Esteliano José Madureira, de 43 anos, principal suspeito de assassinar a estudante da USP Bruna Oliveira da Silva, de 28 anos, foi encontrado morto na noite de quarta-feira (23) na Avenida Morumbi, zona sul de São Paulo.
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NotíciasTranscrição
00:00Agora, detalhes de um caso de repercussão.
00:03O homem apontado como assassino da estudante da USP, Bruna de Oliveira,
00:08foi encontrado morto na noite desta quarta-feira na zona sul de São Paulo.
00:13Esteliano Madureira foi localizado perto de uma área de mata,
00:17envolto em uma lona e um cobertor com as pernas amarradas.
00:21Ele tinha mais de dez lesões ocasionadas por objetos cortantes
00:25em locais como tórax, abdômen e também nuca.
00:28De acordo com o boletim de ocorrência, pela quantidade e natureza das lesões,
00:34a polícia entende que a morte ocorreu de forma dolosa, com o emprego de tortura.
00:39Uma das hipóteses investigadas é que o Esteliano tenha sido executado
00:45pelo Tribunal do Crime do PCC, a facção criminosa,
00:49uma espécie de justiça paralela do crime organizado.
00:53Então, essa notícia em destaque, recebendo as pessoas pela rede de rádios,
00:57o acusado de matar estudante da USP, foi encontrado morto.
01:02Vou começar essa com o Cristiano Beraldo,
01:04que nós tratávamos desse episódio no dia de ontem, né, Beraldo?
01:08E nós falávamos sobre a rapidez e a eficiência das facções criminosas
01:14para punirem também os bandidos que não seguem, talvez,
01:21o código de conduta que muitas facções possuem, né?
01:26Pois é, Caneto, a bandidagem não confia na justiça brasileira.
01:32E, a partir desta desconfiança, formou a sua própria rede judicial.
01:40Então, o Tribunal do Crime, ele tem características interessantes
01:44que a gente gostaria de ver na justiça normal,
01:48que é a rapidez com que identifica responsáveis,
01:54traz diante de um juiz, determina a culpa ou a inocência,
02:01e, a partir dali, aplica a punição.
02:06Tudo uma na sequência da outra.
02:10Ou seja, do julgamento até a morte,
02:13porque lá existe pena de morte, é muito comum,
02:17a gente, às vezes, fala aí de horas.
02:20Então, Caneto, esse crime tem todas essas características.
02:25Um bandido que atacou aquela moça, matou a moça,
02:33o crime teve uma repercussão enorme,
02:35e como as facções criminosas não querem atenção,
02:40pegam os responsáveis por esse tipo de crime absurdo e injustificável,
02:45que não tem nada a ver com os interesses da organização criminosa,
02:48e dão fim no sujeito que foi o autor dessa lambança.
02:51Porque, ao perder a vida, ele já serve de exemplo para outros
02:57que não ousem andar fora da linha.
03:00E aí, só para terminar, resgato ainda aquele episódio
03:04dos três médicos que foram executados na orla do Rio de Janeiro
03:10por engano, por bandidos que passavam ali
03:14e confundiram esses médicos de São Paulo
03:16com bandidos de facção rival.
03:19Os autores desses assassinatos
03:23foram sumariamente executados
03:26e pouparam o trabalho da justiça
03:28e da polícia e da justiça brasileira,
03:31que certamente, se condenasse,
03:34levaria anos e, rapidamente,
03:37esses assassinos estariam na rua.
03:38Pois bem, são os dois Brasis
03:40que funcionam simultaneamente.
03:43Pois é, o homem que é acusado,
03:44ou pelo menos o principal suspeito
03:47de matar estudante da USP,
03:48foi encontrado morto
03:50e a polícia investiga uma possível execução
03:53no Tribunal do Crime do PCC,
03:56a facção criminosa.
03:57Você, Mota, suas reflexões dessa notícia,
04:01o desfecho para esse suspeito,
04:04um minuto e meio.
04:05Tribunais do crime acontecem
04:07quando o submundo assume uma função
04:09que o Estado não consegue mais desempenhar adequadamente,
04:13nem os criminosos toleram mais certos crimes.
04:17Tribunais do crime
04:19são uma demonstração prática
04:21da falência do sistema de justiça criminal no Brasil.
04:24Do ponto de vista moral,
04:26não há dúvida nenhuma
04:26que um sujeito que violenta
04:28e mata uma jovem
04:29merece ele próprio morrer.
04:32Mas no Brasil não existe pena de morte.
04:36No Brasil também não existe prisão perpétua.
04:39Na verdade, no Brasil,
04:40na maioria dos casos,
04:42independente do crime bárbaro
04:43que tenha cometido,
04:45dificilmente um criminoso
04:46fica mais do que 10 anos na prisão.
04:49O sentimento geral
04:50do cidadão comum
04:52é de medo, indignação,
04:54revolta e injustiça.
04:57O sentimento geral
04:58é de um copo cheio
05:00prestes a transbordar.
05:03Inclusive, esse homem
05:05que foi encontrado morto
05:06tinha sinais de tortura.
05:08A gente vai aguardar o avanço
05:09das investigações.
05:11Para fechar, você, Dávila,
05:1250 segundos.
05:15O Beral tocou num ponto muito importante.
05:17O crime organizado
05:18não quer confusão.
05:20Por isso, quando se cria confusão,
05:22o que há é a execução sumária.
05:25E é o que aconteceu em São Paulo,
05:27como bem trouxe o exemplo do Rio de Janeiro.
05:29O problema é que
05:30essa história
05:32pode amanhã
05:33virar bandeira eleitoral.
05:36Já que o sistema
05:37não funciona,
05:38o que a gente precisa
05:39é o buquê ali no Brasil.
05:41E isso
05:42não vai ajudar
05:43a resolver nada.
05:44Nós temos que resolver
05:45por meio da democracia,
05:47por meio do fortalecimento
05:48das instituições,
05:50por meio de penas duras
05:52para manter
05:53criminosos presos.
05:54É por meio da liberdade,
05:56da democracia,
05:57e do Estado de Direito
05:58que nós vamos dar
06:00uma vida melhor ao povo.
06:01Não é por meio
06:02do antissistema,
06:04truculência
06:05e qualquer outra forma
06:06de arbitrariedade.
06:08Nós estamos cansados
06:09de arbitrariedade.
06:10Nós queremos
06:11o fim da impunidade,
06:12a punição,
06:13o cumprimento
06:14da lei e da justiça.