Antônio Jorge Martins, coordenador da FGV, analisou os impactos da tarifa de 25% dos EUA sobre veículos. A medida ameaça exportadores como México e Canadá e pode inundar o Brasil com carros mexicanos. Para ele, o setor nacional ainda luta para recuperar os níveis de produção pré-crise.
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NotíciasTranscrição
00:00Vamos conversar com o professor que já está aqui, Antônio Jorge Matins, seja muito bem-vindo ao Money Times, boa tarde.
00:07Muito boa tarde a todos vocês e é um prazer estar aqui novamente conversando sobre o setor automotivo.
00:13Vamos nessa, o Felipe Machado, nosso analista, vai participar também.
00:17Professor, então, como é que o senhor avalia esse momento das montadoras e essa sinalização de uma possível ajuda, entre aspas?
00:27O que pode estar por vir do ponto de vista do senhor?
00:30Na realidade, o que se pode fazer hoje são expectativas quanto aos fatos que poderão acontecer frente à manutenção ou não das tarifas de 25% que foram adotadas para todo o setor automotivo mundial.
00:46De uma forma geral, se mantiverem, se os Estados Unidos, se o governo americano mantiver essa tarifa de 25%, existe uma tendência muito grande para que haja uma ociosidade dos principais exportadores para o mercado americano, quais sejam o México e o Canadá.
01:05Na medida em que haja essa ociosidade, pode-se supor que haverá por parte do México uma tendência de como fazer frente ao desafio de ter uma redução brusca da produção de uma hora para a outra.
01:22É buscar preencher essa capacidade ociosa e essa capacidade ociosa poderá ser preenchida através de exportações para o país.
01:31Esse, de uma forma geral, reforçando, é uma das expectativas reinantes frente às incertezas que poderão acontecer frente à manutenção das tarifas de 25% que hoje prevalece ainda para o mercado automotivo.
01:45Felipe, sua pergunta, professor.
01:48Professor, com essa quantidade de carros mexicanos aí, nós temos por um lado um ponto de vista positivo, que pode ter ali um preço melhor para o consumidor final, mas também as montadoras brasileiras podem ficar numa situação de um pouco de desequilíbrio.
02:00Como conciliar esses dois cenários?
02:04É muito difícil de se conciliar isso, porque na realidade, hoje, a concorrência se manifesta entre Estados, municípios, países.
02:14Então, na prática, o que tem de acontecer é uma busca de maior competitividade por parte dos países que se envolvam nesse tipo de problema que hoje nós estamos abordando.
02:25Uma maior competitividade do México frente ao Brasil ou a busca de uma maior competitividade do Brasil frente ao próprio México.
02:32Nesse momento, o que se pode avaliar é que o México possui exatamente uma internacionalização muito mais elevada do que o Brasil.
02:40O Brasil é um país muito mais fechado.
02:41Então, nesse momento, o que pode se esperar é que há uma predominância de exportações do México para o Brasil.
02:48Pode se esperar.
02:50Agora, de qualquer forma, existem também, por parte das empresas brasileiras, instrumentos para poderem se defender.
02:58Porque cada vez mais as empresas instaladas aqui no país buscam cada vez mais elevar a escala, e hoje a escala é um fator fundamental para que se tenha preços adequados,
03:07perante países de toda a América Latina e até, quem sabe, exportando para a África.
03:13Então, são momentos que, de uma forma geral, os países atravessam e o que se pode supor hoje são expectativas reinantes.
03:21O presidente Donald Trump, professor, diz que a intenção, o grande objetivo dele é que as fábricas, as montadoras,
03:29voltem a reforçar suas plantas ali dentro dos Estados Unidos.
03:33Eu queria ouvir como é que o senhor vê esse movimento, se ele é possível,
03:37quanto tempo esse movimento poderia levar para acontecer.
