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A onça-pintada que matou o caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, em Mato Grosso do Sul (MS) foi capturada nesta quinta-feira (24), três dias após o ataque. Para falar sobre o assunto, o Morning Show entrevista o biólogo Gustavo Figueirôa.

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Transcrição
00:00E, inclusive, nesse caso, a gente está diante do que foi o primeiro ataque fatal de uma onça
00:07a um ser humano em quase duas décadas aqui no nosso país.
00:11Eu sei que beiro inacreditável, mas acontece.
00:14E agora que o animal supostamente responsável pelo ataque foi devidamente capturado por agentes da Polícia Militar Ambiental,
00:20diversos questionamentos começam a surgir em torno da investigação.
00:24Se o ataque de fato for confirmado, pessoal, o que acontece com a onça?
00:27O que teria motivado exatamente o ataque?
00:30Para responder essas e tantas outras perguntas, no meio de tantas,
00:33o nosso entrevistado de hoje é o biólogo Gustavo Figueiroa, que se junta aqui a nós ao Vivaço no Morning Show.
00:40Podemos seguir adiante, meu diretor? Obrigado pela presença aqui.
00:44Bom, esse ataque é bem raro, como a gente acabou de pontuar, né?
00:47E eu queria, enfim, pelo menos a partir da tua experiência e do seu conhecimento de causa,
00:51aqui dos indícios que estão postos, já dá para...
00:53Qual a sua suspeita do que realmente pode ter acontecido? Bom dia.
00:57Bom dia, André. Bom dia a todos.
00:58A maior suspeita, a principal suspeita que nós temos hoje, né?
01:03É que essas onças daquela região, elas são cevadas, né?
01:06O que é a ceva?
01:08É quando você oferece alimento, peixe, carne para o bicho para ele se aproximar.
01:13Existem vários vídeos, né?
01:14Que já viralizaram na internet, em anos anteriores, de regiões muito próximas ali,
01:19de pescadores jogando peixe para atrair o bicho para dentro de um barco que estava do lado de um outro barco,
01:23de onde eles estavam filmando.
01:25Bichos que ficam na barranca do rio e o pessoal joga carne.
01:29Gente que limpa peixe naquelas pousadas lá e deixa restos de peixe lá e atrás bichos.
01:35Então, essa onça, ela estava muito acostumada com os seres humanos, muito além do normal.
01:40As onças, naturalmente, elas têm medo dos seres humanos, né?
01:43Nós não fazemos parte da dieta dela.
01:44Mas, quando tem interferências humanas, né?
01:47No comportamento do bicho, a gente pode, a gente corre um risco muito maior.
01:51Infelizmente, foi o que aconteceu, né?
01:54Acabou acontecendo essa fatalidade aí com o Sr. Jorge.
01:57Meus pêsames para a família, para os amigos, realmente é um caso muito triste.
02:01É isso aí.
02:02A gente vai trazer o nosso David Itaço para fazer a próxima pergunta
02:04e a gente tentar entender o que pode ter acontecido para gerar essa tragédia e tanto, né?
02:08Não, a pergunta é justamente o que eu posso fazer para tentar evitar ser vítima de um ataque como esse, né?
02:13Eu lembro que, quando eu comecei minha carreira como repórter,
02:16eu fiz justamente uma reportagem sobre isso,
02:19de uma onça que invadiu uma casa e aí ela ficou ali acuada, assustada.
02:23Eu lembro que foram vários dados tranquilizantes para conseguir contê-la.
02:27Mas ela ficou ali no quintal, mas ela ficou parada, diferente desse caso.
02:31Então, assim, o que a gente faz num episódio como esse?
02:33Se se deparar com uma onça.
02:36Acho que, primeiro, é importante dizer que é muito raro, né?
02:39Extremamente raro acontecer um ataque de onça a seres humanos
02:41e a maioria das vezes está envolvida com alguma ação errada que o ser humano fez.
02:45Então, acho que é importante dizer isso primeiro.
02:48Aí, segundo lugar, respondendo a sua pergunta, né?
02:49O que fazer caso você encontre uma onça cara a cara?
02:52Eu já encontrei sete vezes onça a pé, né?
02:55Cara a cara ali, bem próximo.
02:57E qual que é o padrão?
02:58Primeiro, não dar as costas para o bicho,
03:01não correr, não se agachar,
03:03porque tudo isso pode dar um gatilho para um predador
03:05que pode enxergar como uma presa.
03:08O que fazer, né?
03:10Ficar parado, olhando ela de frente, nunca das costas,
03:13vai se afastando lentamente,
03:15sempre mantendo o contato visual com ela
03:18e se por acaso ela ameaçar, chegar mais perto,
03:20a orientação é levantar os braços,
03:22pegar algum galho, alguma coisa que faça você parecer maior
03:25e gritar, fazer barulhos, bater coisas.
03:28Isso, geralmente, 99,999% das vezes,
03:33isso funciona muito bem.
03:34Os ataques acontecem, geralmente,
03:37quando as onças estão em situações muito específicas, né?
