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NotíciasTranscrição
00:00Esse é o Rio Mais Agro em Foco e hoje eu tenho o prazer de bater um papo aqui com Murilo Freire
00:08Júnior, que é engenheiro agrônomo, mestre e doutor em ciência e tecnologia de alimentos
00:13e pós-doutor em Montpellier, na França, com expertise em tecnologia pós-colheita de vegetais.
00:22Ele é pesquisador sênior da Embrapa Agroindústria de Alimentos e membro do grupo de trabalho
00:28da Fauna América Latina e Caribe e com o tema que vem pesquisando há mais de 30 anos
00:35de perdas e desperdício de alimentos.
00:38Murilo, muito obrigado por essa oportunidade de bater um papo aqui no Rio Mais Agro em Foco
00:43e eu começo dando as boas-vindas e te perguntando, no Brasil nós temos poucos dados sobre perdas
00:54e desperdícios. Como que a gente lida com isso? Como é que você consegue fazer um planejamento,
01:00fazendo gestão desse tema com tão poucos dados, tão pouca informação?
01:05Boa tarde, boa tarde, Márcio. Agradeço o convite pela oportunidade de aqui estar para poder divulgar
01:11um pouco o nosso trabalho. E respondendo a sua pergunta, nós começamos com o primeiro impasse,
01:18porque, dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o ODS-12 preconiza que nós temos
01:27uma meta de redução de 50% até 2030. E o nosso problema principal é que nós não temos
01:35uma linha de base. Então, as pesquisas que a gente tem são, normalmente, que vêm de fora,
01:42de pesquisadores que não conhecem a realidade brasileira e estimam de maneira subjetiva.
01:48Então, a gente tem que introduzir, dentro da realidade brasileira, metodologias de avaliação
01:58quantitativa e qualitativa de perdas para ter dados brasileiros. Porque essas perdas variam muito
02:06com o tipo de produtor, com o nível tecnológico do produtor, se ele usa tecnologia, as suas perdas
02:13são menores. E toda a infraestrutura que ele possa ter para evitar esse elevado índice de perdas.
02:21A gente falava, antes da entrevista, sobre essa questão de dados e sobre essa característica internacional
02:33de ser muito heterogênea. Você tem, na Europa, dados mais sólidos, você parte para países
02:39na América do Sul, na África, você tem uma dificuldade maior. Como é que você vê essa questão
02:46em termos globais? É. Em países mais desenvolvidos, principalmente Inglaterra, Alemanha e outros,
02:55Dinamarca, ele já tem um trabalho, uma cultura já para dentro dessa linha. Então, ele já promove
03:04campanhas, ele promove a parte de conscientização do consumidor, porque isso envolve, vamos chamar assim,
03:13produção de desperdício de insumos, principalmente água, energia, mão de obra, o trabalho.
03:22Então, como a vida é mais cara, eles têm um controle melhor. E tem já empresas que trabalham
03:30já dentro dessa linha, ONGs, que trabalham também reduzindo ou com ações diretamente
03:36para a implantação de metodologias para, quantitativamente, avaliar o volume de perdas.
03:44E isso influencia não só a parte econômica, a parte social e a parte ambiental.
03:50Para a gente entender um pouquinho, você falou de perdas, a gente começou falando de perdas
03:53e desperdício. Qual a diferença?
03:56Dentro de um conceito utilizado pela FAO, que é aceito por muitos, as perdas começam,
04:03na minha maneira de entender, pré-plantio, quando você escolhe um terreno, escolhe uma cultivar
04:09adaptada a condições de clima e solo, dentro, depois, nas práticas pós-colheita,
04:17com irrigação, adubação, controle de pragas e doenças, a parte de embalagem, armazenamento,
04:24logística, transporte, até o atacadista.
04:27Então, as perdas vão nessa cadeia. Produção, pós-colheita, embalagem, armazenamento,
04:36transporte e distribuição.
04:38Certo.
04:38Aí, a partir do varejista e do consumidor, há um conceito de desperdício.
04:44Então, no caso de desperdício, são aqueles frutos que não têm um padrão comercial para venda,
04:50produtos que estão com a data de validade a serem vencidas ou vencidas, e produtos que
04:57não são utilizados para alimentação humana, que, a princípio, toda produção é destinada
05:04à alimentação humana.
05:05Algumas metodologias dizem que, quando você aproveita esse resto, esses produtos mal formados
05:12para alimentação animal ou para compostagem, isso não caracterizaria perda, mas isso
05:18não é consenso.
05:20Outros dizem que a produção de biogás também já seria um outro prisma.
05:27Então, a gente tem que, vamos dizer assim, normalizar os conceitos, que é perda, que é
05:32desperdício, até onde vai.
