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TecnologiaTranscrição
00:00E uma equipe de cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade de São Paulo
00:07identificou uma molécula cerebral que pode reverter o declínio cognitivo
00:14causado pelo envelhecimento e pela demência, incluindo a doença de Alzheimer.
00:20A pesquisa foi publicada na revista Aid in Cell.
00:24E o Olhar Digital recebe agora ao vivo Felipe Cabral Miranda.
00:30Que é biomédico da UFRJ e primeiro autor do estudo.
00:34Vamos lá receber o Felipe.
00:37Deixa eu colocá-lo aqui na nossa tela.
00:42Olá, boa noite Felipe. Seja muito bem-vindo ao Olhar Digital News.
00:48Obrigado, boa noite.
00:49Boa noite Felipe.
00:51Bom, vamos conversar um pouquinho sobre essa notícia que a gente acabou de dar.
00:56Eu queria que você explicasse para a gente, Felipe.
00:58Qual é essa molécula e qual seria o papel dela para reverter esse declínio cognitivo?
01:07Essa molécula se chama Evina.
01:10Ela é relativamente pouco estudada, mas basicamente o que a gente acredita que ela faça
01:14é criar uma espécie de rede que permite que os neurônios se comuniquem melhor.
01:20Então eles liberam moléculas de uma forma mais eficiente, digamos assim.
01:27Agora Felipe, qual é o potencial dessa descoberta?
01:31Porque a gente sabe que em termos práticos para tratar doenças, como Alzheimer, que é uma doença tão cruel.
01:39Eu queria que você falasse um pouco para a gente como que foi feito esse estudo.
01:43Esse estudo a gente usou o modelo pré-clínico, que é basicamente camundongos, que são modelos para doença de Alzheimer.
01:51Mas a gente também faz um cruzamento de dados com amostras de cérebro de pacientes de Alzheimer também.
01:57E a gente vê que essa molécula está caindo nesses pacientes em relação aos controles da mesma idade.
02:03Pessoas que são idosos, mas não apresentam Alzheimer.
02:06Então a ideia que a gente teve é de aumentar os níveis dessa molécula artificialmente,
02:11nesse modelo pré-clínico de Alzheimer, para tentar reverter o déficit cognitivo.
02:15E foi exatamente isso que a gente observou.
02:17A gente conseguiu reverter esse déficit no modelo animal, né?
02:20Então a gente ainda tem mais um longo caminho até chegar de fato à clínica.
02:25Agora, para nós que não temos os passos de como as coisas funcionam, nesse caso da medicina,
02:32eu queria que você falasse um pouco sobre como que funciona daqui em diante.
02:35Ou seja, qual que é o potencial dessa descoberta e quais são os próximos passos a partir disso?
02:42Com isso, a gente abre uma nova avenida de análise de novos fármacos que podem ser usados para Alzheimer.
02:50Pensando que o Alzheimer, infelizmente, ainda não tem cura.
02:54E muitas das drogas que se desenvolveram até o momento são muito focadas em uma molécula em particular,
02:58essas platas beta-amiloides.
03:00Então o nosso estudo mostra um caminho alternativo.
03:02Então isso pode fomentar o desenvolvimento de uma nova abordagem farmacológica com novas drogas,
03:08com novos alvos terapêuticos que podem ser, então, implementados.
03:14E nós sabemos que isso é um caminho longo, né?
03:18Você pode... imagina em quanto tempo que a gente teria o encaminhamento disso, né?
03:24Para uma parte mais clínica e talvez até para uma solução.
03:27Eu diria décadas.
03:31Infelizmente, o modelo pré-clínico animal, a gente tem um longo caminho até chegar ao humano.
03:35Então a gente primeiro precisa validar novas drogas que tenham o potencial de mimetizar
03:39aquilo que a gente descobriu nesses modelos animais.
03:42E depois começar estudos clínicos em populações humanas,
03:45que são pacientes que já têm a doença de Alzheimer.
03:47Então a gente pode começar a investigar se isso traz algum tipo de benefício para esses pacientes.
03:51Então, infelizmente, esses passos são dados de uma forma bem lenta,
03:58mas deve ser feito dessa maneira para a gente ter segurança de novos fármacos nesse sentido.
04:02Mas é uma boa expectativa, né?
04:04Já é uma outra possibilidade no fim do túnel que já dá uma certa expectativa
04:10de que algo realmente venha ali na frente.
04:13Bom, imagino que seja um trabalho realmente gigantesco para você e para a sua equipe.
04:16Felipe, vocês trabalham nisso há quanto tempo, Felipe?
04:22Esse projeto começou em meados de 2021 e a gente concluiu o artigo agora no começo desse ano, de 2025.
04:31Então foi um projeto de quatro anos.
04:33Tá certo, tá aí. Parabéns, viu, pela descoberta.
04:37Espero que vocês façam um bom trabalho, porque nós, do lado de cá,
04:41ficamos no aguardo sempre de boas notícias advindos disso.
04:44Muito obrigada pela sua participação, Felipe.
04:47Obrigado a vocês pelo convite. Boa noite.
04:49Boa noite.
04:50Tá aí, pessoal.
04:51Pois é, sempre uma esperança na área de medicina,
04:54especialmente nessa questão de Alzheimer, que, como eu disse, é uma doença tão cruel, né?
04:59Nós conversamos ao vivo com o Felipe Cabral Miranda,
05:03que é biomédico da UFRJ e primeiro autor desse estudo publicado na revista Age in Cell.
05:10Vamos aguardar novidades.
05:12Isso, como vocês já sabem, não é?
05:14O futuro passa primeiro aqui.
05:16Então, próximas novidades, vocês fiquem informados aqui também.