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A taxa de desemprego no Brasil subiu para 7% no 1º trimestre de 2025, com destaque para Pernambuco (11,6%) e Santa Catarina (3%). O economista Rodolfo Tobler, da FGV Ibre, analisa os dados do IBGE e o impacto das desigualdades regionais e da informalidade no mercado de trabalho.

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Transcrição
00:00O desemprego no Brasil, no primeiro trimestre de 2025, aumentou em 12 unidades da Federação e ficou estável em 15.
00:09A maior taxa foi registrada em Pernambuco, 11,6%, e a menor em Santa Catarina, 3%.
00:16A taxa de desocupação nacional, como o IBGE já havia divulgado no fim de abril, ficou em 7%, acima dos 6,2% do último trimestre do ano passado.
00:28Sobre esse assunto, eu converso agora com o Rodolfo Tobler, que é economista do FGV Ibre.
00:34Rodolfo, boa tarde para você, obrigado por arrumar um tempinho aí na sexta-feira para conversar com a gente.
00:39Rodolfo, bom, esse retrato que o IBGE divulga hoje, ele é essencialmente regional, né?
00:43A gente já teve no dia 30 de abril o retrato nacional.
00:47Olhando ali para as diferenças estaduais, o que dá para observar?
00:50Elas estão piorando? Existe algum sinal de diminuição das desigualdades?
00:55Então, primeiramente, obrigado pelo convite.
00:59Acho que o que a gente vê nesse resultado agora, aberto pelas unidades da federação,
01:03é um pouco do retrato que a gente vê no âmbito nacional.
01:06A gente teve um aumento agora da taxa de desemprego, a taxa de desocupação,
01:10muito sazonal nessa época do ano, então, esse aumento não é algo que a gente deva se preocupar muito,
01:16porque tem muito essa questão sazonal de que no final do ano,
01:19você tem muita contratação de trabalhadores temporários, que nem todos são absorvidos no início do ano.
01:23Então, até esse aumento do primeiro trimestre do ano foi até baixo em relação aos outros anos
01:28que a gente viu observando.
01:30E quando a gente olha esses dados regionais, vai muito nessa linha também.
01:33O que a gente vê, além disso, é que ainda persiste essa desigualdade que a gente vê no mercado de trabalho.
01:38A gente tem estados ali com taxas de desemprego muito baixas,
01:40especialmente quando a gente olha mais para o sul do país,
01:42Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, tem taxas de desemprego muito baixas.
01:47No norte e no nordeste, a gente acaba observando taxas um pouco mais negativas,
01:51ou seja, uma taxa de desocupação muito alta, e isso é muito associado também à atividade econômica.
01:56Porque quando a gente olha, inclusive, por exemplo, nos indicadores da taxa de informalidade,
02:00ela acaba também sendo muito mais elevada no norte e no nordeste do país.
02:04Então, são lugares que a atividade econômica é um pouco menos dinâmica,
02:07tem tido um pouco mais de dificuldade para reagir quando a gente olha ali essa saída de pandemia,
02:12essa saída dessa crise que a pandemia trouxe,
02:14e aí, naturalmente, a gente continua observando essa desigualdade,
02:16que é uma taxa de desemprego um pouco mais elevada nessas regiões do norte e do nordeste,
02:20e também são associados ali a um emprego mais informal, com rendimento um pouco mais baixo.
02:25Você falou da taxa de informalidade, a gente tem também os extremos muito representados aí nesse indicador.
02:31No Maranhão, 58,4% de taxa de informalidade, ou seja,
02:37significativamente mais da metade da população economicamente ativa trabalha sem um registro.
02:44E em Santa Catarina, 25,3%, quer dizer, menos da metade,
02:47se a gente comparar o melhor e o pior estado em termos desses indicadores.
02:51Isso tem muito a ver com o nível de formalização da própria economia como um todo dessas unidades da federação,
02:58o perfil econômico desses lugares?
03:00Isso tem muito a ver com esse perfil econômico,
03:03acho que o grande fator para a gente entender mercado de trabalho acaba sendo muito a economia,
03:08então, quando a gente fala que o ritmo da economia é dita, o ritmo da queda de desemprego e tudo mais,
03:12mas também a estrutura econômica diz muito sobre também a estrutura do mercado de trabalho.
03:16Então, quando a gente olha essas regiões do sul, como por exemplo Santa Catarina,
03:19que é um bom exemplo, que é uma taxa de desemprego baixa,
03:21uma formalização alta, é uma região que tem uma indústria muito forte,
03:25que tem empregos mais formais, que tem uma economia mais formal.
