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Esta semana, debatemos as alterações climáticas na economia e na sociedade e também o financiamento dos agricultores e a proteção dos lobos

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00:00Olá e sejam bem-vindos ao Bruxelas Meu Amor, o programa da Euronews que lhe traz todas as semanas, em português, as notícias e os debates que marcam a atualidade europeia.
00:21Eu sou a Mariana Correia e estes são os destaques da semana.
00:24O calor está a aumentar, as temperaturas médias da terra e do oceano na Europa estão a subir, tendo o ano passado registrado um número recorde de dias quentes.
00:34Com o sudeste da Europa pronto a enfrentar os piores impactos do calor e as secas desta primavera a ameaçar a subsistência dos agricultores,
00:43vamos saber o que está em jogo e explorar o próximo grande desafio da Europa, a crise na escassez da água.
00:48E ainda, a política agrícola comum da União Europeia, lançada nos anos 60 para apoiar os agricultores, vai ser renovada.
00:56Desde o aumento dos incentivos aos jovens agricultores até à redução da burocracia, a ideia é aliviar os requisitos ambientais
01:04e a parte administrativa dos processos para ajudar os agricultores nestes tempos de incerteza.
01:09Analisamos o que está em cima da mesa e perguntamos se irá realmente simplificar a vida dos que vivem da agricultura.
01:16São várias as questões para colocar aos nossos convidados de hoje, que passo já a apresentar.
01:21António Teixeira Correia, eu era deputada do Partido Chega no Parlamento Europeu, seja bem-vindo.
01:25Obrigado.
01:25Catarina Figueiredo de Laici, representante da região autónoma da Madeira aqui em Bruxelas.
01:31E Tiago Mateus, engenheiro agrónomo.
01:33Obrigada aos três e a SIC está desse lado.
01:36Hoje vamos falar de vários temas como ambiente e agricultura, mas antes vamos ouvir o destaque desta semana.
01:46É oficial, 2024 foi o ano mais quente já registrado no planeta.
01:56De acordo com seis centros de dados internacionais da Organização Meteorológica Mundial para a NASA.
02:01Que outros anos estão no top 10?
02:03Todos os anos desde 2015.
02:06O que significa que acabamos de concluir a década mais quente de sempre.
02:09Especialistas dizem que a meta de temperatura de longo prazo do Acordo de Paris ainda não está morta, mas em grave perigo.
02:20Mas, politicamente, uma ação diferente é perceptível.
02:24A ambição verde está a diminuir na União Europeia.
02:27Os motivos?
02:28Desafios em matéria de política externa e interna, bem como exigências sociais e económicas concorrentes.
02:34E as partes interessadas, desde agricultores a fabricantes de automóveis, manifestaram o seu ressentimento face a regulamentos ambientais mais rigorosos.
02:48Estamos numa bifurcação?
02:51Devemos salvaguardar o clima ou a economia?
02:53António, o grupo político do qual faz parte no Parlamento Europeu, os Patriotas pela Europa, tem uma posição muito concreta sobre as políticas ambientais.
03:04Eu pedia para nos explicar sucintamente quais são e se está satisfeito com este retrocesso da Comissão.
03:11Bem, é evidente que nós não somos radicais em qualquer tipo de política, sejam elas ambientais, económicas, sociais ou outras.
03:20Achamos que a política climática se radicalizou nos últimos anos de uma forma que vem prejudicar a própria vida dos cidadãos.
03:29A Europa, no fundo, tem 8% das emissões de gases comparado com os outros países, ou seja, é o continente que tirando África, por razões diferentes, que produz menos emissões.
03:41Mas somos os mais penalizados, nomeadamente a nível da produção industrial e da circulação.
03:46Portanto, nós temos que encontrar um equilíbrio entre os dois, de forma a que não percamos a nossa competitividade, que estamos a perdê-la completamente.
03:55Nós hoje não podemos competir com a China, com a Rússia, com a Índia, com outros espaços económicos, até com o Vietnã, que começa agora a crescer.
04:04E essas políticas vêm aumentar essa...
04:08O chamado Green Deal, completamente.
04:09Ou seja, de tal maneira que até os partidos que apoiaram na última legislatura, nomeadamente o Partido Popular Europeu, este Green Deal,
04:19agora já estão, de alguma forma, a retroceder nas suas ideias e a ter um deal um pouco menos radical
04:26e que permita às empresas e aos produtores económicos uma maior liberdade e não os carregar tanto com taxas, taxinhas, tarifas, impostos e exigências que realmente podiam não existir.
04:43Catiline, a Madeira enfrenta desafios relacionados com as alterações climáticas.
04:47Como é que se faz este equilíbrio entre proteger a natureza e desenvolver a economia?
04:52Claramente, a região autónoma da Madeira é uma região que tem uma quantidade de biodiversidade que é bastante importante
05:00e que tem que ter uma grande atenção nas suas políticas, nas tomadas de decisão, em proteger essa riqueza.
05:09Portanto, hoje em dia, obviamente, estamos a ter uma sirene de alarme muito importante.
05:15Já não é qualquer coisa distante.
05:17Vimos os fogos, não só na Madeira, vimos o que aconteceu em Espanha, estamos a ver catástrofes naturais no mundo inteiro
05:26e, claramente, hoje em dia, inação já não é uma possibilidade.
05:31E o custo da inação é essa também que temos que ter em conta quando estamos a tomar decisões políticas.
05:37Claramente, também temos que ter em conta o impacto económico, social das nossas decisões.
05:48E hoje em dia é também uma realidade que estamos a pedir muito às indústrias, às empresas europeias.
05:56É uma necessidade, mas também estamos a criar um problema para essas empresas e indústrias
06:03quando têm que competir com o resto do mundo.
06:06Tiago, como agrónomo e como jovem agricultor, como é que olha para este problema das alterações climáticas?
06:15Eu penso que nós temos que endereçar este problema das alterações climáticas.
06:20Principalmente, temos de ser realistas e também intelectualmente honestos,
06:24porque, realmente, o clima sempre mudou ao longo da existência do nosso planeta.
