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  • 29/04/2025
dicas úteis para os pais

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Transcrição
00:00Criança às vezes já tem dificuldade de comer coisas saudáveis, porque a gente vai sempre para o doce,
00:07vai para as coisas mais gordurosas, é batatinha frita, carboidrato.
00:13E aí, por que muda isso quando a gente fala de autismo?
00:19Dentro do autismo não é só uma seletividade, né?
00:22E muito que a gente estava conversando ali fora antes e muitas pessoas pensam assim
00:27que se a criança só come doce, os pais ofertam doce, é uma criança seletiva.
00:32Não é bem por aí, a gente tem que separar o que é uma seletividade e o que é uma seletividade por mal hábitos também, né?
00:39Mas dentro do autismo tem toda uma rigidez por trás, tem toda uma dificuldade.
00:44Por isso que a seletividade alimentar não é tratada somente com o nutricionista, muito pelo contrário.
00:50Tem toda uma outra equipe, né?
00:51Desde fono, teó, psicólogo, que precisa estar envolvido para o tratamento na seletividade dentro do autismo.
00:58Falei da doutora Marta, a doutora é neuropediatra, né doutora?
01:02Isso, isso.
01:02E qual a importância do seu trabalho com as crianças autistas?
01:06Bom, em primeiro lugar, né?
01:08O médico neurologista, ele não só prescreve remédio, a gente faz a identificação do quadro clínico,
01:14do que a criança apresenta, o diagnóstico, tá?
01:17E a gente tem que fazer a prescrição correta de terapias e para isso eu tenho que conhecer o que é o autismo
01:23e levantar a lista de problemas que tem que trabalhar.
01:26Um deles é a seletividade alimentar, né?
01:29E como a Mônica mesmo falou, em relação à seletividade, não é só uma pessoa que tem essa abordagem.
01:37Por exemplo, o autismo, a criança já tem dificuldade em interagir e se comunicar socialmente
01:42e ela tem padrões restritos e repetitivos de comportamentos e atividade.
01:46Então, nesse segundo grupo de comportamentos restritos, repetitivos, é que entra a seletividade alimentar, tá certo?
01:53E eu tenho que pensar que não é só um aspecto que eu tenho que trabalhar.
01:58Então, quando é bebezinho, às vezes a criança tem dificuldade de mastigar.
02:03Então, eu preciso de um fonoaudiólogo para ver os aspectos motores da mastigação, né?
02:07Que todo mundo acha, ah, não gostou da carne.
02:10Muitas vezes ela é seletiva em relação à carne, porque ela não consegue mastigar ou engolir direito.
02:15Então, a criança pode ter uma musculatura mais hipotônica, uma musculatura inadequada que ela não consegue engolir.
02:23Daí entra aí os aspectos sensoriais, né?
02:25Então, desde a introdução alimentar, muitas crianças começam a cuspir as papinhas, né?
02:30Então, isso não é só no autismo, mas é um sinal importante.
02:33Então, quando a criança sai lá da mamadeira e começa a introdução, a gente tem que observar até isso.
02:39Então, ela não gosta da textura, do cheiro, do sabor, da forma da comida, do aspecto visual, né?
02:47E também porque a criança pode ter uma rigidez de comportamento.
02:50Então, eu só como aquilo ou eu só como aquilo naquele determinado local.
02:55Então, eu como na escola, mas eu não como em casa, né?
02:58Eu não tenho vontade de experimentar coisas novas.
03:02Eu não sou flexível o suficiente para lidar com mudanças na minha alimentação.
03:06Então, existem vários aspectos que têm que ser abordados, né?
03:09Desde os aspectos motores, aspectos sensoriais e comportamentais, né?
03:14Então, a gente muitas vezes precisa de uma equipe.
03:16Então, quando eu vejo que a criança tem essa queixa, eu mando geralmente.
03:21Tem que ter uma avaliação no fonoaudiólogo.
03:23Ele tem que ter uma avaliação de um terapeuta ocupacional que tenha formação com os aspectos sensoriais
03:29para fazer um levantamento dessas disfunções, né?
03:32E eu preciso, às vezes, de um psicólogo comportamental ou então de um terapeuta alimentar, né?
