A PCPR segue com as investigações. O suspeito foi encaminhado ao sistema penitenciário.
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NotíciasTranscrição
00:00Bom dia, essa extorsão chegava a nós através de boletins de ocorrência registrados pelas vítimas
00:05que informavam que perfis com a nomenclatura Choquei Curitiba, Choquei com Relatos de Curitiba,
00:13dentre outros, postavam informações privadas sobre eles, informações familiares, de relacionamento,
00:18dados íntimos, por vezes até dados profissionais que poderiam ofender ou prejudicar
00:25e esses mesmos perfis entravam em contato pedindo, exigindo pagamentos para apagar essas postagens,
00:31para não postar mais coisa, não marcar mais o arroba, o nome de usuário dessas pessoas.
00:36Isso caracterizava o crime de extorsão e estava incomodando não só uma ou duas vítimas,
00:41mas acreditamos que mais de uma centena de pessoas aqui em Curitiba e região metropolitana.
00:48Como que eles conseguiam essas informações, a intimidade das pessoas, informações profissionais também?
00:53Muitas vezes as informações podem ser buscadas em redes sociais,
00:58mas a gente percebeu e investigou também que terceiros acabavam encaminhando para eles
01:04para que essas postagens fossem feitas, fomentando o crime e acreditamos também
01:10que por vezes recebendo valores para divulgar essas informações privadas
01:14ou mesmo apenas para ofender ou para prejudicar essas vítimas.
01:17Você tem um exemplo que foi produto dessas informações e a pessoa acabou fazendo esse pagamento?
01:24Sim, temos ali informações vinculadas a divórcios e novos relacionamentos,
01:29a questões envolvendo cisões empresariais e possíveis desacordos entre empresas.
01:36Então isso além de prejudicar a vida pessoal das pessoas, prejudicava a vida profissional,
01:39algumas vítimas informaram que suas empresas passaram a sofrer ratings negativos no Google
01:47ou mesmo perceberam a clientela diminuindo diante dessas ofensas e por vezes até mentiras
01:53postadas e marcadas com o arroba dessas pessoas, o que dava a maior visibilidade para esse crime.
01:59Qual que era o valor da extorsão?
02:00Normalmente de R$500 a R$1.000 por vítima, então eram valores de R$500 a R$1.000 de forma individualizada
02:09que podiam dar um somatório bem expressivo para esses criminosos.
02:12E o perfil dessas vítimas, doutor? Geralmente empresários, influências, pessoas que tinham uma vida quase pública?
02:18Não só influências, nós notamos que tinham realmente algumas pessoas com um número considerável de seguidores,
02:23mas não só influências, pessoas normais também, usuários comuns de redes sociais que tinham ali seus 1.000, 2.000 seguidores
02:31ou até menos, que também sofriam esse crime de extorsão.
02:34Durante quanto tempo de extorsão?
02:36Nós identificamos nos boletins de ocorrência que passa de um ano a atuação dessas pessoas
02:41e através de inúmeros perfis. Então eles criavam perfis e apagavam e criavam similares ali
02:46para evitar a denúncia na plataforma ou para evitar também o trabalho, dificultar o trabalho da polícia.
02:52Qual o perfil do que ele trouxe e o que ele disse para o que ele trouxe?
02:55É um homem de 29 anos, ele atuava na residência dele e de fato ele informou que atuava nesse crime aí
03:02e obtinha lucros com a exigência de vantagens indevidas dessas vítimas.
03:07Ele agia sozinho?
03:08Ele agia, a princípio agia sozinho, mas verificamos aqui na data de hoje que possivelmente ele era auxiliado
03:14por uma pessoa que era companheira dele.
03:17Doutor, qual era o caminho, digamos assim, dessa fofoca? Ele ia atrás de informações?
03:20As pessoas procuravam ele para passar a informação.
03:23E essas pessoas podem responder?
