O Brasil criou 71.576 vagas formais em março, pior resultado desde 2020, segundo o Caged. A taxa de desemprego ficou em 7%, segundo a PNAD. O economista Igor Lucena analisa os desafios e perspectivas para o mercado de trabalho.
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NotíciasTranscrição
00:00Um Brasil que registrou a criação de 71.576 vagas de emprego com carteira assinada em março,
00:08isso de acordo com o CAGED, número divulgado pelo Ministério do Trabalho.
00:12Esse, gente, é o pior resultado para um mês de março desde 2020, lembrando, ano de pandemia.
00:18Já a taxa de desocupação ficou em 7% no trimestre encerrado em março,
00:24segundo a PNAD, que é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua.
00:28Vamos analisar então as perspectivas do mercado de trabalho com ele, Igor Lucena, economista e CEO da Amero Consulting.
00:36Seja muito bem-vindo, Igor, bom dia para você.
00:39Estou agradecendo todos os nossos entrevistados por topar o convite nesse feriadão, acordar tão cedinho para conversar com a gente.
00:46Vou te perguntar logo de cara, a gente estava falando muito, especialmente no fim do ano passado,
00:50sobre aqueles leilões de dólares, sobre a economia brasileira estar aquecida demais
00:56e como isso estava, em certa medida, prejudicando o dólar aqui no Brasil, o dólar nas alturas.
01:02Agora, com esses números divulgados, a gente está começando a ver uma desaceleração,
01:06o início da economia brasileira ou é cedo para dizer isso?
01:11A gente precisa analisar melhor o filme daqui, os próximos episódios.
01:15Olha, inicialmente é importante dizer que esses números são muito impactantes quando a gente compara com o ano passado,
01:23que teve um valor bem maior, passando de 200 mil pessoas empregadas,
01:31então isso mostra que tem algumas mudanças na dinâmica.
01:33O primeiro ponto que é importante a gente focar é que a gente não tem mais o efeito daqueles valores que vieram
01:44do início de transição do governo Lula, PEC da transição, onde a gente injetou aí 240 bilhões de reais na economia,
01:52que teve um espaço de quase dois anos para isso ser diluído.
01:55Então a gente teve uma espécie de boom de gastos públicos que foram cada vez mais fortes
02:00nos primeiros anos do governo, dentro da transição de 2023 e 2024.
02:05Isso diminuiu a partir do momento que a gente viu um aumento de quase oito pontos percentuais no endividamento público,
02:13então você está tirando meio que indiretamente o pé do freio de gastos públicos,
02:18apesar deles serem crescentes, você vê que está tendo sendo diminuído.
02:22Isso reflete na economia como um todo.
02:25Isso mostra esse primeiro ponto, que é um ponto de gastos vindo do governo federal,
02:33que estão diminuindo porque a gente não tem mais esse tipo de, eu gosto de dizer, de anabolizantes.
02:39Mas um outro ponto da economia real é, de fato, um desaquecimento.
02:43A gente tem os primeiros meses do ano, onde existe um boom do agro que melhora a questão de empregabilidade.
02:50Esse boom do agro está começando a desaparecer, principalmente porque a gente tem uma crise no setor de café,
02:55empresas se demitindo muito nesse setor.
02:58E daqui para frente, a gente ainda não contabiliza nesses problemas a questão das tarifas de Donald Trump
03:05que vão impactar o planeta inteiro.
03:07Isso ainda não está dentro da conta.
03:09Então isso é muito preocupante, essa diminuição da empregabilidade, da criação de postos de trabalho
03:15em regiões onde a economia é mais dependente.
03:21O que mais me preocupa é que regiões do Nordeste, dos nove estados, apenas três, tiveram crescimento positivo de crescimento.
03:31E são as regiões mais pobres e onde precisam de mais empregos.
03:36Precisam de muito mais empregos formais, porque essas regiões do Nordeste é onde a gente tem muito mais benefícios sociais
03:43do que pessoas com carteira assinada.
03:45Então isso é muito preocupante.
03:47Obviamente a gente teve um deslocamento aí da questão das datas de carnaval,
03:50que são sazionais e podem ter interferido.
03:53Mas mesmo assim, quando a gente está falando de uma queda de quase 60% em relação ao ano passado,
03:58é muito perigoso.
03:59O aumento também da taxa de desemprego, isso mostra uma tendência de mudanças dentro desse setor.
04:07Mas o que me chama muito mais a atenção não é exatamente os números em si.