06:28Agora, o que nós estamos, neste momento, a ver é a mão humana nas alterações climáticas.
06:36O que nós fazemos, enquanto humanos, é acelerar, então, estas alterações climáticas.
06:42Portanto, há necessidade sempre de ver quais são as indústrias mais penalizadoras das alterações climáticas.
06:50Podemos ver que 70% das emissões globais, mundiais, de gases de efeito de estufa
06:56representam as indústrias dependentes de energia.
07:02E quando estamos a falar, e quando se fala da agricultura,
07:05apenas uma pequena parte destas emissões de gases de efeito de estufa
07:11são acalculadas pela agricultura.
07:14E, uma vez que a agricultura é primordial para a produção de alimentos,
07:22é necessário defender a agricultura.
07:24A agricultura sofre, realmente, com as mudanças das alterações climáticas,
07:29por meio das secas, dos incêndios,
07:34mas temos aliados com a tecnologia,
07:36aliado com o apoio que pode ser da tecnologia,
07:42nomeadamente de novas técnicas genómicas,
07:45o setor pode se adaptar face a estas alterações climáticas
07:48e, portanto, sair ainda mais resiliente.
07:52António, Portugal tem mais a perder ou a ganhar
07:56com estes retrocessos nas políticas ambientais?
07:59Claramente a ganhar.
08:00E eu vou explicar porquê.
08:01Outro dia recebi os patrões, chamemos-lhe assim,
08:04os responsáveis de CEOs e não os acionistas,
08:07mas quem manda nas empresas,
08:08grandes empresas que ainda existem em Portugal.
08:11E eles disseram-me claramente o seguinte,
08:12das duas uma,
08:14ou nós vamos fazer as alterações das nossas empresas
08:16para 20, 30 ou 20, 50, conforme as metas que estão estabelecidas,
08:20conseguimos fazê-lo a preços excruciantes, brutais,
08:24em que não vamos ser competitivos,
08:25mesmo que façamos aquilo que nos é exigido,
08:27ou simplesmente deslocalizamos as empresas.
08:30O que é que isto quer dizer?
08:31Deslocalizar a produção industrial da Europa.
08:34Isto é Portugal, que é um país pequeno a nível industrial.
08:36Imagine a deslocalização sistemática,
08:39como foi feita há 30 anos, há 20 e tal anos,
08:41das empresas da Alemanha, de França, da Bélgica, do Luxemburgo, etc.,
08:45para o estrangeiro, para zonas onde não pagam tantos impostos,
08:48onde os salários são mais baixos,
08:49onde têm melhor acesso às matérias-primas.
08:51Isto para a Europa é uma desgraça.
08:53É uma verdadeira desgraça.
08:55Ainda hoje recebi e tive de falar com responsáveis
08:58das indústrias conserveiras em Portugal e Espanha.
09:02E eles dizem-me claramente que, ou das duas uma,
09:05ou nós protegemos as nossas indústrias,
09:07quer por não as carregarmos tanto com imposições,
09:11sejam elas ambientais ou fiscais,
09:14e as apoiamos de um ponto de vista com uma lógica
09:19e com uma orientação muito clara para o futuro,
09:21ou nós não temos capacidade de competir com os estrangeiros.
09:24Isto é dramático para os portugueses,
09:26porque não vai haver trabalho, não vai haver empregos,
09:29não vai haver produção,
09:30e nós estamos a cair neste abismo.
09:33Mas não estamos a dar com uma mão e tirar com outra?
09:35O problema não é esse.
09:36O problema é que há alterações em midares
09:38que não dependem do homem,
09:39que não dependem do ser humano.
09:41Eu costumo dizer, por brincadeira,
09:42que o deserto de Saara aconteceu,
09:44era verde, era verdejante,
09:46tinha florestas, por isso é que tem petróleo.
09:47Mas há artigos científicos que dizem
09:49que a ação do homem é que...
09:51Deve ter sido os 4x4 dos árabes
09:53que deitaram abaixo com certeza aquelas luvas todas.
09:56Catarina, o que é que nos pode dizer sobre isto?
10:00A ação do homem está provada que tem impactos
10:03e a madeira tem sofrido bastante com isto.
10:05Vimos especialmente nos incêndios do ano passado.
10:09Acho que hoje em dia,
10:10podemos sempre questionar tudo,
10:12mas penso que hoje em dia,
10:13efetivamente, há dados científicos
10:16que comprovam que a ação do homem
10:20acelerou este processo
10:22e acelerou nestes últimos anos,
10:24em que tivemos uma industrialização
10:26bastante importante.
10:29E há políticas na madeira
10:30para a prevenção desses catástrofes?
10:34Há políticas na madeira?
10:35Claro que há.
10:37Agora, temos que ter em conta
10:39que a madeira é uma ilha,
10:40é uma região com uma realidade
10:44bastante diferente
10:47da realidade do continente europeu.
10:49Somos uma pequena ilha,
10:51temos, como eu disse,
10:53uma quantidade bastante importante
10:56de biodiversidade
10:58e que precisa de ser protegida.
11:03E claro que o governo
11:04está a ter em conta
11:06e sempre teve em conta
11:07a proteção dessa biodiversidade.
11:12Agora, a realidade também é
11:14que todos têm que fazer a sua parte,
11:16mas nós temos uma realidade
11:20diferente, específica
11:22e é preciso ter em conta
11:23essa realidade.
11:25E quando nos pedem
11:25a todos um esforço,
11:26claro que todos temos
11:27que fazer um esforço,
11:28mas ao nível
11:29do que nos é permitido
11:31e da nossa realidade.
11:33Obrigada.
11:34Um homem que estava
11:35profundamente preocupado
11:36com as mudanças
11:37do estado do clima
11:38era o Papa Francisco.
11:40Estes 20 semanas
11:40as atenções estão voltadas
11:43para Roma,
11:44onde milhares de pessoas
11:45prestam a última homenagem
11:47a um Papa disruptivo
11:48que usou o seu papel
11:50como chefe da Igreja Católica
11:51para alertar para o problema
11:53do aquecimento global.
