No programa Visão Crítica, especialistas discutiram como o Brasil se tornou potência agrícola mesmo sem realizar uma ampla reforma agrária. O debate abordou o papel do Estado, políticas públicas, avanço tecnológico e o impacto da concentração de terras na produção rural.
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NotíciasTranscrição
00:00Professor Francisco Luna, eu lembro que eu li o livro do senhor com o professor Herbert Klein,
00:05Alimentando o Mundo. Grande livro, por sinal.
00:08Há uma questão que da minha geração, e que veio antes até da minha geração,
00:13que era a condição sine qua non para resolver o fornecimento de produtos alimentícios para as cidades à reforma agrária.
00:20Havia uma leitura, eu estou lembrando mais a quem nos acompanha,
00:23de que enquanto na indústria se desenvolvia, no setor urbano se desenvolvia a indústria,
00:28no campo ainda tinha relações de produção pré-capitalistas,
00:32não vou entrar na discussão sem semifeldalismo, etc, que não é o caso.
00:36E a produção do campo não era suficiente para abastecer essa população urbana que estava crescendo muito rapidamente.
00:43E havia problema que na época usava-se uma expressão hoje, em desuso, carestia.
00:47Bem, a grande questão, professor, como é que o senhor explica que, sem reforma agrária,
00:53o país fez uma revolução agrícola em termos produtivos?
00:58Eu acho que era um falso dilema a questão da reforma agrária.
01:03Quer dizer, eu tenho a impressão que precisava, de fato, o que era importante era uma política agrícola consciente.
01:11E a política agrária consciente, uma política ativa e moderna, foi implantada nos anos 60,
01:23sem uma revolução no campo.
01:26Por isso, na época, se falava muito que era uma revolução, uma modernização conservadora.
01:30Nunca se fez a revolução, a reforma agrária.
01:34Depois acabou havendo assentamentos que não deram resultado.
01:38Quer dizer, os assentamentos, de fato, que foram feitos depois, nunca fizeram transformações efetivas no campo.
01:47A transformação se fez, apesar de não ocorrer a reforma agrária, como ocorreu em outros países.
01:53Aqui no Brasil, não.
01:53Aqui, quando a gente analisa os anos 60, 70, ocorreram uma série de transformações induzidas pelo poder público.
02:03Crédito abundante, pesquisa, Embrapa foi um instrumento fundamental.
02:10Os novos instrumentos, que na época, estoques reguladores, preços mínimos.
02:18Eu acho que o Brasil viveu um período nos anos 70, 60, 70, de muita transformação no campo.
02:25Quer dizer, é uma história muito complexa, mas é interessante que essa agricultura,
02:29que viveu basicamente do apoio, muito recurso do setor público,
02:36ela viveu uma crise na abertura, era toda protegida, era toda regulada.
02:42O IAA, o IBC, quer dizer, eram todos institutos muito regulados pelo Estado.
02:51Quer dizer, o Estado regulava a atividade em alguns setores,
02:57desde a produção até a comercialização, como é o caso do trigo, o caso do açúcar.
03:01Mas é interessante como a agricultura, diferentemente da indústria,
03:07ela conseguiu passar de uma fase de muita proteção, como era a indústria também,
03:13e ela conseguiu fazer a transformação com a abertura,
03:17se integrando nas grandes cadeias de valor, coisa que a indústria nunca conseguiu fazer.
03:22Essa passagem foi uma crise.
03:25Os anos 80 e 90 foram muito críticos para a agricultura,
03:28mas ela conseguiu fazer essa integração face à produtividade,
03:36à abertura do cerrado, o cerrado foi extremamente importante para isso,
03:40e com, na verdade, tecnologia adaptada ao Brasil.
03:43O Brasil deve muito à Embrapa.
03:45Essa capacidade de tropicalizar a agricultura brasileira,
03:50de penetrar no cerrado e de ocupar o cerrado,
03:53se deve muito à ciência e à tecnologia.
03:55E a Embrapa foi fundamental naquele momento.
03:59Só lembrando a quem nos acompanha que a Embrapa, se eu não estiver errado,
04:02foi criada em 1973, era o Cirne Lima, ministro da Agricultura,
04:06e teve uma grande expansão quando o Alice Paulinelli foi ministro da Agricultura
04:10no Coinquênio Ernesto Gás.
