No quadro Diário Educação, Ivo Lavor destaca a importância do vínculo materno no desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças.
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NotíciasTranscrição
00:00No Diário Educação de hoje, o professor Ivo Lavô vai trazer pra gente qual é o papel da mãe na educação.
00:09Muito boa tarde, professor Ivo Lavô.
00:11Muito boa tarde, é sempre um prazer, Zé Neto, Priscila Tavares, de estar nesse quadro Diário Educação.
00:19E como é a semana que antecede, né, o Dia das Mães, eu senti a necessidade de trazer aqui uma palavra pras mães.
00:27Não sei se a Priscila é mãe, mas eu quero também, Priscila, que você faça alguma interrupção, se você achar interessante no momento da minha fala.
00:36E assim, o papel da mãe na educação das crianças é de forma muito significativa, muito mais do que o pai.
00:45Isso não se trata de uma opinião, mas é por conta de algumas, do ligamento afetivo que tem da mãe com relação à criança, né?
00:59Essa figura feminina, principalmente nos primeiros anos de vida.
01:05E eu diria que o papel, inicialmente, o papel da mãe não está apenas no de cuidar, limpar, alimentar, colocar para dormir,
01:18mas a mãe, né, a família como um todo, mas o foco principal aqui na minha fala hoje é a mãe.
01:25A mãe tem um papel tanto cognitivo quanto emocional.
01:29E assim, durante a história da nossa educação no mundo, a gente fica naquela dúvida.
01:35Quem educa? A escola ou a família, né?
01:38Fica aquela questão de colocar responsabilidade para um e para outro.
01:43Eu já quero colocar aqui de pronto a minha opinião.
01:47Para mim, os dois devem educar.
01:49Só que a família, ela exerce um papel tão forte que se esse papel não for executado com esmero, com alinhamento,
02:01a escola não vai também cumprir o seu papel.
02:05Então, assim, hoje a gente tem a seguinte interpretação da realidade.
02:11A mãe tem que proteger o filho de tudo.
02:14Essa frase precisa ser corrigida, tá?
02:16Atenção, mamães, você não pode estar protegendo o seu filho de tudo.
02:21Educar, na verdade, é preparar o filho para tudo.
02:26Então, essa é a máxima da educação por parte das mães.
02:31Ela tem essa responsabilidade de preparar a criança para tudo.
02:36E aí, existe até um sentido que se dá ao termo desenvolvimento.
02:43A própria palavra, epistemologicamente, desenvolvimento,
02:47é des, quer dizer, afastamento, né?
02:51Envolvimento.
02:51Então, é o afastamento do envolvimento dessa figura.
02:55Então, para que a mãe possa promover esse afastamento,
02:58que é necessário para que a criança tenha desenvolvimento,
03:02ela precisa dar a ele autonomia.
03:05E não é protegendo de tudo que ela vai fazer isso.
03:08É preparando o filho para tudo.
03:12E aí, você pode estar se perguntando,
03:14mas como é que eu posso preparar o meu filho?
03:18Existem pesquisas, tanto da psiquiatria,
03:22como da pediatria e também da neurociência,
03:26que elas, em comum, têm uma questão importante, né?
03:30Que a mãe, ela ocupa um papel neurobiológico e cognitivo para a criança.
03:36E algumas questões são decisivas.
03:38Entre elas, uma atenção ao que nós chamamos de estresse, né?
03:44A palavra estresse, ela foi, muitas vezes, demonizada, né?
03:48Pela sociedade, como se o estresse fosse uma coisa somente negativa.
03:54Mas isso não é verdade.
03:56Então, para que eu possa realmente oferecer conexões seguras para o meu filho,
04:01promover essa autonomia que essa criança precisa,
04:06eu tenho que ter atenção, como mãe, a três tipos de estresse.
04:10O estresse positivo.
04:12O que é o estresse positivo?
04:14É aquele que eu devo provocar.
04:17Então, em todo momento, eu tenho que estar provocando o estresse na criança.
04:23Em que sentido?
04:24Existem algumas atividades que a criança ainda não faz,
04:28ou que ela não gosta de fazer, mas que ela precisa fazer.
04:32Como tomar banho, cortar o cabelo, escovar os dentes.
04:36E se você afrouxar no momento de impor aquela atividade,
04:41se você afrouxar como mãe, né?
04:43Porque a criança chorou e desviar ali o foco e não executar
04:48porque a criança não quis fazer,
04:50isso vale também para vestir uma roupa.
04:53Gente, uma criança de dois anos não pode estar decidindo
04:56sobre o que comer, não pode estar decidindo sobre o que vestir.