03:40E faz sentido, porque também a gente já ouviu muitos analistas dizendo que essa fábrica, com muitos trabalhadores e geração de muito emprego,
03:51não é mais um modelo que as empresas teriam e que estariam nos Estados Unidos hoje.
03:56Então, quero ouvir o senhor sobre esse ponto.
04:00O que está acontecendo hoje?
04:02Na prática, o que o governo americano busca é reverter o quadro de déficit comercial, principalmente proveniente das empresas.
04:13Os Estados Unidos possuíam superávit na atividade empresarial e hoje, de uma forma geral,
04:18esse superávit comercial somente se manifesta na atividade de serviços.
04:22E eles querem trazer de volta as atividades empresariais e ou industriais.
04:28Isso demora, não se faz da noite para o dia.
04:30Então, já imaginou um setor automotivo que tem dentro da fábrica com motorização a gasolina, combustão, combustão?
04:39Você tem cerca de 2 mil a 3 mil fornecedores de autopeças,
04:44além de exatamente de um peso muito grande na fabricação do próprio automóvel.
04:49Essas mudanças, essas transferências não são feitas de forma ágil.
04:56Com certeza, tentem a demorar.
04:58E não é como se prevê um prazo de seis meses ou um ano, que vai depender muito das autopeças
05:03ou, eventualmente, da própria atividade fabril do automóvel que, efetivamente, tenha que ser transferida.
05:09Eu tenho empresas hoje que importam o automóvel completo para os Estados Unidos
05:13e que até paralisaram essas importações, que tornam-se inviável você, de uma forma geral,
05:18ser taxada em 25% e ainda tentar vender no mercado americano, que é bastante competitivo.
05:23Então, com isso, o que se espera é que, de uma forma geral, as empresas se adaptem a uma nova realidade
05:29em termos de seu parque de componentes.
05:32De uma forma geral, vai ser muito difícil levar tudo para um único mercado.
05:37A globalização para o setor automotivo é fundamental, é indispensável até para fazer frente aos custos incorridos.
05:44Então, com isso, de uma forma geral, eu diria que há uma tendência de, sim, haver uma transferência de atividades de volta para os Estados Unidos.
05:55Isso pode acontecer, mas, de uma forma geral, nunca se pensando que vai ser 100% produzido no mercado americano.
06:02Isso é totalmente inviável.
06:03O ponto que você abordou, que eu acho fundamental, o que se deve ter em mente hoje,
06:10que a atividade fabril, de qualquer produto, de uma forma geral,
06:16ela está muito vinculada à tecnologia.
06:18A tecnologia cada vez mais invade as atividades industriais.
06:22Então, com isso, o setor automotivo, ele tende a ser até um celular sobre rodas,
06:28um semicondutor sobre rodas.
06:29E, com isso, existe a exigência, sim, de ter elemento, uma mão de obra muito mais bem preparada
06:36para fazer frente a esse desafio.
06:38Não resta dúvida que os Estados Unidos têm gente para, de uma forma geral,
06:42atender esse tipo de demanda, mas também não vai ser da noite para o dia.
06:47Essa sofisticação, essa melhoria da empregabilidade, ela também vem com o tempo,
06:53inclusive em função de determinados nichos de atuação que cada fábrica possui.
06:58Eu tenho uma Tesla altamente robotizada e automatizada,
07:02e eu tenho outras fábricas que estão ainda, de uma forma geral,
07:05não tão robotizadas e não tão automatizadas como uma Tesla.
07:10A via de na China, ela tem uma automatização robusta, está certo?
07:14Então, eu tenho fábricas hoje na China que produzem um veículo em torno de um minuto,
07:19um carro por um minuto.
07:20Então, você vê o nível de automatização e robotização que hoje está invadindo o setor automotivo.
07:25A China hoje, ela tem um domínio completo, entendeu, da atividade industrial dos automóveis.
07:31Então, para você absorver isso, trazer de volta para os Estados Unidos, também será difícil.