11:54O secretário
11:55para as mudanças climáticas
11:56das Nações Unidas
11:57chamou-lhe
11:58destemido defensor
11:59da ação climática global,
12:01elogiando o seu profundo conhecimento
12:03sobre as complexas questões do clima.
12:05Catiline,
12:07de volta a si,
12:08nós vemos aqui
12:08um Papa assumir
12:09um papel claro
12:10na defesa do clima.
12:11Falta essa ambição
12:12nos líderes europeus?
12:14Penso que não falta essa ambição.
12:15Penso que temos visto
12:16ao longo destes últimos anos
12:18uma grande ambição
12:19e talvez uma ambição
12:20que tenha até sido
12:22em demasia
12:23e que criou
12:24alguma crispação
12:26de certos setores,
12:27de certas pessoas
12:28e talvez com razão.
12:30Porque a verdade
12:31é que temos que
12:32ter em conta
12:33que temos que agir,
12:37temos que tomar decisões,
12:38mas cada coisa
12:39no seu tempo
12:40e não podemos
12:42ir com uma força
12:44demasiado importante,
12:46empurrar a força,
12:47temos também
12:48que perceber as realidades
12:49e, de certa forma,
12:51e penso que é o mais importante,
12:53apoiar os setores
12:54aos quais estamos a pedir
12:55também um esforço
12:56acima da média.
12:59Tiago,
13:00se a União Europeia
13:01abrandar agora,
13:02que sinal é que vai dar
13:03às futuras gerações?
13:05Eu penso que não será
13:05um abrandamento,
13:06eu penso que é uma continuação.
13:09As políticas propostas
13:10pela União Europeia
13:11visam e...
13:13A verdade é que não são as...
13:14Na continuação,
13:15na continuação
13:16das políticas...
13:17Mas há um abrandamento.
13:19Poderá ser visto
13:20como um abrandamento.
13:22Agora,
13:24face à competitividade,
13:25face à competitividade
13:28com os restantes países,
13:30nós temos que pensar
13:32que a nossa agricultura
13:34tem que ser resiliente
13:35e temos de ser capazes
13:37também de concorrer.
13:39António,
13:40quando personalidades globais
13:41reconhecidas pelo impacto
13:42positivo que têm
13:43na sociedade,
13:44como o Papa Francisco
13:45teve alerta
13:46para o aquecimento global
13:47e que ele é já
13:48uma emergência,
13:49não podemos dizer
13:50que é arriscado
13:51sugerir que as metas
13:52climáticas da União Europeia
13:53são exageradas?
13:54Não.
13:55As metas são feitas
13:56por homens,
13:57as análises são feitas
13:58por homens.
13:58o Papa Francisco
13:59era um homem
13:59e que eu saiba
14:00não era especialista
14:01em clima.
14:02Especialista em outras coisas
14:03com certeza
14:03é uma figura
14:04que se deve reverenciar,
14:06mas não tem nada
14:07a ver com o clima.
14:08Eu gostava de ouvir
14:09a opinião do Tiago
14:09sobre o Zinho.
14:10Mas já eu acho
14:11que o clima
14:11não é uma emergência,
14:12é um tema
14:13de longo prazo
14:13porque as mudanças
14:14climáticas
14:15são mudanças
14:16de longo prazo
14:16e não de curto prazo.
14:18Mas eu gostava
14:18de ouvir a sua opinião
14:19como especialista
14:20da agricultura
14:21que é o seguinte,
14:21até que ponto
14:22é que a ecologia
14:24que nos obrigam
14:25a fazer placas solares,
14:26ventoinhas, etc.,
14:28não acabam
14:29a certa altura
14:30por serem prejudiciais
14:32daquilo que é essencial
14:34que é a soberania alimentar,
14:35que é a soberania
14:36do próprio país
14:36em termos
14:37da promoção
14:38da agricultura.
14:39Até porque
14:40só um pormenor,
14:41nenhuma empresa
14:42que monta
14:43placas solares
14:44faz contratos
14:46para desmontar.
14:47Portanto,
14:47são quilómetros
14:48e quilómetros.
14:49Uma boa questão.
14:50Claro que sim.
14:51Sou também muito crítico
14:53do que o senhor
14:55embaixador
14:55está a referir,
14:57até porque,
14:58nomeadamente,
15:00no nosso país,
15:00Portugal,
15:01se encontra,
15:02neste momento,
15:04em plena reconversão
15:05de solos capazes
15:06e eráveis
15:07agrícolas
15:08para a conversão
15:10de agricultura
15:11de painéis solares.
15:13O que eu também penso
15:14que,
15:15para a questão
15:16da biodiversidade
15:17que nós todos
15:18apregoamos
15:18aqui na União Europeia,
15:20vai contra
15:21essa ambição
15:22e,
15:23de tal modo,
15:24também contra a destruição
15:25do que é o rural.
15:28Para saber mais
15:29sobre o impacto
15:30que a subida
15:30da temperatura
15:31tem no nosso dia-a-dia,
15:32pedimos ao repórter
15:33da Euronews,
15:34Jeremy Wilkes,
15:35que nos explique.
15:36estou literalmente
15:38no meu jardim
15:41em França
15:42e os riscos
15:43e as ameaças
15:44relacionadas
15:44com as alterações
15:45climáticas
15:46são omnipresentes.
15:48Se olhar
15:48para estas árvores
15:49de fruto
15:49atrás de mim,
15:50elas estão a florescer
15:51hoje cerca de duas semanas
15:52mais cedo
15:53do que na década
15:54de 60.
15:54O Serviço Copérnico
15:56para as Alterações
15:56Climáticas
15:57afirma que o maior risco
15:58para a Europa
15:59é, de facto,
16:00o das inundações.
16:01Muitas das nossas cidades
16:02não estão preparadas.
16:03precisamos de planos
16:04de ação
16:05e sistemas de alerta
16:06precoce.
16:07E depois,
16:07a outra ameaça
16:08que enfrentamos
16:09é a das vagas
16:09de calor do verão.
