Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • ontem

Categoria

🥇
Esportes
Transcrição
00:00Fala galera do Lance, eu sou o Pedro Henrique Cardoso e hoje o Lance trouxe o Bergson, o rei da Malásia, pra trocar aqui uma ideia com a gente.
00:07E aí Bergson, como é que você tá?
00:09Tudo bem, cara. Muito prazer. Prazer estar aqui falando com vocês. É uma honra e vamos aí, vamos trocar essa ideia e bater esse papo aí.
00:18Bergson, eu queria começar o nosso papo falando um pouco sobre a sua ida à Malásia, né?
00:23O que que te motivou lá em 2021 a sair do Fortaleza, sair do futebol brasileiro e ir pro futebol asiático, ir pro mercado asiático e pra Malásia?
00:32Ah, na verdade, quando a gente recebeu a proposta que teve a possibilidade da gente ir pra lá, era uma situação de empréstimo, né?
00:42Eu tinha ainda um ano de contrato com o Fortaleza, mas eu tava numa situação que eu não vinha jogando muito, não tinha muito minuto, já tava num momento que eu precisava jogar, né?
00:54Já tinha 29 anos, tava indo pra 29 anos, então...
00:58E aí a gente resolveu aceitar, resolveu aceitar um novo desafio, uma nova aventura, sabe? Num país diferente, com uma situação financeira muito melhor, obviamente.
01:08Mas que naquele momento, acho que o mais importante foi a nossa decisão de ir pra arriscar e poder aparecer e ter mais oportunidade de jogar e também adiantar também o lado financeiro, que isso conta muito na nossa carreira.
01:27Como é que foi a sua adaptação na Malásia, um país tão diferente culturalmente do Brasil? Eu queria saber quais foram as suas impressões, as maiores diferenças que você percebeu, como é o seu dia a dia lá na Malásia?
01:36Ah, de começo foi... assim, a comida, né? Foi um pouco... a gente sentiu a diferença porque a comida lá é muito apimentada, tem muito molho, daí aqui a gente não tem o costume de comer muita pimenta, de comer muito molho, tem muita comida local lá.
01:52Então isso foi um pouco a parte mais difícil, assim, na hora de adaptar. E o que mais me... assim, que eu senti mais diferença foi isso. Mas fora isso não, a temperatura é muito boa, o país, assim, super... o pessoal super educado, muçulmano, uma cultura, assim, muito interessante também pra...
02:16Pra se realmente alguém vai com... de corpo e alma pra se adaptar, a adaptação é super fácil. Então foi pra mim porque era um momento muito importante, né?
02:24Eu sabia da importância que era, da seriedade que eu tinha que encarar aquilo e as coisas aconteceram depois muito normalmente, assim, muito... sabe? Fluíram mais normalmente, assim, pra mim.
02:34E essa questão da comida, você considera que... isso é mais uma curiosidade, você se adaptou à comida daí, de lá no caso, ou você tem um cozinheiro em casa que faz comidas mais brasileiras e tudo?
02:45Como é que foi essa adaptação em relação à comida?
02:47Então, na verdade... então, daí... aí na verdade eu procurei, assim, ir comendo aos poucos, sabe?
02:53E ir experimentando aos poucos, porque também tem, lógico, tem todo tipo de comida que a gente come.
02:58Não tem o feijão nosso, assim, o nosso tempero, assim, que é diferente e é o melhor que tem pra mim.
03:03Mas tem todo tipo de comida, tem massa, tem arroz, frango, salada... e enfim...
03:09É, eu procurei introduzindo, assim, no meu dia a dia um pouco de, sabe? Um pouco mais do molho ali, da pimenta.
03:17Hoje em dia eu já como um pouco mais de pimenta, mas já, sabe? Já dei uma mudada um pouco, assim, no meu gosto.
03:23Mas tudo foi questão de adaptação, não foi uma mudança muito drástica, assim.
03:28E no clube em si, no vestiário? Imagino que os jogadores sul-americanos, brasileiros, devem ter te ajudado, né?
03:33Com essa adaptação, né?
03:35É, na verdade, também. A gente tem uma boa relação lá, porque são muitos, né?
03:39Tem muito espanhol com passaporte filipino, tem australiano com passaporte malayo.
03:46Então, sabe? É uma mistura, assim, de nacionalidades que a gente tem lá.
03:52E a gente acaba se misturando mais, né?
03:54A gente acaba andando mais junto, compartilhando o dia a dia ali.
