Em entrevista exclusiva ao Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC, a repórter Fernanda Câmara conversou com Nilto Mendes, gerente de combate a produtos ilegais na CropLife Brasil, sobre os riscos da pirataria na soja. A prática ilegal afeta produtividade, exportações e causa prejuízos de R$ 10 bilhões por ano. O Rio Grande do Sul lidera o uso de sementes não certificadas.
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00:00E agora um alerta para o setor de soja. A utilização de insumos ilegais provoca queda de produtividade e também pode colocar em risco o valor para a exportação do grão brasileiro.
00:18Sobre esse assunto, a repórter Fernanda Câmara volta com a gente e ela conversou com o Nilton Mendes, que é gerente de combate a produtos ilegais na CropLife Brasil. Vamos dar uma olhada?
00:28Fernanda, eu já começo então te perguntando como que esse prejuízo de 10 bilhões por ano se distribui entre os diferentes elos da cadeia produtiva da soja.
00:40Olá Fernanda, esses 10 bilhões de reais representam prejuízos econômicos trazidos pelo estudo, que se distribui na cadeia de modo que 4 bilhões são os prejuízos que teriam o setor produtivo de sementes.
00:552 bilhões e meio de reais são os prejuízos aos produtores agrícolas, 1 bilhão e meio de reais são os prejuízos para o setor de exportações da soja e 1 bilhão e 200 milhões de reais são os prejuízos econômicos para a agroindústria que processa farelo e óleo de soja.
01:15E com sementes pirateadas, obviamente o produto foge do que é recomendado, do que é adequado e aí não tem só o prejuízo financeiro, tem outro tipo de prejuízo, principalmente por conta da qualidade da soja.
01:28Exatamente, muito bem lembrado Fernanda. A semente produzida com certificação, ou seja, dentro do sistema regulatório, ela é denominada semente certificada.
01:40A semente produzida fora desse sistema regulatório, portanto sem observar as regras de produção, de armazenagem, de transporte, ela não obedece nenhum rigor regulatório.
01:52Então tem intrínseco aí problemas de fitossanidade, problemas de produtividade do grão, porque a semente ela não tem vigor, ela não tem eficácia e isso vai repercutir na produtividade daquele produtor que decidiu fazer uso de uma semente pirata.
02:08Ô Nilton, e qual que é a diferença da soja certificada e da pirateada?
02:13A semente denominada pirata, ela é produzida totalmente fora do sistema regulatório, né? Ela não observa os rigores e as regras pertinentes à produção de uma semente certificada.
02:25Portanto, além dela trazer todo esse prejuízo econômico que o estudo demonstra, ela representa riscos e impactos para uma grande produtividade para as exportações agrícolas brasileiras.
02:36E isso impacta toda a cadeia econômica contando com sementeira, com biotecnologia, são vários segmentos, várias cadeias, né?
02:47Exatamente. Toda a cadeia integrante da produção, da comercialização e da produção do grão de soja é impactada.
02:55Cada elo da cadeia é impactado economicamente de uma maneira e ambientalmente ou em termos de produtividade agrícola de outra maneira.
03:03Agora, eu tenho um dado aqui, a pesquisa aponta que 11% do mercado de soja é composto por sementes piratas, né?
03:11Esse número varia muito de estado para estado?
03:14Sim. Os 11% é uma média nacional, né?
03:18Porém, há estados no Brasil em que o percentual de sementes piratas, ou seja, sementes não certificadas, é muito grande.
03:27Por exemplo, o estado do Rio Grande do Sul, né? O percentual de sementes não certificadas ou piratas no Rio Grande do Sul está em torno de 28%.
03:35O estado de Minas Gerais está em segundo lugar, com 23%.
03:39Depois, em terceiro lugar, a gente tem os estados de São Paulo, Piauí e Pará.
03:45E, em quarto lugar, o Maranhão e vai decrescendo.
03:48Rio Grande do Sul, então, infelizmente domina, né?
03:51Infelizmente, o Brasil todo, mas Rio Grande do Sul domina, né? Por quê?
03:55Olha, o Rio Grande do Sul tem uma história de produção de soja, né?