05:34Alimentação humana, compostagem, produção de biogás, isso é desperdício ou não é
05:40desperdício.
05:40Então, perdas até o atacadista e varejista e consumidor, desperdício.
05:49E, no caso do desperdício, a conscientização do consumidor de planejar suas refeições,
05:55planejar suas compras, isso é muito importante.
05:58E, do outro lado, do lado do produtor, ele tem que ter também uma atenção ao mercado,
06:05porque, se ele plantar o que quiser e depois ele chegar e encontrar um preço baixo, ele
06:10não vai vender, muitas vezes ele não vai nem colher, porque o custo de colher é muito
06:15abaixo do custo de venda.
06:17Então, é uma cadeia complicada, interligada, então tem que ser avaliada em todos os aspectos.
06:24E você citou algumas práticas que são consideradas ideais, mas em termos genéricos, ou seja,
06:36que possam ser aplicadas em qualquer mercado, quais seriam as práticas ideais, as boas práticas
06:41para se evitar isso, tanto perdas quanto desperdício?
06:44É uma boa pergunta, porque quando você trata com frutas e hortaliças, principalmente,
06:49que os maiores índices de perdas estão em frutas e hortaliças, que são produtos
06:54vivos, eles respiram, então, o metabolismo deles está em influência no meio ambiente.
07:04Então, dentro dessas práticas, um bom manuseio pós-colheito, boas práticas de manuseio,
07:09que seria evitar danos mecânicos, físicos, a parte de refrigeração, a infraestrutura,
07:16de você, normalmente, você colhe o produto e está com o calor do campo.
07:21Aí, o ideal seria ele fazer um pré-resfriamento para baixar o calor vital desses produtos
07:27e o produto entrar com o metabolismo mais lento.
07:29E aí, com isso, ele se deteriorar mais lentamente.
07:33Então, seria o pré-resfriamento, a cadeia de frio, uma embalagem adequada,
07:39uma logística boa de distribuição.
07:41Então, teoricamente, mercados curtos são mais adequados, porque você evita...
07:47Nós temos estradas mal pavimentadas, nós temos problemas de infraestrutura,
07:53então, que contribuem para aumentar essas perdas.
07:56Então, as práticas mais recomendadas é o uso de frio,
08:00armazéns bem adequados em locais próximos à área de produção
08:06e uma distribuição mais fácil, como se chama assim.
08:10Perfeito.
08:11E quando a gente fala, por exemplo, dessas práticas e de tecnologia, de inovação,
08:19que inovações o Brasil tem apresentado, através da Embrapa e de outros centros de pesquisa,
08:25outras empresas de pesquisa que nós temos,
08:27que inovações o Brasil tem trazido para esse mercado,
08:32não só em termos nacionais, como internacionais também?
08:34Isso também é uma coisa que nós estamos tentando ir na fronteira do conhecimento.
08:40Então, a inteligência artificial, o uso da internet e das coisas,
08:45o machine learning seria o quê?
08:47Hoje nós já temos drones que percorrem a área plantada,
08:53que visualizam necessidades hídricas de regiões da planta,
08:56então, você economiza água para adubar ali,
08:59ele visualiza áreas com pragas e doenças,
09:03ele vai economizar agroquímicos, só vai fazer aquela aplicação.
09:07Hoje a gente tem robôs que entram na propriedade
09:10e, através de luz infravermelho,
09:13ele já sabe se o produto pode ser colhido,
09:16se está no grau de maturação ideal.
09:19Quer dizer, hoje em dia, a tecnologia está caminhando para esse lado,
09:23para a inteligência artificial, modelos matemáticos e tudo mais.
09:27Perfeito.
09:29Em termos de ações e também de atividades
09:35que vêm sendo desenvolvidas hoje,
09:37que podem já estar sendo implantadas ou não,
09:40o que vem pela frente?
09:41O que a Embrapa Agroindustrial está trazendo de novidade?
09:45Boa pergunta.
09:46E essa eu tenho que puxar a brasa para a minha sardinha
09:49ou para a nossa sardinha da empresa,
09:51porque a gente tem três ações principais.
09:54Internamente, a Embrapa Agroindústria de Alimentos
09:56já tem projetos em andamento
10:00que trabalham com o aproveitamento agroindustrial dos resíduos.
10:05Então, a gente aproveita o bagaço da uva
10:08para extrair antocianinas,
10:10o bagaço do tomate para extrair licopeno,
10:14o bagaço da extração do óleo do abacate
10:16para extrair materiais ricos
10:19que servem de insumos para a indústria alimentícia.