04:11Esses números, eles são importantes, eles vão refletir a economia.
04:17Por um outro lado, isso pode dar um alento para o Banco Central diminuir taxa de juros.
04:22Quando você vê uma queda no número de desemprego, significa que os efeitos da política monetária
04:28começam a se tornar uma realidade, um desaquecimento da economia.
04:32E isso, com o cenário externo, pode fazer com que o Banco Central comece a encerrar o ciclo de alta de juros,
04:39o que seria positivo para o Brasil, não em 2025, mas talvez no final do ano, começo de 2026.
04:45O que mais me chama também a atenção é a questão de produtividade.
04:48Apesar de a gente estar diminuindo o número de postos de trabalho, a nossa produtividade do trabalho,
04:54cresceu 0,2%, o que é quase nada.
04:58Isso significa que as pessoas estão entrando e saindo de empregos,
05:02estão produzindo basicamente a mesma coisa que produziam no ano passado.
05:06Isso é muito ruim, porque isso não melhora, de fato, a qualidade de vida das pessoas,
05:11e faz com que, mesmo com a política de valorização do salário mínimo,
05:15isso não tenha melhora, de fato, na qualidade de vida, porque a inflação está muito alta.
05:21Então, não são números positivos do ponto de vista da receita de crescimento do país
05:27e nem da percepção das pessoas de melhora de qualidade de vida.
05:31A única notícia é que isso é, para a visão de política monetária do Banco Central,
05:36um indicador positivo que, talvez, o ciclo de taxa de juros possa estar começando a chegar ao fim.
05:42Igor, obrigada pela sua participação aqui com a gente.
05:48Então, eu queria que você comentasse um pouquinho mais o combinado dos indicadores.
05:51Você já falou isso um pouquinho, mas aprofundar...
05:54Porque a PNAD, ela demonstrou também aí, é isso, um baixo,
05:57ainda que tenha crescido um desemprego baixo para a série, no mês de março,
06:01tem essa questão da sazonalidade, mas um dos mais baixos.
06:04E aí, quando eu já tenho um desemprego baixo, criar novos empregos também é mais difícil
06:08e vai muito para a temática de como criar esses empregos com qualidade.
06:12Qual que você acha que são os desafios desse ponto de vista?
06:15E aí, fazendo a ponte com o que você disse sobre produtividade,
06:18quer dizer, o que está no centro aí dessa dificuldade de criar mais emprego
06:22e de melhorar a qualidade do emprego, considerando esses dois dados juntos aí para a gente analisar?
06:31Cortou o retorno, eu só peguei o finalzinho da frase.
06:33Acho que teve algum problema aqui no áudio, perdão.
06:37Eu estava dizendo assim, que você estava falando um pouco sobre a questão da produtividade.
06:40E a produtividade também tem a ver com a qualidade dos empregos, né?
06:42Quer dizer, como é que eu crio empregos melhores no Brasil?
06:46Porque a gente foi criando mais empregos, mas aí a ideia é como é que eu crio emprego melhor,
06:49que dá uma rentabilidade maior e dá essa rentabilidade porque produz mais.
06:53Então, a produtividade gerando também melhor capacidade de valor para as pessoas.
06:57Eu estava dizendo que a gente está com baixo, uma taxa de desemprego baixa,
07:01pensando na história mais recente do Brasil.
07:04Nessa situação de baixo desemprego, é mais difícil até criar esse bom emprego.
07:08Eu queria que você desse alguns pontos aí de onde focar,
07:11como que estratégias são possíveis nesse contexto para o emprego de qualidade.
07:17Olha, o emprego de qualidade, ele só vem através de três pilares.
07:21E aqui eu não vou falar sobre uma matéria mundial, uma ideia nova,
07:26que vai resolver todo o problema do planeta Terra.
07:29Muito pelo contrário, a gente tem três elementos básicos que geram produtividade.
07:35O primeiro é o investimento em educação.
07:37E a gente investe pouco em educação quando a gente está falando de qualidade.
07:42O Brasil, como um todo, gasta em educação muito, mas a gente não preza pela qualidade.
07:47A gente não tem... os nossos índices de retorno de dados do PISA e outros elementos são baixíssimos.
07:54Então, enquanto a gente não melhorar a qualidade do ensino público,
07:58a gente não tem um trabalhador melhor preparado para produzir mais.
08:02Esse é o primeiro ponto, que é uma solução de longo prazo.
08:05Não é algo que resolve agora, mas foi assim que resolveu países como Alemanha, Coreia, Japão,
08:11em pouco tempo depois da segunda metade do século XX.
08:14O segundo ponto é benefícios.
08:16Se você tem uma economia que é extremamente fechada, que é o caso da brasileira,
08:22que você tem diversos benefícios para indústrias, que muitas vezes são ineficientes,
08:28essas indústrias, e quando eu falo indústrias, eu estou falando indústria, comércio, serviço,
08:31de uma maneira geral, eles não ficam mais produtivos.
08:34Essas indústrias ficam, entre aspas, viciadas em benefícios fiscais
08:37e elas não se preocupam em aumentar a sua produtividade,
08:41sejam com máquinas ou com melhores trabalhadores,
08:43porque sua margem de lucro está garantida por algum tipo de benefício tributário
08:47ou barreiras à entrada do governo.
08:50A gente tem no Brasil mais de 600 bilhões de reais em benefícios tributários
08:54que impedem a produtividade.
08:58E por que você fala isso diretamente e isso não é uma coisa boa?
09:02Porque em nenhum momento da história econômica,
09:04você pode ter benefícios tributários para proteger indústrias,
09:07de 30, 40 anos, isso dura no máximo 5, 10, 15.
09:12Depois disso, você os retira e as indústrias que são produtivas,
09:16elas sobrevivem e se desenvolvem, como foi o caso, por exemplo,
09:21da Embraer, a Indústria Aeroespacial Brasileira,
09:24e outros simplesmente desaparecem.
09:28O Brasil, infelizmente, tem uma política que não importa
09:30se o governo é de esquerda ou de direita,
09:33que basicamente faz com que você tenha indústrias que são ineficientes
09:42e que persistem no Brasil e a gente faz uma má alocação de capital
09:47que é escasso no Brasil, uma má alocação de recursos também
09:52para indústrias ineficientes que não deveriam mais existir.
09:54E essa ideia que o Brasil é grande, pode produzir tudo e deve ter tudo
09:59é equivocada, extremamente equivocada.
10:02E um outro ponto que aí também é muito fundamental
10:04é a gente estar tendo uma política de indexações na economia brasileira
10:12vindo do governo federal,
10:13e aí eu gosto até de citar que o Brasil é talvez um dos poucos 3, 4 países do mundo
10:19que os benefícios sociais e previdências são reajustados pela inflação
10:25e mais um ganho de produtividade vindo do setor público
10:29quando não existe produtividade no setor que já está aposentado.
10:35Ou seja, a gente tem uma distorção que a gente gera uma falsa produtividade
10:41para pessoas que não estão no mercado de trabalho,
10:44isso aumenta a dívida pública, faz com que as empresas não invistam
10:48e isso gera uma distorção que em alguns casos,
10:52até mesmo nas regiões mais longínquas,
10:54as pessoas prefiram estar em benefícios
10:57do que ir para o mercado de trabalho e melhorar sua qualidade de vida.
11:02Então você tem uma situação macroeconômica no Brasil
11:05onde os elementos estão totalmente desalinhados
11:08e se a gente não tiver uma política pública que de fato
11:11foque capital e trabalho para o setor,
11:16os setores que o Brasil é bom e desenvolve,
11:18a gente vai ficar patinando nessa falta de produtividade
11:21pelos próximos 10, 20 anos.
11:23É uma coisa muito mais estrutural do que uma lei
11:25ou uma coisa que a gente pode fazer.
11:27E não vai ser taxa de juros, diminuir taxa de juros
11:29que vai resolver isso.
11:31E o outro ponto fundamental é impostos.
11:33O Brasil não aguenta mais impostos.
11:35Quanto mais impostos estão sendo criados aí
11:37para tentar criar políticas de aumento de R$ 5 mil,
11:43de retirada de imposto de renda
11:47e isso vai para algum tipo de aumento de imposto em banco,
11:50aumento em classe A, B, C.
11:52O aumento de impostos diminui a produtividade.
11:54Então, eu estou falando aqui, não é dois, três,
11:57estou falando cinco elementos que minam totalmente
12:00a produtividade e a competitividade do Brasil.
12:03Maravilha.
12:03Muito obrigado, Igor Lucena,
12:05ele que é economista e CEO da Amero Consulting.
12:09Muito obrigado pela participação.
12:10Até uma próxima, Igor.
12:11Agora,