07:36O que se busca, talvez, é um equilíbrio maior para fazer frente ao elevado déficit que possui,
07:42ou os Estados Unidos possuem, com o setor automotivo, da ordem de um trilhão de dólares.
07:48Então, isso, de uma forma geral, vai ser revisto, vai ser minimizado,
07:54mas, com certeza, nunca vai ser eliminado totalmente.
07:58Felipe, mais uma sua para a gente fechar.
08:00Professor, vamos voltar um pouquinho no tempo,
08:02porque são tantas tarifas para lá e para cá que a gente ficou meio tonto aqui.
08:06Mas, logo no início da aposta do Trump, um tempinho atrás,
08:10ele anunciou tarifas de 25% para o aço e o alumínio brasileiros, lembra lá atrás.
08:15Eu te pergunto o seguinte, o Brasil exporta para os Estados Unidos,
08:20ferro, aço, alumínio, enfim.
08:22Seria o momento agora de usar essa produção, graças a essas tarifas,
08:25usar essa produção justamente no Brasil para incrementar a produção das montadoras brasileiras
08:29e justamente buscar mercados novos, como a África, como o senhor bem apontou?
08:33Na prática, o que está acontecendo é o seguinte,
08:38nós estamos com uma produção crescente nesse período pós-pandemia,
08:43mas ainda estamos com um patamar de 2,6 milhões de carros por ano.
08:48Só para a gente ter uma ideia, vamos falar de números, que isso é irrelevante.
08:52O mercado chinês é de 31 milhões de veículos por ano.
08:55O mercado americano é de 15 milhões de veículos por ano.
08:59Eu tenho ainda a Europa, a União Europeia, eu tenho o Japão,
09:03com cerca de 8, 9 milhões de veículos por ano.
09:05Então, a nossa produção ainda é muito reduzida.
09:09Já chegamos a produzir 3,8 milhões, quase 4 milhões de veículos no ano de 2013, 2014.
09:15Mas isso, de uma forma geral, reduziu-se e até hoje não se conseguiu recuperar.
09:20Eu acho que, na medida em que você abandona o mercado externo,
09:24esse retorno se faz de uma forma mais lenta.
09:27Porque quando você não ocupa, rapidamente você vai ter outros países ocupando esses mesmos mercados.
09:34Então, o nosso retorno, na minha percepção, não vai ser tão rápido como a gente gostaria.
09:40Há, sim, de se pensar numa melhoria de produção aqui para nós, entendeu?
09:44Mas não tão grande de tal forma absorver toda essa produção de aço e alumínio
09:51que está sendo exportada para os Estados Unidos, inclusive para o setor automotivo americano.
09:56Quer dizer, vai ser muito difícil a gente buscar negociações para realmente reduzir alguma coisa
10:01ou aumentar outras coisas para buscar um equilíbrio com o mercado americano,
10:05de tal forma continuar exportando esse aço silício e o alumínio que nós estamos exportando para lá.
10:11Até porque, para alterar, entendeu, novos clientes, mudar para os novos clientes,
10:17essa tarefa também é árdua.
10:19Não se consegue ir à noite para o dia, né?
10:21A China também tem uma capacidade de fabril muitíssimo elevada, né?
10:25Uma produção de 31 milhões de veículos, que são de convívio, importam também da gente.
10:29Então, com isso, de uma forma geral, para resumir, né?
10:32Eu vejo, assim, com dificuldades de nós conseguirmos suprir essa demanda muito rapidamente,
10:40essa demanda externa, né?
10:42Muito rapidamente.
10:43Isso poderá, sim, ser feito, mas ao longo de algum período muito maior de tempo.
10:49Quero agradecer demais a participação de Antônio Jorge Matins,
10:52coordenador da Fundação Getúlio Vargas e especialista no setor automotivo.
10:57Participação ao vivo aqui no Money Times.
10:58Muito obrigada.
10:59Boa tarde para o senhor.
11:00Volte sempre.
11:02Boa tarde para vocês também.
11:03Tudo de bom.