16:10E vimos,
16:11particularmente
16:11no sul
16:12e leste do continente,
16:13muitas áreas
16:14que foram afetadas
16:15no ano passado.
16:16E isso vai continuar
16:17à medida que
16:18o planeta aquece.
16:23Tiago,
16:23este ano
16:24celebram-se os 10 anos
16:25do Acordo de Paris
16:27com a saída
16:27dos Estados Unidos
16:28e o relaxamento
16:29destas medidas
16:31por parte da União Europeia
16:32à esperança
16:33para que as metas
16:34sejam atingidas.
16:35Eu penso que
16:36existe esperança
16:37que as metas
16:37sejam atingidas.
16:39Agora,
16:40dependerá muito
16:41do esforço comum
16:43e o esforço
16:44que será possível
16:46de juntar
16:47nos países
16:48que se mantêm
16:49no acordo.
16:50Agora,
16:51a meta,
16:53nomeadamente,
16:54anual,
16:55do ano
16:56que está estipulado,
16:57poderá ser
16:58mais complicado
16:59de ser atingido.
17:00e até porque
17:01os restantes países
17:03que não assinaram
17:04um acordo
17:05também farão
17:06uma grande
17:08parte
17:09das emissões
17:11e, portanto,
17:12de não
17:13alcançarmos
17:14as metas.
17:16António,
17:17o Portugal é um dos países
17:18que pela sua localização
17:19geográfica
17:19está mais
17:20suscetível
17:21aos fenómenos
17:22climáticos extremos.
17:23Como é que se prepara
17:24o nosso país
17:24para que não tenhamos
17:26que assistir a cenários
17:27como aconteceu
17:27em Valência,
17:29em Espanha?
17:30Eu já gostava
17:31de dizer que
17:31em Valência
17:31houve influência
17:32humana, sim,
17:33mas influência
17:34da estupidez humana.
17:36Ou seja,
17:37a senhora
17:37que agora
17:37é comissária,
17:40a senhora espanhola
17:41que era ministra
17:41em Espanha,
17:42mandou destruir
17:43tudo o que era
17:44oposição
17:47à descarga
17:47das águas
17:48até chegarem
17:49à Valência
17:49por razões
17:50ecológicas,
17:51que é tal
17:51ecologismo radical
17:53e essa foi
17:54uma das grandes
17:55razões,
17:55e ela vai ser julgada
17:56em termos
17:56por causa disso,
17:57uma das grandes razões
17:58da catástrofe
17:59que se ocorreu.
18:00Quanto a Portugal
18:01propriamente dito,
18:02Portugal, como sabe,
18:03estes últimos dias,
18:04semanas,
18:04choveu muito,
18:06muito mais
18:07que o normal,
18:08está tudo cheio,
18:09as barragens
18:10estão cheias,
18:11portanto,
18:11não vamos falar
18:12num cenário
18:13de seca tão cedo,
18:14portanto,
18:14está fora de questão.
18:16Agora,
18:17o que eu acho
18:17de facto
18:18é que Portugal
18:18devia ver
18:20onde é que tem
18:20mais cimento,
18:21mais concreto
18:22e nessas zonas
18:23fazer intervenções
18:24adequadas,
18:25porque isso pode ser
18:26extremamente perigoso,
18:27como se fosse na Tunísia,
18:28por exemplo,
18:28há uns anos atrás,
18:29porque aquele semente todo
18:30morreu uma data de gente,
18:31porque as águas
18:31não tinham escoamento.
18:32Portanto,
18:33nós temos,
18:33em Portugal,
18:34a minha primeira prioridade
18:35e eu não sou especialista
18:36seria fazer sistemas
18:37de escoamento
18:38que estejam sempre
18:39limpos e eficazes.
18:41Há anos que a Greenpeace
18:43exerce pressão
18:44sobre a União Europeia
18:45para que esta
18:45adote políticas
18:46e está contra
18:47esta desregulamentação.
18:49Ouvimos
18:49Paul Mucciol
18:50da Greenpeace Europa.
18:51Vemos, ano sim, ano não,
18:57todos os verões na Europa
18:58ondas de calor
18:59muito intensas
19:00que estão a ficar
19:00mais fortes.
19:02A ligação
19:02às alterações climáticas
19:03está muito bem documentada.
19:05No ano passado,
19:06ou em 2023,
19:07foi algo como
19:0850 mil mortes a mais
19:10ligadas a ondas de calor.
19:12E esse número
19:13não para de crescer.
19:14Então,
19:14quando falamos
19:15sobre o impacto
19:16na sua vida,
19:17da desregulamentação ambiental
19:19ou de coisas assim,
19:20quando estamos a tentar
19:21promover a política ambiental,
19:23é isso que defendemos.
19:24Estamos a tentar
19:25defender a saúde,
19:26os meios de subsistência
19:27e o bem-estar
19:28das pessoas.
19:33Acabamos de ouvir
19:34Paul Mucciol
19:35da Greenpeace.
19:37Kathleen,
19:37a Lei Europeia
19:38do Clima fixa
19:39a neutralidade carbónica
19:40para 2050,
19:41como é que a Madeira
19:42pode adaptar-se a isto
19:43sem comprometer
19:45setores como o turismo
19:46e o transporte aéreo?
19:47Temos uma realidade
19:48na região autónoma
19:50da Madeira
19:50que é bastante diferente
19:52da realidade
19:52do resto do continente
19:54e somos uma região
19:56dita ultraperiférica,
19:58há nove regiões
19:59ultraperiféricas
20:00na União Europeia,
20:01somos uma delas
20:01e temos um artigo
20:03no tratado
20:03que é bem específico,
20:04o artigo 349,
20:06que nos permite
20:07não ficar fora
20:09da regulamentação,
20:11mas sim poder adaptar
20:12essa regulamentação
20:13às nossas realidades.
20:16E tem tido sucesso.
20:17São ouvidos
20:18na União Europeia?