03:28Quando a gente olha dados mais no norte, no nordeste,
03:30aí o exemplo do Maranhão também é um bom exemplo,
03:32são economias muito mais ligadas ao setor de serviços,
03:35serviços de uma dinâmica um pouco menor,
03:37não necessariamente aqueles serviços mais ligados à tecnologia, por exemplo.
03:41Então, são atividades que tendem a ter uma certa formalização mais baixa,
03:45e aí a gente chega nesse número, como você mesmo mencionou,
03:48de mais da metade da população ocupada está ligada à informalidade.
03:51E por que ruim está ligada à informalidade?
03:53Acho que o principal ponto que a gente vê é que
03:55trabalhos informais costumam ser associados a trabalhos de menor rendimento,
03:59ou seja, menores salários, menor produtividade,
04:01isso gera um problema para a própria economia do local,
04:04e até quando a gente olha para a governo,
04:06isso significa menos arrecadação,
04:07porque tem menos gente contribuindo,
04:09dado que não tem nenhum tipo de registro,
04:11seja carteira assinada ou seja algum tipo de CNPJ.
04:14Você se referiu há pouco que essa piora do desemprego no primeiro trimestre,
04:18ela é sazonal, porque a gente tem inclusive os desligamentos
04:21daqueles trabalhadores que tinham contrato temporário do fim do ano,
04:24e nesse ano, inclusive, o desemprego do primeiro trimestre
04:29foi o menor para toda a série histórica do IBGE,
04:32quer dizer, subiu de um trimestre para o outro,
04:34mas se a gente olhar só o período de janeiro a março,
04:36em todos os anos, desde que o IBGE começou a fazer a PNAD,
04:40é a menor taxa.
04:41Quer dizer, a gente está num processo de tentativa de esfriar um pouco a economia,
04:44até para controlar a inflação,
04:45agora o mercado de trabalho, pelo que os números mostram,
04:48está bastante aquecido ainda.
04:51Esse resultado mostra mais uma vez o mercado de trabalho aquecido,
04:54acho que mesmo quando a gente faz alguns exercícios
04:56para tentar fazer essa série de desemprego um pouco mais longa,
04:59através de outras pesquisas que eram feitas anteriormente,
05:02ele continua sendo uma taxa de desemprego historicamente baixa,
05:04por mais que a gente possa até olhar 7%, não seja tão baixo assim,
05:08mas para o Brasil, quando a gente olha o histórico,
05:09essa é uma taxa de desemprego historicamente baixa.
05:13E quando a gente vê esse dado de 7% e tudo mais,
05:17ele costuma ser ainda um pouco mais defasado,
05:19a taxa de desemprego costuma ser mais defasada,
05:22ou seja, ela costuma ter suas viradas,
05:24suas tendências revertidas depois da economia.
05:28O que a gente tem visto agora é o Banco Central tentando esfriar a economia
05:32para conter a inflação, mas isso não é tão rápido,
05:35isso demora um pouco, os próprios dados de atividade
05:37ainda dão alguma sinalização de economia aquecida,
05:39mesmo que com alguma desaceleração,
05:41e a tendência é que ao longo do ano o mercado de trabalho
05:43também dê algum sinal de desaceleração.
05:46O que a gente viu ao longo de 2024,
05:48chegando a mínimos históricos,
05:49chegando realmente a taxas muito baixas, recuperação da renda,
05:53a tendência para esse ano é que a gente tenha realmente um número um pouco mais fraco,
05:57ou seja, não que o desemprego vá aumentar muito,
05:59que a taxa vai subir muito,
06:01mas que pelo menos ela vai parar de cair,
06:02como vinha caindo ao longo de 2024.
06:05A tendência agora é mais o mercado de trabalho flutuando,
06:07próximo desses 7%, 6,5%, 7%, um pouquinho mais alto,
06:11ao longo desse ano de 2025.
06:13O que historicamente não é muito ruim,
06:15mas quando a gente compara com 2024,
06:16já é uma sinalização de um ritmo um pouco mais fraco,
06:19que é esse objetivo do Banco Central agora,
06:21nesse momento, para poder conter a inflação,
06:23é esfriar a economia,
06:24e aí naturalmente o mercado de trabalho também acaba sendo impactado.
06:27Rodolfo, o que é que poderia ser feito
06:28para minimizar essas desigualdades que a gente vê
06:31entre os Estados brasileiros?
06:33Então, como a gente vem falando,
06:34acho que o principal ponto é a economia
06:36que acaba sendo uma boa resposta para tudo.
06:38Então, assim, quando a gente olha essas desigualdades
06:39que a gente vê no mercado de trabalho,
06:41vai muito em linha com as desigualdades econômicas
06:42que a gente vê entre essas regiões.
