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EsportesTranscrição
00:00Oi gente, tudo bem? O Lanço tá com um especial de Dia das Mães e a gente conversou com a Elisa Calderano,
00:05a mãe do Hugo Calderano, a estrela, o astro do tênis de mesa brasileiro.
00:09Vamos lá, Elisa. Oi, tudo bem?
00:12Oi, tudo bem. E você?
00:14Que bom, pra mim também tá tudo bem.
00:16Aí a primeira pergunta é o seguinte, qual é a origem da família?
00:23Como é que foi a chegada do Hugo aqui no mundo?
00:26E todo esse processo, desde o início mesmo, dele pequenininho?
00:32Nossa, isso é uma história longa, né?
00:36A nossa família é uma família de, a gente diz, fanáticos por esporte.
00:41Eu e o pai do Hugo, meu marido, nós nos conhecemos na faculdade de educação física.
00:47E meu pai é professor de educação física, então acho que o Hugo nasceu num berço de esportistas e de amantes dos esportes.
00:55Desde muito pequenininho, ele sempre gostou de praticar esportes, de fazer atividades, e a gente sempre estimulou muito isso.
01:05A gente nunca teve uma preocupação de fazer com que ele fosse um atleta profissional, nada disso.
01:12Era uma coisa natural na nossa família, eu acho que também acabou sendo um caminho natural pra ele.
01:18Você falou um pouco que conheceu seu marido na faculdade de educação física, você é formada, certo?
01:27E eu queria saber qual foi a sua importância na carreira do Hugo em relação a isso?
01:33A minha?
01:34Eu acho que a parte do amor pelo esporte veio realmente de uma maneira geral da família.
01:42Nossa família toda tem isso desde sempre.
01:46É difícil falar qual foi a minha importância, eu acho que a importância de uma mãe, qual a importância de uma mãe na vida de um filho,
01:52em relação ao Hugo especificamente, pela carreira dele.
01:56Eu acho que eu tive muito presente sempre.
01:59Eu acho que um ponto que sempre fez muita diferença pra ele foi o fato da gente estar sempre apoiando.
02:10Desde que ele começou a praticar esportes, ele quando começou, ele jogava tênis de mesa, mas ele também fazia vôlei,
02:16praticava atletismo, competia no atletismo.
02:20E a gente sempre deixou ele muito à vontade pra fazer o que ele queria.
02:23nunca teve pressão.
02:26A pressão que a gente colocava era uma pressão dele estudar, ser um cara legal, respeitar as regras.
02:35A nossa preocupação sempre foi nessa, nesse sentido.
02:38E eu acho que isso preparou o caminho pra ele conseguir fazer uma carreira tão bem sucedida,
02:46mas principalmente pra ele ser um cara tão admirado.
02:48Eu acho que o Hugo é admirado hoje, respeitado, pra além do que ele representa no esporte,
02:56como um atleta de alto rendimento.
02:58Eu acho que ele é um exemplo que vale muito a pena ser seguido pra jovens e adultos no Brasil,
03:05e eu acho que em muitos outros lugares do mundo também.
03:08Você falou um pouco sobre essa questão do estudo, e me veio agora a mente que ele fala sete línguas
03:13e sabe resolver o cubo mágico de uma forma muito rápida.
03:16Ele puxou isso, foi alguém de família que ele puxou, ou foi algo que ele se interessou e foi?
03:21Porque é um dom muito interessante.
03:23Ele tem vários dons muito interessantes.
03:25Eu acho isso muito admirável nele, inclusive.
03:30Sim, eu acho que, bom, o cubo mágico, o meu marido sempre gostou de fazer e começava assim.
03:35A gente nunca fazia as coisas assim, ah, Hugo, faz isso.
03:40Não, em casa a gente fazia as coisas e aí as crianças se interessavam,
03:45porque é aquela coisa de você dar o exemplo sem precisar ficar forçando a fazer nada.