05:01Você precisa criar uma estratégia, deixar aquele choro
05:04e fazer valer a sua vontade como mãe ali.
05:09Existe um termo que está muito ligado, não somente à maternidade,
05:13mas à paternidade, que é chamado de subordinação.
05:16Isso já é atendido pela própria psiquiatria e psicologia.
05:20O filho, ele é subordinado ao pai, ele é subordinado à mãe.
05:25O que isso significa?
05:26Existe uma hierarquia, né?
05:29A mãe e o pai é quem dá as ordens.
05:32E a criança, ela está observando.
05:34Mais na frente, se você não impor isso, você vai ter,
05:39e a gente já está percebendo isso,
05:41você vai ter muita birra e aí a educação vai ficar totalmente comprometida.
05:46O outro tipo de estresse é o estresse moderado.
05:50O estresse moderado já não é provocado,
05:52mas ele é circunstancial.
05:54Então, toda criança vai cair, toda criança vai se cortar.
05:58Então, assim, é importante que ela receba assistência.
06:02Nunca diga para uma criança,
06:04bem feito, você é teimoso, você é teimosa.
06:08Eu não te falei?
06:10Se você disser que a criança é teimosa,
06:12ela vai internalizar aquilo e ela vai ser teimosa.
06:16Então, ao invés de você atingir o objetivo que seria
06:20não ser a criança teimosa,
06:23isso vai acontecer o contrário, né?
06:24Porque você supervalorizou o termo teima ali.
06:29E outro tipo de estresse,
06:31que é o que mais a gente vê na atualidade,
06:34ele também não é um estresse provocado,
06:38mas pode ser provocado,
06:40que é o estresse tóxico.
06:43O que significa o estresse tóxico?
06:45É quando a criança é totalmente abandonada, né?
06:49E quando eu falo de abandono,
06:51eu não me refiro à questão da criança
06:54não ser assistida em comida,
06:56não ser assistida...
06:58Não, isso aí já é um abandono extremo.
07:00Eu estou falando do abandono do afeto.
07:04Toda criança tem que ser atendida em todo momento.
07:08O choro da criança é o momento comunicativo.
07:12Então, a mãe...
07:13Isso vale também para a criança já na adolescência, né?
07:17Ela precisa também ser atendida.
07:19E quando você deixa a criança nas mãos de um celular,
07:24como se o celular fosse uma babá,
07:27literalmente você está ali impondo um estresse tóxico
07:31que pode ter repercussões muito significativas para a criança.
07:38Então, autorregulação, autoconfiança, empatia,
07:42essas questões estão muito ligadas
07:46como a mãe faz o atendimento
07:51a esses tipos de estresse que eu mencionei anteriormente.
07:57Então, assim,
07:59vale aqui lembrar na minha fala final,
08:01que eu já até tratei aqui com vocês em outros momentos,
08:05os primeiros mil dias da vida da criança
08:07que vai desde a gestação até os dois anos
08:10são mais decisivos,
08:12onde a arquitetura cerebral está sendo formada, né?
08:16Tudo que a mãe faz tem algo, assim,
08:19muito positivo ou negativo para a vida da criança.
08:25Então, assim, vamos criar situações
08:28para as crianças esperarem,
08:30para as crianças se frustrarem,
08:32para as crianças negociarem, cederem,
08:35porque muitas vezes a gente vê algumas mães dizerem
08:38eu não posso ver a minha filha ou meu filho chorar.
08:42Você tem que, inclusive,
08:44em alguns momentos provocar isso,
08:46quando eu falei aqui sobre o estresse positivo,
08:50quando você sabe que uma coisa é necessária,
08:53mas que a criança não gosta de fazer.
08:55Você tem que ir colocando aquilo
08:57para que se torne um hábito depois.
09:00Então, para fechar aqui a minha fala,
09:03o colo da mãe, o afeto, toda essa proteção
09:08gera algo positivo para a criança.
09:13E dar presentes, mas não estar presente,
09:17não ser essa figura forte como nós tínhamos
09:19há 20, 30 anos atrás, a mãe chata,
09:23você pode estar provocando uma deseducação
09:26nas crianças.
09:28As mulheres se tornaram empoderadas,
09:31mas as mães da atualidade são mães fracas.
09:35E nós já estamos tendo repercussão
09:37dessa nova atmosfera na educação atual.
09:42Então, fica aí a dica.
09:44O meu muito obrigado.
09:45Quem ainda não segue o Ivo Lavô,
09:47ivolavô.oficial,
09:49é o meu Instagram.
09:51Tenho também conteúdo no meu YouTube.
09:54E obrigado, gente.