03:58Porque, lógico, a gente está num país que é malayo, o clube é malayo.
04:04A gente está na Malásia, num país que a maioria dos funcionários e jogadores são tudo locais.
04:12Então, a gente tem que, ali, procurar se adaptar e, lógico, entender o clube, né?
04:18Acho que isso é a grande diferença de quem vai pra lá.
04:21Quais foram as maiores diferenças? O que mais te surpreendeu no futebol asiático, no futebol da Malásia, positivamente e negativamente, em relação ao Brasil?
04:31Negativamente, eu vou falar em relação à Malásia, que é onde eu estou.
04:34Apesar da gente já ter, assim, a gente ter classificado nas últimas três Champions League, assim,
04:40e ter jogado num nível da Ásia, num nível alto, eu vou falar em relação à Malásia.
04:45Porque, pra mim, eles deixam a desejar nos campos, assim, quando os jogos são fora de casa, assim,
04:52eles não têm um certo interesse de melhoria de gramado, em questão de vestiário, em questão de estádio.
05:01Mas, em relação ao nosso time, a diferença é muito gritante em relação aos outros e em relação até a muitos times da Ásia, sabe?
05:12Então, isso que eu senti a diferença, assim, porque no Brasil, claro, a maioria das equipes tem um gramado bom,
05:19tem a torcida que apoia, tem vários tipos de cobrança, né?
05:23E aí, eu acho que foi isso, assim, em relação ao campo e em relação ao jogo, eu acho que, tipo assim, no Brasil é...
05:33Não só no Brasil, eu acho que mundialmente o futebol é muito físico, né?
05:36Alguns lugares é mais tático, outros é mais, não sei, a bola aérea, outros é bola parada.
05:43Mas, assim, na Malásia é muito mais físico e o jogo pode mudar nos últimos dez minutos.
05:48A gente está ganhando, daqui a pouco a gente vai lá e toma um gol e nos últimos dois minutos, nos últimos dois, cinco minutos, saem dois, três gols, assim.
05:56Aí, os goleiros também, eles fazem uma defesa que, logo que tu pega na bola, tu fala golaço, mas aí ele vai lá e busca.
06:05Daí, depois ele vai e toma uma, sabe? Que não é normal.
06:09Então, é, tipo assim, é uma caixinha de surpresa.
06:12Agora, falando um pouco da sua fase, e isso, assim, acho que tem que ser ressaltado pelos dados que eu pesquisei, acho que varia um pouco de site para site.
06:20São 150 gols em 141 jogos pelo Jorror, que é o time que você joga aí na Malásia.
06:27Você foi o artilheiro desse campeonato da Malásia com 32 gols em 24 rodadas, é mais de um gol por partida.
06:33E você também teve a melhor nota média do campeonato.
06:36E muitos te chamam aí na Malásia de rei da Malásia.
06:41Eu acho que, eu queria saber, a que você atribui esse seu sucesso tão gritante na Malásia?
06:47Como você se adaptou tão bem com o time, com a torcida, enfim.
06:51O que que deu tão certo para você aí na Malásia?
06:55Eu acho que foi a confiança, cara.
06:57Igual eu te falei, quando eu cheguei assim, eu senti um respaldo e um interesse muito grande do príncipe, né?
07:02Que é o dono do nosso clube, de querer contar comigo, de conhecer minha característica, de me dar oportunidade de jogar, assim, sabe?
07:10E eu acho que desde o primeiro momento ele mostrou esse respeito, esse carinho por mim, assim, daí as coisas foram fluindo.
07:17E lógico, os números, lógico, que falam assim por si só, porque se tu olhar de longe, pô, fulano faz gol, faz gol lá, faz gol aqui, não sei mais.
07:27Mas, pô, hoje em dia não é fácil fazer gol, todo zagueiro, toda equipe que a gente joga, todo defensor é estrangeiro.
07:33Um é argentino, o outro é espanhol.
07:35Aí o outro é australiano, aí o outro é japonês.
07:37Então, sabe, é difícil.
07:40Mas, eu acho que cada ano tem que estar me provando também, porque todo ano que eu entrego tantos gols,
07:48eu entrego um nível de performance, o dono do meu time, o príncipe, ele vai estar lá me puxando, me cobrando para estar cada ano melhor.
07:59E acho que isso aí tem feito diferença, sabe, também nos números e na minha vida lá.
08:05E como é que é a idolatria por parte da torcida?
08:09É até uma curiosidade para saber se a torcida, ela é tão apaixonada por futebol quanto aqui no Brasil,
08:15se é o esporte preferido na Malásia é o futebol.
