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ENTREVISTA SARAH MENEZES - ESPECIAL DIA DAS MÃES

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Esportes
Transcrição
00:00Fala pessoal que nos acompanha no Lance, estamos em uma semana muito especial que é a Semana de Dia das Mães
00:06e eu escolhi uma entrevistada muito especial para falar dessa data, não só porque ela já é mamãe,
00:11mas também porque ela está esperando a segunda filha.
00:13Além disso, ela tem um protagonismo incrível dentro dos tatames, no nosso cenário nacional esportivo.
00:19Seja muito bem-vinda à nossa ex-judoca e atual técnica da seleção brasileira, Sara Menezes.
00:25Um prazer enorme falar com você, obrigada pela sua disponibilidade entre a sua rotina de maternidade, treinos com a seleção, clube, enfim.
00:34Obrigada de coração e já desejo um feliz Dia das Mães em dose dupla para você.
00:39Muito obrigada, eu que agradeço, muito feliz. Obrigada por lembrar de mim nessa data também.
00:45Querendo ou não, é inesquecível o Dia das Mães, era um sonho a ser realizado e foi concretizado com 31 anos.
00:53Fiquei super feliz, tinha esse grande objetivo no final da minha carreira de ser mamãe e tenho uma princesa muito linda e maravilhosa.
01:01É muito legal, porque você conseguiu realizar tantos feitos de ser campeã de Grand Slam, bicampeã mundial, não é medalhista olímpica, é campeão olímpico, é outro patamar, além de muitas participações em competições importantes, não só nos jogos.
01:20E Sara, assim, para você, realizar o sonho de ser mãe, como que foi esse processo de amadurecimento?
01:25Você não quis dar uma pausa na carreira, foi depois, e me corrija se eu estiver errada, mas como que foi trabalhar com essa ideia de ser mãe?
01:33Porque a vida muda para sempre, você trabalha hoje ainda no âmbito esportivo, ainda tem uma rotina que é muito similar à sua como em judoca,
01:41Então, ainda tem viagem, tem rotina, regrada, tem muita coisa que você precisa conciliar com essa vida de mãe.
01:48Como foi trabalhar com essa ideia da maternidade, assim, pós carreira?
01:51Olha, eu sempre tinha planejado, assim, a minha rotina, né, eu fui atleta muito cedo, eu entrei na seleção com 15 anos de idade,
02:00e meu corpo, ele estava cansado, porque no meu esporte tem a dieta, né, tem aquela perca de peso, então meu corpo, ele estava cansado,
02:09então eu me imaginei uma certa idade competindo, e logo após eu pensei em ser mamãe, e querendo ou não, vendo na internet, né, tabela essas coisas,
02:20você vê que era importante ser mãe antes dos 35 anos, ou até os 38, né, então como eu pensava de ser mãe de 3 crianças,
02:30ou até mesmo 4, eu tinha que começar a produzir mais cedo, então eu me planejei que com 30 anos, eu poderia tentar o meu primeiro bebê,
02:41e foi muito rápido, assim, deu certo, fiquei super feliz, muito contente, então eu fiz esse planejamento na minha carreira,
02:50pós-atleta, né.
02:51Não, muito legal, e o que tem sido de diferente dessa primeira gestação, que é tudo novo, né, por mais que você tenha uma rede de apoio,
02:58e conhecimento de saber mais ou menos como funciona, mas vivenciar é bem diferente, né, e essa segunda gestação também,
03:04que você está nesse momento, o que tem sido diferente, você se sente mais preparada, digamos assim, para encarar a maternidade?
03:10Eu sempre me senti preparada, né, graças a Deus, eu sempre fui uma pessoa muito positiva, a minha primeira gestação não tem nada a ver com a segunda,
03:19altamente diferente, a primeira parece que eu nem estive grave, ao decorrer da minha gestação eu não tive nenhum parâmetro, assim, de gestante,
03:27tudo que eu conversava com as gestantes eu não senti nada, eu parecia uma pessoa normal, que passou os 9 meses e tive anina,
03:34e nem passei os 9 meses, foram 7 meses ali, ela nasceu de prematura tardia, pelo Covid.
03:41Já na segunda gestação, tudo de grávida eu senti, tudo de um gestante, tive as sensações ruins, né, de colocar pra fora,
03:52de não querer comer, de enjoos, tive essa parte por muito tempo, foi quase até o sexto mês, foi quase a gestação toda,
04:00foi uma coisa, assim, que eu comparo com a primeira. E a minha bebê, essa segunda, ela mexe muito, muito mesmo.