03:39Quando elas estão em acasalamento
03:41e o ser humano intervém ali,
03:43às vezes de forma até sem querer, né?
03:45Não sabe que tem uma onça ali por perto.
03:47Ou quando ela está com filhotes,
03:48ou quando ela está com a sua carcaça,
03:50com o seu alimento comendo.
03:51Mas essas ações, né?
03:53De só manter a distância e se afastar
03:55já é suficiente.
03:57Como eu disse, né?
03:58Naturalmente, as onças não têm interesse nos seres humanos.
04:00Elas procuram, elas costumam fugir da nossa presença.
04:03Então, pra te tranquilizar, né?
04:05Nas próximas vezes que você for fazer alguma matéria,
04:07o que aconteceu com o seu Jorge
04:10foi uma sequência de erros de longo prazo.
04:13Não foi uma coisa de uma hora pra outra, né?
04:15Essas onças da região, elas vinham sendo cevadas, né?
04:18Vinham tendo esse comportamento muito próximo do ser humano
04:20há muito tempo.
04:21E na região toda ali, né?
04:23Então, isso não é o comum de acontecer.
04:26Tanto que quando acontece, vira notícia nacional.
04:30E não poderia ser diferente, né?
04:32A gente estende aqui nosso abraço apertado
04:33em todos os familiares e amigos do Jorge Avalo.
04:36Dedicou mais de muitas décadas ali,
04:38conhecendo, se envolvendo com a fauna ali no Pantanal.
04:41E acabar tendo a sua vida retirada dessa forma tão rara, né?
04:45Jaspechoto e a nossa audiência aqui,
04:46só pra vocês terem uma dimensão da fatalidade
04:48que a gente tá diante aqui.
04:50A sua chance de ganhar na Mega Sena, por exemplo,
04:51é 1 em 50 milhões.
04:53A chance de você morrer atingido por um raio no Brasil
04:55é de 1 em 1,7 milhão.
04:58Ou seja, 29 vezes mais fácil que ganhar na Mega Sena.
05:01Já você morrer de um ataque de cão,
05:031 em 3,8 milhões.
05:05Ou seja, 13 vezes mais fácil de ganhar na Mega Sena.
05:08Agora, ser atacado por uma onça nesse país,
05:101 em 216 milhões.
05:13Ou seja, 4 vezes mais difícil que ganhar na Mega Sena.
05:17É inacreditável e uma tragédia e tanto.
05:20Não, perfeito.
05:21E é até importante se construir esse medo,
05:23porque nas redes sociais, Gustavo,
05:25nós vimos muitas pessoas que viram os vídeos
05:28do seu Jorge ali e falaram assim,
05:30ah, mas a onça tava ali perto,
05:32ele tinha que ter ido embora.
05:33Coisas nesse sentido que pra quem é da região,
05:36pra quem já conviveu ali,
05:38sabe que não é uma realidade,
05:39como se eu vi uma pegada de onça,
05:41vou embora, vou deixar onde eu tô,
05:42não é assim que funciona.
05:43Eu sou de Goiânia,
05:45mas eu fui muito pescar com meu pai no Pantanal
05:47e vi onças várias vezes.
05:49E não é nada que seja tão assustador
05:52igual as pessoas imaginam,
05:53porque elas não estão interessadas em você de fato.
05:56Mas nesse caso específico,
05:57agora que a onça foi de fato apreendida
06:00pela Polícia Ambiental,
06:02eu vi que a pesagem dela,
06:04ela tá cerca de 26 quilos abaixo
06:06do que seria esperado.
06:08Então que ela tá numa situação ali
06:09um pouco machucada,
06:11os dentes,
06:11a dentição dela não tá muito bem,
06:14e que aí até se aventou a possibilidade
06:15de maus tratos,
06:16ou se algum desequilíbrio
06:18em relação à questão alimentar.
06:20Como que você, como biólogo,
06:22encara essa perspectiva?
06:23E uma segunda pergunta,
06:25você poderia explicar pra nós agora
06:27o que vai acontecer com essa onça?
06:28Porque a onça é um animal protegido,
06:30então ela não vai,
06:31por conta disso,
06:32imagino ser executada alguma coisa,
06:34nem seria ali o caso.
06:37Então você poderia fazer essa explicação?
06:38Muito obrigada pela sua presença.
06:40Claro.
06:41Acho que primeiro é importante dizer
06:43que ainda não se tem certeza
06:44se foi essa onça que atacou ele, né?
06:46O que se tem certeza
06:47é que essa onça que foi capturada
06:48é uma onça muito habituada,
06:50e por isso até ela foi retirada,
06:52porque essa proximidade
06:53realmente pode trazer algum problema,
06:55mas os indícios apontam que é ela.
06:57Então vão ser feitos os testes de DNA,
06:59né, do material fecal dela,
07:01agora que ela tá em cativeiro,
07:02pra confirmar se foi ela mesmo
07:04que realizou esse ataque.
07:06Dito isso,
07:07aquilo que você colocou, né,
07:08das pessoas,
07:08ah, ele viu uma onça,
07:09ele tem que sair de lá.