20:19Somos ouvidos
20:20cada vez menos,
20:21infelizmente,
20:22com o alargamento
20:24da União,
20:27com a entrada
20:28de nove Estados-membros
20:29com menos,
20:30digamos,
20:33conhecimento
20:34ou compreensão
20:36do que são
20:37regiões
20:37ultraperiféricas
20:38que se encontram,
20:40como é o caso,
20:41por exemplo,
20:41da Ilha da Reunião,
20:42a mais de 10 mil quilómetros
20:44do continente europeu
20:45no Oceano Índico,
20:46que, portanto,
20:47é uma realidade
20:48completamente diferente.
20:49Muitas vezes,
20:50sinto-me dizer assim,
20:51mas há outras ilhas,
20:52é verdade,
20:53mas uma Sardanha
20:54ou as Ilhas Baleares
20:56não têm
20:57nada a ver
20:58em termos
20:59de realidades
21:01climáticas,
21:02mas também
21:04em termos
21:05de distância.
21:06Foi o caso,
21:06por exemplo,
21:07das regulamentações
21:09sobre os transportes
21:11fomos nós
21:12um pouco
21:13penalizados
21:15por essa regulamentação,
21:16sendo que
21:17estamos numa ilha
21:18no meio
21:19do oceano
21:20e que,
21:21para nós,
21:21termos que
21:22aplicar uma regra
21:23idêntica
21:24a outras ilhas
21:25que estão muito perto
21:26do continente
21:27e que as pessoas
21:29podem apanhar
21:31um barco
21:32para ir até ao continente
21:33não é o nosso caso
21:34e, portanto,
21:34temos que ter
21:35uma também
21:36em consideração
21:37essa realidade.
21:38Obrigada.
21:38Nós vamos ter que fazer
21:39aqui um pequeno intervalo,
21:41mas voltamos
21:41dentro de instantes.
21:42Até já.
21:50Bem-vindo de novo
21:51ao Bruxelas,
21:52meu amor,
21:53e à conversa
21:53com os nossos convidados.
21:55Neste bloco
21:55vamos analisar
21:56o Plano Europeu
21:57para revitalizar
21:58a política agrícola comum
21:59que tem ajudado
22:00os agricultores
22:01nas últimas décadas.
22:02Vem aí a discussão
22:03sobre o financiamento
22:04num contexto
22:04de guerra comercial
22:05com os efeitos
22:07da subida
22:07das tarifas
22:08de Donald Trump
22:09na produção alimentar
22:10a juntarem-se
22:11aos receios
22:11dos agricultores
22:12com o recente
22:13acordo comercial
22:14da União
22:15com o Mercosul.
22:16Catlin,
22:17a ideia aqui
22:17é facilitar
22:19a vida dos agricultores
22:19e todos aqueles
22:20que beneficiam
22:22dos fundos europeus.
22:23O que é que já se sabe
22:24sobre esta reforma
22:25que aí vem?
22:25Sabe-se muito
22:26e sabe-se pouco.
22:27Há muitas
22:28coisas que se dizem
22:31e não se sabe
22:32o que é que é verdade
22:33ou não é verdade
22:34nas intenções
22:35da Comissão Europeia.
22:36Mas o trabalho
22:37tem sido feito
22:37com a Comissão,
22:38os lobbyistas,
22:39enfim,
22:39os interesses
22:40têm sido discutidos.
22:41O trabalho
22:41tem sido feito
22:42e os interesses
22:43são muito diversos
22:43e aí,
22:44mais uma vez,
22:46a dificuldade
22:46e, pronto,
22:48eu como representante
22:49aqui numa região
22:50ultraperiférica,
22:52temos, claro,
22:53umas realidades
22:54e uns pedidos
22:56que podem divergir
22:57imenso
22:58de outros grupos
22:59de interesse.
23:00mencionou o Mercosul
23:02e isso para nós,
23:03eu sei que Portugal
23:04tem um grande interesse
23:05neste acordo,
23:06mas a realidade
23:07da madeira
23:09poderá ser outra
23:10relativamente
23:11a este acordo
23:12e, nomeadamente,
23:13no que diz respeito
23:14aos produtos
23:15ditos sensíveis,
23:16temos a banana da madeira
23:17que é uma produção
23:18muito pequena
23:19mas muito importante
23:20para a nossa região
23:21e, portanto,
23:23é verdade
23:23que um acordo
23:24como o Mercosul
23:25poderá vir a ter
23:26um impacto
23:27bastante importante
23:28nesta produção.
23:29Então, perguntava,
23:31António,
23:31há razões
23:31para os agricultores
23:32estarem assustados
23:33com este acordo
23:34do Mercosul
23:35e com as tarifas
23:36de Trump?
23:36As tarifas de Trump
23:37podem ser negociadas,
23:38os acordos
23:38com o Mercosul
23:39são mais complicados.
23:40Nós, chega,
23:41somos completamente
23:42contra o acordo
23:43com o Mercosul
23:44porque sabemos
23:45que isso vai prejudicar
23:46os agricultores portugueses.
23:47Em que medida?
23:49Na medida
23:50em que acabou de citar
23:51que é,
23:52vem produtos
23:53muito mais baratos
23:53para a Europa
23:55em que nossos produtos
23:57não podem competir
23:57e os nossos produtos
23:59por outro lado
23:59a preços tão caros
24:01que não têm capacidade
24:02de exportação.
24:03Portanto,
24:03são duas,
24:04ambas mais para nós.
24:06E aí,
24:06a nossa agricultura
24:09é um setor muito frágil
24:10e que tem que ser
24:11de todas as formas
24:12protegido.
24:13Nós sabemos
24:13que a PAC
24:13foi feita pelos franceses
24:15e para os franceses,
24:16mas, de qualquer forma,
24:17nós temos que saber
24:18de viver,
24:19salvo erro,
24:20com essa política comum
24:21que Portugal,
24:22com o MEM,
24:22tem conseguido sobreviver
24:24e a agricultura portuguesa também.
24:26Portanto,
24:27o acordo com o Mercosur
24:28do ponto de vista
24:29daquilo que é uma base
24:30fundamental para Portugal,
24:31que é a base alimentar
24:32da agricultura,
24:34é má para Portugal
24:35e nós somos contra.