04:08A Nina não mexia nada, a primeira gestação, a segunda, nossa, mexe pelas duas, muito mesmo.
04:15Gente, que curioso, né, porque não tem uma lógica, óbvio, né, corpo humano é tão complexo, mas em tese, geralmente, né,
04:22você teve uma mais tranquila, digamos assim, uma segunda que tem demandado um pouco mais de você, isso é muito curioso, né,
04:28e cada filha é muito particular, né, às vezes recebe, às vezes não, né, recebe a mesma criação
04:32e também vão ter personalidades diferentes, gostos diferentes.
04:35A gente conversou outro dia, você tava com a tua filha mais velha na aula de judô,
04:39às vezes essa filha que tá vindo agora vai ligar pra futebol, então é uma incógnita, assim,
04:44como que você pensa na formação da personalidade das crianças?
04:48Como que é a sua filha mais velha e como, assim, que você foi se surpreendendo com os gostos
04:53e personalidade da construção dela?
04:55Eu acredito que o mais importante é eu estar junto com ela, né, o que ela escolher, eu estar ali próxima,
05:02é aceitar, observar e ver como ela vai conseguir realizar.
05:07Eu acho que eu não tenho que escolher por elas, elas têm que escolher por elas mesmas e experimentar.
05:13Eu acho que eu vou fazer dessa forma, já conversei com meu noivo sobre isso, meu esposo,
05:18então a gente acredita dessa forma.
05:19A Nina, eu demorei a colocar ela no judô, e ela me cobrava desde pequenininha,
05:24mamãe, judô, judô, judô.
05:26Hoje ela vai fazer quatro aninhos, ela me cobrou, matriculou ela no judô,
05:30mas no início eu botei em outros esportes, botei na natação, no balé,
05:33pra ela ter um desenvolvimento motor até.
05:36Com quantos anos você começou a praticar o judô, Sara?
05:39Com nove anos, bem tarde.
05:41Nossa, que a sua filha tá começando, ó, bem antes.
05:46Ela muito cedo.
05:48Eu falo pra ela, ela me perguntou, mamãe, você começou com três anos?
05:51Porque ela tem três anos.
05:53Eu disse, não, filha, a mamãe começou com nove anos, você tá começando bem cedo.
05:58É, realmente, assim, nossa, muito, muito legal, pra gente ver que realmente não tem regra, né.
06:02O que eu ia te perguntar também, Sara, é o seguinte,
06:04a gente sabe que você fez o seu primeiro ciclo olímpico como técnica.
06:08Gente, eu não reparei a bagunça, Sara, eu acabei de sair de um compromisso.
06:12Tô escutando, hein.
06:13Uma entrevista coletiva, e aí tem aquele turno estágio,
06:16e as crianças estão, assim, super envoltadas.
06:18Eu tô vendo a professora falar, nem, não pode, ela tá entrevistando.
06:22É, tadinho.
06:23Não, pode deixar ela, Sara, não vou atrapalhar esse momento.
06:27Um ano pós Paris, né, você fez o seu primeiro ciclo como técnica da seleção feminina,
06:33e aí você, parabéns pelo prêmio do COBE também,
06:36como a melhor técnica no individual.
06:39Obrigada.
06:39Muito legal esse reconhecimento.
06:42Mas eu imagino que a gravidez também tenha que ter tido um plano, né,
06:45porque a gente fala, no geral, que é um ano mais morto pós-olímpico.
06:49Então, eu suponho que você também deu uma planejada, eu não sei, né,
06:52posso estar falando besteira aqui, mas...
06:54Eu me planejei, eu me planejei.
06:56Depois da Nina...
06:56Você viu nesse sentido da gravidez, Sara, nesse ano pós-olímpico?
06:59Sim, eu me planejei também.
07:01Após eu ter a Nina, né, a confederação, foi super legal comigo,
07:06porque eu tive a oportunidade de amamentar a Nina até os seis meses.
07:10Quem trouxe o Pelé?
07:11A Nina, até os dois anos, dentro do Brasil, ela me acompanhou nas viagens que eu tinha,
07:17eu conseguia levar ela, treinamentos que tinha no Brasil,
07:22eu só não conseguia levar no internacional.
07:24Então, eu tive essa participação de forma positiva.
07:27E como eu fui mãe de primeira viagem, e são muitas viagens,
07:31então, eu deixei um tempo pra eu ter meu segundo bebê.
07:35Então, eu esperei fazer meu segundo bebê nesse intervalo,
07:39após os Jogos Olímpicos, que é um ano praticamente meio morto, né.