06:43E para a gente poder reduzir essas desigualdades,
06:46o principal ponto que a gente observa aqui no Brasil
06:48é realmente o crescimento da atividade econômica,
06:51um crescimento econômico,
06:52um desenvolvimento econômico por anos consecutivos.
06:54O que tem acontecido muito ao longo dos últimos anos,
06:56especialmente se a gente olhar ao longo desse século,
06:59a gente tem tido alguns anos de crescimento econômico
07:01e aí a gente passa por alguma recessão,
07:03seja ela interna ou externa,
07:04alguns casos como pandemia,
07:06mas a gente teve também uma recessão em 2014, 2016,
07:08que foi muito profunda,
07:09que até potencializou bastante a informalidade também.
07:11Então, o que a gente precisa no primeiro momento
07:13é a gente voltar a ter períodos de crescimento econômico
07:16num ritmo mais favorável,
07:18porque a gente não precisa também que a taxa de juros
07:19chegue num nível tão forte e que desestimule investimentos,
07:22desestimule até um pouco a inovação,
07:24porque tem custos.
07:25Então, a gente precisa voltar a esse trajeto
07:27de crescimento econômico contínuo.
07:30Além disso, também buscar fazer reformas
07:31que possam também desburocratizar,
07:33reduzir as dificuldades que a gente pode ter
07:36de se fazer um negócio no país,
07:37estimular o crescimento de investimentos,
07:39estimular a inovação para que a gente possa
07:41ter um crescimento produtivo,
07:43para que aí sim a gente possa baixar
07:44essa taxa de desemprego que a gente fala estrutural,
07:47para que a gente possa chegar a uma taxa de 5%, 4%,
07:50sem que isso gere no longo prazo
07:51um problema para a inflação,
07:52e para que aí sim também a gente possa
07:54reduzir essas desigualdades,
07:55que não só regionais, como a gente mencionou hoje,
07:57mas também existem hoje desigualdades
07:59entre sexo, desigualdades entre faixas etárias,
08:02entre cor e raça.
08:04Então, o mercado de trabalho brasileiro,
08:05por mais que esteja em um momento aquecido,
08:07ele ainda reporta muita desigualdade.
08:09Então, acho que essa é a agenda que a gente precisa,
08:11crescimento econômico aliado a reformas
08:13que ajudem a desburocratizar,
08:14a destravar a economia brasileira,
08:16e aí sim a gente tem um crescimento
08:17mais longo prazo, mais saudável.
08:20Quando você fala em perspectiva
08:22de ver o mercado de trabalho
08:24desaquecendo ao longo do ano,
08:26seria para quando?
08:27Seria mais para segundo semestre?
08:30Acredito que especialmente mais para o segundo semestre.
08:32Tirando esses efeitos sazonais,
08:33que podem acontecer já agora,
08:34como a gente está observando,
08:35mas quando a gente tira esses efeitos sazonais,
08:38a expectativa é mais do meio do ano
08:39a partir do meio do ano.
08:40Então, olhando um pouco mais para o segundo semestre,
08:42realmente, porque é até onde também os dados
08:44da economia devem também desacelerar um pouco mais.
08:46Acho que nessa primeira metade do ano
08:48a gente teve ainda algumas medidas
08:49que estimularam um pouco o consumo.
08:51A gente tem também a agro,
08:52que tende a ter um número muito positivo esse ano.
08:55Isso se desdobra para a economia.
08:56A gente tem setor de serviços de transporte,
08:58por exemplo, é um que acaba sendo bastante beneficiado.
09:00Indústria de alimentos também.
09:01Então, tem um desdobramento dessa super safra da agro
09:04que acaba impactando positivamente na economia.
09:07Mas quando a gente chega ali,
09:08e essa super safra costuma ser concentrada
09:10na primeira metade do ano.
09:12Quando a gente chegar mais próximo ali do meio do ano,
09:14segundo semestre,
09:15a economia tende a esfriar
09:16e o mercado de trabalho seguindo um pouco nessa linha,
09:17até com um pouquinho mais de defasagem.
09:19Mas a tendência não é que seja um ano muito ruim,
09:22ainda deve ter geração de vagas,
09:23mas realmente num número menor
09:24do que a gente observou ao longo de 2024,
09:26que foi um ano muito favorável.
09:27Rodolfo Tobler, economista do FGV Híbrido.
09:31Rodolfo, obrigado pela sua presença aqui
09:33e bom fim de semana.
09:36Eu que agradeço.
09:36Bom final de semana.
09:37Fico aí à disposição quando precisar.
09:38Valeu, obrigado.
09:39Obrigado.

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