08:17Como que é você, por exemplo, saindo na rua, indo num shopping, a torcida te idolatra muito?
08:24Ah, tem bastante assédio, porque Johor é um estado, né?
08:27Johor é como se fosse um estado, assim, o Rio Grande do Sul.
08:31E o nosso time é o único time do estádio de Johor, assim, então o time é grande, é o time mais rico,
08:38é o time do príncipe herdeiro mais rico do país, então toda a torcida tem esse, a torcida inteira tem esse apreço, assim, sabe?
08:47Pelos jogadores, por ir no estádio, a atmosfera do clube.
08:51Então eles acompanham bastante e, assim, graças a Deus eles têm um carinho por mim, assim, enorme.
08:56Eu também tenho por eles, eu já sei como é o clube, passei a amar o clube, assim, de uma maneira que hoje eu não me vejo não apoiando,
09:07até quando eu estou aqui não me vejo fora de contato com as pessoas do clube.
09:13Então, é, assim, é um lugar que me cativou e que, claro, que tem o meu coração, assim, já são cinco anos lá.
09:23E como é que é a relação da torcida dentro de campo?
09:26Eles cantam o jogo inteiro, eles cobram, que nem aqui no Brasil.
09:29Como é que é esse nível de cobrança, esse nível de intensidade da arquibancada?
09:32Então, nesse quesito aí é meio diferente.
09:36A gente, como a gente também vem, a gente ganha a liga, assim, seguidamente, a gente é quase invicto, tem dois, três empates.
09:45O nosso time, assim, é um time tecnicamente, assim, acima dos outros.
09:51Eles são mais, eles são mais felizes do que tristes, assim, né, nos finais de semana.
09:56Então, eles não têm.
09:57Quando acontece alguma coisa que é um resultado revés, assim, que é, normalmente, é na Champions da Ásia,
10:03quando a gente entra numa competição mais dura, aí enfrenta time japonês, time coreano, que são muito fortes.
10:11Então, aí, eles têm, assim, que a gente, nesse ano, acabou perdendo para o Buriana, que é um time da Tailândia.
10:17Mas, como foi dois jogos, assim, disputados 1x0 e 0x0, eles ficaram bastante orgulhosos, assim,
10:23porque cada vez que a gente passa de fase na Champions, é o nome do clube, é o nome do país que a gente bota para cima,
10:30que a gente levanta.
10:31E eu acho que isso tem, a gente tem feito muito bem para o clube.
10:35E a gente, como jogador, né, tem feito muito bem para o clube.
10:38E a cada ano, acho que o clube cresce mais.
10:40E assim, assim, a gente espera que siga.
10:43Falando um pouco de Champions da Ásia, já que você tocou nesse assunto,
10:46o Joho foi eliminado, como você falou, por um time da Tailândia nas oitavas de final.
10:50E, na sequência, esse time foi eliminado pelo Awali, que foi o campeão da Arábia Saudita.
10:56É o time do Roberto Firmino.
10:58Eu queria te perguntar, como que você enxerga essa hegemonia que a Arábia Saudita vem construindo na Ásia?
11:04Você acha que isso é negativo para o continente?
11:07Ou você acha que isso é bom, atrai mais olhares e pode influenciar o resto do continente?
11:13Eu acho muito bom.
11:14É porque eu já estou cinco anos lá, né, então eu acho muito bom.
11:18Eu acho bom quando o Cristiano vai para lá também, para a Arábia, para a Ásia,
11:22e faz o tanto de número, o tanto de gol que ele faz.
11:26E daí ele vai para uma premiação lá do...
11:30da premiação dos melhores do mundo.
11:32Daí ele fala da dificuldade que é fazer gol, da dificuldade que é jogar na Ásia.
11:36Ele fala que o campeonato árabe é mais forte que não sei qual campeonato.
11:39Eu vi alguma coisa assim.
11:40E eu acho muito bom, porque tem muitos desentendidos que acham que é fácil.
11:44É fácil fazer gol, é fácil jogar ali, é fácil jogar aqui.
11:46Mas então são bons exemplos que a gente tem que escutar e seguir, né?
11:49Então, se o homem está falando, eu acho que é muito bom.
11:53E cada vez é mais válido.
11:552022, quando a gente classificou também, a gente perdeu para o Urawa.
11:58O Urawa Reds, que foi o campeão.
12:00Esse ano o Burirã perdeu para o Auali, que ganhou da gente 1x0 e 0x0,
12:04que foi um jogo super truncado.