03:50Então ele via o meu marido fazendo, assim, o cubo mágico era muito popular quando a gente era novo,
03:55e depois sumiu, e aí um tempo depois apareceu novamente,
03:59e aí o meu marido se interessou e comprou um e foi fazendo,
04:02e o Hugo teve curiosidade.
04:04Ele sempre foi muito curioso e sempre gostou de desafios.
04:07E aí ele aprendeu a fazer rapidinho e hoje ele já faz muito mais rápido do que o meu marido,
04:13quer dizer, o discípulo superou o mestre.
04:15Em relação a línguas, eu sou formada em educação física,
04:19mas eu fiz a minha carreira toda na área de línguas,
04:23sou mestre em estudo da linguagem, tenho um amor pelo estudo de línguas,
04:30e eu acho que essa parte, Hugo, eu diria que puxou de mim.
04:33É muito interessante porque ele começou a, assim, bem cedo,
04:40ele já estabeleceu qual seria a carreira dele,
04:43e aí a gente nunca chegou a falar sobre fazer uma faculdade ou nada disso,
04:49porque ele se profissionalizou, digamos assim, muito cedo.
04:53Mas ele desenvolveu um interesse tão grande por questões extra, esporte,
05:00e isso traz uma riqueza, eu acho, para a vida dele, para as interações.
05:05Então, hoje, a gente conversa sobre questões ligadas à minha área de atuação, né?
05:12Ele tem interesse em ler sobre aquisição de linguagem,
05:17ele desenvolveu esse interesse, e também foi uma coisa dele,
05:21que vem dessa curiosidade dele aprender coisas novas,
05:26mas eu acho que pode-se dizer, novamente, também que foi um exemplo que veio de dentro de casa.
05:32Ah, que bom, foi um ótimo exemplo.
05:35E, assim, qual foi o momento da carreira que você olhou e soube que ele pôde ir longe?
05:42Algum momento, assim, no início da carreira que você olhou e falou,
05:44meu filho vai muito longe.
05:45Olha, é difícil, porque tem uma coisa que a gente, há algum tempo,
05:54uma pessoa que entende muito de tênis de mesa, entende muito de esporte de uma maneira geral,
06:00falou uma coisa para a gente que ficou, isso o Hugo devia ter uns 14 anos,
06:04ele disse assim, no esporte de alto rendimento, não necessariamente as coisas vão acontecendo,
06:09numa progressão, às vezes há um salto muito grande,
06:14e você, de repente, está num momento que você não podia imaginar um mês que você estaria ali.
06:19O Hugo, a gente sempre acreditou que ele poderia ser bem sucedido no que ele fizesse.
06:24Ele sempre demonstrou isso, ser uma criança muito inteligente, muito interessada.
06:32Mas, assim, se você pensar no tênis de mesa no Brasil,
06:35era um pouco difícil a gente imaginar que ele poderia alcançar o...
06:42chegar no lugar onde ele chegou hoje, né?
06:44Vindo do Brasil, do Rio de Janeiro,
06:48quer dizer, a gente tinha dificuldade de imaginar que ele poderia chegar a ser
06:53o número 3 do mundo, campeão de uma Copa do Mundo,
06:57sete anos no top 10.
06:59Então, são muitos recordes que ele vem quebrando, né?
07:03Muitos primeiros lugares que ele vem conquistando ao longo dos anos,
07:08que realmente, se alguém perguntasse para a gente há 15 anos,
07:12a gente acharia difícil.
07:14Mas, quando ele se mudou do Rio para São Paulo,
07:20ele tinha 14 anos, foi aí, eu diria, a gente, assim,
07:23meio que concorda aqui na família,
07:25que aquele foi o momento que a gente falou assim,
07:27tá bom, vai, porque até então,
07:30a gente já tinha, já vinha recebendo pedidos para...
07:33manda ele para São Paulo,
07:35ele já estava realmente no nível de seleção brasileira,
07:38ganhava dos adultos,
07:40ele já era uma promessa.
07:43E aí, já tinha essa pressão para a gente deixar ele ir,
07:49para conseguir treinar melhor,
07:51realmente começar um treinamento mais forte.