10:21Então, dentro da Embrapa Agroindústria de Alimentos,
10:25a gente tem esse grupo de trabalho
10:26que aborda principalmente aproveitamento integral dos alimentos,
10:31aproveitamento de resíduos agroindustriais,
10:34quantificação de perdas
10:36e desenvolvimento de embalagens ativas,
10:39que são embalagens que individualizam o produto
10:42e evitam choques mecânicos, danos físicos,
10:45que aliam a porta de entrada para micro-organismos.
10:48Essa é uma ação.
10:49A segunda ação está saindo agora,
10:52vai ter a reunião nessa próxima segunda-feira,
10:56que é a estratégia intersetorial
10:59para redução de perda de alimentos.
11:01Isso aí é a segunda edição.
11:04Já desde 2017, nós lançamos esse manual.
11:07Essa é uma ação capitaneada
11:09pelo Ministério do Desenvolvimento Social,
11:11com participação da Conab, da Anvisa,
11:15da Embrapa, do Mapa e tudo mais.
11:17Vai ser publicada agora a segunda estratégia intersetorial
11:21para redução de perda de experiência de alimentos.
11:23E também está sendo montado um grupo de trabalho no Mapa
11:27para trazer esse tema para dentro do Ministério da Agricultura,
11:32além das boas práticas agrícolas que eles já preconizam,
11:37essa visão mais holística da cadeia.
11:40Então, isso aí também são três ações
11:42que estão sendo desenvolvidas
11:44e podem gerar produtos novos.
11:47A gente quer fazer entregas a médio prazo,
11:50que a gente chama curto prazo, dois anos,
11:52médio prazo cinco e mais de cinco anos.
11:54Então, a gente vai estar trabalhando com esses grupos de trabalho,
11:57com essas três visões.
11:59Perfeito.
11:59E trazendo tudo para dentro, para beneficiar a sociedade.
12:04Chegando na reta final do nosso bate-papo aqui,
12:07estou trazendo uma pergunta aqui do curador de conteúdo
12:10de toda essa programação que a gente tem aqui no Rio Mais Agro em Foco,
12:15o nosso querido José Luiz Tejon, ele te pergunta o seguinte,
12:21cada bioma brasileiro é rico em potenciais, sabores e essências do nosso terroir tropical.
12:27Por exemplo, a lavanda de Santa Catarina,
12:30isso significa potencial agregação de valor além das commodities?
12:34E também, como a Embrapa Agroindústria de Alimentos atua nessa ótica?
12:38Excelente pergunta, porque nós temos, dentro desse caso da lavanda,
12:44você pode ver que pode ser aproveitado a parte de cosméticos,
12:48sabão, de óleos essenciais,
12:51e isso a gente já vem fazendo através de indicações geográficas.
12:55Por exemplo, não sei se você sabe,
12:57a tainha da região de Araruama,
12:59em função do alto grau de salinidade da lagoa,
13:02ela tem características diferentes de uma tainha daqui da entrada do...
13:06Então, são produtos diferentes.
13:08Então, essa, vamos chamar assim,
13:10um estudo dessas características,
13:13se você ver na região norte, nordeste,
13:15a gente tem frutos exóticos com características físicas,
13:19bioquímicas que a gente desconhece.
13:21Então, a gente tem que trabalhar nos terroir mesmo,
13:25vendo tudo o que pode ser obtido química e bioquimicamente
13:30desses produtos exóticos, frutas exóticas e tudo mais.
13:34Então, a lavanda é um caso de sucesso na França
13:36e pode ser o caso de sucesso aqui.
13:38Como o nosso champanhe, o nosso espumante já em Santa Cartarina,
13:43já está sendo premiado e visto com bons olhos para tudo.
13:47Região do Rio de Janeiro também agora,
13:49o vinho desenvolvido com as variedades de uva cirrá,
13:52também estão despontando.
13:54A parte de azeite, de óleo, de azeite,
13:57nós temos um grupo de trabalho que está trabalhando especificamente
14:01na qualidade do azeite nacional.
14:04Então, a gente está vendo todos esses nichos de mercado
14:07e ver como que a gente pode atuar.
14:09O que a gente precisa também é que essas demandas sejam levantadas,
14:14que a gente possa trabalhar em conjunto com os stakeholders envolvidos,
14:18para que a gente possa dar respostas e entregar resultados
14:23em função dessas demandas.
14:24Excelente.
14:25É isso aí.
14:25De 1º a 3 de outubro, no Rio Centro,
14:28acontece o Rio Mais Agro,
14:29Fórum Internacional do Desenvolvimento Agroambiental Sustentável
14:32e as perdas e desperdícios de alimentos serão uma das estrelas do fórum.
14:36Eu espero vocês lá.
14:37Rio Mais Agro, o melhor da nossa terra para o mundo.