04:00A cultura da soja no Brasil se inicia pelo Rio Grande do Sul.
04:04E o Rio Grande do Sul, por ter propriedades de dimensões menores, tem um hábito, uma cultura de salvar a semente.
04:11Boa parte desse mercado de sementes piratas são sementes que são denominadas salvas,
04:18porém, não são salvas, observando a regulação que existe sobre isso.
04:22É bom e é importante salientar que é permitido ao produtor rural salvar semente
04:29para que ele tenha semente para o plantio da sua próxima safra.
04:32O que não pode é a semente que foi separada com salva ser comercializada.
04:40Isso é o que tem impactado muito grandemente no Rio Grande do Sul,
04:44a ponto do percentual de sementes piratas ser muito maior que em outras localidades do Brasil.
04:49O que é salvar a semente? Como é feito? O que é?
04:53Sim.
04:54Salvar a semente é um princípio da agricultura, e por sinal a legislação brasileira já prevê isso,
05:02ou seja, a segurança jurídica.
05:04O produtor rural, ao adquirir uma semente certificada para plantio e produzir grão de soja,
05:10a ele é permitido que, observados o sistema regulatório, ou seja, ele informando os órgãos reguladores,
05:17ele pode salvar uma parte da semente decorrente daquele plantio que ele fez
05:23para que ele faça um cultivo no ano seguinte.
05:26Isso é permitido por lei e ele tem algumas regras para fazer isso.
05:31Quando ele desobedece essas regras, ele infringe o sistema regulatório.
05:35E aí, quando ele desobedece, a minha pergunta, a próxima, quais os riscos, então,
05:39agronômicos, do uso de sementes piratas ou salvas, especialmente em relação à produtividade
05:45e à presença de plantas invasoras?
05:49Importante dizer que a semente certificada tem sempre uma qualidade, um vigor,
05:55uma eficiência agronômica maior do que a semente salva.
05:59Por inúmeras questões, mas o que vale a gente destacar aqui é, ele pode salvar a semente,
06:06contudo, quando a semente salva, passa a ser comercializada, passa a ser transportada
06:12por diversos estados do Brasil, ela leva consigo riscos fitossanitários, risco de propagação de pragas.
06:20Até por conta do armazenamento, né?
06:22Exatamente. Os rigores de armazenagem, de transporte, de comercialização que são inerentes à semente certificada
06:30não são observados por semente salva.
06:33E aí, que ações que a PropLife Brasil, então, tem realizado para combater o uso dessa soja pirateada,
06:41para tentar combater, porque eu sei que é uma luta constante e a longo prazo, né?
06:45Mas o que vocês estão fazendo para combater? O que está sendo feito?
06:49Olha, a gente trabalha em várias frentes, né?
06:52Na verdade, o estudo, ele é um diagnóstico, ele tem trazido números para a gente dar luz para este problema.
07:00Não são muitas as instituições, ainda que públicas ou privadas, que têm a dimensão exata do problema da semente pirata de soja.
07:08O que a gente fez com esse estudo foi trazer os números para a sociedade civil, para as autoridades, para os produtores,
07:15para as associações de produtores, para que a gente tenha a percepção da dimensão do problema,
07:20para que a gente consiga ter um diagnóstico mais preciso e quais os impactos desse diagnóstico,
07:27como é que isso repercute em cada parte da cadeia e, a partir daí, construir soluções em conjunto.
07:33Porque não é fácil, é um problema difícil de lidar, há inúmeras variáveis na solução para isso,
07:39e a CropLife acredita que, com o estudo, a gente contribui nessa discussão,
07:44mas a gente também está trazendo propostas de solução, né?
07:47Proposta de solução implica em uma melhora do sistema regulatório,
07:52implica em uma qualificação melhor dos agentes públicos que têm a função e as atribuições de fiscalizar e de coibir esse comércio irregular,
08:01até porque o Estado também tem um prejuízo tributário muito grande na medida em que deixa de arrecadar.
08:06Por conta da pirataria, tem um impacto na importação e exportação de soja?
08:13Olha, falando do grão de soja, a gente não vê impacto na importação.
08:17Importação, não.