07:54Quando a gente tomou essa decisão,
07:55eu acho que foi a decisão em família
07:58que a gente sacramentou, assim,
08:00tá, o Hugo vai perseguir essa carreira.
08:04E, a partir dali, eu acho que foi,
08:07a gente brinca que era uma surpresa atrás da outra,
08:12e até que chegou num momento que a gente não se surpreende
08:14com mais nada.
08:16Hoje, eu acho que eu não me surpreendo com mais nada
08:18que o Hugo faça.
08:19Sim, isso é ótimo.
08:23E sobre, você falou um pouco sobre os feitos do Hugo,
08:26e recentemente teve a Copa do Mundo,
08:28que ele desbancou a Copa do Mundo,
08:29foi, eu acho que foi um dos grandes marcos da carreira dele.
08:33E eu queria saber duas coisinhas.
08:35Como é ser mãe de um fenômeno?
08:37Qual é a sensação?
08:38Porque eu acho que é uma pergunta a ser feita,
08:41e a segunda é se vocês falaram alguma coisa desde a final.
08:44Vocês chegaram a conversar antes,
08:45ou até alguns dias antes?
08:47Como é que é isso?
08:48Vocês conversam antes de alguns jogos?
08:50Ele manda mensagem pra você?
08:52Algo assim do tipo?
08:55Primeiro, é muito bom ser mãe do Hugo,
08:57de uma maneira geral.
09:00Não por ele ser o número 3 do mundo,
09:04o ídolo, por ele ser o Hugo.
09:06Eu acho que tem...
09:09Isso é óbvio que é a cereja do bolo,
09:11principalmente pra gente que gosta tanto de esporte,
09:13que se emocionou tanto, com tantos atletas,
09:16tantos ídolos do Brasil ao longo das nossas vidas.
09:20Então, hoje a gente poder sentir isso pelo nosso filho,
09:24realmente eu acho que não tem preço.
09:27Em relação aos jogos, sim,
09:29a gente fala com ele sempre,
09:31eu sempre mando...
09:32Eu procuro...
09:34No meio de competição,
09:35a gente não fica conversando muito,
09:37eu deixo ele procurar se ele precisar,
09:40porque a gente sabe que ele tem lá o tempo dele,
09:43o foco dele,
09:44mas eu sempre mando antes do jogo
09:46uma mensagem de bom jogo,
09:48com um emojizinho,
09:50um coraçãozinho,
09:51e foi isso que a gente fez,
09:53é o normal,
09:54é a nossa tradição já,
09:57e sempre depois,
09:58quando acaba o jogo,
09:59a gente sempre manda uma selfie
10:01da gente com a tela
10:04que a gente estava acompanhando atrás,
10:05assim,
10:06então isso já é a tradição que a gente tem.
10:07E, nesse campeonato especificamente,
10:12a gente tinha ido passar o feriado
10:14no meio do mato,
10:15lá,
10:16para dar uma energizada,
10:17e depois da semifinal,
10:18que foi realmente, assim,
10:19ele foi indo muito bem,
10:21e a semifinal foi,
10:23eu acho que foi o grande,
10:24o jogo mais difícil,
10:27como ele mesmo falou,
10:28e foi o jogo mais impressionante
10:30para a gente,
10:32e eu senti que,
10:33uma coisa que a gente sente muito,
10:35é que,
10:36eu acho que em várias modalidades,
10:38acontece isso,
10:38no tênis de mesa especificamente,
10:40que é o que eu posso falar,
10:41que eu conheço mais,
10:42os atletas têm muito pouco tempo,
10:45de celebrar as suas conquistas,
10:47porque o circuito é muito puxado,
10:50é muito difícil,
10:51eles,
10:51você tem uma vitória maravilhosa,
10:55você já tem que jogar no dia seguinte,
10:56e aí você tem uma conquista maravilhosa,
10:59você já tem um campeonato,
11:00na semana seguinte,
11:02e eu acho que para ele,
11:05como para a vida da gente,
11:06é importante a gente conseguir celebrar,
11:08as nossas conquistas,
11:09e aí depois da semifinal,
11:11foi o jogo que ele jogou mais cedo,
11:12ele estava jogando todos os jogos à noite,
11:15a semifinal foi de tarde lá,
11:16foi de madrugada para a gente,
11:19aí quando acabou,
11:20a gente mandou a nossa foto,
11:22estava amanhecendo,
11:25a gente foi até para o lado de fora,
11:26para tirar a foto,
11:27e o meu marido com o dia amanhecendo,
11:30estava fazendo assim,
11:31e aí eu mandei para ele uma mensagem,
11:34só falando que,
11:35para ele saborear essa conquista,
11:39para ele tirar um tempinho,
11:41para sentir a alegria daquele momento,
11:45dentro do corpo dele,
11:46a sensação de alegria,
11:49e aproveitar aquele momento,
11:53e eu falei que eu ia para a cachoeira,
11:54que a gente estava no mato,
11:56que eu ia para a cachoeira,
11:57só para agradecer e jogar para o universo,
12:01que o que o universo devolvesse,
12:03a gente estava contente,
12:05foi isso.
12:07Ai, que bom,
12:08então foi ótimo,
12:09então esse final de semana.
12:11Foi,
12:12acho que foi um domingo de Páscoa incrível,
12:14para a gente,
12:15foi maravilhoso,
12:16e eu fiquei feliz de ouvir muita gente falando,
12:19que também pôde compartilhar um pouco,
12:21essa alegria,
12:22de domingo,
12:23de manhã,
12:24com o pessoal com a família,
12:26curtindo e comemorando,
12:28eu acho que é muito bom ter essa energia coletiva,
12:31positiva.
12:34Sim,
12:34e ótimo mesmo.
12:36E como é que o Nudo acaba passando muito tempo fora de casa,
12:40como é que vocês fazem para matar a saudade?
12:42Como é que é?
12:43Você liga para ele,
12:44vocês fazem video call,
12:46como é que é essa questão?
12:47Ele não gosta muito de ligar não,
12:51ultimamente ele tem ligado mais,
12:52mas a gente se fala muito por mensagem,
12:54ele realmente vem muito pouco para o Brasil,
12:57a gente,
12:57desde que ele era muito novo,
13:00que ele jogava ainda as competições de base,
13:03aqui no Brasil,
13:05mesmo ele morando em casa ainda,
13:08a gente se acostumou a planejar as nossas férias,
13:11as nossas viagens,
13:12de acordo com o calendário do tênis de mesa.
13:14Então, todo ano era onde vai ser o brasileiro,
13:18porque a gente era professora,
13:19então as nossas férias eram no final do ano.
13:21Onde vai ser o campeonato brasileiro esse ano?
13:23Ah, então a gente vai passar férias lá.
13:24Então a gente passava férias em Guarulhos,
13:27onde fosse o campeonato brasileiro,
13:29era onde a gente ia,
13:30porque era oportunidade da gente estar junto.
13:32A minha filha também jogava,
13:33então era uma coisa da família.
13:35E hoje, assim,
13:36a gente vai quando a gente pode visitá-lo,
13:39a gente gosta de acompanhar as competições quando dá.
13:44Mas matar a saudade mesmo é falando todo dia pelo WhatsApp.
13:49E, assim, hoje em dia a gente se fala um pouquinho mais por vídeo.
13:54Mas é isso, eu brinco que eu acabei de criar meu filho pela internet, né?
13:58Porque ele saiu de casa com 14 anos,
14:00então lá se vão 14 anos.
14:04Eu já tenho o mesmo tempo fora de casa
14:07que ele teve dentro de casa.
14:09Mas a gente não pode reclamar,
14:11porque imagina se fosse antes da internet, né?
14:14Isso é verdade, poderia ter uma grande dificuldade, realmente.
14:20Então a minha próxima pergunta é,
14:21você também é assessora do Hugo,
14:23e eu gostaria de saber se você gosta de estar diretamente
14:27na gestão da carreira dele,
14:29é uma coisa que você gosta, se você curte mesmo.
14:31É, eu comecei, na verdade, assim, eu trabalhava muito e eu já fazia isso com a mãe, né?
14:39Eu fazia, eu ajudava ele e fazia as coisas que eu precisava fazer,
14:43tanto de parte administrativa, quanto de contratos e aconselhamentos e tal.
14:47Hoje ele tem uma equipe, né?
14:50Assim, é muito mais profissionalizada.
14:53Eu me capacitei um pouco para fazer, para ajudá-lo também,
14:58mas o meu prazer é poder acompanhá-lo e ajudá-lo.
15:03E eu gosto, claro que se eu não gostasse, eu não faria.
15:07Quer dizer, na verdade, talvez se eu não gostasse, eu fizesse para ajudá-lo.
15:10Mas eu mudei, eu fiz uma transição de carreira justamente para poder trabalhar com ele
15:15e eu com certeza gosto.
15:17Mas hoje o meu papel é muito mais de, não é muito uma assessora, né?
15:25Ele tem uma assessora de comunicação, ele tem uma agência,
15:31então ele já tem uma equipe super profissional acompanhando ele
15:35e aí eu fico mais ali no pessoal mesmo.
15:40Entendi, entendi.
15:43E eu queria saber duas coisas.
15:45Qual foi a vitória que você mais comemorou com o mundo
15:49e qual foi a derrota mais doída?
15:54A derrota mais doída, não tem dúvida,
15:57que foram as duas derrotas da Olimpíada, né?
16:00A gente estava lá, foi a derrota mais doída, não tem nenhuma dúvida,
16:05porque ele estava super preparado e a gente estava muito confiante,
16:12mas todo mundo se prepara, né?
16:13A gente não pode esquecer isso, que é diferente de um esporte que você vai lá e faz o seu melhor sozinho.
16:21O tênis de mesa você joga contra um adversário e aí o jogo é um com o outro ali.
16:26Foi a derrota mais doída.
16:30A vitória que eu mais comemorei, essa vitória agora da Copa do Mundo,
16:35eu acho que, assim, não tem dúvida que foi a maior vitória dele, da carreira dele.
16:40A gente comemorou muito e eu ouso dizer que a ficha ainda não caiu totalmente,
16:48porque eu acho que o feito dele foi tão extraordinário,
16:53se você pensar em todo o contexto, né, do tênis de mesa,
16:57ele foi o primeiro atleta não europeu e não chinês a conquistar uma Copa do Mundo,
17:02assim, isso é muita coisa.
17:04Eu acho que ainda vai demorar um pouquinho para a gente conseguir colocar todas essas pecinhas no lugar
17:12e dar o valor real dessa conquista.
17:15Mas eu acho que a gente pode dizer que essa foi a vitória que eu mais comemorei,
17:19mas houve tantas, né, são tantos anos.
17:22Sim, a medalha nos Jogos Olímpicos da Juventude,
17:26que também foi uma medalha super significativa.
17:30O primeiro ouro no campeonato, nos Jogos Pan-Americanos em Toronto,
17:36também foi uma medalha super importante, a gente comemorou muito.
17:41Então, são várias.
17:43Eu acho, eu sou muito feliz de poder ter tantas comemorações,
17:48de tantas vitórias especiais com ele.
17:51Tem alguma situação engraçada que você viveu com o Hulk e você lembra até hoje?
17:55Tem várias, mas tem uma bem engraçada,
18:00porque ele ainda jogava aqui no Rio,
18:06não me lembro exatamente a idade que ele tinha,
18:07mas tinha menos de 14 anos, porque ele saiu daqui com 14.
18:11Então, ele devia ter 12, talvez, não sei,
18:12ele estava jogando no campeonato...