24:36Tiago,
24:37o que futuro terá
24:38o setor agrícola português
24:39em tempos de alterações
24:41climáticas
24:41e no meio
24:42desta Guerra das Tarifas?
24:43Nos tempos que correm
24:46de alterações climáticas,
24:47eu penso que o nosso setor
24:49agroalimentar,
24:51principalmente a agricultura,
24:54trata-se de adaptar
24:55a estas alterações,
24:57nomeadamente na utilização
24:58de novas tecnologias,
25:00como a utilização de drones
25:02na agricultura,
25:02que pode permitir a utilização
25:04de fitofarmacêuticos
25:06em menor escala,
25:08de certa maneira,
25:09sendo mais preciso,
25:10a utilização
25:12de outras tecnologias,
25:15nomeadamente,
25:15como também já referi
25:16há pouco,
25:18as novas técnicas genómicas,
25:20novas variedades
25:22mais resistentes à seca,
25:24que possam,
25:25eventualmente,
25:25como há pouco vimos na peça,
25:28combater a necessidade
25:29da planta florescer
25:31antes do tempo,
25:32digamos assim,
25:33e, portanto,
25:35havendo a possibilidade
25:36da União Europeia
25:37para fomentar
25:38este tipo de tecnologias,
25:40em Portugal,
25:42também nos restantes países,
25:43eu penso que
25:44a agricultura
25:45sempre provou
25:46ser um setor resiliente
25:47e continuará a ser.
25:49Ora,
25:50muitos querem ter
25:51uma palavra
25:52sobre a reforma da PAC.
25:53Ouvimos
25:54Henrique Sommaglia,
25:55Secretário-Geral
25:56da Confederação Europeia
25:57para as Indústrias
25:58de Alimentação,
25:59Agricultura e Turismo.
26:02A próxima reforma
26:04da política agrícola comum
26:06está a chegar
26:06num momento
26:07extremamente crítico
26:08para o setor,
26:09devido a grandes
26:09incertezas
26:10e a um grande
26:11sentimento de insegurança
26:12devido ao contexto externo,
26:14à tensão geopolítica,
26:15etc.
26:16E a situação
26:16é particularmente difícil
26:18para os trabalhadores agrícolas.
26:20As nossas exigências
26:21para a Comissão Europeia,
26:23tendo em vista
26:23a próxima reforma da PAC,
26:25são principalmente três.
26:27A primeira
26:27é reforçar
26:28a dimensão social
26:29da política agrícola comum.
26:30A segunda exigência
26:31é manter um orçamento
26:32muito ambicioso
26:33para a próxima reforma
26:34da política agrícola comum.
26:35A terceira exigência
26:37é alargar,
26:38alargar realmente,
26:39os critérios
26:40para os pagamentos diretos.
26:42São três propostas
26:46muito concretas,
26:47António.
26:48Estes pedidos
26:48são possíveis,
26:49especialmente a parte
26:50dos pagamentos?
26:51São.
26:52O segundo e o terceiro pedido
26:53são possíveis
26:54e eu estou,
26:55em princípio,
26:56de acordo com eles.
26:57O primeiro é muito
26:58mais complicado
26:58porque implica
26:59problemas de imigração.
27:01Ou seja,
27:01essa imigração
27:02que está completamente
27:02descontrolada
27:03neste momento na Europa
27:04e que tem que ser controlada
27:05e tem que ser controlada
27:07em conjunto
27:07com todas as forças,
27:08quer sociais,
27:09quer económicas.
27:10Ou seja,
27:10não é mandar vir mão de obra
27:12de qualquer forma
27:13que nem sequer sabe
27:14trabalhar,
27:14como é o caso,
27:15do que está a acontecer
27:16em Portugal
27:16para depois não saber
27:17o que é que deve fazer
27:18com essas pessoas
27:19que são pessoas
27:20que também são dignas
27:21de respeito.
27:21Portanto,
27:22há que reconstruir
27:23toda a política de imigração
27:24e essa política de imigração
27:25com certeza
27:26que tem reflexos
27:28na produção agrícola.
27:29Esse é um assunto
27:29que vai dar certamente
27:30outro debate.
27:31Tiago,
27:32também agricultor,
27:33que pedido gostava
27:34de ver escrito
27:35nesta proposta?
27:36Relativamente à PAC,
27:37que eu penso
27:38que iria referir,
27:40nomeadamente sendo eu
27:41um jovem agricultor,
27:43que olhassem mais
27:44para os jovens agricultores
27:45na perspectiva
27:47de principalmente
27:48vermos
27:48que ultimamente
27:50não é a questão monetária
27:51que prende as pessoas
27:53virem para o ramo agrícola.
27:55Temos de repensar
27:56a forma
27:56de realmente
27:59colocar jovens
28:01da agricultura.
28:02E atrair, não é?
28:03Atrair jovens.
28:04Estava a vê-la a cenar
28:05quando estava a ouvir a peça,
28:06pedi-lhe aqui
28:07um comentário.
28:09Eu diria
28:09o ponto
28:10sobre a revalorização
28:12ou termos
28:13um orçamento
28:14ambicioso
28:15para a PAC
28:16e, no nosso caso,
28:18das regiões
28:18ultraperiféricas,
28:19o chamado POSEI,
28:20que é a nossa PAC,
28:21específica
28:22para a nossa
28:23agricultura
28:24ultraperiférica,
28:26é absolutamente
28:26essencial.
28:27O orçamento,
28:28no nosso caso,
28:29das regiões
28:30ultraperiféricas,
28:31não foi
28:31revalorizado
28:32nem revisto
28:32desde 2009.
28:34quer dizer que
28:34hoje em dia
28:35os nossos agricultores
28:36estão a trabalhar
28:37com um orçamento
28:39que não mudou
28:40há quase 20 anos.
28:41Tiago,
28:42concorda que
28:43devemos ter um orçamento
28:44mais ambicioso
28:46para a reforma da PAC?
28:47Claro que sim.