08:18O que a gente vê, e o estudo demonstra bem isso com números, né?
08:22Há um potencial impacto econômico e prejuízos da ordem de um bilhão e meio de reais,
08:27só nas exportações do ar.
08:29A gente nem falou aqui dos números de tributos que se deixa de arrecadar,
08:34dos prejuízos econômicos que os produtores de sementes têm,
08:38do valor, são aproximadamente 90 milhões de reais que se deixa de investir
08:44num processo de desenvolvimento de novas tecnologias.
08:47E quanto tempo leva para desenvolver uma nova cultivar de soja?
08:52Para a gente saber o tempo, né?
08:53Porque é pirateado, já perdeu esse tempo de cultivo.
08:58Aí tem um novo cultivo, que vai mais tempo, né?
09:01É. O processo de desenvolvimento da tecnologia de novas cultivares,
09:07ele leva de 8 a 10 anos, ele é muito longo.
09:10Na medida que você deixa de investir 90 milhões de reais
09:13em processos para desenvolvimento de novas cultivares,
09:17você prejudica o potencial de produtividade agrícola brasileira.
09:22Porque essa ineficiência de adoção de sementes não certificadas
09:26repercute em toda a cadeia, como a gente vê o nosso Pico Lúmeros.
09:29Biocombustíveis, ração de animal, isso tudo é impactado?
09:34Sim.
09:35A agroindústria perde aproximadamente 1 bilhão e 200 milhões de reais, né?
09:41A gente tem uma produtividade de soja, de grão de soja,
09:45muito menor se comparado com a semente certificada.
09:48Onde é que isso vai impactar na vida, no cotidiano das pessoas?
09:51Vai impactar porque nós vamos ter uma produção de grão menor,
09:54é menos eficiente, mais custosa, então tem repercussão também
09:58na utilização de outros insumos para aquela produção agrícola,
10:02impactando até na produtividade de alimentos.
10:05Para a gente expandir um pouquinho mais essa resposta,
10:09o que daria para fazer com essa perda econômica tão grande?
10:13Olha, a perda realmente, assim, só do ponto de vista econômico,
10:16a gente tem números que são muito grandes, né?
10:1910 bilhões de reais é o contexto como um todo.
10:22Mas a gente também tem um prejuízo aí, que é a geração de empregos diretos, né?
10:27Aproximadamente 1.500 empregos diretos,
10:30a gente ainda não quantificou os empregos indiretos,
10:33são deixados de ser criados em decorrência desse mercado de sementes piratas.
10:3893 milhões de reais são impostos que não são arrecadados,
10:43falando só da receita, sem falar de outros tributos, né?
10:46E do risco, há um risco, há uma imagem do Brasil
10:50como um exportador de commodities agrícolas muito grande.
10:54A gente pode falar até de risco à saúde, né?
10:56Se prejudica a qualidade?
10:58Sim.
10:59Olha só, o impacto econômico, de natureza econômica é um,
11:06o impacto à fitossanidade da agricultura é outro,
11:09e o impacto na saúde de quem trabalha com esse produto pirata é outro.
11:14Então, por isso que a luta continua, a luta é intensa e é a longo prazo, né?
11:20Porque é muito difícil combater esse tipo de ação,
11:24mas vocês estão aí nessa luta diária, né?
11:28É, na verdade isso faz parte do dia a dia da CropLife, né?
11:32Ajudar a desenvolver e criar políticas públicas
11:34para a melhora do sistema produtivo do agro nacional.
11:37Para lidar com essa questão, a gente inclusive desenvolveu parcerias acadêmicas
11:43com a Universidade de São Paulo para que se construa um curso de qualificação
11:47e de capacitação para os profissionais que têm a atribuição de fiscalizar
11:51e de reprimir o mercado de insumos agrícolas como um todo,
11:55não só de sementes, como os demais insumos químicos e biológicos.
11:58Tá certo, muito obrigada, viu, por todas as suas informações.
12:01Eu conversei então com o Milton Mendes,
12:04que é gerente de combate a produtos ilegais na CropLife Brasil.
12:08Fernanda Câmara, para o Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC.
12:13Fernanda Câmara, para o Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC.