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O historiador do catolicismo Rodrigo Coppe concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Jovem Pan. Ele falou sobre os passos da Igreja Católica após a morte do papa Francisco e detalhou histórias sobre o papado. Após ser decretado luto, deverá acontecer o conclave, em que um dos 135 cardeais do mundo será escolhido como novo pontífice. Dora Kramer e Nelson Kobayashi participam.

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Transcrição
00:00Os próximos dias serão de homenagens ao Papa Francisco, enquanto as apostas para o conclave já começaram.
00:06Nosso entrevistado agora é o historiador do catolicismo contemporâneo, Rodrigo Coppe,
00:11chefe do Departamento de Ciências da Religião e coordenador da pós-graduação da PUC de Minas Gerais.
00:17Professor Rodrigo, muito obrigado pela atenção. Boa noite, bem-vindo.
00:22Eu que agradeço, Tiago. Boa noite. Boa noite a você e aos nossos telespectadores.
00:28É isso. Professor, é claro que começa muita especulação, muita discussão, a imprensa inteira esmiuçando como vai ser o conclave.
00:40Eu pergunto, o perfil de um Papa que se vai, tem algum peso para um conclave que começa?
00:49Bem, é muito difícil. Um conclave é sempre um grande mistério, exatamente.
00:55A gente já tem toda aquela questão do mistério do próprio procedimento interno e como é que isso acontece, a escolha de fato.
01:04Mas, claro, sempre tem o papado anterior.
01:08O Papa que morre, ele já deixa, de alguma forma, um cenário montado.
01:13E esse cenário montado por Francisco é um cenário de uma igreja mais global.
01:20Vamos dizer assim, é um cenário no qual o Papa Francisco, na sua estratégia, nos consistórios, os quais se elevam ao cardinalato,
01:33foram trazidos, então, pessoas, padres que vinham da Ásia, da África, da América do Sul, também da Europa,
01:43que tem um número maior de votantes, mas esse cenário ficou já montado.
01:48É muito difícil a gente saber de que forma que isso também influencia na escolha.
01:55Quando você pensa na história do catolicismo mais recente,
01:59o Papa Bergoglio, ele já era um dos nomes, Bergoglio, o cardeal Bergoglio, já era um dos nomes a serem votados ali em 2005,
02:10logo depois de João Paulo II.
02:13Então, foi o Ratzinger, foi o primeiro, e dizem lá as fofocas do período que o Bergoglio tinha sido em segundo lugar.
02:22Então, esse é muito relativo.
02:24E, professor, antes de passar para os nossos comentaristas, só mais uma questão,
02:29porque Francisco nomeou 108 dos 135 cardeais.
02:33Isso também pode indicar o perfil do novo Papa, um perfil talvez mais parecido com o Papa Francisco,
02:41ou também não necessariamente?
02:44É, numericamente, você pensa, poxa, de 130 a 108,
02:48Então, esses 108 estão todos do lado de Francisco e vão votar naquele que seria um candidato seu.
02:57Isso também é muito, pode ser improvável isso.
03:02Quer dizer, um grupo de cardeais pode seguir na mesma linha,
03:06ou um grupo de cardeais que foi levado ao cardinalato por Francisco,
03:11pode, de alguma forma, também entender que a igreja, nesses anos do Papado de Francisco,
03:19realizou alguma manobra, talvez que não deveria,
03:24ou agiu de alguma maneira, fez algum gesto de alguma maneira que não concorda,
03:29e isso pode mudar um pouco a perspectiva.
03:31Então, os cardeais, eles acabam por conversar para buscar entender,
03:38fazer um pouquinho de uma análise de conjuntura,
03:42para chegar em um nome, chegar em um nome que eles acham que é o melhor para a igreja
03:46e para o mundo naquele momento.
03:48Professor Rodrigo, eu vou chamar a Dora Kramer, a próxima a fazer a pergunta,
03:51temos também o Nelson Kobayashi.
03:53Você, Dora.
03:55Boa noite, professor.
03:57Olha só, a gente sabe que os cardeais são guiados pelo Espírito Santo.
04:01Eles dizem que a história é guiada pelo Espírito Santo,
04:05só que esse Espírito Santo é mediado pela mão humana,
04:09pela mente humana, que são os cardeais.
04:13Eu lhe pergunto, ali o que o senhor já disse,
04:16há uma análise da conjuntura.
04:18É claro que não há critérios explícitos, não é?
04:21Não há um checklist para se saber, para o escolhido preencher.
04:26Mas eu imagino que haja requisitos implícitos.
04:31Para que esses requisitos, para que os cardeais levem em conta
04:38para a escolha do Papa.
04:40O que se leva em conta nessa escolha?
04:45Bem, essa escolha, principalmente agora,
04:50eu acho que nessa escolha desse momento, Dora,
04:53Boa noite a você, é a questão em torno de um Papa
04:58que possa, de alguma maneira, levar alguma síntese.
05:03Por quê?
05:03Porque existem algumas análises que apontam para uma igreja mais dividida.
05:11A igreja já vem dividida, já vem marcada por divisões internas,
05:17principalmente desde a década de 60.
05:21Esse ano, completo, esses 60 anos do Conselho Vaticano II,
05:26aquele evento do século XX,
05:28no qual vários bispos do mundo se encontraram,
05:31entre 1962 e 65,
05:34a fim de levar ao adjornamento da igreja,
05:37a atualização da igreja.
05:38Então, essa divisão ali,
05:42que já se encontrava no debate dos bispos nesse evento,
05:46isso ainda reverbera.
05:49Então, quando você toma um papado como João Paulo II ou Bento XVI,
05:55esses dois papas, eles estão num momento de recepção do concílio
06:00um pouco mais tenso,
06:02pelos desequilíbrios que um concílio traz.
06:04Como uma constituinte, por exemplo,
06:06que vai promulgar uma nova constituição.
06:07Sempre que há um concílio,
06:09existe um desequilíbrio,
06:12uma desarmonia,
06:14que você não sabe para onde pode levar.
06:16E Francisco, então,
06:18ele é um papa muito ligado a esse concílio,
06:22enquanto um tipo que dialoga,
06:27que tem uma retórica de diálogo,
06:30de encontro,
06:32mas que, em seu pontificado,
06:35as divisões podem ter se aguçado um pouco mais,
06:39à medida que alguns gestos de Francisco
06:42não foram aceitos por todo o colégio cardinalício,
06:48enfim, nem pelos bispos.
06:49A gente viu várias reações de bispos africanos,
06:53que são geralmente conservadores.
06:55Então, esse requisito, nesse momento atual,
07:00me parece que é uma pessoa que possa,
07:03de alguma forma,
07:05colocar, abaixar os ânimos e trazer alguma síntese
07:09entre Francisco e João Paulo II,
07:14um pouco que,
07:15colocar um pouco de panos quentes
07:18dentro de uma igreja dividida,
07:20porque a igreja é feita de homens,
07:22é uma igreja que também está no mundo
07:24e a gente pode perceber
07:26o mundo que a gente se encontra bastante
07:28compartimentado.
07:31Professor, agora a pergunta de Nelson Kobayashi.
07:35Professor Rodrigo, boa noite,
07:36é um prazer falar contigo.
07:37A gente tem acompanhado alguns nomes
07:41que têm surgido como prováveis sucessores,
07:43dentre os quais alguns do continente africano,
07:46do continente asiático.
07:47Eu queria entender se isso realmente pode acontecer
07:50e qual seria o grande impacto
07:53de termos um Papa desses outros continentes,
07:55não do continente europeu.
07:57E, para finalizar,
07:58há alguma chance real de termos um Papa brasileiro?
08:02Olha,
08:03quando houve o conclave
08:07que escolheu o Bergoglio,
08:09a igreja já tinha dado,
08:10já tinha feito um deslocamento importante,
08:13porque há séculos
08:17nós vínhamos com papas italianos.
08:20Então, no final da década de 70,
08:22tem a escolha de Karol Wojtyla,
08:25um polonês,
08:26depois de Josef Hatzinger,
08:27um alemão,
08:28já havia ali um deslocamento,
08:30estava na Europa ainda,
08:31mas houve,
08:33e, em seguida,
08:34Bergoglio da Argentina.
08:36Então,
08:36essa possibilidade,
08:38ela existe,
08:40pode acontecer,
08:42era um pouco como a gente conversava também
08:43da renúncia do Papa Francisco,
08:45se ele iria renunciar ou não.
08:47Já estava aberta a possibilidade com Hatzinger.
08:50Então,
08:50aberta a possibilidade com Francisco,
08:52um argentino,
08:54na cátedra de São Pedro,
08:57está aberta também para algum africano
08:59ou para algum asiático.
09:01De fato,
09:02a igreja católica,
09:03ela vem sofrendo
09:05na questão de perda de fiéis
09:08na América Latina,
09:10um processo de circularização
09:11bastante avançado também
09:12na América Latina,
09:14que leva muitos
09:15à escolha das igrejas evangélicas,
09:18e também a um crescimento,
09:20que o IBGE vai mostrar
09:21quando for publicado,
09:24em agosto desse ano,
09:25um crescimento muito grande,
09:28expressivo,
09:29de grupos
09:29de sem religião.
09:31Então,
09:32sem pessoas também
09:32bastante indiferentes
09:34à questão religiosa,
09:35e a igreja vai crescendo
09:37pela África
09:39e pela Ásia.
09:40Então,
09:40a igreja,
09:41ela cresce na África,
09:42a igreja todo ano,
09:43ela cresce
09:44em número de fiéis,
09:46principalmente na África.
09:48Acontece que na África,
09:50a África,
09:51ela tem uma particularidade,
09:52que são bispos e cardeais,
09:57no caso,
09:57mais conservadores.
09:59Então,
10:00não me parece
10:01que esse seria o caso,
10:03nesse momento,
10:04de um Papa conservador.
10:06Pode acontecer?
10:07Pode,
10:08se o colégio cardinalista
10:10entender que é a hora.
10:12No caso da Ásia,
10:14você tem um cardeal tagel,
10:15mas um cardeal mais progressista,
10:19mais próximo,
10:20um pouco das ideias
10:22de Francisco.
10:23Então,
10:24o colégio cardinalício,
10:25não,
10:25eu acho que a gente deve
10:26continuar nesse caminho
10:27de Francisco,
10:28então,
10:29pode ser uma figura,
10:31então,
10:31como ele,
10:32que vem da Ásia.
10:35Professor,
10:36rapidamente,
10:36para a gente fechar,
10:37a gente sempre fala
10:38que o mundo está mais polarizado
10:40do ponto de vista político.
10:42De que forma,
10:43se é possível fazer
10:44uma avaliação,
10:45o senhor como historiador,
10:46não sei se é possível
10:47fazer uma avaliação
10:48nesse sentido.
10:49Até que ponto
10:50um conclave
10:51também fica mais politizado,
10:53fica mais dividido,
10:54mais polarizado.
10:55Isso é possível?
10:56Isso já acontece,
10:57na percepção do senhor,
10:58nos dois últimos conclaves
11:00que tivemos,
11:01lá em 2005,
11:02e também o de 2013?
11:06É assim,
11:06a gente pode haver
11:07grupos,
11:09porque é interessante
11:10dizer que
11:11esses cardeais,
11:12eles não se conhecem,
11:14muitos deles não se conhecem,
11:16pessoalmente.
11:17alguns se conhecem
11:18por trabalhar na cúria,
11:19nos dicastérios romanos ali,
11:22mas outros não se conhecem.
11:24Então,
11:24eles vão se encontrar,
11:26vão conversar,
11:27etc.
11:27E aí sim,
11:28claro,
11:28eu acho que
11:29como a Vera
11:31falou,
11:33a Dora falou,
11:34existe toda uma
11:35questão
11:36de agrupar
11:38em torno de ideias,
11:41e vão ter agrupamentos.
11:43Existe ali
11:44uma forma
11:45de política
11:46no sentido
11:47de conversa
11:47entre eles,
11:48para chegar
11:49nesse nome.
11:50Então,
11:51como a igreja
11:53já vem
11:54de alguma forma
11:55polarizada
11:57de como responder
11:58à modernidade
11:59política,
12:00como responder
12:01ao liberalismo
12:02mais avançado
12:04de hoje em dia,
12:06ou à esquerda
12:06cultural,
12:08ou como
12:08respondeu
12:10no século passado
12:11aos países
12:13socialistas,
12:14isso você vai ter
12:15então graus
12:16diversos
12:17de respostas,
12:18e aí eles vão ter
12:19que chegar
12:19num denominador
12:21comum
12:21para encontrar
12:22as melhores
12:24respostas
12:24que eles acham
12:25e que também
12:26o Espírito Santo
12:27acha.
12:28Professor Rodrigo
12:29Coppe,
12:30da PUC de Minas Gerais,
12:31mais uma vez,
12:32muito obrigado pela atenção,
12:33pela gentileza,
12:34voltaremos a nos falar,
12:34professor,
12:35um abraço.
12:37Eu que agradeço a vocês,
12:38boa noite.

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