04:13Professor José Márcio Reco, se nós lembrarmos dessa metade dos anos 70,
04:18a partir do primeiro choque do petróleo, em 1973, no final do ano,
04:22vem um programa absolutamente original, que muitos não sabem,
04:27que é uma criação brasileira, que é o Proalco.
04:30O senhor esteve inicialmente envolvido nesse processo.
04:33Explique para nós, sinteticamente, como é que foi o início do programa do Proalco
04:38na metade dos anos 70 no Brasil.
04:40Eu tive uma participação bem modesta, mas alguns líderes, como o Lamartine Navarro,
04:51a própria família Biage, Luiz Lacerda Biage, e outros importantes usineiros também.
04:58Cícero Junqueira.
04:59Cícero, estou esquecendo do grande Cícero Junqueira, da usina,
05:04que depois virou, hoje é Dubinho, esqueci o nome da... Vale do Rosário.
05:09Vale do Rosário.
05:09Vale do Rosário.
05:10Então, obrigado, professor, bem lembrado, o grande Cícero.
05:14Então, viabilizou, em função também da crise do petróleo,
05:18viabilizou este programa que foi fundamental para a expansão do setor, né, Canavieiro?
05:24Foi fundamental, inúmeras usinas e destilarias de álcool.
05:30O problema é que houve na partida, e aí nós ajudamos, nós que eu digo,
05:35Zanini, Dedini, eu fui diretor de projetos especiais da Zanini, né?
05:39E nós chegamos à conclusão que os agricultores, os donos de fazenda,
05:45que sabem plantar cana e sabem a parte agrícola, tinham problema da parte industrial.
05:53E também um volume de investimento, né, ministro Rodrigues, muito alto.
05:58E nós fizemos alguns projetos que eram joint ventures.
06:03Quer dizer, a Zanini e outros produtores de equipamentos entravam com os equipamentos e ficavam sócios da usina, do empreendimento.
06:12Isso viabilizou alguns projetos, não todos, mas deu um arranque bom, né?
06:17E nesse processo, o professor Luna e mesmo o doutor Roberto Olímpico estava falando da questão da renda no campo, né?
06:28Permitiu que a agricultura acelerasse o processo de mobilidade social.
06:33Eu vou dar um exemplo aqui, real.
06:35Eu fui sócio de duas usinas, com os Biagi e com a Zanini, e um dos sócios meus era um líder de Boia, naquele tempo, de Boia Frias.
06:48Ele foi contratando, contratando, e tinha uma empresa de mão de obra.
06:52E com isso, Pedro, aqui faço até uma homenagem, ele já é falecido,
06:56Pedro Estadiotti, um menino pobre, pobre de Marré-de-Si, foi acumulando, foi acumulando, foi do nosso sócio no Mato Grosso do Sul, em Rio Brilhante.
07:07Depois foi tanto desenvolvimento que virou Nova Alvorada do Sul, né?
07:11Então, a agricultura e no bojo do próprio Proalco permitiu um movimento de mobilidade social no campo.
07:18se fizeram fortunas de pessoas de origem muito humilde que, na agricultura, não é, doutor Roberto?
07:26Fizeram fortunas.
07:27Também o movimento, com a abertura do Cerrado, etc., e a Embrapa é fundamental,
07:33inúmeros agricultores do Sul migraram para o Cerrado, etc.
07:41E aí, expansão da produtividade e também fortunas se fizeram, não são poucas.
07:50Claro, de dimensão média, de não, mas alguns impérios, inclusive, né?
07:56Então, a agricultura possibilitou, agora, o papel, eu lembro da fazenda que eu herdei do meu avô,
08:03uma parte pequena tinha uma mancha boa de terra, o resto era um, vamos dizer, um areião.
08:09E foi viabilizado por uma variedade desenvolvida pela Embrapa, a SP-7143,
08:16que, praticamente, exagerando para os nossos telespectadores entender,
08:20é, praticamente, você pode plantar cana na areia de praia, se jogar água.
08:24Estou exagerando, né?
08:25Mas, então, viabilizou N empreendimentos com terras até mais fracas, entendeu?
08:31Então, a Embrapa, não é, doutor Rodrigues, foi fundamental.