18:13É, ele devia ter 11 ou 12 anos,
18:16porque ele estava jogando no campeonato aqui estadual,
18:19e ele estava jogando a categoria adulta.
18:24E ele era muito novo, muito novinho.
18:27E a primeira fase era uma fase de grupos,
18:31e um jogava contra o outro,
18:33e ele estava com chance, ele ganhou de um...
18:35Eu não me lembro exatamente os detalhes,
18:37mas eu sei que chegou numa situação ali na última rodada,
18:40que um rapaz tinha perdido de todo mundo,
18:44e aí ele falou,
18:44ah, não vou jogar com o Hugo, não, vou embora.
18:47Ele foi tomar banho e estava indo embora.
18:49Só que se o Hugo não jogasse com ele,
18:51o Hugo não teria a chance de se classificar para a segunda fase.
18:55Ele estava automaticamente fora.
18:57Aí eu falei, não,
18:57esse cara não vai embora sem jogar com o Hugo,
18:59não é possível.
19:00Aí eu falei, eu vou lá, cadê ele?
19:02Ah, ele está ali, aí ele foi no ginásio do Fluminense,
19:05ele já estava de, eu me lembro perfeitamente,
19:07ele já estava de, já tinha tomado banho,
19:08já estava de jaqueta jeans na porta do ginásio para ir embora.
19:12E o Hugo ali esperando, porque ele tinha que jogar.
19:15Na verdade, ele não ia jogar com o Hugo, não,
19:16ele ia jogar com outro cara.
19:18Era isso.
19:19E aí eu falei, não, ele vai ter que jogar.
19:21Aí eu fui lá na porta, eu falei assim,
19:24poxa, você tem que jogar.
19:25Ele falou, não, eu não tenho que jogar nada,
19:27eu faço o que eu quiser.
19:28Eu falei, não, olha, resumindo,
19:30eu enchi tanto a paciência do cara,
19:33que o cara não teve escolha.
19:35Eu falei, você vai fazer isso com o Hugo?
19:37Você vai tirar a chance dele de se classificar
19:39para a segunda rodada?
19:41Era o primeiro torneio de adultos
19:42que ele poderia chegar na final.
19:44Bom, eu sei que o cara ficou irritado comigo,
19:48mas no final das contas,
19:49ele voltou para o ginásio,
19:51tirou a roupa,
19:52botou o uniforme,
19:53e aí jogou com o outro rapaz.
19:56Ele acabou ganhando, acho que, um sete,
19:58e aí, com isso, o Hugo se classificou
20:00e o Hugo foi vice-campeão,
20:02se eu não me engano, daquele campeonato.
20:04Então, eu acho que eu ganhei um pouquinho
20:06de fama de mãe brava ali,
20:09mas eu acho que foi por um bom motivo.
20:12Eu faria de novo, se precisasse,
20:15porque eu acho que quem é mãe sabe, né,
20:17o que a gente não é capaz de fazer.
20:18Até passar uma vergonha dessa
20:20para defender o filho, a gente passa.
20:23Exatamente, foi seu instinto de mãe,
20:26que entrou em ação ali na hora e foi.
20:30Agora, uma qualidade marcante.
20:34Minha ou do Hugo?
20:35Do Hugo.
20:37Do Hugo?
20:43São tantas, né?
20:44Ele é muito inteligente,
20:46mas eu acho que a qualidade mais marcante
20:49para mim, eu acho que é a gentileza, assim, dele.
21:01Agora, um defeito.
21:07Defeito, às vezes ele é um pouco teimoso.
21:12É, eu acho que é isso.
21:13Mas também não é muito, não.
21:14E agora, como é que ele era na escola?
21:18Ele já te deu trabalho?
21:20Ele sempre foi aluno de atuar?
21:21Foi sempre tranquilo?
21:24Foi, ele era muito, muito bom aluno.
21:26Muito inteligente.
21:27Muito, não dava nenhum trabalho.
21:29Ele, quando ele era,
21:31começou a viajar para jogar,
21:33ele às vezes perdia muitas aulas.
