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Gerardo Portela, doutor em gerenciamento de riscos e segurança, analisou o apagão sem precedentes que afetou Espanha e Portugal. O especialista destacou os impactos econômicos, o risco sistêmico para indústrias e o desafio na retomada do fornecimento elétrico em três países europeus.

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Transcrição
00:00Sobre essa situação na Espanha e Portugal, eu falo agora com o Gerardo Portela,
00:04que é doutor em Gerenciamento de Riscos e Segurança.
00:07Boa noite, Gerardo. Seja bem-vindo ao Jornal Times Brasil.
00:11Boa noite, Natália, a todos que nos acompanham.
00:14Bom, Gerardo, quando a gente tem um apagão desse porte,
00:18de fato sem precedentes ali naquela região,
00:21quando isso acontece, quais são as estruturas e quais são os setores que ficam mais vulneráveis?
00:26É óbvio que a população da Europa não está acostumada com esse tipo de evento.
00:33Ao contrário, aqui no Brasil a gente já passou por algumas vezes até os Estados Unidos recentemente.
00:38Então, eles têm algumas dificuldades, mas existe uma experiência muito significativa e técnica
00:48na condução de situações como essa.
00:51A orientação do primeiro-ministro da Espanha foi brilhante.
00:55Então, ele está fornecendo informações, capitaneando a fonte de informações,
01:02porque nós vamos ter sistemas de transporte muito afetados
01:06e, obviamente, sistemas de alimentação elétrica de domicílios.
01:11Então, você tem problema com aquecimento, problema com deslocamento, com transporte.
01:16Na medida em que o tempo vai avançando, as consequências vão se tornando um pouco mais críticas,
01:21porque você tem armazenagem de alimentos, você precisa fazer operações bancárias
01:26e, muitas vezes, você consegue manter algumas dessas atividades com geradores próprios
01:32ou mesmo com bancos de baterias, alguns ainda têm reserva de energia nos seus celulares.
01:38Na medida em que as horas vão passando, a situação vai ficando mais crítica.
01:42E, obviamente, um apagão como esse, o retorno dele é muito delicado, é uma operação lenta.
01:49Você precisa sincronizar usinas geradoras de eletricidade uma por uma.
01:55Algumas delas, como a usina de trilho na Espanha, nas imediações de Madrid, são nucleares.
02:02Então, elas têm todo um protocolo.
02:04Depois de algumas horas, elas têm mais dificuldade para retornar ao sistema.
02:10E precisa isso ser feito junto com as outras usinas das demais fontes de energia.
02:17Então, é uma operação delicada e que se busca muito, nesse primeiro momento,
02:22a população e até algumas atividades públicas entender o que está acontecendo.
02:30Mas, de fato, isso vai demorar.
02:32Porque, mesmo que a gente encontrasse ali uma torre de transmissão, por exemplo, caída,
02:37isso não justificaria um apagão tão grande.
02:40Então, encontraria uma causa inicial.
02:43Mas por que os sistemas de proteção, porque é um sistema resiliente, robusto,
02:48não conseguiram contornar aquela situação, isolar o problema a uma região específica?
02:53Então, essa é a grande questão.
02:55A gente pode ter várias linhas de investigação nesse momento,
02:58mas só com mais dias é que a gente vai ter as principais linhas e uma investigação
03:04que possa dizer realmente o que aconteceu, a sucessão de falhas que levou a isso,
03:09só mesmo com, talvez, 30 ou 60 dias ou até mais.
03:15Importante demais entender o que aconteceu.
03:17Enquanto você falava, a gente via imagens ali das cidades, dos mercados,
03:22a energia parece que ia oscilando ali.
03:25Fico imaginando o impacto disso.
03:28E em grandes empresas, em indústrias, claro, tem os casos humanos, particulares,
03:33as pessoas que dependem de aparelhos, no hospital, num cuidado domiciliar mesmo.
03:39E agora, nas indústrias, por exemplo, então é tão prejudicial ficar sem energia.
03:44Agora, a operação para retomar a energia, para voltar ao fornecimento,
03:49também é muito delicada?
03:51É muito delicado o retorno e essa degradação,
03:55porque a nossa estrutura tecnológica é muito dependente da energia elétrica.
04:00Então, vai se degradando.
04:01Nas primeiras horas, a percepção disso é menor.
04:04Mas você vai ter dificuldade, porque para você deslocar volumes de água,
04:09nas adutoras, você precisa de bombas, elas precisam de energia.
04:13Até mesmo combustível, você precisa de bombas que são elétricas.
