40uma das lotas com mais pescado,
26:43mas vêm barcos de toda a parte aqui e descarregar,
26:46não é propriamente o pescado que é pescado aqui na nossa costa.
26:50Portanto, as pessoas às vezes têm essa ilusão,
26:53porque a malta fala, ah pá, o Porto de Sezimbra
26:56vende não sei quantas tumeladas, é dos maiores portos.
27:01Está bem, mas o peixe vende aonde?
27:03O peixe muitas vezes vem dos Açores, vem dali, vem daquilo.
27:06O futuro passa sempre por atividades ligadas ao turismo.
27:18E é aquilo que eu estava a dizer.
27:19Quem é que vai para a pesca agora aqui em Sezimbra?
27:21São as pessoas de Bangladesh, que estão aqui,
27:24que habitam agora nas casas que antigamente guardavam as redes,
27:27que foram construídas para guardar utensílios de pesca.
27:30agora albergam pessoas que vêm de países desfavorecidos,
27:37ou que estão em guerra, ou que estão isto.
27:39Portanto, quem anda no mar nos barcos de Sezimbra,
27:42muitas das pessoas são pessoas de Bangladesh, são indianos.
27:46Portanto, os jovens já não querem ir para o mar.
27:48Isso está fora de questão.
27:51Isso é o que eu sinto.
28:00Nós fazemos variedíssimas ações educativas durante o ano.
28:08Ou seja, nós fazemos várias ações de limpeza dentro do Porto,
28:14com a colaboração do Capitão de Porto,
28:19com a colaboração da Doca Pesca,
28:22com a colaboração de outras entidades,
28:24como a Cascaisci,
28:25que é um movimento muito ativo na história da limpeza dos oceanos.
28:30Com a Fundação Oceano Azul,
28:34com organizações, com outras associações.
28:38Portanto, nós fazemos N ações de sensibilização
28:42e retiramos montes, toneladas de lixo dentro do Porto todos os anos.
28:49E o engraçado é que já vimos pescadores a deitar a mão também,
28:56a puxar o lixo e a falar uns com os outros,
28:58a malta não respeita o mar,
29:04nós vivemos no mar, ainda temos lixo para o mar.
29:07Ou seja, eles não veem estas ações como uma afronta,
29:11mas veem como uma chamada de atenção
29:15e eles colaboram neste momento.
29:18Quando eu faço aqui a ações,
29:19já há montes de malta mesmo pescadores a porem os seus barcos ao serviço.
29:21É pá, está aqui o meu barco,
29:22se quiseres para pôr o lixo e tal,
29:24para transportar o lixo para aqui ou para lá.
29:27Nós fazemos muitas ações durante todo o ano.
29:29O que é o meu barco?
29:51O que é o meu barco?

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