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00:00Correia e Silva, mais conhecida como Tia Dilma.
00:03Tia Dilma, conta um pouquinho pra gente da sua relação com o Divaldo,
00:07sobre o legado que ele deixa e o que isso representa pra senhora.
00:12Oh, meu filho, não tem palavras.
00:18Porque quem viveu com ele, quer dizer, na obra,
00:22vi muito jovem pra aqui e tomei conta de cinco crianças órfãs.
00:27Por eu ser muito nova, não tinha experiência.
00:32E ele me entregou as crianças, eu fazia o possível,
00:36mas de vez em quando eu precisava ir, perguntar, falar.
00:40E ele auxiliava muita gente, as tias todas, não era só comigo, não.
00:45Porque já houve cento e tantas crianças internas, e eu tomei conta de cinco.
00:51Depois entraram mais duas, porque iam ficando adultos,
00:56querendo se emancipar, e saíram.
01:00E na vaga ele colocava outros menores.
01:06Há quantos anos a senhora mora aqui?
01:10Vai fazer quase 60.
01:1260 anos?
01:13É, vim pra aqui bem jovem, hoje eu tenho 90.
01:15Claro.
01:16Acho que ainda não tinha 30 anos, não.
01:19Não, a senhora pode falar um pouco da sua trajetória,
01:22atuando aqui como voluntária?
01:23Ah, foi muito boa, foi uma experiência espetacular.
01:29Sabe que eu era filha única dentro de casa, com dois irmãos, pai, mãe, você sabe,
01:38uma menina só era bem marcada, né?
01:41Mas, de uma hora pra outra, eu assisti o Tidival de uma vez, e fiquei impressionada.
01:48Eu sou professora de biologia, e ele dava aula, assim.
01:53Eu não, assim, mas como é que um homem desse, não, só teve o normal em Feira de Santana,
02:00e fala tudo isso, falava de paleontologia, falava de todas as ciências.
02:07E eu virei pra meu irmão e disse assim, como é que ele sabe isso tudo, se ele tem um curso,
02:15não fez a estibular, não cursou faculdades.
02:18Aí foi que meu irmão me explicou, o mais velho, que já desencarnou.
02:21Aí ele me explicou por que, que fazer assim.
02:24Depois que eu tinha muito medo do espiritismo, eu pensava que era assim, candomblé, macumba,
02:32aí ficava com medo, porque desde pequena eu via espírito.
02:37Então, quando eu cheguei aí, tinha medo, né?
02:40Antigamente eu tinha medo.
02:42Desde nova, eu tava na escola primária.
02:45E após conhecer Edivaldo, isso mudou?
02:48Esse medo mudou?
02:49Oh, mas como?
02:50Depois que eu estudei, livro dos Espíritos, livro dos Médiuns, a Gênese, o Céu e o Inferno,
02:59o Evangelho segundo o Espiritismo, tem que ler pra poder conscientizar.
03:04Se a senhora pudesse destacar um momento pessoalmente vivido com Edivaldo, qual seria?
03:11A mente?
03:13Na hora das dificuldades e na horas boas.
03:17Porque ele era uma pessoa assim, que aproveitava todos os momentos pra transmitir pra gente conhecimentos,
03:25falar sobre a religião, sobre os Espíritos, a interferência dos Espíritos no nosso trabalho.
03:30Eu aí fiquei muito emocionada, como até hoje.
03:34Por isso que eu choro, porque ele colocou dentro, não só em mim, mas de todas as pessoas,
03:42todas as tias que trabalharam aí na mansão do caminho, ele colocou muita coisa boa,
03:48bom ânimo, ensinou a viver.
03:51E aí a gente, quer dizer, pra entrar aí tem que ter uma boa moral, tem que se reservar, né?
03:58Mas eu fui muito aquinhoada, porque aproveitei muito desde as reuniões,
04:06que ele levantava a mão pro céu e chegava com rosas vermelhas,
04:11e jogava no colo da gente que estava na reunião.
04:14do plano espiritual, a materialização, né?
04:19E assisti também, ele dá assistência a um senhor do Rio de Janeiro, que já é desencarnado.
04:25Ele estava com... o senhor estava aí na mansão, passando uns dias com ele.
04:33Quando ele passou muito mal de noite, a visita, né?
04:37Ele foi, foi ver, estava com a esposa, e ele foi dar um passe no senhor, que passou mal de noite.
04:50Quando eu vi, ele tirou o lenço do bolso do senhor, botou nos peitos.
04:57Ele levantou a mão pro céu, quando voltava com as mãos cheias de...
05:03de um medicamento, parecendo mel de cana, assim, e passava, dava massagem aqui nos peitos do senhor.
05:13Ainda viveu muitos anos.
05:17Então, isso me marcou bastante, porque eu acreditava nos espíritos.
05:23Porque eu via, quer dizer, não via espírito ruim, via um padre que era da minha cidade.
05:30Eu nasci em livramento de Nossa Senhora.
05:33Então, ele jogava queimado, eu passava na porta dele pra pegar os queimados que ele jogava pela janela.
05:40Quando ele desencarnou, ele me apareceu.
05:44Isso dá uma certeza.
05:46Mas pra gente alcançar essas coisas, meu filho, tem que ser trabalhada interiormente.
05:53Tem a medicina...
05:54Quer dizer, quando eu vi tudo isso, eu era bem ingênua.
05:58Ainda sou até hoje, porque eu não tive muitas experiências que todo mundo...
06:02Eu com 90 anos já devia ter, né?
06:04Não.