21:35E aí a gente, quando ele voltava,
21:37ele fazia umas aulas particulares
21:38para recuperar e sempre tirava nota boa.
21:41A gente tinha uma combinação
21:43de que ele não podia ficar de recuperação,
21:46porque senão ele não iria para o Campeonato Brasileiro.
21:48Sempre era no final do ano.
21:50E para ir para o Campeonato Brasileiro,
21:51ele tinha que passar de ano.
21:53E ele sempre fazia isso.
21:55Não tinha nenhuma preocupação.
21:58Sempre foi bom aluno.
21:59E ele era tímido.
22:01Então, sempre foi super obediente.
22:04Nunca deu trabalho.
22:07Ai, que bom.
22:08Isso é ótimo, mamãe.
22:10Momento emocionante que você viveu com o Hugo.
22:13Não, nada abarrou a Rio 2016.
22:16Aquele ginásio lotado no Rio.
22:19As pessoas cantando o nome dele.
22:21Acho que eram 3, 4 mil pessoas.
22:25Ele tinha 20 anos.
22:27Ninguém conhecia ele.
22:28A gente estava ali.
22:29Aquilo ali, para mim,
22:30eu acho que eu esqueci,
22:31porque parece que não aconteceu.
22:32Até hoje, quando eu lembro da Rio 2016,
22:35parece que foi um sonho
22:36o que a gente viveu ali.
22:37foi muito emocionante.
22:41Ele chegou lá,
22:43ganhou o primeiro jogo.
22:45Depois, no segundo jogo,
22:48já não era esperado que ele ganhasse,
22:51porque já era um cara melhor que ele no ranking.
22:53Aí ele ganhou.
22:54Depois ele ganhou o terceiro.
22:55E aí, à medida que ele ia ganhando,
22:57as pessoas iam lotando mais o ginásio,
23:00todo mundo ficando doido,
23:01acompanhando aquele moleque
23:02que ninguém tinha ouvido falar.
23:04Então, realmente,
23:05eu acho que foi difícil
23:08barrar a emoção que a gente sentiu
23:10ali em casa, na nossa cidade,
23:13acompanhando o nosso filho viver aquilo.
23:17É, foi muito bonito.
23:18Eu vi na televisão,
23:19mas eu achei extremamente bonito.
23:21E por último,
23:23manda um recado para ele.
23:24De dia das mães, aproveita e pode abrir o seu coração.
23:31Hugo, eu vou falar uma coisa
23:32que você já está cansado de saber,
23:34mas a gente sabe que é sempre bom repetir.
23:36Você tem, a gente tem um orgulho.
23:38Vou falar de mim,
23:40já que é dia das mães.
23:42Eu tenho muito orgulho de ser sua mãe
23:44e mãe da sua irmã.
23:46Vocês trazem muita alegria para a gente.
23:52É um prazer ver o que vocês se tornaram
23:56dois adultos,
23:58pessoas boas, íntegras,
24:01e que fazem muito bem para as pessoas.
24:05Eu estou muito feliz de comemorar
24:06esse dia das mães
24:07num momento tão feliz da sua carreira.
24:10Você deu um presente,
24:11um presente antecipado para mim,
24:14mas eu acho que foi um presente
24:14para todo mundo,
24:15poder comemorar essa vitória com você.
24:18E eu acho que
24:20ainda tem muito na sua carreira
24:22que a gente vai poder comemorar junto,
24:25mas, de qualquer maneira,
24:26tudo o que aconteceu até agora,
24:28eu considero um presente para mim.
24:29Ah, que lindo!
24:34Então, muito obrigada, Elisa.
24:36Agora esse vaso de papo ficou muito bom.
24:38Um feliz dia das mães e tudo de bom.
24:41Obrigada.
24:42Um feliz dia das mães para todas as mães.
24:44Sim.
24:46Obrigada.
24:47Tchau, tchau.
24:48Beijo.
24:49Tchau, tchau.
24:49Tchau, tchau.
24:50Tchau, tchau.