28:48Tudo o que seja
28:49para melhor
28:51é bem-vindo.
28:53Agora,
28:53se sejamos também
28:54um bocadinho sérios,
28:56eu penso que
28:56se o próprio orçamento
28:58seja nos mesmos
28:59moldes
28:59do que o anterior,
29:01claro que
29:01com o ajuste
29:02à inflação,
29:03como a Adelina
29:03estava a dizer,
29:04tem que ser repensado.
29:05Os pagamentos
29:06ao agricultor
29:07poderão ter que aumentar
29:09com o ajuste
29:09à inflação,
29:11mas tudo o que seja
29:12com o mesmo orçamento
29:14para cima
29:15é bem-vindo.
29:16Nós vamos ter que terminar
29:17por aqui.
29:19Obrigada aos meus convidados
29:20e obrigado a si
29:21por assistir.
29:22Até já.
29:22Olá e seja
29:31bem-vindo ao Bruxelas
29:32Meu Amor,
29:33o programa da Euronews
29:34que lhe traz
29:35todas as semanas
29:36em português
29:37as notícias
29:38e os debates
29:38que marcam
29:39a atualidade europeia.
29:41Hoje tenho comigo
29:41António Tejero Correia,
29:42eurodeputado do Chega
29:43no Parlamento Europeu,
29:45Catiline Figueiredo de Leici,
29:46representante
29:47da região autónoma
29:48da Madeira
29:48e Tiago Mateus,
29:50engenheiro agrónomo.
29:51Obrigada aos três.
29:52Uma das histórias
29:54recentes da ligação
29:55ou por vezes conflito
29:57entre ambiente
29:57e agricultura
29:58tem a ver com lobos
30:00e a potencial
30:01desclassificação
30:02do nível de conservação
30:04de estritamente
30:05protegido
30:06para protegido.
30:07Para os grupos
30:08de defesa
30:09dos direitos animais,
30:10os lobos
30:11não causam danos
30:11aos humanos
30:12e são um símbolo
30:13de conservação
30:14da natureza.
30:15Mas para outros,
30:16os lobos
30:16são uma grande ameaça
30:17para as explorações
30:18agrícolas e pecuárias.
30:20E esta história
30:21parece ser pessoal
30:22para a presidente
30:23da Comissão Europeia,
30:24o Slavander Lion,
30:25desde que o seu pónio favorito,
30:27Dolly,
30:27foi morto por um lobo
30:29em 2022.
30:31Tiago,
30:31os lobos
30:33são uma ameaça
30:33para os agricultores
30:34e para as populações rurais?
30:36Eu penso que
30:37essa resposta
30:39seria
30:40dada
30:41no sentido negativo.
30:43Até porque,
30:44se formos a ver,
30:46no caso
30:46do nosso país,
30:47de Portugal,
30:48a população de lobos
30:49encontra-se
30:49maioritariamente
30:50no norte de Portugal,
30:52onde
30:52poderá,
30:54eventualmente,
30:55haver casos
30:56de mortes,
30:57de ataques
30:59de lobo,
31:00peço desculpa,
31:01nomeadamente porque
31:02o gato
31:03se encontra
31:03em regime extensivo.
31:04Agora,
31:05obviamente,
31:06isto é um pouco escusado
31:07porque os agricultores
31:08poderiam adaptar
31:09a sua modalidade,
31:12colocar os animais,
31:14encerrar os animais
31:15durante a noite,
31:16durante o dia,
31:17estar mais vigilantes
31:18e, obviamente,
31:19poderia utilizar,
31:20mais uma vez,
31:21tecnologias
31:22para monitorizar
31:26os seus animais.
31:27António,
31:28esta proposta
31:28ainda terá que ser
31:29votada
31:30no Parlamento Europeu.
31:32Se chegar a plenário,
31:34qual será mais
31:34a sua indicação de voto?
31:35Eu completamente
31:36contra a mudança
31:38do estatuto dos lobos.
31:39O lobo é um animal
31:40fantástico.
31:41Olha,
31:41eu não lhe vou dizer
31:42em Portugal
31:42que é o lobo ibérico
31:43principalmente
31:44que está a ser repopulado
31:45no norte de Portugal,
31:46mas vou-lhe dar
31:46o caso de Yellowstone
31:47nos Estados Unidos.
31:48A partir do momento
31:49em que o parque de Yellowstone
31:50foi repovoado com lobos,
31:52toda a natureza mudou
31:54para melhor,
31:55toda a biodiversidade
31:56da natureza aumentou
31:57porque eles vieram
31:57repor todo o equilíbrio
31:59da própria natureza
32:00desde o leite dos rios,
32:03porque a vegetação
32:04mudou com a chegada
32:05dos lobos
32:06até à fauna e flora,
32:08à evolução da fauna e flora.
32:09Há estudos muito
32:10interessantes sobre isso.
32:11Portanto,
32:11todo aquele parque natural
32:12que é enorme
32:13de Yellowstone
32:14se alterou
32:15para muito melhor
32:15com a chegada dos lobos.
32:16Catarina,
32:17a madeira não tem lombos,
32:19mas como já falamos aqui
32:20tem uma biodiversidade
32:21muito rica
32:22e protegida.
32:24Este debate mostra
32:25que é preciso encontrar
32:26soluções mais adaptadas
32:28às especificidades regionais.
32:30De facto.
32:31Mas eu gostaria primeiro
32:32talvez dizer
32:33de recordar
32:34os três pilares
32:36da sustentabilidade.
32:39E os três pilares
32:39da sustentabilidade
32:40são a economia,
32:42o social
32:43e o ambiente.
32:45E penso que é
32:46muito importante
32:47encontrarmos aqui
32:48um meio-termo,
32:50um balanço
32:51que não prejudique
32:52nem ao humano
32:53nem ao animal.
32:55E a verdade aqui
32:56é que estamos
32:57numa situação
32:58de confronto,
33:00talvez,
33:01e que temos que encontrar
33:02uma forma
33:03de coexistir
33:04e que temos que tomar
33:05decisões
33:06e medidas
33:07que não tenham
33:09um impacto
33:09demasiado forte
33:11no humano
33:12ou no animal.