03:39De um nutricionista com essa especialização em terapia alimentar.
03:43Porque uma grande parte dos protocolos de terapia alimentar são para melhorar a rigidez, não é isso, Mônica?
03:49Porque mais de 60% eu acho que é rigidez, não é tão...
03:52Não é mais cheiro, sabor, né?
03:54Isso contribui bastante, mas a parte da rigidez de comportamento.
03:59Eu não quero comer aquele alimento por aquele aspecto ou nem quero experimentar sem sentir o gosto, né?
04:06E também tem a parte de estratégia, né?
04:08De fazer uma receita diferente.
04:11Eu sempre falo dos alimentos de adaptação, né?
04:14Então, a gente faz estratégia para que essa criança aceite melhor.
04:17Talvez, como a doutora Marta falou ali, ah, não consegue, não tem habilidade de mastigar ou saber como introduzir uma carne que fique mais fácil para poder mastigar, engolir.
04:26Claro que sempre acompanhando ali como profissional, né?
04:29Mas estratégias ali na hora do preparo também, como a gente faz dentro do consultório.
04:34Eu ia perguntar até se tem um padrão de alimentos.
04:37Sei lá, são só os legumes, são só as carnes, tem isso também ou vai variar pela criança?
04:43Tem muito um padrão, mas a maioria deles são alimentos crocantes, né?
04:48Sem muito molho e de fácil eles pegarem, né?
04:52Do que um macarrão cheio de molho ali, um feijão, um arroz.
04:56Então, a gente consegue fazer um macarrão de arroz e feijão mesmo.
05:00A gente consegue fazer uma farinha de frango que a gente consegue com essa criança.
05:05Consuma uma proteína através de um bolo feito com uma farinha do frango.
05:09Então, são estratégias que a gente usa dentro do consultório para nutrir essa criança.
05:13Porque a gente tem as medicações, tem a suplementação, mas eu sempre coloco ali.
05:17A gente precisa ensinar essa criança a comer, ela a gostar e ter prazer.
05:21Então, é isso que a gente costuma fazer mesmo e mostrando para os pais.
05:26Não adianta só eu estar dentro do consultório com a criança e os pais não saberem lidar com a situação.
05:32Até mesmo como a doutora Marta falou, tem um comportamento.
05:34Às vezes é só comigo ou é só com uma outra nutria ou só na escola.
05:38Mas o pai e a mãe tem que estar junto, né?
05:40Para que essa criança aceite também comer junto com eles.
05:43E tem uma idade que essa seletividade começa a aparecer ou não?
05:49Ou vai pela percepção dos pais?
05:51Nós temos aí alguns estudos que entre um ano e três até um ano e seis meses,
05:55a gente tem uma janela aí que é onde tem um desenvolvimento.
05:59Exatamente, né?
06:00Então, os pais começam a queixar mais a partir, por volta dos dois anos, né?
06:05Então, aquela criança, às vezes ela comia algumas comidinhas e ela só vai para a mamadeira.
06:09Eu já atendi criança no consultório que a queixa, a busca da consulta era porque a criança só tomava onze mamadeiras por dia aos dois anos.
06:17Meu Deus!
06:17Então, aí a gente faz o... eu fiz o diagnóstico do autismo da criança.
06:22E é isso que eu até comentei na abertura, que eu fiquei pensando, né?
06:25Para tirar dúvida com vocês, é muito importante para o desenvolvimento, né?
06:29Essa nutrição para essa criança ser saudável, né?
06:32Porque eu imagino que já tenha tantas outras alterações dentro de...
06:37Possivelmente em situações que precisam de medicamentos e tudo mais,
06:41ter alimentação saudável vai só contribuir mesmo para essa criança.
06:45Porque nem sempre a gente vai conseguir colocar uma alimentação saudável nessa criança.
06:50Mas a gente tem que usar a estratégia para que ela aceite alimentos novos.
06:54E nem sempre a criança que tem uma seletividade, ela vai aceitar alimentos novos.
06:58Quando a gente fala em seletividade, principalmente no autismo, não é só alimentos saudáveis.
07:03Porque tem muitas crianças que comem ali...
07:05A comida é saudável, mas na hora de viajar, ela não come uma batata frita, talvez.