04:17E até mesmo as indústrias que produzem, algumas possuem geração própria,
04:22mas a maioria não, depende de fornecimento de energia elétrica.
04:26Então, essa degradação vai aumentando e é preciso reagir muito rapidamente.
04:31Ao mesmo tempo, tem toda essa dificuldade no retorno,
04:35porque é uma operação delicada, que são várias usinas, nesse caso,
04:38de vários países que precisam retornar ao sistema.
04:43Você precisa ter uma estabilidade, uma sincronia.
04:45Então, você tem uma frequência de 50 Hz na Europa,
04:50que você precisa manter todas as usinas alinhadas com essa frequência.
04:55E cada uma tem um despacho de carga, o despacho de carga de cada usina.
04:59Cada uma tem uma contribuição.
05:01Então, é como se fosse uma grande caixa d'água,
05:03e cada um desse uma contribuição,
05:06até que essa caixa d'água ficasse suficientemente cheia para ela ficar estável.
05:10Então, vai demorar um pouco.
05:11Pode ser que retorne algumas áreas.
05:14A gente vai ter o retorno de algumas áreas, talvez, prioritárias,
05:18mas pode ser que elas voltem a cair a energia,
05:20porque, na medida em que você vai retornando com as usinas,
05:23você tem transientes, dificuldades, você tem picos de demanda.
05:28Tudo isso vai ter que ser muito bem ajustado, passo a passo,
05:32para que você tenha uma firmeza nesse retorno.
05:35E, Gerardo, observando tudo o que aconteceu lá,
05:39como eles estão reagindo, enquanto aguardam, claro,
05:42as investigações para entender, de fato, as causas,
05:45o que tudo isso traz de aprendizados,
05:48que a gente pode aproveitar os outros países,
05:52observando essas ações, as autoridades, os empresários também?
05:57Muito, muito importante a sua pergunta,
05:59porque nós estamos no século XXI e temos uma dependência enorme
06:03dessa infraestrutura de alimentação elétrica.
06:07Então, é uma lição muito grande,
06:10porque o sistema elétrico europeu é estável e resiliente.
06:16Então, lá não tem essa prática de conviver com essa dificuldade de apagão.
06:21Então, nós aqui já estamos um pouco mais adaptados.
06:24O problema era restrito aqui a gente, eventualmente Estados Unidos,
06:27e agora a luz sobre o problema vai aumentar,
06:31porque um dos sistemas mais robustos está passando por essa situação.
06:36E as causas, as linhas de investigação serão muitas,
06:39porque pode ser desde um desastre natural,
06:41um vento, uma condição climática diversa,
06:44ou alguma tempestade em um determinado ponto.
06:48Pode ser também um mau funcionamento de uma usina,
06:51ou então um despacho de carga errado,
06:53por exemplo, na fronteira com a França e a Espanha,
06:56por questões comerciais, por interesse de uma taxa,
07:00um valor mais baixo pelo pagamento da energia.
07:05Você pode fazer um despacho de carga precipitado,
07:07sem esses cuidados todos que eu mencionei,
07:10e causar um apagão como esse.
07:13E também tem a linha de investigação,
07:15que nunca deixou de existir,
07:17mas que hoje é mais crítica no cenário geopolítico mundial,
07:22que é o ato hostil,
07:24que seria ou a sabotagem,
07:26ou um ato, vamos dizer, de guerra ou militar,
07:29ou então algum tipo de ato terrorista.
07:32Isso sempre é uma preocupação.
07:34As usinas têm proteções para esse tipo de ação,
07:38especialmente as usinas nucleares.
07:40Elas são protegidas para acidentes,
07:42inclusive com bombas,
07:44com queda intencional ou não intencional de aeronave.
07:47Então, as usinas nucleares são mais robustas,
07:50mas as demais também possuem proteção
07:51contra terremotos, furacões,
07:54o que possa ocorrer na área.
07:56Tudo isso vai ter que ser muito avaliado na investigação,
07:59porque são várias linhas,
08:01e você precisa entender a sequência de fatos
08:04que levou à perda de energia em três países,
08:07pelo menos três países,
08:09e com uma demora e uma perda econômica,
08:11financeira enorme, nos próximos dias.
08:14Muito obrigada, Gerardo Portela,
08:16doutor em Gerenciamento de Riscos e Segurança,
08:19pela entrevista aqui no Jornal Times Brasil.
08:21Boa noite para você.
08:23Boa noite, Natália.
08:24Boa noite a todos.

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