07:43Então, eu me programei pra fazer meu segundo bebê agora.
07:46E consegui, consagrei logo após os Jogos.
07:50Foram três tentativos, na terceira nós conseguimos engravidar,
07:53e veio a Catarina.
07:55Pra quando tá prevista a sua segunda neném, pra nascer?
07:59A minha segunda neném, na próxima semana, eu vou fazer um ultrassom.
08:02Eu estou chegando a 36 semanas.
08:06Então, ela pode, a partir de 37, ela pode estar vindo.
08:10Eu vou tentar normal.
08:11Então, após a ultrassom, vamos ver se vai sair normal ou se vai ser cesárea.
08:17Vai depender de como ela vai estar dentro de mim.
08:19Porque a gente grava, né, Sarinha, essas entrevistas antes da data, né.
08:22Porque a gente tem todo um processo de edição.
08:24Não dá pra chegar no dia e falar, ah, é hoje.
08:27Então, quem sabe quando essa entrevista for pro ar,
08:29quem sabe, Sarinha, já vai ser mamãe.
08:31Vou torcer pra isso.
08:32Já vou ser mamãe, né.
08:34Vai na reta final, né.
08:36A Nina é do dia 14 de maio, já tô na reta final.
08:40A Nina é do dia 14 de maio.
08:43Na semana do aniversário da Nina, eu vou estar fazendo 38 semanas.
08:49Ou seja, vai ser muito especial essa reta final, de qualquer forma.
08:52Muito, muito legal.
08:53Sim.
08:54E você estava falando de acompanhar nas viagens, né, da sua primeira filha.
08:57Eu lembro de ter ido até Pinda, no treinamento internacional que vocês fazem de campo lá.
09:02E você estava mesmo com um carrinho com ela.
09:05A gente conversou, ela era bem pequenininha.
09:07Então, como que é pra você também, desafiador,
09:10essa questão de conciliar o tempo livre,
09:13de tentar fazer alguma coisa com ela, né, com o teu esposo também.
09:17Mas, ao mesmo tempo, você tá ali, tem que assistir vídeo dos adversários,
09:20conversar com os atletas e comissão técnica,
09:22porque seu trabalho não termina ali quando o treino se encerra, né.
09:25Eu imagino que tem muita coisa ali por trás que você fica pensando.
09:28Como tem sido pra você essa vida de conciliar tanta coisa pessoal, profissional,
09:32e a maternidade vem junto nisso?
09:34Pra mim foi natural e bem tranquilo.
09:36Até porque eu estou na área que eu domino, né.
09:39Então, é muito mais fácil.
09:43É uma vivência que eu tive, é uma experiência.
09:46O que eu tive que aprender foi entender a cabeça dos atletas,
09:51porque antes eu era um atleta.
09:53Então, esse foi um trabalho maior que eu tive ao decorrer da minha trajetória como treinadora.
10:01Entender o que passa na cabeça dos atletas, entender cada pessoa, né.
10:06Cada um tem um perfil, cada um tem uma maneira de pensar, de agir.
10:11Então, esse foi o ponto principal ao decorrer da minha trajetória como treinadora.
10:18Não, é extremamente importante você falar isso.
10:21E assim, gente, a Sarah, ela foi a primeira atleta e técnica campeã olímpica.
10:26Então, isso é de um valor, assim, que é muito legal ter a oportunidade de ver esse seu lado B,
10:31esse seu lado humano.
10:32Agradeço a Camila, assessora, que fez essa ponte, porque a importância de vocês falarem, Sarah,
10:38de vocês darem entrevista e passarem esse conhecimento para as pessoas,
10:41independente de elas entenderem o judô, saber se é hipom ou não,
10:45é mais sobre os valores de vida.
10:47E eu queria que você falasse que tipo de valor que você aprendeu no judô,
10:51que é uma modalidade que, poxa, tem que ter tanta disciplina,
10:55tem valores de questão de hierarquismo, tem tudo a ver com o berço da modalidade.
10:59O que você tenta aplicar no seu dia a dia, de tudo o que você viveu como atleta,
11:04que você não foi uma atleta comum, né, de longe, para as suas meninas?
11:09Olha, eu acho que o respeito, ele é acima de tudo, né?
11:14Paciência, perseverança, tem muitas palavrinhas, mas assim,
11:19você ser grata ao outro, respeitar o próximo, eu acho que é o principal.
11:24E é legal, todo o protocolo que vocês têm antes de entrar no tatame,
11:28quando vocês saem nessa questão do respeito, de valorizar o tempo ali que vocês têm,
11:33das pessoas que já passaram e construíram a história do judô mundial, muito, muito legal.