07:10Ela não come um chocolate diferente.
07:12Em terapia alimentar, não é só aceitar alimentos saudáveis, e sim variedades e jeitos diferentes também.
07:19Porque muitas das crianças, autista também, que elas não aceitam um biscoito, um pirulito, um sorvete.
07:25E eu falo que comer é social, né?
07:27A gente tem que socializar.
07:29E há famílias, assim, que eu tenho no consultório, que quando elas vão viajar, elas têm que levar as marmitinhas de casa.
07:34Os alimentos prontos, porque a criança não come a comida do hotel.
07:37Então, isso tem um impacto social muito grande também.
07:40E o físico, né?
07:41Porque uma criança que não se alimenta adequadamente, com quantidade de proteínas ou micronutrientes,
07:47muitas delas vão precisar de alguma suplementação.
07:49Mas a gente não quer suplementar o resto da vida.
07:52A criança tem que aprender a comer, né?
07:54É um aprendizado também, né?
07:56A gente tem um vídeo, inclusive.
07:58É um pacientinho, doutora?
07:59Ele é um menino, que ele é suporte 2, suporte 3.
08:04E ele chegou pra mim tomando só o leite, que a doutora falou ali.
08:07Então, era muito mais do que 11 mamadeiras.
08:10E ele...
08:11A mãe tentava colocar algumas coisas dentro da mamadeira, ele não aceitava.
08:16Nós começamos aí a terapia alimentar.
08:18E hoje ele já consome uma proteína e duas frutas.
08:23Então...
08:23Vamos colocar aí pra ver como tem sido esse processo, né?
08:26Roda aí.
08:27O Heitor foi diagnosticado com autismo aos oito meses.
08:31Desde então, nós já começamos o tratamento e a gente leva ele nas terapias diariamente.
08:35E quando a gente começou, tava indo tudo bem.
08:38Ele teve vários avanços.
08:42Mas aí, quando foi um ano e pouquinho, ele teve uma virose e ele acabou vomitando.
08:49E a partir daí, ele não quis comer mais nada.
08:52Ele largou até o peito na época.
08:54E aí começou a nossa batalha em fazer ele comer.
08:55Ele criou uma rigidez cognitiva muito grande.
08:59E não queria de jeito nenhum se alimentar de nada.
09:01Só...
09:02Aí ele ficou no leite, no suco e na água.
09:07E aí a gente suplementava tudo, tudo, tudo no leite, né?
09:10Porque o corpo humano precisa de vitaminas, de proteínas, carboidratos.
09:15Mas ele não queria saber.
09:17Então, a gente tinha que complementar tudo no leite.
09:19Esses três anos foram bastante difíceis, porque o Heitor não queria comer nada.
09:23A seletividade dele não reduzia.
09:26Até que a gente teve a indicação da presidente da Mastro de Santa Tereza
09:29pra estar levando o Heitor na Nutrimônica.
09:32E, graças a Deus, tem dado muito certo.
09:35Hoje, fazem aproximadamente dois meses que a gente começou o tratamento com ela.
09:39E ele já come duas frutas e uma carne.
09:41Então, estamos bastante felizes, porque pra muitos pode ser pouco,
09:46mas pra nós significa muita coisa.
09:48O dia que ele colocou a maçã na boca, mastigou e engoliu um pedacinho,
09:52eu fiquei muito emocionada, fiquei muito feliz.
09:54E, primeiramente, quero agradecer a Deus por ter colocado ela no nosso caminho.
09:59E agradecer o trabalho dela, porque está sendo bastante significativo pra nós.
10:04Ai, que legal.
10:05Um beijinho pro Heitor, pra família dele.
10:07E cada passo, né, é emocionante até de acompanhar, de ver.
10:14A gente fica, talvez, ah, é só uma maçã.
10:16Não, né?
10:17Não, é.
10:18É muito além disso.
10:19São agora já duas frutas, uma proteína e a gente incluiu já um carboidrato agora.
10:24Olha, que legal.
10:25Um pouco tempo, o Heitor, ele está proposto...
10:27Dois meses, né?
10:28Dois meses, é.
10:29Agora está com três meses quase já, depois do vídeo.