12:06Então, acho que é muito válido, porque as pessoas têm oportunidade de ter mais conhecimento
12:12em relação à Ásia, em relação ao futebol asiático.
12:15E eu vejo um crescimento muito grande.
12:16Você iria para a Arábia Saudita se viesse alguma proposta?
12:19Eu tenho contrato ainda, né?
12:21Tenho contrato lá no Jorror até dezembro, mas eu acho que...
12:26Como a gente está sempre aberto às possibilidades, né?
12:30Claro, minha intenção é ficar, minha intenção é estender.
12:33Eu tenho possibilidade de adquirir o passaporte do país também, então...
12:38Acho que...
12:40Assim, eu por ele ter contrato, as coisas têm que fluir de uma maneira mais natural, sabe?
12:47Sim.
12:49E sobre esse aspecto do passaporte que você acabou de comentar,
12:53a seleção da Malásia já te sondou para fazer parte da seleção nacional?
12:58Eu não sei se você precisa ter a cidadania, como você falou, pode tirar o passaporte.
13:03Já, já.
13:04Eles tiveram...
13:06Eles demonstraram interesse de eu adquirir o passaporte,
13:10só que todo estrangeiro, ele tem a oportunidade de adquirir o passaporte
13:15depois do quinto ano, eu completo o meu quinto ano em dezembro.
13:18Então, já teve essa conversa com o Príncipe, já deram entrada nos meus documentos e tudo,
13:24mas é tudo uma coisa que ainda tem que ser conversada,
13:28porque como eu tenho contrato até dezembro, então eles têm que alinhar algumas coisas
13:32e, enfim, o interesse eles demonstraram, mas de fato, de concreto, assim, ainda não teve nada.
13:41Então você jogaria, se houvesse a proposta concreta, você jogaria pela seleção da Malásia?
13:47É, porque depois do quinto ano, quando tem a possibilidade, o dono do meu time está mais inserido na seleção,
13:55então ele já demonstrou esse interesse e tem muitos jogadores do meu time também
13:59que têm uma ideia de jogo em relação à seleção.
14:05Então esse é o processo, teoricamente.
14:08Mudando de assunto agora, você consegue acompanhar algum clube do Brasil?
14:11Não sei se o fuso horário é muito diferente.
14:14Eu vejo só os melhores momentos do...
14:17Eu vejo o Premier League, La Liga e a Série A do Brasileiro acompanha os melhores momentos.
14:22Muito difícil por causa do fuso horário, né?
14:23Não consigo ver...
14:24Aí, ao vivo, eu consigo ver a Premier League lá, que são 10 da noite, 11 da noite.
14:29Aqui no Brasil, 4 da tarde, 3 da manhã lá, possível.
14:34Sim.
14:34Daí eu vejo os melhores momentos.
14:36E tem algum clube específico que você assiste com mais carinho daqui do Brasil?
14:42Fortaleza, Paysandu, Grêmio Inter, né?
14:46Porque eu sou daqui, do sul.
14:47Sim, sim.
14:48E você pensa em se aposentar na Malásia?
14:51Eu sei que é uma conversa ainda muito hipotética, mas...
14:56Ou você pensa em voltar para o Brasil em algum momento na sua carreira para terminar a carreira aqui?
15:01Sinceramente, minha vontade é ficar lá, assim.
15:03Porque já é o clube onde, tipo assim, eu me sinto, sabe?
15:10Eu me sinto em casa, eu me sinto bem.
15:13E não paro para pensar na possibilidade de estar jogando em outro lugar ainda.
15:18Claro que é tudo questão de adaptação.
15:20A gente nunca sabe o dia de amanhã, né?
15:22A gente nunca sabe o que pode vir a acontecer no dia de amanhã.
15:25Mas, assim, tenho na minha cabeça de fazer o máximo de anos e de longevidade lá possível, assim.
15:35É isso, Bergson.
15:37Queria agradecer você pela oportunidade da conversa.
15:40Foi muito maneiro.
15:43Enfim, obrigado.
15:45Boa sorte no Jorô na próxima temporada.
15:47Boas férias aí no Rio Grande do Sul.
15:48Valeu.
15:49Aproveite.
15:50Valeu.
15:50E é isso, brigadão.
15:51Muito obrigado.
15:52Valeu pela oportunidade de trocar esse papo aí.
15:54A gente se fala.
15:55Valeu.
15:56Valeu.
15:56Valeu.

Recomendado