33:13Temos que continuar
33:14a proteger
33:15a conservação
33:16de facto
33:17é importante,
33:19mas temos
33:19de ter cuidado
33:20quando a conservação
33:21talvez vá
33:23criar
33:24um imbalance,
33:27está-me a vir
33:27a palavra em inglês,
33:28um imbalance
33:29no que queremos
33:31em termos
33:31de sustentabilidade.
33:33Muito bem.
33:34Como qualquer história,
33:35há sempre dois lados
33:36da moeda.
33:36Quisemos ouvir
33:37mais opiniões
33:38como as de
33:39YugaTAC,
33:39da Associação Europeia
33:40de Proprietários Rurais,
33:42e a área de silvestres
33:43da Sociedade Internacional
33:44para a Proteção
33:45dos Animais.
33:46Vamos ouvir.
33:48Hoje estamos
33:50num nível
33:51em que a população
33:52está numa dimensão
33:53tal que vemos
33:53cada vez mais
33:54situações de conflito
33:55que estão a acontecer
33:56tanto à vida salvagem
33:57como aos animais
33:58domesticados
33:59e até aos seres humanos.
34:01A população
34:01está em níveis
34:02que não há necessidade
34:03de conservação
34:04ao mais alto nível.
34:05Portanto,
34:05a redução da lista
34:06é boa
34:07porque isso permite
34:08em certas regiões
34:09ter uma certa gestão
34:10da população de lobos.
34:14O lobo tem sido
34:19sempre,
34:20sobretudo nos últimos anos,
34:21utilizado como
34:21bode expiatório
34:22para o problema
34:23dos agricultores.
34:24Na Europa,
34:24a partir do momento
34:25em que temos
34:25alguns milhares de lobos,
34:27a solução é matar.
34:28Isso não é coerente.
34:29Se pedirmos
34:30a outras pessoas
34:30para coexistirem,
34:31devemos fazer
34:32a nossa parte
34:32e a convivência
34:33é possível.
34:36António,
34:37depois do pônei
34:38de Ursula
34:38Van der Leyen
34:39ter sido morto,
34:40a Presidenta
34:41da Comissão Europeia
34:42apelou uma investigação
34:44sobre os lobos.
34:45Ora,
34:45a pergunta é esta.
34:46Um ano mais tarde
34:47foi apresentada
34:48uma proposta
34:48para baixar
34:49o Estatuto de Proteção.
34:51Não parece
34:51que a Presidenta
34:52da União Europeia
34:53está a usar
34:53a legislação
34:54para favorecer
34:55interesses próprios?
34:56Com certeza.
34:57Aliás,
34:57todos nós sabemos
34:57que os estudos
34:58dizem normalmente
34:59aquilo que as pessoas
35:00que os pagam
35:01dizem.
35:02E, neste caso concreto,
35:03é a realidade dos factos.
35:04É evidente que sim.
35:05É evidente que ela quis
35:06uma espécie de uma vingança
35:07contra os lobos
35:08de matar do pône,
35:09e dela.
35:10O que só em si
35:12não seria grave.
35:13Grave é que ela faz
35:13isso com tudo.
35:15Ou seja,
35:15ela usa esse critério
35:17de utilizar
35:18a capacidade que tem
35:19e as capacidades
35:20da União Europeia
35:21para fazer
35:22e para utilizar
35:23em objetivos
35:25que não são realmente
35:26todos os objetivos
35:26da União Europeia.
35:27Tiago,
35:28esta desclassificação
35:29foi bem recebida
35:30pelo setor agrícola.
35:32Considere que esta mudança
35:33mostra que a União Europeia
35:35finalmente está a ouvir
35:36o mundo rural?
35:37Eu penso que sim.
35:38Eu penso que,
35:39após os últimos protestos
35:40do passado ano,
35:43os agricultores
35:44sentaram-se à mesa
35:45com a Comissão,
35:46todas as NGOs
35:48envolvidas
35:49no meio rural
35:50sentaram-se
35:51na mesma mesa
35:52e penso que os agricultores
35:53estão a ser ouvidos.
35:55Porém,
35:55eu gostaria de fazer aqui
35:56um ponto
35:56que,
35:57estando a debater
35:58aqui o lobo,
35:59é muito importante
36:00também,
36:02especialmente para Portugal,
36:03debatermos
36:04os ataques,
36:06digamos assim,
36:07dos javalis,
36:07dos corços,
36:08que realmente
36:09estão a afetar
36:10as nossas culturas.
36:10Eu tenho colegas
36:11que,
36:12hoje em dia,
36:13preferem não fazer
36:15celtas culturas,
36:16como o milho,
36:17como o cereal,
36:19porque sabem
36:19que elas vão ser destruídas
36:21por estes animais.
36:22Ou seja,
36:22se nós queremos
36:23proteger o lobo,
36:24aliás,
36:26se nós matarmos o lobo,
36:28onde é que estão
36:28os predadores
36:28destes animais?
36:29Portanto,
36:31claro que,
36:32se o próprio lobo
36:34tem um encontro
36:36com uma pessoa,
36:38claro que a pessoa
36:39deverá agir
36:40em defesa própria.
36:41O programa
36:42vai ficar por aqui.
36:43Quero agradecer
36:44aos meus convidados
36:45por terem aceitado
36:47o nosso convite
36:48e um especial
36:48obrigado a si
36:49que estão desse lado
36:50por nos ter feito companhia.
36:51Se quiser saber mais
36:52sobre estes temas
36:53ou deixar-nos
36:54as suas sugestões
36:55ou comentários,
36:56inscreva-nos
36:56para
36:56bruxelasmeumor
36:57arroba
36:58euronews.com
36:59Quanto a nós,
37:01voltamos em breve
37:01com mais notícias,
37:03sempre em português,
37:05aqui na Euronews,
37:06porque Portugal
37:07também tem
37:07uma voz na Europa.
37:08Fico bem?
37:09Até lá.

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