11:38A gente entra na nossa reta final, que eu preciso te liberar, sei que você tem muita coisa por aí.
11:42A gente já falou muitos dias das mães, eu só queria que você desse um pitaco
11:45do que a gente pode esperar dessa seleção feminina e masculina que tem se renovado.
11:49Eu acho tão legal as pessoas na internet, nas redes sociais,
11:52conhecendo um pouco mais da modalidade, seja por causa da nossa BIA, né,
11:56grande campeã olímpica, sua judoca.
11:57E como que você vê esse momento atual do judô?
12:01É o nosso carro-chefe de medalhas, então eu queria que você falasse
12:04o que a gente pode esperar para esse próximo ciclo de Los Angeles.
12:07Olha, eu vejo uma excelente renovação, tem muitos jovens se destacando super bem
12:12nesse primeiro ano, e eu acredito que o judô pode vir muitas surpresas, né, até lá, até 2028.
12:21Porque tem uma mistura que é muito agradável, os experientes com os menos experientes,
12:28e está tendo sucesso igual.
12:30Então eu acredito muito no potencial do judô brasileiro.
12:34Os clubes vêm fazendo um excelente trabalho com cada atleta,
12:38a confederação e o comitê olímpico também.
12:40Então essas três unificações estão bem unidas, estamos bem concentrados,
12:47e conseguimos dar o suporte necessário para cada um deles, para ter um excelente resultado.
12:54Sara, eu acho assim, falando mais da seleção feminina, né,
12:57a gente sabia que a Larissa tinha um grande potencial, a Bia Nisse Fale,
13:01já com um, só era a medalha que faltava para ela nessa consagração, né,
13:04uma pena que a gente só leva um atleta por categoria, né,
13:07porque a gente tem uma disputa interna também muito legal de vocês administrarem.
13:11Muito grande.
13:11Você falou assim, ah, uma renovação, é, você falou uma renovação.
13:15Mas assim, tudo bem que elas devem procurar a Bia, a Rafa, as meninas, né, do Cadete,
13:19enfim, para conversar, mas você também é uma grande referência.
13:22Que tipo de instrução e tranquilidade que você tenta passar para as suas atletas
13:27quando elas estão em competições como nível de uma Olimpíada?
13:30Eu sempre digo para elas que o tempo de dentro do tatame, ele é sagrado.
13:36E assim, não ter pressa, ter paciência é importante, sensações.
13:40Eu sempre vejo as sensações quando você pega no kimono, não é só pegar na roupa,
13:45é sentir o desequilíbrio, é ter a sensação do movimento para tanto defender como para atacar.
13:52É importante ter golpes para os quatro lados e saber fazer sempre dos dois lados,
14:01tanto o desco como o canhoto, mesmo não gostando.
14:04E não ter pressa, ter paciência, que os movimentos eles saem.
14:09Começa devagar, não se sentir iniciante, mas sim aprender.
14:15Então eu fiz muito isso com a Larissa Pimenta, conversei muito com a Bia sobre isso,
14:20conversei muito com a Jéssica Lima também, com a Natasha,
14:25que são meninas que eu via a facilidade de fazer movimentação e golpes.
14:30Então eu dizia para elas, às vezes é a insegurança, e é importante ter a segurança.
14:35E tem a repetição, não querer só fazer luta, luta, luta, luta.
14:39É bom praticar a técnica, repetir, fazer pausadamente, voltar.
14:46Então o maior segredo da nossa modalidade é a paciência de repetir os movimentos
14:52até sair sem pensar.
14:54Nossa, muito lindo o que você falou.
14:56Sarah, por mim ficaria aqui a tarde inteira conversando com você,
14:59mas sei que você tem muita coisa para fazer.
15:02E assuntos não vão faltar, claro que a gente vai se encontrar em outras oportunidades
15:06aqui no ANS, para a gente falar de você, das suas filhas, de seleção,
15:10visitou como um todo, que é uma modalidade que eu adoro e acho incrível o acesso
15:14que também a empresa tem a oportunidade de sempre estar falando com vocês,
15:17vem nos treinos, isso é muito importante.
15:19Estive no Pinheiros também, agora estou lembrando,
15:21vocês treinam em um monte de lugar e a gente só vai lá acompanhando dentro do possível.
15:26Um beijo para você, que você tenha um excelente fim de gestação,
15:29conte sempre com a gente.
15:30Obrigada, eu que agradeço, beijo.

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