07:11Você tá totalmente certa,
07:12não existe isso, né?
07:12Os pantaneiros convivem,
07:13vivem no Pantanal
07:15há muito tempo,
07:16há centenas de anos, né,
07:17populações indígenas e tradicionais
07:19vivem há milhares de anos lá,
07:21e sempre conviveram,
07:22existe a coexistência.
07:23O problema desse caso
07:24é que as onças se aproximaram demais,
07:26elas estavam muito frequentemente
07:28visitando o quintal ali do Sr. Jorge,
07:30e o Sr. Jorge,
07:31ele era um amante da natureza, né,
07:33ele gostava muito dos bichos,
07:34e ele se acostumou
07:35com aquela presença ali também,
07:36e acho que baixou um pouco a guarda.
07:38Depois de muito tempo, né,
07:39com as onças visitando ele ali,
07:40ele entendeu que as onças
07:41não queriam fazer mal pra ele,
07:42e realmente não queriam,
07:44só que acabou,
07:45por isso que eu digo
07:45que é uma sequência de fatos
07:47que ocasionou essa tragédia.
07:50Então,
07:50em referência à sua outra pergunta, né,
07:52o que vai ser feito com essa onça,
07:54essa onça,
07:54ela não vai voltar pra natureza,
07:56mas ela vai ser levada
07:56pra um cativeiro,
07:57pro mantenedor,
07:58onde ela vai poder ser recebida,
08:00viver com qualidade, né,
08:01o resto da vida dela,
08:02e ela vai fazer parte
08:03de um programa de conservação éxito,
08:05que é uma conservação
08:06fora da natureza,
08:07fora do ambiente natural.
08:08Então,
08:09os gametas dela,
08:11os genes dela
08:12podem ser usados, né,
08:13pra reprodução,
08:14pra pool genético,
08:15vai ser coletado
08:16as amostras dela,
08:17e ela vai viver em cativeiro.
08:19Então,
08:19eu acho que
08:20desse cenário
08:21é o melhor que poderia acontecer.
08:23A onça não vai ser sacrificada,
08:24mas ela também não vai poder
08:25voltar pra natureza,
08:26porque o risco
08:27dela se aproxima,
08:27dela voltar pra área
08:29onde ela tava,
08:30ou dela se aproximar
08:31de outras áreas habitadas,
08:32é muito grande.
08:33Sim.
08:33Então,
08:34esse é o cenário
08:35que a gente tem agora,
08:36mas mais informações,
08:37ter certeza pra onde
08:38que ela vai exatamente,
08:40só com o desenrolar
08:40dessa situação
08:41que tá desenrolando
08:42nesse exato momento,
08:43né,
08:43continua acontecendo.
08:46É inacreditável,
08:47Gustavo.
08:47Até porque,
08:48enfim,
08:48a onça,
08:49que fique claro,
08:50dos felinos no mundo,
08:51o que a gente apurou aqui,
08:52que ela tem a mordida
08:54mais letal e forte
08:55de todos os felinos,
08:57inclusive,
08:58e apesar disso,
08:59é a que tem menos taxa
09:00de ataques
09:01se comparadas a tigres,
09:02leopardos e leões
09:03mundo afora.
09:04Então,
09:04assim,
09:05foi uma fatalidade
09:06inominável
09:07e a gente,
09:08claro,
09:08estende aí pra todo o povo
09:09ali de Aquidauana,
09:10no Mato Grosso do Sul,
09:11a toda a família
09:11do Jorge Avalo,
09:1262 anos,
09:13uma tragédia e tanto,
09:14mas você foi muito preciso
09:16aí na forma da gente
09:17evitar que isso possa
09:18acontecer naturalmente.
09:19Tudo é possível,
09:20o Jorge,
09:21lamentavelmente,
09:22tragicamente,
09:22tá aí pra provar.
09:23Obrigado, Gustavo.
09:24Exato.
09:25Imagina,
09:25obrigado a vocês
09:26e a mensagem que eu gostaria
09:27de deixar é coexistência.
09:28A gente consegue,
09:29nós não estamos invadindo
09:31o lugar delas,
09:32muita gente também
09:33vem com,
09:33ah, nós que invadimos.
09:34Na verdade,
09:35nós coexistimos
09:36e acho que é importante
09:36a gente ter isso em mente.
09:37Pra coexistir,
09:38a gente precisa respeitar
09:39limites e protocolos
09:40de segurança,
09:41pra ficar pra segurança
09:42nossa e dos animais.
09:43Muito obrigado
09:44e bom dia.
09:45É isso aí.
09:45Gustavo Figueiro,
09:46biólogo,
09:47a gente espera trazer você
09:48aqui em circunstâncias
09:50menos lamentáveis
09:51como essa.
09:51Obrigado.
09:54Mano,
09:54um rápido comentário.
09:55Muito importante
09:56nessa história
09:58como nós precisamos
10:00avançar em educação ambiental,
10:02sobretudo em comunidades
10:04e ambientes
10:05em que essa coexistência
10:07com animais silvestres
10:08é mais frequente.
10:09Assinamos embaixo.

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