03:25Das duas formas, tá? Eles procuravam e as pessoas que encaminhavam também de forma autônoma para eles, né?
03:33E sim, pessoas que divulgaram informações privadas podem responder aí, eventualmente,
03:38perante a lei penal ou perante a lei civil.
03:40Qual vai ser o crime?
03:41O crime de extorsão que está sendo investigado nesse momento e pode haver também desdobramentos
03:49também de crimes de extorsão por parte dessas pessoas que divulgavam essas informações privadas.
03:54O doutor, a gente pode entender com a participação dessas pessoas que passavam informações,
03:57ele estava ou já tinha criado uma rede de extorsão.
04:00Sim, sim, certamente. Esse trabalho dele, criminoso, ele era fomentado por essas pessoas
04:05que viam naquele trabalho criminoso também um caminho para ofender terceiros,
04:12ofender desafetos ou mesmo prejudicar concorrentes comerciais.
04:16Doutor, eu não sei se eu entendi direito, se tiver entendido, se eu estou falando,
04:20corrija os frentes ali, uma pessoa cobra ele e fala, ó, fez o fixo, mas você continua divulgando.
04:25Você fala, não, é que o período de vigência já passou, já expirou.
04:29Era um plano de assinatura que ele cobrava também?
04:32Sim, foi algo muito peculiar que nós identificamos.
04:35Algumas vítimas informaram que fizeram o pagamento para evitar aquele problema,
04:39para cessar aquela ofensa em rede social e nós verificamos ali nas mensagens
04:45que em alguns casos o plano da extorsão expirava e eles publicavam novamente aquela ofensa
04:52e pediam novamente pagamentos e aí informavam ao seu plano da ofensa anterior,
04:57expirou, então o senhor tem que pagar novamente o valor da extorsão
05:00para que as mensagens, as postagens sejam novamente apagadas e a gente não divulgue mais.
05:06Então sim, nós identificamos ali uma maneira de um agir sistemático ali em planos de assinatura.
05:13Mensalidade.
05:14Mensalidade, isso. Por vezes até eram semestrais ou até passavam um pouco mais de seis meses,
05:21mas não foi um caso só não.
05:22Alguns que a gente percebeu que ele cobrava mais de uma vez para continuar postando ou não aquelas informações privadas.
05:29O senhor pode passar exemplos de mensagens que eram postadas?
05:32Algumas assim no sentido de que a pessoa, o funcionário da empresa tal, o gerente está assediando a funcionária tal
05:45e a funcionária tal acatou o assédio ou ela é casada e está traindo ele.
05:51Nesse sentido, ou às vezes a empresa, essa empresa que vende produtos que não são regulares
05:57ou essa família que está desestruturada porque vai haver uma, provavelmente logo, uma separação.
06:05Então, informações assim de vida íntima ou até de relacionamentos laborais e empresariais.
06:11Ele ameaçava isso também para meninas que fazem programas e edições, é isso?
06:16Tinha algumas informações que ele ameaçava nesse sentido e ameaçava também expor,
06:21acreditamos que clientes dessas meninas, também, divulgando não só o ofício delas,
06:30mas também pessoas que contratariam elas e poderiam ter algum tipo de problema com a família
06:35diante dessa publicação que, de fato, é criminosa.
06:38Doutor, para finalizar, aquele recado importante para quem pensa que não dá nada,
06:42a polícia tem mecanismos para chegar a quem está usando a internet para infelizar tudo o que trouxe.
06:47Isso, é um trabalho técnico, um trabalho complexo da Polícia Civil,
06:53mas nós estamos preparados, nós temos aparelhamento e servidores capazes
06:57de receber esse tipo de comunicação, esse tipo de boletim de ocorrência
07:02e trabalhar de forma incessante para responsabilizar as pessoas
07:05e mostrar que a internet não é terra de ninguém, sim os crimes que podem ser praticados
07:10no ambiente físico podem ser praticados no ambiente virtual e a responsabilização será a mesma.