10:32Mas ele tem acompanhamento, como é psicólogo, ele tem a fono, ele tem a TO também.
10:36Então, a gente tem uma equipe assistindo essa criança.
10:40Isso é importante.
10:41E, doutora, às vezes, talvez pai, mãe, as pessoas que cuidam, né, dessas crianças
10:48ficam nervosas ali, sem saber o que fazer, preocupadas, agitadas.
10:54Como que a gente faz, né, pra lidar com isso diante da criança que tem essa resistência,
11:01essa seletividade, mas como não inverter os papéis, né?
11:05Às vezes, a gente fica mais agitado e não consegue ajudar, né?
11:09É, os pais, muitas vezes, acabam dando alimentos não saudáveis, né?
11:14E aí, quando vê que a criança é seletiva e, às vezes, isso pode até piorar um pouco o quadro.
11:19Eu acho que, assim, a gente tem que ter uma boa orientação e se cercar de profissionais bons, né?
11:24Então, porque um diagnóstico de autismo, ele não é fácil e com todas as nuances, né,
11:30que uma criança é diferente da outra, a gente precisa de um olhar, assim, individualizado,
11:36apoiar essa família, ela tem que sentir que ela não está sozinha, né?
11:40Então, eu acho que é muito importante isso.
11:41A questão do diálogo, do acolhimento é muito importante dentro dessa situação.
11:47E só lembrando também, Tiago, os comportamentos restritivos e restritos, repetitivos,
11:54otari, que a gente tem em adultos, a gente tem que olhar o tismo, tá?
12:00Olha só.
12:01Então, os comportamentos restritos e evitativos e adultos com transtornos alimentares,
12:07lá dentro da psiquiatria, principalmente mulheres, os estudos atuais mostram que a gente tem que investigar
12:13se por trás desse comportamento alimentar, que começou com seletividade, não tem um autismo feminino, principalmente.
12:20Olha só.
12:21A gente até falou de autismo em adultos dias atrás aqui no programa, mas não chegamos nesse ponto.
12:27Sim, né?
12:27Porque a gente olha na criança, né?
12:29Principalmente em mulheres, né?
12:30Então, a gente, a mulher chega com diagnóstico secundário, ela chega com transtorno alimentar,
12:36com ansiedade, com depressão, diagnóstico de TDAH e o quadro primário era um autismo.
12:43O resto, pela falta de identificação, vai criando um monte de comorbidades, caronas e prejuízos
12:50e porque não foi reconhecido e não foi tratado, que é isso que a Mônica está fazendo.
12:54A gente precisa tratar, né?
12:56Então, a gente tem que ter um desconfiômetro do profissional médico em cima disso, tá?
13:02E, principalmente, autismo nível 1 de suporte, que é aquela mulher inteligente, que ela fala,
13:07que ela conversa, mas que ela tem um transtorno alimentar e eu tenho que pensar em autismo.
13:11E que começou assim, como a Mônica falou, com seletividade, com uma rigidez de comportamento
13:16e não foi dado um olhar adequado, um tratamento adequado e nem se pensou que pudesse ser.
13:25Quando tem irmãos, que daí às vezes um come um tipo de coisa, outro come outro tipo de coisa,
13:32muda muito nesse caso, dá pra, de alguma forma, o irmãozinho mais velho ou mais novo
13:37inspirar essa outra criança a comer o que precisa?
13:41Isso vai muito da disposição da família também, porque quando a família está alinhada,
13:47eu falo, está treinada ali, né?
13:49Ela vai usar esse irmão mais velho pra poder ajudar o mais novo.
13:52Então, são táticas que a gente usa quando tem irmão mais velho mesmo
13:55pra ele poder estar consumindo alimento diferente e trazendo pro irmão mais novo ali provar, né?
14:01O mais velho ajudar o mais novo.
14:03Ou vice-versa também, porque a gente aprende muito com as crianças menores.
14:07Então, a gente consegue treinar esses pais, por isso que eu falo que é importante os pais verem,
14:12estar dentro da sala de terapia, vendo o que está acontecendo também,
14:15pra poder lidar com as situações em casa, com os outros demais familiares.
14:20Tchau, tchau.

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